A genealogia de Jesus Cristo (Lc 3.23-38).
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Capítulo 1
1 Livro da geração de Jesus Cristo,
Filho de Davi, Filho de Abraão.
2 Abraão gerou a Isaque, e Isaque
gerou a Jacó, e Jacó gerou a Judá e a seus irmãos,
3 e Judá gerou de Tamar a Perez e
a Zerá, e Perez gerou a Esrom, e Esrom gerou a Arão.
4 Arão gerou a Aminadabe, e Aminadabe
gerou a Naassom, e Naassom gerou a Salmom,
5 e Salmom gerou de Raabe a Boaz, e Boaz
gerou de Rute a Obede, e Obede gerou a Jessé.
6 Jessé gerou ao rei Davi, e o rei
Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias.
7 Salomão gerou a Roboão, e
Roboão gerou a Abias, e Abias gerou a Asa,
8 e Asa gerou a Josafá, e Josafá
gerou a Jorão, e Jorão gerou a Uzias,
9 e Uzias gerou a Jotão, e Jotão
gerou a Acaz, e Acaz gerou a Ezequias.
10 Ezequias gerou a Manassés, e Manassés
gerou a Amom, e Amom gerou a Josias,
11 e Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos
na deportação para a Babilônia.
12 E, depois da deportação
para a Babilônia, Jeconias gerou a Salatiel, e Salatiel gerou a Zorobabel,
13 e Zorobabel gerou a Abiúde, e Abiúde
gerou a Eliaquim, e Eliaquim gerou a Azor,
14 e Azor gerou a Sadoque, e Sadoque gerou
a Aquim, e Aquim gerou a Eliúde,
15 e Eliúde gerou a Eleazar, e Eleazar
gerou a Matã, e Matã gerou a Jacó,
16 e Jacó gerou a José, marido
de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama o Cristo.
17 De sorte que todas as gerações,
desde Abraão até Davi, são catorze gerações;
e, desde Davi até a deportação para a Babilônia,
catorze gerações; e, desde a deportação para
a Babilônia até Cristo, catorze gerações.
O nascimento de Jesus Cristo.
18 Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi
assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes
de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo.
19 Então, José, seu marido,
como era justo e a não queria infamar, intentou deixá-la
secretamente.
20 E, projetando ele isso, eis que, em sonho,
lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não
temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado
é do Espírito Santo.
21 E ela dará à luz um filho,
e lhe porás o nome de JESUS, porque ele salvará o seu povo
dos seus pecados.
22 Tudo isso aconteceu para que se cumprisse
o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz:
23 Eis que a virgem conceberá e dará
à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de EMANUEL.
(EMANUEL traduzido é: Deus conosco).
24 E José, despertando do sonho, fez
como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher,
25 e não a conheceu até que
deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe o nome
de JESUS.
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Os magos do Oriente.
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Capítulo 2
1 E, tendo nascido Jesus em Belém da Judéia,
no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém,
2 e perguntaram: Onde está aquele
que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente
e viemos a adorá-lo.
3 E o rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se,
e toda a Jerusalém, com ele.
4 E, congregados todos os príncipes
dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer
o Cristo.
5 E eles lhe disseram: Em Belém da
Judéia, porque assim está escrito pelo profeta:
6 E tu, Belém, terra de Judá,
de modo nenhum és a menor entre as {ou príncipes} capitais
de Judá, porque de ti sairá o Guia {ou Governador} que há
de apascentar o meu povo de Israel.
7 Então, Herodes, chamando secretamente
os magos, inquiriu exatamente deles acerca do tempo em que a estrela lhes
aparecera.
8 E, enviando-os a Belém, disse: Ide,
e perguntai diligentemente pelo menino, e, quando o achardes, participai-mo,
para que também eu vá e o adore.
9 E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e
eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até
que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino.
10 E, vendo eles a estrela, alegraram-se
muito com grande júbilo.
11 E, entrando na casa, acharam o menino
com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os
seus tesouros, lhe ofertaram dádivas: ouro, incenso e mirra.
12 E, sendo por divina revelação
avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes,
partiram para a sua terra por outro caminho.
A fuga para o Egito. A matança
dos inocentes.
13 E, tendo-se eles retirado, eis que o anjo
do Senhor apareceu a José em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma
o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até
que eu te diga, porque Herodes há de procurar o menino para o matar.
14 E, levantando-se ele, tomou o menino e
sua mãe, de noite, e foi para o Egito.
15 E esteve lá até à
morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor
pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho.
16 Então, Herodes, vendo que tinha
sido iludido pelos magos, irritou-se muito e mandou matar todos os meninos
que havia em Belém e em todos os seus contornos, de dois anos para
baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos.
17 Então, se cumpriu o que foi dito
pelo profeta Jeremias, que diz:
18 Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação,
choro e grande pranto; era Raquel chorando os seus filhos e não
querendo ser consolada, porque já não existiam.
A volta do Egito.
19 Morto, porém, Herodes, eis que
o anjo do Senhor apareceu, num sonho, a José, no Egito,
20 dizendo: Levanta-te, e toma o menino e
sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque já estão
mortos os que procuravam a morte {ou vida} do menino.
21 Então, ele se levantou, e tomou
o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel.
22 E, ouvindo que Arquelau reinava na Judéia
em lugar de Herodes, seu pai, receou ir para lá; mas, avisado em
sonhos por divina revelação, foi para as regiões da
Galiléia.
23 E chegou e habitou numa cidade chamada
Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele
será chamado Nazareno.
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Capítulo 3
João Batista (Mc 1.1-8; Lc 3.1-18; Jo 1.6-8,19-36).
1 E, naqueles dias, apareceu João
Batista pregando no deserto da Judéia
2 e dizendo: Arrependei-vos, porque é
chegado o Reino dos céus.
3 Porque este é o anunciado pelo profeta
Isaías, que disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho
do Senhor, endireitai as suas veredas.
4 E este João tinha a sua veste de
pêlos de camelo e um cinto de couro em torno de seus lombos e alimentava-se
de gafanhotos e de mel silvestre.
5 Então, ia ter com ele Jerusalém,
e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão;
6 e eram por ele batizados no rio Jordão,
confessando os seus pecados.
7 E, vendo ele muitos dos fariseus e dos
saduceus que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras,
quem vos ensinou a fugir da ira futura?
8 Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento
9 e não presumais de vós mesmos,
dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas
pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.
10 E também, agora, está posto
o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que
não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.
11 E eu, em verdade, vos batizo com água,
para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais
poderoso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias;
{ou calçado} ele vos batizará com o Espírito Santo
e com fogo.
12 Em sua mão tem a pá, e limpará
a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará
a palha com fogo que nunca se apagará.
O batismo de Jesus (Mc 1.9-11; Lc 3.21,22;
Jo 1.32-34)
13 Então, veio Jesus da Galiléia
ter com João junto do Jordão, para ser batizado por ele.
14 Mas João opunha-se-lhe, dizendo:
Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim?
15 Jesus, porém, respondendo, disse-lhe:
Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça.
Então, ele o permitiu.
16 E, sendo Jesus batizado, saiu logo da
água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito
de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele.
17 E eis que uma voz dos céus dizia:
Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
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Capítulo 4
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A tentação
de Jesus (Mc 1.12-13; Lc 4.1-13).
1 Então, foi conduzido Jesus pelo
Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.
2 e, tendo jejuado quarenta dias e quarenta
noites, depois teve fome;
3 E, chegando-se a ele o tentador, disse:
Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
4 Ele, porém, respondendo, disse:
Está escrito: Nem só de pão viverá o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
5 Então o diabo o transportou à
Cidade Santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo,
6 e disse-lhe: Se tu és o Filho de
Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus
anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos,
para que nunca tropeces em alguma pedra.
7 Disse-lhe Jesus: Também está
escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus.
8 Novamente, o transportou o diabo a um monte
muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles.
9 E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado,
me adorares.
10 Então, disse-lhe Jesus: Vai-te,
Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás
e só a ele servirás.
11 Então, o diabo o deixou; e, eis
que chegaram os anjos e o serviram.
Jesus na Galiléia. Os primeiros
discípulos (Mc 1.14-20; Lc 4.14-32; 5.1-11).
12 Jesus, porém, ouvindo que João
estava preso, voltou para a Galiléia.
13 E, deixando Nazaré, foi habitar
em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zebulom e Naftali,
14 para que se cumprisse o que foi dito pelo
profeta Isaías, que diz:
15 A terra de Zebulom e a terra de Naftali,
junto ao caminho do mar, além do Jordão, a Galiléia
das nações,
16 o povo que estava assentado em trevas
viu uma grande luz; e aos que estavam assentados na região e sombra
da morte a luz raiou.
17 Desde então, começou Jesus
a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos
céus.
18 E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia,
viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os
quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores.
19 E disse-lhes: Vinde após mim, e
eu vos farei pescadores de homens.
20 Então, eles, deixando logo as redes,
seguiram-no.
21 E, adiantando-se dali, viu outros dois
irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão,
num barco com Zebedeu, seu pai, consertando as redes; e chamou-os.
22 Eles, deixando imediatamente o barco e
seu pai, seguiram-no.
23 E percorria Jesus toda a Galiléia,
ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino, e curando
todas as enfermidades e moléstias entre o povo.
24 E a sua fama correu por toda a Síria;
e traziam-lhe todos os que padeciam acometidos de várias enfermidades
e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos e os paralíticos,
e ele os curava.
25 E seguia-o uma grande multidão
da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia
e dalém do Jordão.
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Capítulo 5
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O sermão da
montanha. As beatitudes (Lc 6.20-29).
