HISTÓRIA DO ESPIRITISMO

OS PRECUSSORES DA DOUTRINA ESPÍRITA

 

Os precursores da Nova Revelação

Emmanuel Swedenborg
Edward Irving
Andrew Jackson Davis
As irmãs Fox
As Mesas Girantes
A Cesta Pião
Allan Kardec

 

Emmanuel Swedenborg

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É impossível fixar uma data para as primeiras aparições de uma força inteligente exterior, de maior ou menor elevação. Influindo nas relações humanas . Os espíritas tomaram oficialmente a data de 31 de março de 1848, como o começo das coisas psíquicas(o autor se refere a eclosão dos fenômenos de efeitos físicos), porque o movimento foi iniciado naquela data. Entretanto não há época na história do mundo em que não se encontrem traços de interferências preternaturais e o seu tardio reconhecimento pela humanidade. A única diferença entre esses episódios e o moderno movimento é que aqueles podem ser apresentados como casos esporádicos de uma esfera qualquer, enquanto os últimos tem as características de uma invasão organizada.

Emmanuel Swedenborg era, sob certos aspectos uma viva contradição para nossas generalizações psíquicas porque se costuma dizer que as grandes inteligências esbarraram no caminho da experiência psíquica pessoal. Nunca se viu tamanho amontoado de conhecimentos. Ele era antes de mais nada um engenheiro de minas e uma autoridade em metalurgia. Foi o engenheiro militar que mudou a sorte de uma das muitas campanhas de Carlos XII, da Suécia. Era uma grande autoridade em Física e em Astronomia, autor de importantes trabalhos sobre marés e sobre a determinação das latitudes. Era zoologista e anatomista. Financista e político antecipou-se às conclusões de Adam Smith. Finalmente era um profundo estudioso da Bíblia.

Ainda menino, Swedenborg teve suas visões, Mas esse delicado aspecto de sua natureza foi abafado pelas extraordinariamente prática e energética idade viril. Em 1744 em Londres a sua mediunidade eclodiu, desde a primeira visão até a morte, vinte e sete anos depois, esteve ele em continuo contato com o outro mundo. "Na mesma noite diz ele o mundo dos Espíritos, do céu e do inferno, abriu-se para mim, e aí encontrei muitas pessoas do meu conhecimento e de todas a condições. Desde então diariamente o senhor abria os olhos do meu Espírito para ver perfeitamente desperto, o que se passava no outro mundo, para conversar em plena consciência com os anjos e Espíritos".

Em sua primeira visão Swedenborg fala de uma espécie de vapor que se exalava dos poros do meu corpo. Era um vapor aquoso muito visível e caia no chão, sobre o tapete. É uma perfeita descrição daqueles ectoplasmas que consideramos a base dos fenômenos físicos. A substância foi chamada também de ideoplasma, porque instantaneamente toma a forma que lhe dá o Espírito.

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Edward Irving

 

 

A história de Edward Irving e sua experiência entre 1830 e 1833, com suas manifestações espíritas, são de grande interesse para o estudante de psiquismo e ajuda a vingar o abismo entre Swedenborg, de um lado e Andrew Jackson Davis, do outro. Os fatos são os seguintes:

 

Edward Irving pertence àquela mais pobre classe de trabalhadores braçais escoceses. Irving nasceu em Annan, em 1792, depois de uma juventude dura e aplicada ao estudo, desenvolveu-se como um homem muito singular. Fisicamente era um gigante e um Hércules em força, seu físico era explêndido só era estragado pela horrível saliência de um olho. Sua inteligência era máscula, ampla, corajosa mas distorcida pela primeira educação na acanhada escola da Igreja Escocesa - um Protestantismo impossível, que representava a reação contra um Catolicismo impossível. Irving iniciou com pastor em uma pequena pequena igreja escocesa em Hatton Garden, fora de Holborn, em Londres, a sua eloqüência na pregação atraia um grande número de pessoas. Foi transferido depois para uma igreja maior em Regent Square, com capacidade para duas mil pessoas. Parece que Irving foi um pastor consciencioso e muito trabalhador que lutava constantemente para satisfazer as necessidades materiais dos mais humildes elementos.

