ARTIGO - AL Ubatuba, 25.06.2007

 

 

BIOFILIA - Fundamento para um turismo sustent�vel

 

       Em nossos tempos a prote��o ambiental j� n�o pode mais ser considerada apenas um ideal proposto por ambientalistas. Se considerarmos a tese defendida pelo Prof. Edward O. Wilson, da Universidade de Harvard, entenderemos, que o ser humano necessita do contato com espa�os e paisagens naturais para poder manter a sua sa�de mental e f�sica.  Assim se explica a intensa procura de habitantes de centros urbanos pela natureza, que por sua vez, origina o turismo em regi�es favorecidas ambientalmente.

      O prof. Wilson. demonstrou, que a tend�ncia humana de exaltar a natureza e procurar um contato �ntimo com ela � a express�o de uma necessidade biol�gica, pois nossa estrutura gen�tica se formou em fun��o de nossa vida no meio ambiente natural e n�o no meio ambiente artificial de centros urbanos. Isto provoca no ser humano um impulso de procurar a natureza, sempre quando pode. Esta tend�ncia do ser humano de procurar contato com espa�os naturais e encantar-se com a vida, o Prof. Wilson chama de "Biofilia"�, ou atra��o pela vida.

     Em que fundamenta Wilson esta hip�tese?

     De acordo com a ci�ncia, a nossa hist�ria como seres humanos come�ou h� 2 milh�es de anos com a primeira esp�cie que caminhava ereta nas plan�cies africanas, o "Homo habilis". H� 130.000 anos contamos com a presen�a dos primeiros membros da esp�cie "Homo sapiens sapiens", que somente h� 10.000 anos come�ou a se agrupar em aldeias e a cultivar a terra de forma mais ou menos organizada.

     Em outras palavras, durante mais de 99% de nossa hist�ria, habitamos os bosques, as plan�cies, as costas de nosso planeta, em um contato di�rio e �ntimo com a natureza e n�o em cidades. Desta forma, nossa constitui��o gen�tica, nosso c�rebro e instintos se desenvolveram em fun��o do meio ambiente natural, rodeado de bosques, animais e acidentes geogr�ficos de todos os tipos. Um ambiente artificial plano, rodeado de m�quinas, edific�os e aparelhos, certamente n�o corresponde � natureza humana.

     Segundo Wilson, o ser humano precisa estar em contato com a natureza para poder vivenciar em plenitude os sentidos e  instintos naturais de sua esp�cie, que ainda existem, pois � imposs�vel apagar milh�es de anos de hist�ria gen�tica neste curto per�odo, no qual o homem passou a viver em centros urbanos. Esta afinidade com o mundo natural explica, por exemplo, a sensa��o de prazer que sentimos ao apreciar um por do sol, um c�u estrelado e paisagens naturais.

      E como se manifiesta na sociedade este impulso humano, que Wilson chama de "biofilia"�? Estes s�o alguns fatores relevantes:

  • Nos Estados Unidos, onde existem estat�sticas sobre este particular, os zool�gicos t�m mais visitantes anualmente que todos os eventos esportivos profissionais juntos, 10% da popula��o pertence a alguma organiza��o conservacionista e seus parques nacionais recebem 300 milh�es de visitantes ao ano.
  • Os canais de televis�o Discovery Channel e Animal Planet, que mostram programas sobre a natureza, est�o entre os mais populares a n�vel internacional.
  • Assim que uma fam�lia pode dar-se o luxo de adquirir uma segunda vivenda, o faz no campo ou na praia.
  • O desejo de dotar as cidades de parques e jardins p�blicos � universal e come�ou h� muito tempo com os jardins suspensos da Babil�nia.
  • Os resultados de mais de 100 estudos psicol�gicos sobre o efeito produzido pela visita a parques nacionais mostram, que a redu��o do "stress" � o benef�cio mais importante.
  • M.J. West (1985) comprovou com seus estudos em hospitais, que pacientes em quartos com vista � natureza se recuperam mais rapidamente e com menos complica��es, que pacientes com vista a urbaniza��es.

  

      Estando assim comprovado, que mesmo o contato visual com a natureza traz consider�veis benef�cios ao ser humano, podemos concluir, que planos urban�sticos devem garantir � popula��o o m�ximo de contato f�sico e visual com espa�os e paisagens naturais. Especialmente em regi�es tur�sticas, a preserva��o da paisagem natural e hist�rica � de vital import�ncia, pois o cen�rio � geralmente o atrativo principal  da regi�o.

 

      Na Uni�o Europ�ia utiliza-se normas abrangentes para a prote��o da paisagem, que valorizam cintur�es verdes e definem estilos, dimens�es e cores para constru��es em cada localidade. Assim s�o desenvolvidas solu��es arquitet�nicas e paisag�sticas que permitem a integra��o visual de urbaniza��es no contexto natural e hist�rico de cada regi�o. A import�ncia paisag�stica de uma localidade pode ser definida de acordo com o gr�u de incid�ncia visual que recai sobre ela. �reas muito vis�veis, como topos de morros e pontas de praias, obt�m maiores restri��es urban�sticas, que �reas menos vis�veis.

 

      O estudo da biofilia demonstra a import�ncia de se projetar a urbaniza��o de uma regi�o, preservando e implementando cintur�es verdes, corredores ecol�gicos, paisagens e espa�os de lazer naturais, bem como o acesso a estes, pois estes fatores, em conjunto com servi�os comunit�rios adequados, garantem uma ocupa��o territorial sustent�vel e uma qualidade de vida superior na regi�o, que s�o fundamentais para um pr�spero desenvolvimento do setor tur�stico local.

 

     Considerando os positivos cen�rios de desenvolvimento que se obt�m � partir deste princ�pio, especialmente nas �reas de urbanismo, arquiteturta e turismo, divulgo em s�ntese este estudo, para compartir com interessados esta vis�o de sustentabilidade, a qual pode orientar favoravelmente o desenvolvimento s�cio-econ�mico na regi�o.

 

 

Willy Maurer

T�cnico em gest�o ambiental para o turismo e hotelaria

formado pelo programa EUROFORM da U.E. em Bonn - Alemanha

 

 

Fonte: In Search of Nature Biophilia and the Environmental Ethic.

Autor: Edward O.Wilson. Harvard University

 

 

 

 

 

 

 

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