1 Jesus, vendo a multidão, subiu a
um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos;
2 e, abrindo a boca, os ensinava, dizendo:
3 Bem-aventurados os pobres de espírito,
porque deles é o Reino dos céus;
4 bem-aventurados os que choram, porque eles
serão consolados;
5 bem-aventurados os mansos, porque eles
herdarão a terra;
6 bem-aventurados os que têm fome e
sede de justiça, porque eles serão fartos;
7 bem-aventurados os misericordiosos, porque
eles alcançarão misericórdia;
8 bem-aventurados os limpos de coração,
porque eles verão a Deus;
9 bem-aventurados os pacificadores, porque
eles serão chamados filhos de Deus;
10 bem-aventurados os que sofrem perseguição
por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus;
11 bem-aventurados sois vós quando
vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra
vós, por minha causa.
12 Exultai e alegrai-vos, porque é
grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram
os profetas que foram antes de vós.
13 Vós sois o sal da terra; e, se
o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais
presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.
14 Vós sois a luz do mundo; não
se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
15 nem se acende a candeia e se coloca debaixo
do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão
na casa.
16 Assim resplandeça a vossa luz diante
dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai,
que está nos céus.
17 Não cuideis que vim destruir a
lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir.
18 Porque em verdade vos digo que, até
que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá
da lei sem que tudo seja cumprido.
19 Qualquer, pois, que violar um destes menores
mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino
dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será
chamado grande no Reino dos céus.
20 Porque vos digo que, se a vossa justiça
não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis
no Reino dos céus.
21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não
matarás; mas qualquer que matar será réu {ou sujeito
ao juízo} de juízo.
22 Eu, porém, vos digo que qualquer
que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu
de juízo, e qualquer que chamar a seu irmão de raca será
réu do Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será
réu {ou sujeito ao conselho} do fogo do inferno.
23 Portanto, se trouxeres a tua oferta ao
altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa
contra ti,
24 deixa ali diante do altar a tua oferta,
e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta
a tua oferta.
25 Concilia-te depressa com o teu adversário,
enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça
que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial,
{ou meirinho} e te encerrem na prisão.
26 Em verdade te digo que, de maneira nenhuma,
sairás dali, enquanto não pagares o último ceitil.
27 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não
cometerás adultério.
28 Eu porém, vos digo que qualquer
que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração
cometeu adultério com ela.
29 Portanto, se o teu olho direito te escandalizar,
arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca
um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado no inferno.
30 E, se a tua mão direita te escandalizar,
corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos
teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno.
31 Também foi dito: Qualquer que deixar
sua mulher, que lhe dê carta de desquite.
32 Eu, porém, vos digo que qualquer
que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição,
faz que ela cometa adultério; e qualquer que casar com a repudiada
comete adultério.
33 Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos:
Não perjurarás, mas cumprirás teus juramentos ao Senhor.
34 Eu, porém, vos digo que, de maneira
nenhuma, jureis nem pelo céu, porque é o trono de Deus,
35 nem pela terra, porque é o escabelo
de seus pés, nem por Jerusalém, porque é a cidade
do grande Rei,
36 nem jurarás pela tua cabeça,
porque não podes tornar um cabelo branco ou preto.
37 Seja, porém, o vosso falar: Sim,
sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência
maligna.
38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho e
dente por dente.
39 Eu, porém, vos digo que não
resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe
também a outra;
40 e ao que quiser pleitear contigo e tirar-te
a vestimenta, larga-lhe também a capa;
41 e, se qualquer te obrigar a caminhar uma
milha, vai com ele duas.
42 Dá a quem te pedir e não
te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.
43 Ouvistes que foi dito: Amarás o
teu próximo e aborrecerás o teu inimigo.
44 Eu, porém, vos digo: Amai a vossos
inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e
orai pelos que vos maltratam e vos perseguem,
45 para que sejais filhos do Pai que está
nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons
e a chuva desça sobre justos e injustos.
46 Pois, se amardes os que vos amam, que
galardão tereis? Não fazem os publicanos também o
mesmo?
47 E, se saudardes unicamente os vossos irmãos,
que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?
48 Sede vós, pois, perfeitos, como
é perfeito o vosso Pai, que está nos céus.
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Capítulo 6
1 Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante
dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis
galardão junto de vosso Pai, que está nos céus.
2 Quando, pois, deres esmola, não
faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas
nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade
vos digo que já receberam o seu galardão.
3 Mas, quando tu deres esmola, não
saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita,
4 para que a tua esmola seja dada ocultamente,
e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.
5 E, quando orares, não sejas como
os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas
e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade
vos digo que já receberam o seu galardão.
6 Mas tu, quando orares, entra no teu aposento
e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está
oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará.
7 E, orando, não useis de vãs
repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem,
serão ouvidos.
8 Não vos assemelheis, pois, a eles,
porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós
lho pedirdes.
9 Portanto, vós orareis assim: Pai
nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.
10 Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade,
tanto na terra como no céu.
11 O pão nosso de cada dia dá-nos
hoje.
12 Perdoa-nos as nossas dívidas, assim
como nós perdoamos aos nossos devedores.
13 E não nos induzas à tentação,
mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória,
para sempre. Amém!
14 Porque, se perdoardes aos homens as suas
ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós.
15 Se, porém, não perdoardes
aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará
as vossas ofensas.
16 E, quando jejuardes, não vos mostreis
contristados como os hipócritas, porque desfiguram o rosto, para
que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já
receberam o seu galardão.
17 Porém tu, quando jejuares, unge
a cabeça e lava o rosto,
18 para não pareceres aos homens que
jejuas, mas sim a teu Pai, que está oculto; e teu Pai, que vê
o que está oculto, te recompensará.
19 Não ajunteis tesouros na terra,
onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões
minam e roubam.
20 Mas ajuntai tesouros no céu, onde
nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não
minam, nem roubam.
21 Porque onde estiver o vosso tesouro, aí
estará também o vosso coração.
22 A candeia do corpo são os olhos;
de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá
luz.
23 Se, porém, os teus olhos forem
maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti
há são trevas, quão grandes serão tais trevas!
24 Ninguém pode servir a dois senhores,
porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a
um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
{ou as riquezas}
25 Por isso, vos digo: não andeis
cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo
que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir.
Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do
que a vestimenta?
26 Olhai para as aves do céu, que
não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial
as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
27 E qual de vós poderá, com
todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?
28 E, quanto ao vestuário, porque
andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles
crescem; não trabalham, nem fiam.
29 E eu vos digo que nem mesmo Salomão,
em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.
30 Pois, se Deus assim veste a erva do campo,
que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não
vos vestirá muito mais a vós, homens de pequena fé?
31 Não andeis, pois, inquietos, dizendo:
Que comeremos ou que beberemos ou com que nos vestiremos?
32 (Porque todas essas coisas os gentios
procuram.) Decerto, vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas
essas coisas;
33 Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e
a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.
34 Não vos inquieteis, pois, pelo
dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si
mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
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Capítulo 7
1 Não julgueis, para que não
sejais julgados,
2 porque com o juízo com que julgardes
sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão
de medir a vós.
3 E por que reparas tu no argueiro que está
no olho do teu irmão e não vês a trave que está
no teu olho?
4 Ou como dirás a teu irmão:
Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu?
5 Hipócrita, tira primeiro a trave
do teu olho e, então, cuidarás em tirar o argueiro do olho
do teu irmão.
6 Não deis aos cães as coisas
santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não
as pisem e, voltando-se, vos despedacem.
7 Pedi, e dar-se-vos -á; buscai e
encontrareis; batei, e abrir-se-vos -á.
8 Porque aquele que pede recebe; e o que
busca encontra; e, ao que bate, se abre.
9 E qual dentre vós é o homem
que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra?
10 E, pedindo-lhe peixe, lhe dará
uma serpente?
11 Se, vós, pois, sendo maus, sabeis
dar boas {ou boas dádivas} coisas aos vossos filhos, quanto mais
vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe
pedirem?
12 Portanto, tudo o que vós quereis
que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque
esta é a lei e os profetas.
13 Entrai pela porta estreita, porque larga
é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição,
e muitos são os que entram por ela;
14 E porque estreita é a porta, e
apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.
15 Acautelai-vos, porém, dos falsos
profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas
interiormente são lobos devoradores.
16 Por seus frutos os conhecereis. Porventura,
colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?
17 Assim, toda árvore boa produz bons
frutos, e toda árvore má produz frutos maus.
18 Não pode a árvore boa dar
maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons.
19 Toda árvore que não dá
bom fruto corta-se e lança-se no fogo.
20 Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!
entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de
meu Pai, que está nos céus.
22 Muitos me dirão naquele Dia: Senhor,
Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome,
não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos
muitas maravilhas?
23 E, então, lhes direi abertamente:
Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.
24 Todo aquele, pois, que escuta estas minhas
palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou
a sua casa sobre a rocha.
25 E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram
ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada
sobre a rocha.
26 E aquele que ouve estas minhas palavras
e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou
a sua casa sobre a areia.
27 E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram
ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.
28 E aconteceu que, concluindo Jesus este
discurso, a multidão se admirou da sua doutrina,
29 porquanto os ensinava com autoridade e
não como os escribas.
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Capítulo 8
1 E, descendo ele do monte, seguiu-o uma
grande multidão.
2 E eis que veio um leproso e o adorou, dizendo:
Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo.
3 E Jesus, estendendo a mão, tocou-o,
dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra.
4 Disse-lhe, então, Jesus: Olha, não
o digas a alguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote e apresenta a
oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
5 E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou
junto dele um centurião, rogando-lhe
6 e dizendo: Senhor, o meu criado jaz em
casa paralítico e violentamente atormentado.
7 E Jesus lhe disse: Eu irei e lhe darei
saúde.