 

Irving criou sérios problemas para a igreja pelas suas opiniões teológicas - se o Cristo poderia ou não pecar - sendo por isso condenado pelo presbitério. Em 1831 começaram ocorrer na igreja de Irving fatos estranhos, certos membros da congregação estavam sendo tomados de maneira estranha em suas próprias residências e que discreta manifestações ocorriam na sacristia e em outros recintos fechados. Inicialmente, ouviam-se gritos como de um possesso, em outros momentos os gritos eram de homens e mulheres num linguagem incompreensível, tudo gerou porém uma incompreensão na Igreja Protestante.

 

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O profeta da Nova Revelação

 

Andrew Jackson Davis foi um dos homens mais notáveis de que temos uma informação exata. Nascido em 1826 nas margens do Hudson.

 

Jamais houve um rapaz com menos disposições favoráveis do que Davis. Era fraco de corpo e pobre de mente . Fora dos livros da escola primária apenas se lembrava de um livro que sempre lia até os dezesseis anos de idade. Entretanto naquela criatura mirrada dormiam tais forças espirituais que antes dos vinte anos tinha escrito um dos livros mais profundo e originais de filosofia jamais produzidos.

 

Nos últimos anos da infância começaram a se desenvolver os poderes psíquicos de Davis. Como Joanna D'Arc, ouvia vozes no campo - vozes gentis que lhe davam bons conselhos e conforto. A clarividência seguiu essa clariaudiência. Por ocasião da morte de sua mãe, teve uma notável visão de uma casa muito amável, numa região brilhante, que imaginou ser o lugar para onde sua mãe tinha ido.

 

Livingstone um saltimbanco que vivia de cidade em cidade exibindo as maravilhas do mesmerismo descobriu Davis e passou a usá-lo para diagnósticos médicos. Ele descrevia como o corpo humano se tornava transparente aos seus olhos espirituais, que pareciam funcionar no centro de sua testa . Cada órgão aparecia claramente e com uma radiação especial e peculiar, que se obscurecia em caso de doença.

 

Até então o seu desenvolvimento se processado de maneira não incomum e que podia ser comparado com a experiência de qualquer estudioso de psiquismo. Foi quando ocorreu um episódio inteiramente novo e que é minuciosamente descrevido na sua autobiografia. Em resumo os fatos foram os seguintes. Na tarde de 06 de março de 1844, Davis foi subitamente tomado por uma força que o fez voar da pequena cidade de Poughkeepsie, onde vivia a fazer uma pequena viagem em estado de semitranse. Quando voltou à consciência, encontrava-se entre montanhas agrestes e aí, diz ele, encontrou dois anciãos, com os quais entrou em íntima e elevada comunhão, uma sobre medicina outra sobre moral. Esteve ausente durante toda a noite; e quando indagou de outras pessoas na manhã seguinte , disseram-llhe que tinha estado nas Montanhas de Catskill, a cerca de quarenta milhas da casa. Diz ele que posteriormente identificou seus dois mentores como sendo Galeno e Swedenborg, o que é interessante por ser seu primeiro contato com os mortos.

