Cultura: Música: Stand by

Quer me prender só porque
eu fumo Cannabis Sativa
Na cabeça ativa, na cabeça ativa
E isso te incomoda?
Eu falo, penso, grito e isso pra você é foda
A mente aguçada mermão
Eu sei que isso te espanta
Mas eu continuo queimando tudo até a última ponta

Queimando Tudo - Planet Hemp


O Planet Hemp não acabou

Parece que o lema no meio musical, neste final de milênio, é misturar. Porém, existem muitos que se utilizam deste recurso para suprir a falta de criatividade presente durante processo de composição musical. Poucos são aqueles que conseguem combinar dois ou mais estilos com originalidade, produzindo um material de qualidade. Aqueles que conseguem trabalhar bem essa mistura ganham a aceitação do público e, em conseqüência, um bom desempenho comercial.
Os dois maiores exemplos disso, no cenário musical brasileiro, são Chico Science e Nação Zumbi (hoje só Nação Zumbi) e o Planet Hemp. O Planet talvez seja o caso mais extraordinário dentre as bandas emergentes, visto que sua letras vêm recheadas de um discurso pró-maconha, o que hoje em dia pode ser classificado como um atitude politicamente incorreta.
O Planet Hemp surgiu em 1993, no Rio de Janeiro. Foi quando Marcelo D2 e Skunk resolvera, juntar suas letras de RAP com o barulho de Rafael (guitarras), Formigão (baixo) e Bacalhau (bateria). No palco, os vocais falados do RAP foram misturados com as guitarras psicodélicas e hardcore. As letras pediam a legalização da maconha e muita fumaça.
Desde o começo, o Planet destacou-se por sua performance ao vivo. Isto se deve principalmente ao fato de a banda Ter nascido praticamente em cima de um palco. Registraram uma única fita-demo e seguiram o circuito alternativo em apresentações no Rio, São Paulo, belo Horizonte, Curitiba e em festivais como Juntatribo (Campinas) e Superdemo. A morte de skunk, em 1994, em decorrência da AIDS, quase decretou o fim do grupo. No entanto, Bê Negão, camarada presente em todos os shows, assumiu o vocal juntamente com D2.
Em 1995 a banda assina um contrato com a Sony Music (Chaos/Superdemo) e lança o disco "Usuário", que hoje já pode ser considerado um pequeno clássico do rock brasileiro. O disco chegou causando um estardalhaço e a música "Legalize já" se transformou em hit, apesar de sofrer censura tanto das rádios como da MTV.
Após um longo período de turnê para divulgação do primeiro trabalho, em 1997 sai o segundo disco do PH. "Os cães ladram mas a caravana não pára" vem a comprovar que o sucesso do grupo não se deve apenas à postura pró-maconha que adotaram, mas também pela qualidade de seu produto final. Misturando samba-ragga, funkcore, heavy pop e outras maluquices, a banda consegue mais uma vez colocar um excelente disco no mercado, e com isto, firmar-se como a principal banda brasileira dos anos 90.
Em novembro de 97, porém, a banda sofre mais um acidente de percurso. Seus integrantes são levados à delegacia e encarcerados sob a acusação de apologia às drogas. Ficam detidos durante 4 dias. Mais um triste sinal da censura no Brasil.
No começo de 98, o PH foi considerado pela revista japonesa "Latina" a segunda melhor banda de World Music do ano, com "Os cães ladram". Isso acarretou num futuro lançamento do disco na Europa e no Japão. No momento a banda está meio parada. O vocalista D2 acabou de lançar seu primeiro disco solo "Eu tiro é onda", bastante influenciado por samba e hip hop. Tudo isso misturado com uma carioquice exacerbada e natural para um carioca, flamenquista, que cresceu ouvindo Bezerra da Silva, Beth Carvalho e Jorge Ben.
Com relação a este pequeno desaparecimento do Planet Hemp, os integrantes do grupo procuram tranqüilizar a todos informando que o grupo não acabou. Na verdade, estão programados para entrar em estúdio apenas em 99. O terceiro disco deverá sair no final do ano que vem.

Vinicius Lima



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