8 E o centurião, respondendo, disse:
Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas
dize somente uma palavra, e o meu criado sarará,
9 pois também eu sou homem sob autoridade
e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: vai, e ele vai;
e a outro: vem, e ele vem; e ao meu criado: faze isto, e ele o faz.
10 E maravilhou-se Jesus, ouvindo isso, e
disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei
tanta fé.
11 Mas eu vos digo que muitos virão
do Oriente e do Ocidente e assentar-se-ão à mesa com Abraão,
e Isaque, e Jacó, no Reino dos céus;
12 E os filhos do Reino serão lançados
nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes.
13 Então, disse Jesus ao centurião:
Vai, e como creste te seja feito. E, naquela mesma hora, o seu criado sarou.
14 E Jesus, entrando na casa de Pedro, viu
a sogra deste jazendo com febre.
15 E tocou-lhe na mão, e a febre a
deixou; e levantou-se e serviu-os.
16 E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos
endemoninhados, e ele, com a sua palavra, expulsou deles os espíritos
e curou todos os que estavam enfermos,
17 para que se cumprisse o que fora dito
pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades
e levou as nossas doenças.
18 E Jesus, vendo em torno de si uma grande
multidão, ordenou que passassem para a outra margem.
19 E, aproximando-se dele um escriba, disse:
Mestre, aonde quer que fores, eu te seguirei.
20 E disse Jesus: As raposas têm covis,
e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não
tem onde reclinar a cabeça.
21 E outro de seus discípulos lhe
disse: Senhor, permite-me que, primeiramente, vá sepultar meu pai.
22 Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me
e deixa aos mortos sepultar os seus mortos.
23 E, entrando ele no barco, seus discípulos
o seguiram.
24 E eis que, no mar, se levantou uma tempestade
tão grande, que o barco era coberto pelas ondas; ele, porém,
estava dormindo.
25 E os seus discípulos, aproximando-se,
o despertaram, dizendo: Senhor, salva-nos, que perecemos.
26 E ele disse-lhes: Por que temeis, homens
de pequena fé? Então, levantando-se, repreendeu os ventos
e o mar, e seguiu-se uma grande bonança.
27 E aqueles homens se maravilharam, dizendo:
Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?
28 E, tendo chegado à outra margem,
à província dos gadarenos, saíram-lhe ao encontro
dois endemoninhados, vindos dos sepulcros; tão ferozes eram, que
ninguém podia passar por aquele caminho.
29 E eis que clamaram, dizendo: Que temos
nós contigo, Jesus, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes
do tempo?
30 E andava pastando distante deles uma manada
de muitos porcos.
31 E os demônios rogaram-lhe, dizendo:
Se nos expulsas, permite-nos que entremos naquela manada de porcos.
32 E ele lhes disse: Ide. E, saindo eles,
se introduziram na manada dos porcos; e eis que toda aquela manada de porcos
se precipitou no mar por um despenhadeiro, e morreram nas águas.
33 Os porqueiros fugiram e, chegando à
cidade, divulgaram tudo o que acontecera aos endemoninhados.
34 E eis que toda aquela cidade saiu ao encontro
de Jesus, e, vendo-o, rogaram-lhe que se retirasse do seu território.
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Capítulo 9
1 E, entrando no barco, passou para a outra
margem, e chegou à sua cidade. E eis que lhe trouxeram um paralítico
deitado numa cama.
2 E Jesus, vendo a fé deles, disse
ao paralítico: Filho, tem bom ânimo; perdoados te são
os teus pecados.
3 E eis que alguns dos escribas diziam entre
si: Ele blasfema.
4 Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos,
disse: Por que pensais mal em vosso coração?
5 Pois o que é mais fácil?
Dizer ao paralítico: Perdoados te são os teus pecados, ou:
Levanta-te e anda?
6 Ora, para que saibais que o Filho do Homem
tem na terra autoridade para perdoar pecados--disse então ao paralítico:
Levanta-te, toma a tua cama e vai para tua casa.
7 E, levantando-se, foi para sua casa.
8 E a multidão, vendo isso, maravilhou-se
e glorificou a Deus, que dera tal poder aos homens.
9 E Jesus, passando adiante dali, viu assentado
na alfândega um homem chamado Mateus e disse-lhe: Segue-me. E ele,
levantando-se, o seguiu.
10 E aconteceu que, estando ele em casa sentado
à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores e sentaram-se juntamente
com Jesus e seus discípulos.
11 E os fariseus, vendo isso, disseram aos
seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e
pecadores?
12 Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes:
Não necessitam de médico os sãos, mas sim, os doentes.
13 Ide, porém, e aprendei o que significa:
Misericórdia quero e não sacrifício. Porque eu não
vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.
14 Então, chegaram ao pé dele
os discípulos de João, dizendo: Por que jejuamos nós,
e os fariseus, muitas vezes, e os teus discípulos não jejuam?
15 E disse-lhes Jesus: Podem, porventura,
andar tristes os {Gr. os filhos da câmara nupcial} filhos das bodas,
enquanto o esposo está com eles? Dias, porém, virão
em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão.
16 Ninguém deita remendo de pano novo
em veste velha, porque semelhante remendo rompe a veste, e faz-se maior
a rotura.
17 Nem se deita vinho novo em odres velhos;
aliás, rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se;
mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam.
18 Dizendo-lhes ele essas coisas, eis que
chegou um chefe {ou governador} e o adorou, dizendo: Minha filha faleceu
agora mesmo; mas vem, impõe-lhe a tua mão, e ela viverá.
19 E Jesus, levantando-se, seguiu-o, e os
seus discípulos também.
20 E eis que uma mulher que havia já
doze anos padecia de um fluxo de sangue, chegando por detrás dele,
tocou a orla da sua veste,
21 porque dizia consigo: Se eu tão-somente
tocar a sua veste, ficarei sã.
22 E Jesus, voltando-se e vendo-a, disse:
Tem ânimo, filha, a tua fé te salvou. E imediatamente a mulher
ficou sã.
23 E Jesus, chegando à casa daquele
chefe, e vendo os instrumentistas e o povo em alvoroço,
24 disse-lhes: Retirai-vos, que a menina
não está morta, mas dorme. E riram-se dele.
25 E, logo que o povo foi posto fora, entrou
Jesus e pegou-lhe na mão, e a menina levantou-se.
26 E espalhou-se aquela notícia por
todo aquele país.
27 E, partindo Jesus dali, seguiram-no dois
cegos, clamando e dizendo: Tem compaixão de nós, Filho de
Davi.
28 E, quando chegou à casa, os cegos
se aproximaram dele; e Jesus disse-lhes: Credes vós que eu possa
fazer isto? Disseram-lhe eles: Sim, Senhor.
29 Tocou, então, os olhos deles, dizendo:
Seja-vos feito segundo a vossa fé.
30 E os olhos se lhes abriram. E Jesus ameaçou-os,
dizendo: Olhai que ninguém o saiba.
31 Mas, tendo ele saído, divulgaram
a sua fama por toda aquela terra.
32 E, havendo-se eles retirado, trouxeram-lhe
um homem mudo e endemoninhado.
33 E, expulso o demônio, falou o mudo;
e a multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel.
34 Mas os fariseus diziam: Ele expulsa os
demônios pelo príncipe dos demônios.
35 E percorria Jesus todas as cidades e aldeias,
ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do Reino, e curando
todas as enfermidades e moléstias entre o povo.
36 E, vendo a multidão, teve grande
compaixão deles, porque andavam desgarrados e errantes como ovelhas
que não têm pastor.
37 Então, disse aos seus discípulos:
A seara é realmente grande, mas poucos são os ceifeiros.
38 Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande
ceifeiros para a sua seara.
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Capítulo 10
1 E, chamando os seus doze discípulos,
deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem e
para curarem toda enfermidade e todo mal.
2 Ora, os nomes dos doze apóstolos
são estes: O primeiro, Simão, chamado Pedro, e André,
seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão;
3 Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus,
o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu, apelidado Tadeu;
4 Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes,
aquele que o traiu.
5 Jesus enviou estes doze e lhes ordenou,
dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade
de samaritanos;
6 mas ide, antes, às ovelhas perdidas
da casa de Israel;
7 e, indo, pregai, dizendo: É chegado
o Reino dos céus.
8 Curai os enfermos, limpai os leprosos,
ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes,
de graça dai.
9 Não possuais ouro, nem prata, nem
cobre, em vossos cintos;
10 nem alforges para o caminho, nem duas
túnicas, nem sandálias, nem bordão, porque digno é
o operário do seu alimento.
11 E, em qualquer cidade ou aldeia em que
entrardes, procurai saber quem nela seja digno e hospedai-vos aí
até que vos retireis.
12 E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a;
13 e, se a casa for digna, desça sobre
ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a
vossa paz.
14 E, se ninguém vos receber, nem
escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó
dos vossos pés.
15 Em verdade vos digo que, no Dia do Juízo,
haverá menos rigor para o país de Sodoma e Gomorra do que
para aquela cidade.
16 Eis que vos envio como ovelhas ao meio
de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e símplices
como as pombas.
17 Acautelai-vos, porém, dos homens,
porque eles vos entregarão aos sinédrios e vos açoitarão
nas suas sinagogas;
18 e sereis até conduzidos à
presença dos governadores e dos reis, por causa de mim, para lhes
servir de testemunho, a eles e aos gentios.
19 Mas, quando vos entregarem, não
vos dê cuidado como ou o que haveis de falar, porque, naquela mesma
hora, vos será ministrado o que haveis de dizer.
20 Porque não sois vós quem
falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em
vós.
21 E o irmão entregará à
morte o irmão, e o pai, o filho; e os filhos se levantarão
contra os pais e os matarão.
22 E odiados de todos sereis por causa do
meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.
23 Quando, pois, vos perseguirem nesta cidade,
fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de
percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do Homem.