 

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O Episódio de Hydesville

Foi em Hydesville um vilarejo típico do Estado de New York, situada a cerca de vinte milhas de Rochester, uma casa de madeira muito humilde era habitada por uma honesta família de fazendeiros, de nome Fox , família de religião metodista, além do pai e da mãe havia duas filhas morando na casa, Margaret de quatorze anos e Kate de onze. A família tinha alugado a casa em 11 de dezembro de 1847 e no ano seguinte começaram estranhos ruídos, consistiam de ruídos de arranhaduras, parece que esses ruídos não incomodaram a família Fox até meados de março de 1848. Dessa data em diante cresceram continuamente de intensidade. Às vezes eram simples batidas (raps), outras vezes soavam como o arrastar de móveis. As meninas ficavam tão alarmadas que se recusavam a dormir. Finalmente na noite de 31 de março houve uma irrupção de inexplicáveis sons muito altos e continuados. Foi nessa noite que um dos grandes pontos da evolução psíquica foi alcançado, foi nessa noite que a jovem Kate Fox desafiou a força invisível a repetir as batidas que ela dava com os dedos. Cada pedido era respondido com um golpe, quando Kate dobrava um dedo sem barulho, o arranhão respondia

Uma vizinha, Mrs. Redfield, foi chamada e sua distração se transformou em maravilha e, por fim, pavor, quando teve respostas corretas para questões íntimas. A notícia se espalhou rápido.

O povo da cidade formou uma espécie de comissão de investigação que levou parte da noite de 31 de março num jogo de perguntas e respostas com a inteligência invisível. Conforme sua própria declaração ele era um espírito e seu nome era Charles B. Rosma, tinha sido assassinado naquela casa pelo antigo inquilino. Fora assassinado por causa de dinheiro e enterrado numa adega

Em 10 de abril de 1848 foram realizadas escavações na adega a procura do corpo, mas, tiveram que ser interrompidas por causa da água. Só no verão de 1848 que Mr. David Fox, auxiliado por Mr. Henry Bush, Mr. Lyman Grange, de Rochester e outros, retomou as escavações da adega. A uma profundidade de cinco pés encontraram uma tábua, cavando mais, acharam carvão e cal e, finalmente, cabelos e ossos humanos, que foram declarados por um médico que testemunhava como pertencentes a esqueleto humano. Só cinqüenta anos mais tarde foi feita uma descoberta que provou acima de qualquer dúvida, que alguém havia sido realmente enterrado na adega da casa dos Fox.

Essa constatação aparece no Boston Journal, - uma folha não espírita - 23 de Novembro de 1904, e está assim redigida.

"Rochester, N.Y., 22 de novembro de 1904: O esqueleto do homem que se supõe Ter produzido as batidas, ouvidas inicialmente pelas irmãs Fox,em 1848, foi encontrado nas paredes da casa ocupada pelas irmãs e exime de qualquer sombra de dúvida concernente à sua sinceridade na descoberta da comunicação dos Espíritos."

(Textos extraídos do livro A História do Espiritismo - Arthur Conan Doyle - Ed. Pensamento)

“RAPS” Inteligências espirituais agindo sobre a matéria.

 

         Os ruídos paranormais, entre os quais o mais comum e mais bem pesquisado é o que os observadores dos fenômenos intitularam de raps (batidas ou pancadas rápidas). O professor Charles Richet, em sem livro Trinta Anos de Pesquisas Psíquicas, disse: “A realidade desses raps é de primeira importância; nesse fenômeno está incluída toda a metafísica, se ficar estabelecido que as vibrações mecânicas podem ser produzidas na matéria, a distância, sem contato e que essas vibrações são inteligentes, teremos um fato de grande importância, mostrando que existem no universo humano inteligências não-humanas  que podem agir diretamente sobre a matéria.”

 

         Devemos repetir que, apesar do espiritualismo moderno ter-se iniciado em 1848 com as irmãs Fox, Hydesville (EUA), os fenômenos sempre ocorreram, e são tão conhecidos que a igreja cotólica os batizou de com o nome de spiritus percutiens (“espírito batedor”). Essas entidades são esconjuradas por meio de uma antiga fórmula, durante a benção do templo.

 

         Segundo um velho manuscrito, o Sr. Welsh, sacerdote na cidade de Ayr (Escócia), ele dialogava com os espíritos por meio de raps. Isso ocorreu em 1661, e o fato está consignado no documento intitulado Saddusimus Triumphatus, que também cita o caso de diálogos mantidos com uma entidade opor meio de batidas num tambor.

