I – Origens
Na mente de muitas pessoas, a maçonaria foi capaz de manter
seus “segredos” apenas entre seus membros, uma tarefa árdua
sem dúvida. Os integrantes da mais conhecida entre as
organizações secretas guardariam um grande segredo, revelado
apenas para quem concorda em ser iniciado numa sessão
cercada de mistério e simbolismo.
Para começar vamos direto a um relato misterioso e que não
pode ser comprovado... A origem do nome.
A origem da palavra maçom está no inglês, MASON, que quer
dizer pedreiro, por isso, é forte a crença de que os
primeiros integrantes da organização trabalhavam pesado em
canteiros de obras no passado. A lenda mais famosa conta que
a origem da maçonaria está na construção do Grande Templo de
Salomão, em Jerusalém, e essa história estaria ligada a
Hiram Abiff, engenheiro – chefe, que foi assassinado por
motivos nebulosos, mas envolvendo segredos de engenharia e
disputa por promoções de cargo.
Hiram tornou-se mártir e exemplo maçônico e é aí que começa
a história maçônica para muitos adeptos. Apesar disso,
existem aqueles que acreditam que a maçonaria está
relacionada a Moisés e a Massorah (grupo de homens
escolhidos por Moisés para perpetuar a verdadeira sabedoria
e os códigos secretos para a tradução essencial da Tora e da
Cabala).
Outra tese sem comprovação é defendida por historiadores
maçônicos como Christopher Knight e Robert Lomas e aponta a
maçonaria como herdeira direta dos poucos cavaleiros
Templários que não foram mortos por ordem do Papa e do Rei
de França entre 1307 e 1314.
Já pesquisadores independentes, acreditam que a origem da
Maçonaria Moderna estaria nas corporações de ofício, espécie
de sindicatos da Idade Média, mais especificamente na
corporação dos pedreiros, que reunia alguns dos
trabalhadores mais qualificados da Europa – homens
responsáveis pela construção das Catedrais. Como esse
conhecimento profissional significava reconhecimento e bons
ganhos, era natural que os masons cultivassem o hábito de
mantê-lo em segredo. Nesse período a Maçonaria ficou
conhecida como “Maçonaria Operativa”.
Entre os séculos 16 e 17 essas corporações mudaram o tom de
suas reuniões. As técnicas de construção começaram a
declinar em importância e especialmente na Grã-Bretanha, as
sessões maçônicas ganharam traços de “alquimia” e “ritos
simbólicos”. Também se abriram para trabalhadores de outros
ofícios, sobretudo os profissionais liberais, além dos
membros da nobreza que se viram atraídos pelos encontros com
ar de sarau secreto. Começava assim a fase da “Maçonaria
Especulativa”, voltada para o conhecimento filosófico – que
dura até hoje.
Em cidades de toda Inglaterra surgiram Lojas (como são
chamados os grupos de reunião) e, em 1717, quatro delas se
reuniram para fundar a Grande Loja de Londres, até hoje a
mais importante instituição mundial da Ordem. Cinco anos
mais tarde, o maçom James Anderson redigiu um texto que
colocava no papel todas as normas e rituais transmitidos
oralmente e que ficou conhecida como ‘Constituição de
Anderson’.
II – Ideais
Basicamente a filosofia maçom visa proporcionar diretamente
a seus membros e indiretamente a sociedade, o entendimento
do caminho da ‘luz’, nome que é dado na maçonaria, ao
pensamento racional. A idéia é que se cada indivíduo
refletir sobre suas atitudes e buscar sempre o caminho do
bem e da perfeição, a sociedade vai caminhar naturalmente
para o progresso. É uma filosofia, uma maneira de ver o
mundo que foi revolucionária ao surgir do século 18, é poça
em que os reis controlavam o corpo e a igreja, a mente das
pessoas.
Para debater idéias, maçons criaram uma série de regras e
tradições. Segundo o historiador inglês Eric Hobsbawn, o
período do surgimento da maçonaria especulativa foi
especialmente rico no que ele chama de “invenção de
tradições”, muito por conta das rápidas transformações que a
sociedade vivia com mudanças nos costumes sociais e na
divisão do poder.
III – Tradições
No fundo a maçonaria não é uma, são várias. E ao contrário
do que muitos pensam, a Ordem não formou um grupo uniforme.
Cada país teve autonomia para definir seus rumos e caminhos,
o que fez a Maçonaria ter inclinações diferentes ao redor do
planeta: na Inglaterra assim como no Brasil, era ligada a
aristocracia política; na França, anticlerical e pragmática;
na Itália, revolucionária.
Se diferenças entre a maçonaria existem, muita coisa há no
entanto, em comum – em especial, as regras e rituais. Ser
admitido na Ordem, por exemplo, é algo que requer paciência
em qualquer parte do mundo. O candidato precisa ser
convidado por um maçom, passar por entrevistas informais e
formais, enquanto tem sua vida investigada por integrantes
da Ordem. São aceitos apenas homens que acreditam em “Deus”,
tenham pelo menos 21 anos e nenhuma deficiência física.
IV – Cerimonial
Um templo maçônico é rico em simbologia, não possuindo
janelas e com a entrada voltada para o ocidente (oeste).
Durante as cerimônias, os maçons vestem aventais para
venerar o Grande Arquiteto do Universo G.A.U., como eles se
referem a “Deus”. Mas um Deus tratado dentro dos valores de
tolerância religiosa do deísmo, tradição que recusa a idéia
de que uma instituição tem o poder para fazer ligação com o
divino. Assim, um maçom pode ser judeu, católico ou
muçulmano.
Nas sessões maçônicas, Deus tem um nome específico (Jahbulon)
e esse seria um dos segredos da maçonaria. Para o
historiador Jasper Ridley, autor do livro ‘Os Maçons’, seria
este nome uma corruptela que reúne os nomes sagrados de
Jeová, Baal e Osíris.
V – Maçonaria Hoje
Desde a virada do século XX ficou proibido em sessões
maçônicas discutir temas como religião e política. Como a
maçonaria não tem um corpo único – cada país é autônomo e
existem diversas dissidências – a decisão não vale para
todas as pessoas que se dizem maçons.
Porém na prática, a mudança deixou os encontros maçônicos
bem menos agitados do que noutros tempos.
Seria este o sinal de que a maçonaria tornou-se uma “ordem
social”, abrindo-se para a sociedade e voltando-se mais para
as ações sociais do que para as articulações políticas de
outrora?
Pode até ser... No entanto é certo que ainda paira o
mistério sobre essa sociedade intrigante e que já foi tão
importante para mudanças em diversos países.
Segundo o filósofo John Locke o mistério da maçonaria é
senão:
“O grande segredo da maçonaria é que não existe segredo
algum...”.
Postado por: Associação de Estudos Gbala