24 Não é o discípulo
mais do que o mestre, nem é o servo mais do que o seu senhor.
25 Basta ao discípulo ser como seu
mestre, e ao servo ser como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao pai de família,
quanto mais aos seus domésticos?
26 Portanto, não os temais, porque
nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto
que não haja de saber-se.
27 O que vos digo em trevas, dizei-o em luz;
e o que escutais ao ouvido, pregai-o sobre os telhados.
28 E não temais os que matam o corpo
e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer
no inferno a alma e o corpo.
29 Não se vendem dois passarinhos
por um ceitil? {ou asse} E nenhum deles cairá em terra sem a vontade
de vosso Pai.
30 E até mesmo os cabelos da vossa
cabeça estão todos contados.
31 Não temais, pois; mais valeis vós
do que muitos passarinhos.
32 Portanto, qualquer que me confessar diante
dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.
33 Mas qualquer que me negar diante dos homens,
eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus
34 Não cuideis que vim trazer a paz
à terra; não vim trazer paz, mas espada;
35 porque eu vim pôr em dissensão
o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra
sua sogra.
36 E, assim, os inimigos do homem serão
os seus familiares.
37 Quem ama o pai ou a mãe mais do
que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha
mais do que a mim não é digno de mim.
38 E quem não toma a sua cruz e não
segue após mim não é digno de mim.
39 Quem achar a sua vida {ou alma} perdê-la-á;
e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á.
40 Quem vos recebe a mim me recebe; e quem
me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.
41 Quem recebe um profeta na qualidade de
profeta receberá galardão de profeta; e quem recebe um justo
na qualidade de justo, receberá galardão de justo.
42 E qualquer que tiver dado só que
seja um copo de água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo,
em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.
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Capítulo 11
1 E aconteceu que, acabando Jesus de dar
instruções aos seus doze discípulos, partiu dali a
ensinar e a pregar nas cidades deles.
2 E João, ouvindo no cárcere
falar dos feitos de Cristo, enviou dois dos seus discípulos
3 a dizer-lhe: És tu aquele que havia
de vir ou esperamos outro?
4 E Jesus, respondendo, disse-lhe: Ide e
anunciai a João as coisas que ouvis e vedes:
5 Os cegos vêem, e os coxos andam;
os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são
ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.
6 E bem-aventurado é aquele que se
não escandalizar em mim.
7 E, partindo eles, começou Jesus
a dizer às turbas a respeito de João: Que fostes ver no deserto?
Uma cana agitada pelo vento?
8 Sim, que fostes ver? Um homem ricamente
vestido? Os que se trajam ricamente estão nas casas dos reis.
9 Mas, então, que fostes ver? Um profeta?
Sim, vos digo eu, e muito mais do que profeta;
10 porque é este de quem está
escrito: Eis que diante da tua face envio o meu anjo, que preparará
diante de ti o teu caminho.
11 Em verdade vos digo que, entre os que
de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do
que João Batista; mas aquele que é o menor no Reino dos céus
é maior do que ele.
12 E, desde os dias de João Batista
até agora, se faz violência ao Reino dos céus, e pela
força se apoderam dele.
13 Porque todos os profetas e a lei profetizaram
até João.
14 E, se quereis dar crédito, é
este o Elias que havia de vir.
15 Quem tem ouvidos para ouvir ouça.
16 Mas a quem assemelharei esta geração?
É semelhante aos meninos que se assentam nas praças, e clamam
aos seus companheiros,
17 e dizem: Tocamo-vos flauta, e não
dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes.
18 Porquanto veio João, não
comendo, nem bebendo, e dizem: Tem demônio.
19 Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo,
e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo
de publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus
filhos.
20 Então, começou ele a lançar
em rosto às cidades onde se operou a maior parte dos seus prodígios
o não se haverem arrependido, dizendo:
21 Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida!
Porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em
vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido com pano
de saco grosseiro e com cinza.
22 Por isso, eu vos digo que haverá
menos rigor para Tiro e Sidom, no Dia do Juízo, do que para vós.
23 E tu, Cafarnaum, que te ergues até
aos céus, serás abatida até aos infernos; porque,
se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram,
teria ela permanecido até hoje.
24 Porém eu vos digo que haverá
menos rigor para os de Sodoma, no Dia do Juízo, do que para ti.
25 Naquele tempo, respondendo Jesus, disse:
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que
ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste
aos pequeninos.
26 Sim, ó Pai, porque assim te aprouve.
27 Todas as coisas me foram entregues por
meu Pai; e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém
conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
28 Vinde a mim, todos os que estais cansados
e oprimidos, e eu vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei
de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis
descanso para a vossa alma.
30 Porque o meu jugo é suave, e o
meu fardo é leve.
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Capítulo 12
1 Naquele tempo, passou Jesus pelas searas,
em um sábado; e os seus discípulos, tendo fome, começaram
a colher espigas e a comer.
2 E os fariseus, vendo isso, disseram-lhe:
Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito
fazer num sábado.
3 Ele, porém, lhes disse: Não
tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os que com ele estavam?
4 Como entrou na Casa de Deus e comeu os
pães da proposição, que não lhe era lícito
comer, nem aos que com ele estavam, mas só aos sacerdotes?
5 Ou não tendes lido na lei que, aos
sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam
sem culpa?
6 Pois eu vos digo que está aqui quem
é maior do que o templo.
7 Mas, se vós soubésseis o
que significa: Misericórdia quero e não sacrifício,
não condenaríeis os inocentes.
8 Porque o Filho do Homem até do sábado
é Senhor.
9 E, partindo dali, chegou à sinagoga
deles.
10 E estava ali um homem que tinha uma das
mãos mirrada; e eles, para acusarem Jesus, o interrogaram, dizendo:
É lícito curar nos sábados?
11 E ele lhes disse: Qual dentre vós
será o homem que, tendo uma ovelha, se num sábado ela cair
numa cova, não lançará mão dela e a levantará?
12 Pois quanto mais vale um homem do que
uma ovelha? É, por conseqüência, lícito fazer
bem nos sábados.
13 Então disse àquele homem:
Estende a mão. E ele a estendeu, e ficou sã como a outra.
14 E os fariseus, tendo saído, formaram
conselho contra ele, para o matarem.
15 Jesus, sabendo isso, retirou-se dali,
e acompanhou-o uma grande multidão de gente, e ele curou a todos.
16 E recomendava-lhes rigorosamente que o
não descobrissem,
17 para que se cumprisse o que fora dito
pelo profeta Isaías, que diz:
18 Eis aqui o meu servo que escolhi, o meu
amado, em quem a minha alma se compraz; porei sobre ele o meu Espírito,
e anunciará aos {ou às nações} gentios o juízo.
19 Não contenderá, nem clamará,
nem alguém ouvirá pelas ruas a sua voz;
20 não esmagará a cana quebrada
e não apagará o morrão que fumega, até que
faça triunfar o juízo.
21 E, no seu nome, os gentios esperarão.
22 Trouxeram-lhe, então, um endemoninhado
cego e mudo; e, de tal modo o curou, que o cego e mudo falava e via.
23 E toda a multidão se admirava e
dizia: Não é este o Filho de Davi?
24 Mas os fariseus, ouvindo isso, diziam:
Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe
dos demônios.
25 Jesus, porém, conhecendo os seus
pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo é devastado;
e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá.
26 E, se Satanás expulsa a Satanás,
está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu
reino?
27 E, se eu expulso os demônios por
Belzebu, por quem os expulsam, então, os vossos filhos? Portanto,
eles mesmos serão os vossos juízes.
28 Mas, se eu expulso os demônios pelo
Espírito de Deus, é conseguintemente chegado a vós
o Reino de Deus.
29 Ou como pode alguém entrar em casa
do homem valente e furtar os seus bens, se primeiro não manietar
o valente, saqueando, então, a sua casa?
30 Quem não é comigo é
contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.
31 Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia
se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito
não será perdoada aos homens.
32 E, se qualquer disser alguma palavra contra
o Filho do Homem, ser-lhe -á perdoado, mas, se alguém falar
contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem
neste século nem no futuro.
33 Ou dizeis que a árvore é
boa e o seu fruto, bom, ou dizeis que a árvore é má
e o seu fruto, mau; porque pelo fruto se conhece a árvore.
34 Raça de víboras, como podeis
vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância
no coração, disso fala a boca.
35 O homem bom tira boas coisas do seu bom
tesouro, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más.
36 Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa
que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo.
37 Porque por tuas palavras serás
justificado e por tuas palavras serás condenado.
38 Então, alguns dos escribas e dos
fariseus tomaram a palavra, dizendo: Mestre, quiséramos ver da tua
parte algum sinal.
39 Mas ele lhes respondeu e disse: Uma geração
má e adúltera pede um sinal, porém não se lhe
dará outro sinal, senão o do profeta Jonas,
40 pois, como Jonas esteve três dias
e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do
Homem três dias e três noites no seio da terra.
41 Os ninivitas ressurgirão no Juízo
com esta geração e a condenarão, porque se arrependeram
com a pregação de Jonas. E eis que está aqui quem
é mais do que Jonas.
42 A Rainha do Sul se levantará no
Dia do Juízo com esta geração e a condenará,
porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão.
E eis que está aqui quem é mais do que Salomão.
43 E, quando o espírito imundo tem
saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso,
e não o encontra.
44 Então, diz: Voltarei para a minha
casa, donde saí. E, voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada.
45 Então, vai e leva consigo outros
sete espíritos piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e são
os últimos atos desse homem piores do que os primeiros. Assim acontecerá
também a esta geração má.
46 E, falando ele ainda à multidão,
eis que estavam fora sua mãe e seus irmãos, pretendendo falar-lhe.
47 E disse-lhe alguém: Eis que estão
ali fora tua mãe e teus irmãos, que querem falar-te.