(Texto de Elsie Dubugras - 1986)

 

O Fenômeno das Mesas Girantes

 

                                         Mesa Pé de Galo

“Esse tipo de comunicação com o Invisível não era absolutamente inédito. O grande génio, teólogo e doutor da Igreja, nascido em Cartago (160-230 A.D.), Quintus Septimius Florens Tertu-llianus, é tido como o primeiro a empregar as comunicações com o mundo dos espíritos, através da mesa girante."

O historiador latino, do século IV, nascido em Antioquia (330/400 A.D.), Ammianus Marcellinus, menciona em seus escritos uma modalidade de comunicação através de uma mesa sobre a qual havia gravado um alfabeto. Um anel dependurado por um fio era conduzido suspenso sobre o alfabeto. Nas suas oscilações, as letras de uma determinada palavra iam sendo apontadas uma a uma. Este curioso instrumento chamava-se “mensa divinatoriae”. (Fodor, N. Enciclopaedia of Psychic Science, New York: University Books, 1974, p. 374). Hernâni Guimarães Andrade

Foi em 1854 que o professor Rivail, através do Sr. Fortier, magnetizador, com o qual tinha relações de amizade, que ouviu falar pela primeira vez sobre os fenômenos das mesas girantes, que estavam em voga nos salões europeus. O Sr. Fortier lhe disse um dia: "Eis aqui uma coisa que é bem mais extraordinária: não somente se faz girar uma mesa, magnetizando-a, mas também se pode fazê-la falar. Interroga-se, e ela responde."

Isso, replicou o Sr. Rivail, é uma outra questão; eu acreditarei quando vir e quando me tiverem provado que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir, e que se pode tornar sonâmbula. Até lá, permita-me que não veja nisso senão uma fábula para provocar o sono.

No ano seguinte, começo de 1855, em uma conversa com Sr. Carlotti, amigos há 25 anos, falaram por mais de uma hora sobre os fenômenos que estavam ocorrendo, Carlotti foi o primeiro a falar-lhe da intervenção dos Espíritos, essa conversa ao invés de esclarecer o professor Rivail, deixaram-no com mais dúvidas ainda. "Você um dia será um dos nossos," disse-lhe Carlotti naquela ocasião e Kardec retrucou: "não digo que não, veremos isso mais tarde."

Passado-se poucos meses, em maio de 1855, ele foi convidado para participar de uma reunião na casa da sonâmbula a Sra. Roger, com o Sr. Fortier, seu magnetizador. Lá encontrou o Sr. Pâtier e a Sra. Plainemaison, que lhe falaram sobre o mesmo assunto que o Sr. Carlotti, porém, noutro tom. O Sr. Pâtier era um funcionário público, de certa idade, que devido a seu caráter calmo e frio, falava sem se deixar levar pelo entusiasmo, e o convidou para uma nova reunião que seria realizada na casa da Sra. Plainemaison, a entrevista foi marcada para a terça-feira 6 de maio, ás 8 da noite. Foi desta feita que Rivail testemunhou pela primeira vez o fenômeno das mesas girantes, que saltava e corriam, não deixando dúvidas quanto ao fato.

Os Espíritos que se manifestavam nas sessões de mesas falantes diziam que eram as almas de homens que já haviam vivido na Terra. Kardec aprofundava-se cada vez mais nas pesquisas. Numa dessas reuniões, uma mensagem foi destinada especificamente a ele. Um Espírito chamado Verdade disse-lhe que tinha uma importante missão a desenvolver. Daria vida a uma nova doutrina filosófica, científica e religiosa. Kardec redargüiu que não se achava um homem digno de tão grande tarefa, mas, que sendo ele o escolhido, tudo faria para desempenhar com sucesso as obrigações que lhe eram atribuídas.

