O catharismo, do grego katharos, que significa puro, foi uma
seita cristã da Idade Média surgida no Limousin (França) ao
final do século XI, a qual praticava um sincretismo cristão,
gnóstico e maniqueísta, manifestado num extremo ascetismo.
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Castelo de
Montsegur - vista parcial
Concebia a dualidade entre o espírito e a matéria, assim
como, respectivamente, o bem e o mal. Os cátaros foram
condenados pelo 4º Concílio Lateranense em 1215 pelo Papa
Inocêncio III, e foram aniquilados por uma cruzada e pelas
acções da Inquisição, tornada oficial em 1233.
Os cátaros, também chamados albigenses, rejeitavam os
sacramentos católicos. Aqueles que recebiam o batismo de
espírito, consolamentum, eram considerados os perfeitos e
levavam uma vida de castidade e austeridade e podiam ser
tanto homens quanto mulheres. Os crentes apenas eram os
homens bons e tinham obrigações menores; recebiam o
consolamentum na hora da morte.
Apesar desta hierarquia, os cátaros não restringiam a
experiência transcendental, e/ou divina (no caso, também
gnóstica) aos mais graduados, mas a qualquer um que assim
desejasse e experimentasse estados alterados de consciência.
Essa concepção sem hierarquia da espiritualidade foi
considerada pela igreja católica uma ameaça para a fé e a
unidade cristã, já que atraiu numerosos adeptos. Assim
sendo, o catarismo foi considerado herético e contra ele foi
estabelecida a Cruzada albigense (1209-1229). A cruzada teve
parte de interesses políticos, já que as localidades onde se
praticavam o catarismo (nota: esta seita era conhecida por
sua tolerância religiosa ao passo que conviviam, nos mesmos
reinados, judeus, pagãos, e até mesmo católicos)
encontravam-se ligadas ao reino da França, porém
independentes do mesmo.
No início do século XII, a Igreja católica presenciará a
difusão da heresia dos cátaros ("Kataroi", puro em grego) ou
albigenses (nome derivado da cidade de "Albi", na qual vivia
um certo número de heréticos) que se propagará no território
do Languedoc, sudoeste da França (da língua occitâna da
região - "Língua do Oc"; Oc= "Sim", em oposição à "Langue
d'Oui", do norte da França). Também se designava
freqüentemente esta região por "Occitânia", que advém das
mesmas raízes lingüísticas.
Antes de tudo, é conveniente ressaltar que o catarismo não
pertence exclusivamente ao Languedoc, nem o Languedoc deve
ser visto exclusivamente sobre o prisma do catarismo.
Aderentes à doutrina cátara recebem diferentes nomes no país
em que se inserem: Na Itália, eram conhecidos como "patarinos",
na Alemanha como "ketzers"; na Bulgária, como "bogomils".
Existiram cátaros na França, na Catalunha, na Itália, na
Alemanha e, ao que parece, na Inglaterra.
Os cátaros acreditavam que o homem na sua origem havia sido
um ser espiritual e para adquirir consciência e liberdade,
precisaria de um corpo material, sendo necessário várias
reencarnações para se libertar. Eram dualistas e acreditavam
na existência de dois deuses, um do bem (Deus) e outro do
mal (Satã), que teria criado o mundo material e mal. Não
concebiam a idéia de inferno, pois no fim o deus do bem
triunfaria sobre o deus do mal todos seriam salvos.
Praticavam a abstinência de certos alimentos como a carne e
tudo o que proviesse da procriação. Jejuavam antes do Natal,
Páscoa e Pentecostes, não prestavam juramento, base das
relações feudais na sociedade medieval, nem matavam qualquer
espécie animal.
Os cátaros organizaram uma igreja e seus membros estavam
divididos em crentes, perfeitos e bispos. As pessoas se
tornavam perfeitos (homens bons) pelo "ritual do
consolamento" (esta cerimônia consistia na oração do Pai
Nosso; reposição da veste, preta no início, depois azul,
substituída por um cordão no tempo da perseguição. Tocava-se
a cabeça do iniciante com o Evangelho de são João, e o
ritual terminava com o beijo da paz). Os crentes podiam
abandonar a comunidade quando quisessem, freqüentavam a
Igreja Católica, eram casados e podiam ter filhos. Dessa
forma, eles poderiam levar uma vida agradável, obtendo o
perdão e sendo salvos.
Durante o período das perseguições as igrejas cátaras foram
destruídas, os ofícios religiosos eram realizados em
cavernas, florestas e casas de crentes. A doutrina cátara
foi aceita por contrariar alguns dogmas cristãos,
principalmente no que se refere a volta à pobreza e ao
retorno do cristianismo primitivo.
Devido à propagação da heresia cátara a partir de 1140, a
Igreja começa a tomar medidas para combate-la, sendo que no
início tentava os heréticos a fé católica por meio da
pregação, não adotando trágicas medidas, pois isto não
harmonizava com a caridade pregada pelo cristianismo. Vemos
aqui um motivo político para investidas contra as
comunidades cátaras e sua doutrina. Poderia haver outros
motivos para tais investidas?
A maior parte das terras atingidas pela heresia pertencia à
província de Narbona, somente a região de Albi ligada à
província de Bourges. O Languedoc é anexado a França em 1229
pelo Tratado de Meaux. O êxito da propagação da heresia nos
bispados do Languedoc pode ser explicado pela situação
política da região, independente do reino da França, as
altas autoridades eram os grandes senhores feudais, o conde
de Toulouse e o visconde de Béziers, ambos simpatizantes da
heresia cátara.
O movimento cátaro foi desencadeado pelas pregações do monge
Henrique, embora este não fosse cátaro, muitos fiéis após
ouvir suas palavras deixaram de pagar os dízimos e de
comparecer as igrejas, seus ensinamentos foram combatidos
por Bernardo de Clairvaux (São Bernardo).
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Castelo de
Montsegur - vista aérea
Os cátaros a exemplo dos primeiros cristãos levavam vida
ascética de alta espiritualidade, vivenciando na prática um
cristianismo puro, numa total alta-renúncia a tudo o que era
deste mundo, eram conhecidos como "verdadeiros discípulos de
Cristo", a serviço do mundo e da humanidade, um verdadeiro
exemplo de amor ao próximo.
Os cátaros galgavam o caminho da transformação ou da
transfiguração.
Fonte: Material divulgado na Internet em
conformidade com os textos conhecidos e
pertencentes ao domínio público.
Postado por: Associação de Estudos Gbala