48 Porém ele, respondendo, disse ao
que lhe falara: Quem é minha mãe? E quem são meus
irmãos?
49 E, estendendo a mão para os seus
discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos;
50 porque qualquer que fizer a vontade de
meu Pai, que está nos céus, este é meu irmão,
e irmã, e mãe.
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Capítulo 13
1 Tendo Jesus saído de casa naquele
dia, estava assentado junto ao mar.
2 E ajuntou-se muita gente ao pé dele,
de sorte que, entrando num barco, se assentou; e toda a multidão
estava em pé na praia.
3 E falou-lhe de muitas coisas por parábolas,
dizendo: Eis que o semeador saiu a semear.
4 E, quando semeava, uma parte da semente
caiu ao pé do caminho, e vieram as aves e comeram-na;
5 e outra parte caiu em pedregais, onde não
havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda.
6 Mas, vindo o sol, queimou-se e secou-se,
porque não tinha raiz.
7 E outra caiu entre espinhos, e os espinhos
cresceram e sufocaram-na.
8 E outra caiu em boa terra e deu fruto:
um, a cem, outro, a sessenta, e outro, a trinta.
9 Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça.
10 E, acercando-se dele os discípulos,
disseram-lhe: Por que lhes falas por parábolas?
11 Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a
vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos céus,
mas a eles não lhes é dado;
12 porque àquele que tem se dará,
e terá em abundância; mas aquele que não tem, até
aquilo que tem lhe será tirado.
13 Por isso, lhes falo por parábolas,
porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem,
nem compreendem.
14 E neles se cumpre a profecia de Isaías,
que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis e, vendo, vereis,
mas não percebereis.
15 Porque o coração deste povo
está endurecido, e ouviu de mau grado com seus ouvidos e fechou
os olhos, para que não veja com os olhos, e ouça com os ouvidos,
e compreenda com o coração, e se converta, e eu o cure.
16 Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque
vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem.
17 Porque em verdade vos digo que muitos
profetas e justos desejaram ver o que vós vedes e não o viram,
e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram.
18 Escutai vós, pois, a parábola
do semeador.
19 Ouvindo alguém a palavra do Reino
e não a entendendo, vem o maligno e arrebata o que foi semeado no
seu coração; este é o que foi semeado ao pé
do caminho;
20 porém o que foi semeado em pedregais
é o que ouve a palavra e logo a recebe com alegria;
21 mas não tem raiz em si mesmo; antes,
é de pouca duração; e, chegada a angústia e
a perseguição por causa da palavra, logo se ofende;
22 e o que foi semeado entre espinhos é
o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução
das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera;
23 mas o que foi semeado em boa terra é
o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto, e um produz cem,
outro, sessenta, e outro, trinta.
24 Propôs-lhes outra parábola,
dizendo: O Reino dos céus é semelhante ao homem que semeia
boa semente no seu campo;
25 mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo,
e semeou o joio no meio do trigo, e retirou-se.
26 E, quando a erva cresceu e frutificou,
apareceu também o joio.
27 E os servos do pai de família,
indo ter com ele, disseram-lhe: Senhor, não semeaste tu no teu campo
boa semente? Por que tem, então, joio?
28 E ele lhes disse: Um inimigo é
quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres, pois, que vamos arrancá-lo?
29 Porém ele lhes disse: Não;
para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo
com ele.
30 Deixai crescer ambos juntos até
à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: colhei
primeiro o joio e atai-o em molhos para o queimar; mas o trigo, ajuntai-o
no meu celeiro.
31 Outra parábola lhes propôs,
dizendo: O Reino dos céus é semelhante a um grão de
mostarda que um homem, pegando dele, semeou no seu campo;
32 o qual é realmente a menor de todas
as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas e faz-se uma
árvore, de sorte que vêm as aves do céu e se aninham
nos seus ramos.
33 Outra parábola lhes disse: O Reino
dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher toma e introduz
em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado.
34 Tudo isso disse Jesus por parábolas
à multidão e nada lhes falava sem parábolas,
35 para que se cumprisse o que fora dito
pelo profeta, que disse: Abrirei em parábolas a boca; publicarei
coisas ocultas desde a criação do mundo.
36 Então, tendo despedido a multidão,
foi Jesus para casa. E chegaram ao pé dele os seus discípulos,
dizendo: Explica-nos a parábola do joio do campo.
37 E ele, respondendo, disse-lhes: O que
semeia a boa semente é o Filho do Homem,
38 o campo é o mundo, a boa semente
são os filhos do Reino, e o joio são os filhos do Maligno.
39 O inimigo que o semeou é o diabo;
e a ceifa é o fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos.
40 Assim como o joio é colhido e queimado
no fogo, assim será na consumação deste mundo.
41 Mandará o Filho do Homem os seus
anjos, e eles colherão do seu Reino tudo o que causa escândalo
e os que cometem iniqüidade.
42 E lançá-los-ão na
fornalha de fogo; ali, haverá pranto e ranger de dentes.
43 Então, os justos resplandecerão
como o sol, no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça.
44 Também o Reino dos céus
é semelhante a um tesouro escondido num campo que um homem achou
e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem e compra aquele
campo.
45 Outrossim, o Reino dos céus é
semelhante ao homem negociante que busca boas pérolas;
46 e, encontrando uma pérola de grande
valor, foi, vendeu tudo quanto tinha e comprou-a.
47 Igualmente, o Reino dos céus é
semelhante a uma rede lançada ao mar e que apanha toda qualidade
de peixes.
48 E, estando cheia, a puxam para a praia
e, assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém,
lançam fora.
49 Assim será na consumação
dos séculos: virão os anjos e separarão os maus dentre
os justos.
50 E lançá-los-ão na
fornalha de fogo; ali, haverá pranto e ranger de dentes.
51 E disse-lhes Jesus: Entendestes todas
estas coisas? Disseram-lhe eles: Sim, Senhor.
52 E ele disse-lhes: Por isso, todo escriba
instruído acerca do Reino dos céus é semelhante a
um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.
53 E aconteceu que Jesus, concluindo essas
parábolas, se retirou dali.
54 E, chegando à sua pátria,
ensinava-os na sinagoga deles, de sorte que se maravilhavam e diziam: Donde
veio a este a sabedoria e estas maravilhas?
55 Não é este o filho do carpinteiro?
E não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago,
e José, e Simão, e Judas?
56 E não estão entre nós
todas as suas irmãs? Donde lhe veio, pois, tudo isso?
57 E escandalizavam-se nele. Jesus, porém,
lhes disse: Não há profeta sem honra, a não ser na
sua pátria e na sua casa.
58 E não fez ali muitas maravilhas,
por causa da incredulidade deles.
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Capítulo 14
1 Naquele tempo, ouviu Herodes, o tetrarca,
a fama de Jesus.
2 E disse aos seus criados: Este é
João Batista; ressuscitou dos mortos, e, por isso, estas maravilhas
operam nele.
3 Porque Herodes tinha prendido João
e tinha-o manietado e encerrado no cárcere por causa de Herodias,
mulher de seu irmão Filipe;
4 porque João lhe dissera: Não
te é lícito possuí-la.
5 E, querendo matá-lo, temia o povo,
porque o tinham como profeta.
6 Festejando-se, porém, o dia natalício
de Herodes, dançou a filha de Herodias diante dele e agradou a Herodes,
7 pelo que prometeu, com juramento, dar-lhe
tudo o que pedisse.
8 E ela, instruída previamente por
sua mãe, disse: Dá-me aqui num prato a cabeça de João
Batista.
9 E o rei afligiu-se, mas, por causa do juramento
e dos que estavam à mesa com ele, ordenou que se lhe desse.
10 E mandou degolar João no cárcere,
11 e a sua cabeça foi trazida num
prato e dada à jovem, e ela a levou a sua mãe.
12 E chegaram os seus discípulos,
e levaram o corpo, e o sepultaram, e foram anunciá-lo a Jesus.
13 E Jesus, ouvindo isso, retirou-se dali
num barco, para um lugar deserto, apartado; e, sabendo-o o povo, seguiu-o
a pé desde as cidades.
14 E Jesus, saindo, viu uma grande multidão
e, possuído de íntima compaixão para com ela, curou
os seus enfermos.
15 E, sendo chegada a tarde, os seus discípulos
aproximaram-se dele, dizendo: O lugar é deserto, e a hora é
já avançada; despede a multidão, para que vão
pelas aldeias e comprem comida para si.
16 Jesus, porém, lhes disse: Não
é mister que vão; dai-lhes vós de comer.
17 Então, eles lhe disseram: Não
temos aqui senão cinco pães e dois peixes.
18 E ele disse: Trazei-mos aqui.
19 Tendo mandado que a multidão se
assentasse sobre a erva, tomou os cinco pães e os dois peixes, e,
erguendo os olhos ao céu, os abençoou, e, partindo os pães,
deu-os aos discípulos, e os discípulos, à multidão.
20 E comeram todos e saciaram-se, e levantaram
dos pedaços que sobejaram doze cestos cheios.
21 E os que comeram foram quase cinco mil
homens, além das mulheres e crianças.
22 E logo ordenou Jesus que os seus discípulos
entrassem no barco e fossem adiante, para a outra banda, enquanto despedia
a multidão.
23 E, despedida a multidão, subiu
ao monte para orar à parte. E, chegada já a tarde, estava
ali só.
24 E o barco estava já no meio do
mar, açoitado pelas ondas, porque o vento era contrário.
25 Mas, à quarta vigília da
noite, dirigiu-se Jesus para eles, caminhando por cima do mar.
26 E os discípulos, vendo-o caminhar
sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram,
com medo.
27 Jesus, porém, lhes falou logo,
dizendo: Tende bom ânimo, sou eu; não temais.