Passado os primeiros contatos com o fenômeno, e dissipado-se o cepticismo inicial, Rivail começa a cogitar a validade dos fenômenos, aprofundando seus estudos e observações, convencido da seriedade do que estava presenciando. Ele relata o seguinte fato: "De repente encontrava-me no meio de um fato esdrúxulo, contrário, à primeira vista, às leis da natureza, ocorrendo em presença de pessoas honradas e dignas de fé. Mas a idéia de uma mesa falante ainda não cabia em minha mente".

O Avanço nas Comunicações Espirituais

A residência da família Baudin, teve importante papel na Codificação Espírita. Na casa havia duas moças que eram médiuns. Tratava-se de Julie e Caroline Baudin, de 14 e 16 anos, respectivamente. Através da "cesta-pião" ou "prancheta", um artefato que tinha um lápis no centro, nas bordas os médiuns colocavam as mãos e ela deslizava por movimentos involuntários, formando frases e respostas, a medida que Kardec fazia perguntas aos Espíritos desencarnados.

Os médiuns com o tempo passam a escrever as mensagens dos espíritos

 

                           

                            Chico Xavier

 

 

 

 

 

 

 

 

 

         Das pranchetas ou “cestas-pião” passaram os médiuns a utilizar o lápis, e escrever mensagens recebidas diretamente dos espíritos, surgindo assim a psicografia, cujo expoente máximo no Brasil é o nosso saudoso Chico Xavier. Os médiuns  têm outras faculdades adaptadas para cada tipo de fenômeno, existem as que produzem fenômenos de efeito físicos e as que produzem fenômenos mentais.

 

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Allan Kardec

A maioria das pessoas que buscam conhecimentos acerca da Doutrina Espírita, manifestam o interesse em conhecer a biografia do insigne Codificador, seja pelo fato de não saberem onde encontrar esses dados, como também no intuito de enriquecerem os seus estudos dentro de um aprofundamento maior, ou seja, conhecer Kardec, entender Kardec e divulgar Kardec.

Seu verdadeiro nome é Hyppolyte Leon Denizard Rivail, nasceu em 3 de outubro de 1804, em Lion, França. Ele era filho de um juiz, Jean Baptiste-Antoine Rivail, e sua mãe chamava-se Jeanne Louise Duhamel, como mostra a esse respeito um documento e oficial:

"Aos 12 do vindemiário do ano XIII, auto do nascimento de Denizard Hippolyte-Léon Rivail, nascido ontem às 7 horas da noite, filho de Jean Baptiste Antoine Rivail, magistrado, juiz, e Jeanne Duhamel, sua esposa, residentes em Lião, rua Sala n° 76.O sexo da criança foi reconhecido como masculino.

Testemunhas:

"Syriaque Frédéric Dittmar, diretor do estabelecimento das águas minerais da ruada rua Sala, e Jean-François Targe, mesma rua Sala, à requisição do médico Pierre Radamel, rua Saint Dominique n° 78."

Rivail, filho de pais católicos, fez em Lion os seus primeiros estudos e em seguida foi mandado por seus pais para uma escola protestante em Yverdun (Suíça), para dar continuidade aos seus estudos com o célebre professor Pestalozzi, de quem logo se tornou um dos mais eminentes discípulos, colaborador inteligente e dedicado. Rivail dedicou-se com muito afinco, à propaganda do sistema de educação, exercendo grande influência sobre a reforma dos estudos na França e na Alemanha.

Denizard Rivail era um alto e belo rapaz, de maneiras distintas, humor jovial na intimidade, bom e obsequioso. Tendo-o a conscrição incluído para o serviço militar, ele obteve isenção e, dois anos depois, veio fundar em Paris, à rua de Sèvres n° 35, um estabelecimento semelhante ao de Yverdun. Para essa empresa se associara a um dos seus tios, irmão de sua mãe, o qual era seu sócio capitalista.