28 E respondeu-lhe Pedro e disse: Senhor,
se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas.
29 E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do
barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus.
30 Mas, sentindo o vento forte, teve medo;
e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me.
31 E logo Jesus, estendendo a mão,
segurou-o e disse-lhe: Homem de pequena fé, por que duvidaste?
32 E, quando subiram para o barco, acalmou
o vento.
33 Então, aproximaram-se os que estavam
no barco e adoraram-no, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus.
34 E, tendo passado para a outra banda, chegaram
à terra de Genesaré.
35 E, quando os homens daquele lugar o conheceram,
mandaram por todas aquelas terras em redor e trouxeram-lhe todos os que
estavam enfermos.
36 E rogavam-lhe que, ao menos, eles pudessem
tocar a orla da sua veste; e todos os que a tocavam ficavam sãos.
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Capítulo 15
1 Então, chegaram ao pé de
Jesus uns escribas e fariseus de Jerusalém, dizendo:
2 Por que transgridem os teus discípulos
a tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos
quando comem pão.
3 Ele, porém, respondendo, disse-lhes:
Por que transgredis vós também o mandamento de Deus pela
vossa tradição?
4 Porque Deus ordenou, dizendo: Honra a teu
pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe,
que morra de morte.
5 Mas vós dizeis: Qualquer que disser
ao pai ou à mãe: É oferta ao Senhor o que poderias
aproveitar de mim, esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua
mãe,
6 E assim invalidastes, pela vossa tradição,
o mandamento de Deus.
7 Hipócritas, bem profetizou Isaías
a vosso respeito, dizendo:
8 Este povo honra-me com os seus lábios,
mas o seu coração está longe de mim.
9 Mas em vão me adoram, ensinando
doutrinas que são preceitos dos homens.
10 E, chamando a si a multidão, disse-lhes:
Ouvi e entendei:
11 o que contamina o homem não é
o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina
o homem.
12 Então, acercando-se dele os seus
discípulos, disseram-lhe: Sabes que os fariseus, ouvindo essas palavras,
se escandalizaram?
13 Ele, porém, respondendo, disse:
Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada.
14 Deixai-os; são condutores cegos;
ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova.
15 E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe:
Explica-nos essa parábola.
16 Jesus, porém, disse: Até
vós mesmos estais ainda sem entender?
17 Ainda não compreendeis que tudo
o que entra pela boca desce para o ventre e é lançado fora?
18 Mas o que sai da boca procede do coração,
e isso contamina o homem.
19 Porque do coração procedem
os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição,
furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.
20 São essas coisas que contaminam
o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina
o homem.
21 E, partindo Jesus dali, foi para as partes
de Tiro e de Sidom.
22 E eis que uma mulher cananéia,
que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de
Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente
endemoninhada.
23 Mas ele não lhe respondeu palavra.
E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo:
Despede-a, que vem gritando atrás de nós.
24 E ele, respondendo, disse: Eu não
fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.
25 Então, chegou ela e adorou-o, dizendo:
Senhor, socorre-me.
26 Ele, porém, respondendo, disse:
Não é bom pegar o pão dos filhos e deitá-lo
aos cachorrinhos.
27 E ela disse: Sim, Senhor, mas também
os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores.
28 Então, respondeu Jesus e disse-lhe:
Ó mulher, grande é a tua fé. Seja isso feito para
contigo, como tu desejas. E, desde aquela hora, a sua filha ficou sã.
29 Partindo Jesus dali, chegou ao pé
do mar da Galiléia e, subindo a um monte, assentou-se lá.
30 E veio ter com ele muito povo, que trazia
coxos, cegos, mudos, aleijados e outros muitos; e os puseram aos pés
de Jesus, e ele os sarou,
31 de tal sorte que a multidão se
maravilhou vendo os mudos a falar, os aleijados sãos, os coxos a
andar, e os cegos a ver; e glorificava o Deus de Israel.
32 E Jesus, chamando os seus discípulos,
disse: Tenho compaixão da multidão, porque já está
comigo há três dias e não tem o que comer, e não
quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça no caminho.
33 E os seus discípulos disseram-lhe:
Donde nos viriam num deserto tantos pães, para saciar tal multidão?
34 E Jesus disse-lhes: Quantos pães
tendes? E eles disseram: Sete e uns poucos peixinhos.
35 Então, mandou à multidão
que se assentasse no chão.
36 E, tomando os sete pães e os peixes
e dando graças, partiu-os e deu-os aos seus discípulos, e
os discípulos, à multidão.
37 E todos comeram e se saciaram, e levantaram,
do que sobejou, sete cestos cheios de pedaços.
38 Ora, os que tinham comido eram quatro
mil homens, além de mulheres e crianças.
39 E, tendo despedido a multidão,
entrou no barco e dirigiu-se ao território de Magdala.
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Capítulo 16
1 E, chegando-se os fariseus e os saduceus
para o tentarem, pediram-lhe que lhes mostrasse algum sinal do céu.
2 Mas ele, respondendo, disse-lhes: Quando
é chegada a tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu
está rubro.
3 E pela manhã: Hoje haverá
tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Hipócritas,
sabeis diferençar a face do céu e não conheceis os
sinais dos tempos?
4 Uma geração má e adúltera
pede um sinal, e nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal
do profeta Jonas. E, deixando-os, retirou-se.
5 E, passando seus discípulos para
a outra banda, tinham-se esquecido de fornecer-se de pão.
6 E Jesus disse-lhes: Adverti e acautelai-vos
do fermento dos fariseus e saduceus.
7 E eles arrazoavam entre si, dizendo: É
porque não nos fornecemos de pão.
8 E Jesus, percebendo isso, disse: Por que
arrazoais entre vós, homens de pequena fé, sobre o não
vos terdes fornecido de pão?
9 Não compreendeis ainda, nem vos
lembrais dos cinco pães para cinco mil homens e de quantos cestos
levantastes?
10 Nem dos sete pães para quatro mil
e de quantos cestos levantastes?
11 Como não compreendestes que não
vos falei a respeito do pão, mas que vos guardásseis do fermento
dos fariseus e saduceus?
12 Então, compreenderam que não
dissera que se guardassem do fermento do pão, mas da doutrina dos
fariseus.
13 E, chegando Jesus às partes de
Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo:
Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?
14 E eles disseram: Uns, João Batista;
outros, Elias, e outros, Jeremias ou um dos profetas.
15 Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis
que eu sou?
16 E Simão Pedro, respondendo, disse:
Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
17 E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado
és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue
quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus.
18 Pois também eu te digo que tu és
Pedro {Gr. Petros} e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas
do inferno não prevalecerão contra ela.
19 E eu te darei as chaves do Reino dos céus,
e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo
o que desligares na terra será desligado nos céus.
20 Então, mandou aos seus discípulos
que a ninguém dissessem que ele era o Cristo.
21 Desde então, começou Jesus
a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém,
e padecer muito dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e
dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia.
22 E Pedro, tomando-o de parte, começou
a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo
nenhum te acontecerá isso.
23 Ele, porém, voltando-se, disse
a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo;
porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só
as que são dos homens.
24 Então, disse Jesus aos seus discípulos:
Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome
sobre si a sua cruz e siga-me;
25 porque aquele que quiser salvar a sua
vida {ou alma} perdê-la -á, e quem perder a sua vida por amor
de mim achá-la -á.
26 Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo
inteiro, se perder a sua alma? {ou vida} Ou que dará o homem em
recompensa da sua alma?
27 Porque o Filho do Homem virá na
glória de seu Pai, com os seus anjos; e, então, dará
a cada um segundo as suas obras.
28 Em verdade vos digo que alguns há,
dos que aqui estão, que não provarão a morte até
que vejam vir o Filho do Homem no seu Reino.
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Capítulo 17
1 Seis dias depois, tomou Jesus consigo a
Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular
a um alto monte.
2 E transfigurou-se diante deles; e o seu
rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como
a luz.
3 E eis que lhes apareceram Moisés
e Elias, falando com ele.
4 E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus:
Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três
tabernáculos, um para ti, um para Moisés e um para Elias.
5 E, estando ele ainda a falar, eis que uma
nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é
o meu Filho amado, em quem me comprazo; escutai-o.
6 E os discípulos, ouvindo isso, caíram
sobre seu rosto e tiveram grande medo.
7 E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes e disse:
Levantai-vos e não tenhais medo.
8 E, erguendo eles os olhos, ninguém
viram, senão a Jesus.
9 E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou,
dizendo: A ninguém conteis a visão até que o Filho
do Homem seja ressuscitado dos mortos.
10 E os seus discípulos o interrogaram,
dizendo: Por que dizem, então, os escribas que é mister que
Elias venha primeiro?
11 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade
Elias virá primeiro e restaurará todas as coisas.
12 Mas digo-vos que Elias já veio,
e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão
eles também padecer o Filho do Homem.
13 Então, entenderam os discípulos
que lhes falara de João Batista.
14 E, quando chegaram à multidão,
aproximou-se-lhe um homem, pondo-se de joelhos diante dele e dizendo:
15 Senhor, tem misericórdia de meu
filho, que é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai
no fogo e, muitas vezes, na água;
16 e trouxe-o aos teus discípulos
e não puderam curá-lo.
17 E Jesus, respondendo, disse: Ó
geração incrédula e perversa! Até quando estarei
eu convosco e até quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui.
18 E repreendeu Jesus o demônio, que
saiu dele; e, desde aquela hora, o menino sarou.
19 Então, os discípulos, aproximando-se
de Jesus em particular, disseram: Porque não pudemos nós
expulsá-lo?
20 E Jesus lhes disse: Por causa da vossa
pequena fé; porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé
como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para
acolá--e há de passar; e nada vos será impossível.
21 Mas esta casta de demônios não
se expulsa senão pela oração e pelo jejum.