O sócio do Sr. Rivail tinha a paixão do jogo; arruinou o sobrinho, perdendo grandes somas em Spa e em Aix-la-Chapelle. O Sr. Rivail requereu a liquidação do Instituto, de cuja partilha couberam 45.000 francos a cada um. Essa soma foi colocada pelo Sr. e Sra. Rival em casa de um dos seus amigos íntimos, negociante, que fez maus negócios e cuja falência nada deixou aos credores.

Denizard, falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol, conhecia também o holandês, e podia facilmente exprimir-se nesta língua. Membro de várias sociedades sábias, notadamente da Academia Real de Arras, foi autor de numerosas obras de educação, dentre as quais podemos citar em ordem cronológica:

-         Plano apresentado para o melhoramento da instrução pública, 1828.

-         Curso teórico e prático de aritmética, segundo o método Pestalozzi, para uso dos professores e mães de família, 1829.

-         Gramática Francesa Clássica, 1831.

-         Manual para Exames de Capacidade, Soluções Racionais de Questões e Problemas de Aritmética e Geometria, 1846.

-         Catecismo Gramatical da Língua Francesa, 1848.

-         Programas de cursos ordinários de Física, Química, Astronomia e Fisiologia, que professava no Liceu Polimático; Ditados normais dos Exames da Prefeitura e da Sorbone, acompanhados de ditados normais sobre as dificuldades ortográficas, 1849.

Além das obras didáticas, Rivail também fazia contabilidade de casas comerciais, passando então a ter uma vida tranqüila em termos monetários. Seu nome era conhecido e respeitado e muitas de suas obras foram adotadas pela Universidade de França.

No mundo das letras e do ensino, que freqüentava em Paris, Denizard Rivail encontrou a senhorita Amélia Boudet, professora com diploma de 1ª classe. Pequena, mas bem proporcionada, gentil e graciosa, rica por seus pais e filha única, inteligente e viva, ela soube por seu sorriso e predicados fazer-se notar pelo Sr. Rivail, em quem adivinhou, sob a franca e comunicativa alegria do homem amável, o pensador sábio e profundo, que aliava grande dignidade à mais esmerada urbanidade.

O registro civil nos informa que:

"Amélie Gabrielle Boudet, filha de Julien Louis Boudet, proprietário e antigo tabelião, e de Julie Louise Seigneat de Lacombe, nasceu em Thiais (Sena), aos 2 do Frimário do ano IV (23 de novembro de 1795)."

A senhorita Amélie Boudet tinha, nove anos a mais que o Sr. Rivail, mas na aparentava ter menos dez que ele, quando, em 6 de fevereiro de 1832, se firmou em Paris o contrato de casamento de Hippolyte Léon Denizard Rivail, diretor do Instituto Técnico à rua de Sèvres (Método de Pestalozzi), filho de Jean-Baptiste Antoine e senhora, Jeanne Duhamel, residentes em Château-du-Loir, com Amélie-Gabrielle Boudet, filha de Julien Louis e senhora Julie Louise Seigneat de Lacombe, residentes em Paris, 35 rua de Sèvres.

Foi em 1854 que o professor Rivail, através do Sr. Fortier, magnetizador, com o qual tinha relações de amizade, que ouviu falar pela primeira vez sobre os fenômenos das mesas girantes, que estavam em voga nos salões europeus. O Sr. Fortier lhe disse um dia: "Eis aqui uma coisa que é bem mais extraordinária: não somente se faz girar uma mesa, magnetizando-a, mas também se pode fazê-la falar. Interroga-se, e ela responde."

Isso, replicou o Sr. Rivail, é uma outra questão; eu acreditarei quando vir e quando me tiverem provado que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir, e que se pode tornar sonâmbula. Até lá, permita-me que não veja nisso senão uma fábula para provocar o sono.

No ano seguinte, começo de 1855, em uma conversa com Sr. Carlotti, amigos há 25 anos, falaram por mais de uma hora sobre os fenômenos que estavam ocorrendo, Carlotti foi o primeiro a falar-lhe da intervenção dos Espíritos, essa conversa ao invés de esclarecer o professor Rivail, deixaram-no com mais dúvidas ainda. "Você um dia será um dos nossos," disse-lhe Carlotti naquela ocasião e Kardec retrucou: "não digo que não, veremos isso mais tarde."

Passado-se poucos meses, em maio de 1855, ele foi convidado para participar de uma reunião na casa da sonâmbula a Sra. Roger, com o Sr. Fortier, seu magnetizador. Lá encontrou o Sr. Pâtier e a Sra. Plainemaison, que lhe falaram sobre o mesmo assunto que o Sr. Carlotti, porém, noutro tom. O Sr. Pâtier era um funcionário público, de certa idade, que devido a seu caráter calmo e frio, falava sem se deixar levar pelo entusiasmo, e o convidou para uma nova reunião que seria realizada na casa da Sra. Plainemaison, a entrevista foi marcada para a terça-feira 6 de maio, ás 8 da noite. Foi desta feita que Rivail testemunhou pela primeira vez o fenômeno das mesas girantes, que saltava e corriam, não deixando dúvidas quanto ao fato.

Os Espíritos que se manifestavam nas sessões de mesas falantes diziam que eram as almas de homens que já haviam vivido na Terra. Kardec aprofundava-se cada vez mais nas pesquisas. Numa dessas reuniões, uma mensagem foi destinada especificamente a ele. Um Espírito chamado Verdade disse-lhe que tinha uma importante missão a desenvolver. Daria vida a uma nova doutrina filosófica, científica e religiosa. Kardec redargüiu que não se achava um homem digno de tão grande tarefa, mas, que sendo ele o escolhido, tudo faria para desempenhar com sucesso as obrigações que lhe eram atribuídas.

Passado os primeiros contatos com o fenômeno, e dissipado-se o cepticismo inicial, Rivail começa a cogitar a validade dos fenômenos, aprofundando seus estudos e observações, convencido da seriedade do que estava presenciando. Ele relata o seguinte fato: "De repente encontrava-me no meio de um fato esdrúxulo, contrário, à primeira vista, às leis da natureza, ocorrendo em presença de pessoas honradas e dignas de fé. Mas a idéia de uma mesa falante ainda não cabia em minha mente".

A residência da família Baudin, teve importante papel na Codificação Espírita. Na casa havia duas moças que eram médiuns. Tratava-se de Julie e Caroline Baudin, de 14 e 16 anos, respectivamente. Através da "cesta-pião" ou "prancheta", um artefato que tinha um lápis no centro, nas bordas os médiuns colocavam as mãos e ela deslizava por movimentos involuntários, formando frases e respostas, a medida que Kardec fazia perguntas aos Espíritos desencarnados.

Com o desenvolvimento dessas reuniões Kardec foi percebendo que ali se formava o corpo de uma doutrina, que ele veio a publicar mais tarde e que se transformou na primeira obra da Codificação Espírita. Com o tempo, a prancheta foi substituída pelas mãos dos médiuns, dando origem ao que chamamos de psicografia. Das consultas feitas aos Espíritos, nasceu "O Livro dos Espíritos", lançado em 18 de abril de 1857, desvelando para o mundo uma gama de conhecimentos até então não conhecidos acerca da realidade espiritual que as ortodoxias cristãs teimavam em manter esquecidas ou escondidas

Foi a 30 de abril de 1856, em casa do Sr. Roustan, pela médium Mlle. Japhet, que Allan Kardec recebeu a primeira revelação da missão que tinha a desempenhar. Esse aviso, a princípio muito vago, foi precisado no dia 12 de junho de 1856, por intermédio de Mlle. Aline C., médium. A 6 de maio de 1857, a Sra. Cardone, pela inspeção das linhas da mão de Allan Kardec, confirmou as duas comunicações precedentes, que ela ignorava. Finalmente, a 12 de abril de 1860, em casa do Sr. Dehan, sendo intermediário o Sr. Croset, médium, essa missão foi novamente confirmada em uma comunicação espontânea, obtida na ausência de Allan Kardec.