22 Ora, achando-se eles na Galiléia,
disse-lhes Jesus: O Filho do Homem será entregue nas mãos
dos homens,
23 e matá-lo-ão, e, ao terceiro
dia, ressuscitará. E eles se entristeceram muito.
24 E, chegando eles a Cafarnaum, aproximaram-se
de Pedro os que cobravam as didracmas e disseram: O vosso mestre não
paga as didracmas?
25 Disse ele: Sim. E, entrando em casa, Jesus
se lhe antecipou, dizendo: Que te parece, Simão? De quem cobram
os reis da terra os tributos ou os impostos? Dos seus filhos ou dos alheios?
26 Disse-lhe Pedro: Dos alheios. Disse-lhe
Jesus: Logo, estão livres os filhos.
27 Mas, para que os não escandalizemos,
vai ao mar, lança o anzol, tira o primeiro peixe que subir e, abrindo-lhe
a boca, encontrarás um estáter; toma-o e dá-o por
mim e por ti.
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Capítulo 18
1 Naquela mesma hora, chegaram os discípulos
ao pé de Jesus, dizendo: Quem é o maior no Reino dos céus?
2 E Jesus, chamando uma criança, a
pôs no meio deles
3 e disse: Em verdade vos digo que, se não
vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo
algum entrareis no Reino dos céus.
4 Portanto, aquele que se tornar humilde
como esta criança, esse é o maior no Reino dos céus.
5 E qualquer que receber em meu nome uma
criança tal como esta a mim me recebe.
6 Mas qualquer que escandalizar um destes
pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse
ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza
do mar.
7 Ai do mundo, por causa dos escândalos.
Porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem
por quem o escândalo vem!
8 Portanto, se a tua mão ou o teu
pé te escandalizar, corta-o e atira-o para longe de ti; melhor te
é entrar na vida coxo ou aleijado do que, tendo duas mãos
ou dois pés, seres lançado no fogo eterno.
9 E, se o teu olho te escandalizar, arranca-o,
e atira-o para longe de ti. Melhor te é entrar na vida com um só
olho do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno.
10 Vede, não desprezeis algum destes
pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre
vêem a face de meu Pai que está nos céus.
11 Porque o Filho do Homem veio salvar o
que se tinha perdido.
12 Que vos parece? Se algum homem tiver cem
ovelhas, e uma delas se desgarrar, não irá pelos montes,
deixando as noventa e nove, em busca da que se desgarrou?
13 E, se, porventura, a acha, em verdade
vos digo que maior prazer tem por aquela do que pelas noventa e nove que
se não desgarraram.
14 Assim também não é
vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos
se perca.
15 Ora, se teu irmão pecar contra
ti, vai e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a
teu irmão.
16 Mas, se não te ouvir, leva ainda
contigo um ou dois, para que, pela boca de duas ou três testemunhas,
toda palavra seja confirmada.
17 E, se não as escutar, dize-o à
igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como
um gentio e publicano.
18 Em verdade vos digo que tudo o que ligardes
na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na
terra será desligado no céu.
19 Também vos digo que, se dois de
vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso
lhes será feito por meu Pai, que está nos céus.
20 Porque onde estiverem dois ou três
reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.
21 Então, Pedro, aproximando-se dele,
disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão
contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?
22 Jesus lhe disse: Não te digo que
até sete, mas até setenta vezes sete.
23 Por isso, o Reino dos céus pode
comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos;
24 e, começando a fazer contas, foi-lhe
apresentado um que lhe devia dez mil talentos.
25 E, não tendo ele com que pagar,
o seu senhor mandou que ele, e sua mulher, e seus filhos fossem vendidos,
com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse.
26 Então, aquele servo, prostrando-se,
o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo
te pagarei.
27 Então, o senhor daquele servo,
movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida.
28 Saindo, porém, aquele servo, encontrou
um dos seus conservos que lhe devia cem dinheiros {ou denários}
e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que
me deves.
29 Então, o seu companheiro, prostrando-se
a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo,
e tudo te pagarei.
30 Ele, porém, não quis; antes,
foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
31 Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia,
contristaram-se muito e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara.
32 Então, o seu senhor, chamando-o
à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda
aquela dívida, porque me suplicaste.
33 Não devias tu, igualmente, ter
compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia
de ti?
34 E, indignado, o seu senhor o entregou
aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia.
35 Assim vos fará também meu
Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada
um a seu irmão, as suas ofensas.
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Capítulo 19
1 E aconteceu que, concluindo Jesus esses
discursos, saiu da Galiléia e dirigiu-se aos confins da Judéia,
além do Jordão.
2 E seguiram-no muitas gentes e curou-as
ali.
3 Então, chegaram ao pé dele
os fariseus, tentando-o e dizendo-lhe: É lícito ao homem
repudiar sua mulher por qualquer motivo?
4 Ele, porém, respondendo, disse-lhes:
Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho
e fêmea
5 e disse: Portanto, deixará o homem
pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão
dois numa só carne?
6 Assim não são mais dois,
mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe
o homem.
7 Disseram-lhe eles: Então, por que
mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?
8 Disse-lhes ele: Moisés, por causa
da dureza do vosso coração, vos permitiu repudiar vossa mulher;
mas, ao princípio, não foi assim.
9 Eu vos digo, porém, que qualquer
que repudiar sua mulher, não sendo por causa de prostituição,
e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada
também comete adultério.
10 Disseram-lhe seus discípulos: Se
assim é a condição do homem relativamente à
mulher, não convém casar.
11 Ele, porém, lhes disse: Nem todos
podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido.
12 Porque há eunucos que assim nasceram
do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos
homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos por causa do Reino
dos céus. Quem pode receber isso, que o receba.
13 Trouxeram-lhe, então, algumas crianças,
para que lhes impusesse as mãos e orasse; mas os discípulos
os repreendiam.
14 Jesus, porém, disse: Deixai os
pequeninos e não os estorveis de vir a mim, porque dos tais é
o Reino dos céus.
15 E, tendo-lhes imposto as mãos,
partiu dali.
16 E eis que, aproximando-se dele um jovem,
disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei, para conseguir a vida eterna?
17 E ele disse-lhe: Por que me chamas bom?
Não há bom, senão um só que é Deus.
Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.
18 Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não
matarás, não cometerás adultério, não
furtarás, não dirás falso testemunho;
19 honra teu pai e tua mãe, e amarás
o teu próximo como a ti mesmo.
20 Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado
desde a minha mocidade; que me falta ainda?
21 Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito,
vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro
no céu; e vem e segue-me.
22 E o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se
triste, porque possuía muitas propriedades.
23 Disse, então, Jesus aos seus discípulos:
Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no Reino
dos céus.
24 E outra vez vos digo que é mais
fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um
rico no Reino de Deus.
25 Os seus discípulos, ouvindo isso,
admiraram-se muito, dizendo: Quem poderá, pois, salvar-se?
26 E Jesus, olhando para eles, disse-lhes:
Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.
27 Então, Pedro, tomando a palavra,
disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo e te seguimos; que receberemos?
28 E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo
que vós, que me seguistes, quando, na regeneração,
o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também
vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.
29 E todo aquele que tiver deixado casas,
ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou
filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto
e herdará a vida eterna.
30 Porém muitos primeiros serão
derradeiros, e muitos derradeiros serão primeiros.
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Capítulo 20
1¶ Porque o Reino dos céus é
semelhante a um homem, pai de família, que saiu de madrugada a assalariar
trabalhadores para a sua vinha.
2 E, ajustando com os trabalhadores a um
dinheiro {ou denário} por dia, mandou-os para a sua vinha.
3 E, saindo perto da hora terceira, viu outros
que estavam ociosos na praça.
4 E disse-lhes: Ide vós também
para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram.
5 Saindo outra vez, perto da hora sexta e
nona, fez o mesmo.
6 E, saindo perto da hora undécima,
encontrou outros que estavam ociosos e perguntou-lhes: Por que estais ociosos
todo o dia?
7 Disseram-lhe eles: Porque ninguém
nos assalariou. Diz-lhes ele: Ide vós também para a vinha
e recebereis o que for justo.
8 E, aproximando-se a noite, diz o senhor
da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o salário,
começando pelos derradeiros até aos primeiros.
9 E, chegando os que tinham ido perto da
hora undécima, receberam um dinheiro cada um;
10 vindo, porém, os primeiros, cuidaram
que haviam de receber mais; mas, do mesmo modo, receberam um dinheiro cada
um.
11 E, recebendo-o, murmuravam contra o pai
de família,
12 dizendo: Estes derradeiros trabalharam
só uma hora, e tu os igualaste conosco, que suportamos a fadiga
e a calma do dia.
13 Mas ele, respondendo, disse a um deles:
Amigo, não te faço injustiça; não ajustaste
tu comigo um dinheiro?
14 Toma o que é teu e retira-te; eu
quero dar a este derradeiro tanto como a ti.
15 Ou não me é lícito
fazer o que quiser do que é meu? Ou é mau o teu olho porque
eu sou bom?
16 Assim, os derradeiros serão primeiros,
e os primeiros, derradeiros, porque muitos são chamados, mas poucos,
escolhidos.
17 E, subindo Jesus a Jerusalém, chamou
à parte os seus doze discípulos e, no caminho, disse-lhes:
18 Eis que vamos para Jerusalém, e
o Filho do Homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes
e aos escribas, e condená-lo-ão à morte.
19 E o entregarão aos gentios para
que dele escarneçam, e o açoitem, e crucifiquem, e ao terceiro
dia ressuscitará.
20 Então, se aproximou dele a mãe
dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, adorando-o e fazendo-lhe um pedido.
21 E ele diz-lhe: Que queres? Ela respondeu:
Dize que estes meus dois filhos se assentem um à tua direita e outro
à tua esquerda, no teu Reino.