Urgido pelos acontecimentos e pelos documentos que tinha em seu poder, Allan Kardec formara, em razão do êxito de O Livro dos Espíritos, o projeto de criar um jornal espírita. Havia-se dirigido ao Sr. Tiedeman, para solicitar-lhe o concurso pecuniário, mas este não estava resolvido a tomar parte nessa empresa. Allan Kardec perguntou aos seus guias, no dia 15 de novembro de 1857, por intermédio da Srta. E. Dufaux, o que deveria fazer.

Foi-lhe respondido que pusesse a sua idéia em execução e que não se inquietasse com o resto.

Allan Kardec dedicou-se de corpo e alma ao trabalho de divulgação do Consolador Prometido. Viajou 693 léguas, visitou vinte cidades e assistiu mais de 50 reuniões doutrinárias de Espiritismo. Custeou através de próprios recursos e de poucos colaboradores todo o trabalho da codificação, e em nenhum momento deixou-se fraquejar, apesar das inúmeras críticas e ingratidões de amigos, ódios de inimigos, além de injúrias e a calúnias de elementos fanatizados

O pseudônimo, Allan Kardec, originou-se de uma comunicação mediúnica que dera um Espírito que se autodenominava Z, nessa comunicação através de um médium ele revelou tê-lo conhecido em uma precedente existência, quando, ao tempo dos Druidas, viviam juntos nas Gálias. Ele se chamava, então, Allan Kardec.

No momento de publicar o Livro dos Espíritos, Kardec analisou as possíveis implicâncias que traria a utilização de seu nome Denizard-Hippolyte-Léon Rivail, visto que, sendo o seu nome muito conhecido no meio científico, isso poderia vir a criar uma confusão ou mesmo prejudicar todo o trabalho da codificação, foi de muito bom senso a decisão de assinar como Allan Kardec, pseudônimo que adotou definitivamente.

O Pentateuco Espírita (Obras Básicas) é composto de 05 livros de fundamental importância para qualquer estudioso ou estudante da Doutrina, a afirmação de alguns pseudos conhecedores do Espiritismo de que Kardec está ultrapassado reside no desconhecimento das obras básicas e na prepotência que tem essas pessoas em tentar personalizar idéias próprias.

-         Ordem de publicação das obras de Allan Kardec:

-         O Livro dos Espíritos -1857

-         O que é o Espiritismo - 1859

-         O Livro dos Médiuns - 1861

-         O Evangelho Segundo o Espiritismo - 1864

-         O Céu e o Inferno – 1865

-         A Gênese - 1868

-         Obras Póstumas - 1890

Em 1º de Janeiro de 1858 o mestre lionês publicou o primeiro número da Revista Espírita, que foi um poderoso auxiliar para o desenvolvimento de seus trabalhos, trabalho este, que desenvolveu sem interrupção por 12 anos, até seu desencarne.

Em 1º de abril de 1858, Allan Kardec fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas - SPEE. De 1855 a 1869, Allan Kardec devotou sua existência ao Espiritismo. Sob a assistência dos Espíritos Superiores,

O Codificador desencarnou em Paris, no dia 31 de março de 1869, aos 65 anos de idade. Em seu túmulo está escrito : "Nascer, Morrer, Renascer ainda e Progredir sem cessar, tal é a Lei. "

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Textos extraídos da leitura da obra, "ALLAN KARDEC" (Meticulosa Pesquisa Biobibliográfica e Ensaios de Interpretação), de Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, em três volumes, na qual se encontram valiosos subsídios para o conhecimento da vida e obra do Mestre Allan Kardec. - FEB

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