22 Jesus, porém, respondendo, disse:
Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice
que eu hei de beber e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado?
Dizem-lhe eles: Podemos.
23 E diz-lhes ele: Na verdade bebereis o
meu cálice, mas o assentar-se à minha direita ou à
minha esquerda não me pertence dá-lo, mas é para aqueles
para quem meu Pai o tem preparado.
24 E, quando os dez ouviram isso, indignaram-se
contra os dois irmãos.
25 Então, Jesus, chamando-os para
junto de si, disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos {ou das nações}
gentios são estes dominados e que os grandes exercem autoridade
sobre eles.
26 Não será assim entre vós;
mas todo aquele que quiser, entre vós, fazer-se grande, que seja
vosso serviçal; {ou criado}
27 e qualquer que, entre vós, quiser
ser o primeiro, que seja vosso servo, {ou escravo}
28 bem como o Filho do Homem não veio
para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em resgate de muitos.
29 E, saindo eles de Jericó, seguiu-o
grande multidão.
30 E eis que dois cegos, assentados junto
do caminho, ouvindo que Jesus passava, clamaram, dizendo: Senhor, Filho
de Davi, tem misericórdia de nós.
31 E a multidão os repreendia, para
que se calassem; eles, porém, cada vez clamavam mais, dizendo: Senhor,
Filho de Davi, tem misericórdia de nós.
32 E Jesus, parando, chamou-os e disse: Que
quereis que vos faça?
33 Disseram-lhe eles: Senhor, que os nossos
olhos sejam abertos.
34 Então, Jesus, movido de íntima
compaixão, tocou-lhes nos olhos, e logo viram; e eles o seguiram.
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Capítulo 21
1 E, quando se aproximaram de Jerusalém
e chegaram a Betfagé, ao monte das Oliveiras, enviou, então,
Jesus dois discípulos, dizendo-lhes:
2 Ide à aldeia que está defronte
de vós e logo encontrareis uma jumenta presa e um jumentinho com
ela; desprendei-a e trazei-mos.
3 E, se alguém vos disser alguma coisa,
direis que o Senhor precisa deles; e logo os enviará.
4 Ora, tudo isso aconteceu para que se cumprisse
o que foi dito pelo profeta, que diz:
5 Dizei à filha de Sião: Eis
que o teu Rei aí te vem, humilde e assentado sobre uma jumenta e
sobre um jumentinho, filho de animal de carga.
6 E, indo os discípulos e fazendo
como Jesus lhes ordenara,
7 trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre
eles puseram as suas vestes, e fizeram-no assentar em cima.
8 E muitíssima gente estendia as suas
vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos de árvores e os espalhavam
pelo caminho.
9 E as multidões, tanto as que iam
adiante como as que o seguiam, clamavam, dizendo: Hosana ao Filho de Davi!
Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!
10 E, entrando ele em Jerusalém, toda
a cidade se alvoroçou, dizendo: Quem é este?
11 E a multidão dizia: Este é
Jesus, o Profeta de Nazaré da Galiléia.
12 E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou
todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas
e as cadeiras dos que vendiam pombas.
13 E disse-lhes: Está escrito: A minha
casa será chamada casa de oração. Mas vós a
tendes convertido em covil de ladrões.
14 E foram ter com ele ao templo cegos e
coxos, e curou-os.
15 Vendo, então, os principais dos
sacerdotes e os escribas as maravilhas que fazia e os meninos clamando
no templo: Hosana ao Filho de Davi, indignaram-se
16 e disseram-lhe: Ouves o que estes dizem?
E Jesus lhes disse: Sim; nunca lestes: Pela boca dos meninos e das criancinhas
de peito tiraste o perfeito louvor?
17 E, deixando-os, saiu da cidade para Betânia
e ali passou a noite.
18 E, de manhã, voltando para a cidade,
teve fome.
19 E, avistando uma figueira perto do caminho,
dirigiu-se a ela e não achou nela senão folhas. E disse-lhe:
Nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente.
20 E os discípulos, vendo isso, maravilharam-se,
dizendo: Como secou imediatamente a figueira?
21 Jesus, porém, respondendo, disse-lhes:
Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes,
não só fareis o que foi feito à figueira, mas até,
se a este monte disserdes: Ergue-te e precipita-te no mar, assim será
feito.
22 E tudo o que pedirdes na oração,
crendo, o recebereis.
23 E, chegando ao templo, acercaram-se dele,
estando já ensinando, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos
do povo, dizendo: Com que autoridade fazes isso? E quem te deu tal autoridade?
24 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Eu também
vos perguntarei uma coisa; se ma disserdes, também eu vos direi
com que autoridade faço isso.
25 O batismo de João donde era? Do
céu ou dos homens? E pensavam entre si, dizendo: Se dissermos: do
céu, ele nos dirá: Então, por que não o crestes?
26 E, se dissermos: dos homens, tememos o
povo, porque todos consideram João como profeta.
27 E, respondendo a Jesus, disseram: Não
sabemos. Ele disse-lhes: Nem eu vos digo com que autoridade faço
isso.
28 Mas que vos parece? Um homem tinha dois
filhos e, dirigindo-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na
minha vinha.
29 Ele, porém, respondendo, disse:
Não quero. Mas, depois, arrependendo-se, foi.
30 E, dirigindo-se ao segundo, falou-lhe
de igual modo; e, respondendo ele, disse: Eu vou, senhor; e não
foi.
31 Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe
eles: O primeiro. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos
e as meretrizes entram adiante de vós no Reino de Deus.
32 Porque João veio a vós no
caminho de justiça, e não o crestes, mas os publicanos e
as meretrizes o creram; vós, porém, vendo isso, nem depois
vos arrependestes para o crer.
33 Ouvi, ainda, outra parábola: Houve
um homem, pai de família, que plantou uma vinha, e circundou-a de
um valado, e construiu nela um lagar, e edificou uma torre, e arrendou-a
a uns lavradores, e ausentou-se para longe.
34 E, chegando o tempo dos frutos, enviou
os seus servos aos lavradores, para receber os seus frutos.
35 E os lavradores, apoderando-se dos servos,
feriram um, mataram outro e apedrejaram outro.
36 Depois, enviou outros servos, em maior
número do que os primeiros; e eles fizeram-lhes o mesmo.
37 E, por último, enviou-lhes seu
filho, dizendo: Terão respeito a meu filho.
38 Mas os lavradores, vendo o filho, disseram
entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo e apoderemo-nos da
sua herança.
39 E, lançando mão dele, o
arrastaram para fora da vinha e o mataram.
40 Quando, pois, vier o Senhor da vinha,
que fará àqueles lavradores?
41 Dizem-lhe eles: Dará afrontosa
morte aos maus e arrendará a vinha a outros lavradores, que, a seu
tempo, lhe dêem os frutos.
42 Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras:
A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça
do ângulo; pelo Senhor foi feito isso e é maravilhoso aos
nossos olhos?
43 Portanto, eu vos digo que o Reino de Deus
vos será tirado e será dado a uma nação que
dê os seus frutos.
44 E quem cair sobre esta pedra despedaçar-se
-á; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó.
45 E os príncipes dos sacerdotes e
os fariseus, ouvindo essas palavras, entenderam que falava deles;
46 e, pretendendo prendê-lo, recearam
o povo, porquanto o tinham por profeta.
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-
Capítulo 22
1 Então, Jesus, tomando a palavra,
tornou a falar-lhes em parábolas, dizendo:
2 O Reino dos céus é semelhante
a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho.
3 E enviou os seus servos a chamar os convidados
para as bodas; e estes não quiseram vir.
4 Depois, enviou outros servos, dizendo:
Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois
e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas.
5 Porém eles, não fazendo caso,
foram, um para o seu campo, e outro para o seu negócio;
6 e, os outros, apoderando-se dos servos,
os ultrajaram e mataram.
7 E o rei, tendo notícias disso, encolerizou-se,
e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou
a sua cidade.
8 Então, disse aos servos: As bodas,
na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram
dignos.
9 Ide, pois, às saídas dos
caminhos e convidai para as bodas a todos os que encontrardes.
10 E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram
todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial ficou
cheia de convidados.
11 E o rei, entrando para ver os convidados,
viu ali um homem que não estava trajado com veste nupcial.
12 E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui,
não tendo veste nupcial? E ele emudeceu.
13 Disse, então, o rei aos servos:
Amarrai-o de pés e mãos, levai-o e lançai-o nas trevas
exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes.
14 Porque muitos são chamados, mas
poucos, escolhidos.
15 Então, retirando-se os fariseus,
consultaram entre si como o surpreenderiam em alguma palavra.
16 E enviaram-lhe os seus discípulos,
com os herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro
e ensinas o caminho de Deus, segundo a verdade, sem te importares com quem
quer que seja, porque não olhas à aparência dos homens.
17 Dize-nos, pois, que te parece: é
lícito pagar o tributo a César ou não?
18 Jesus, porém, conhecendo a sua
malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas?
19 Mostrai-me a moeda do tributo. E eles
lhe apresentaram um dinheiro.
20 E ele disse-lhes: De quem é esta
efígie e esta inscrição?
21 Disseram-lhe eles: De César. Então,
ele lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César
e a Deus, o que é de Deus.
22 E eles, ouvindo isso, maravilharam-se
e, deixando-o, se retiraram.
23 No mesmo dia, chegaram junto dele os saduceus,
que dizem não haver ressurreição, e o interrogaram,
24 dizendo: Mestre, Moisés disse:
Se morrer alguém, não tendo filhos, casará o seu irmão
com a mulher dele e suscitará descendência a seu irmão.
25 Ora, houve entre nós sete irmãos;
o primeiro, tendo casado, morreu e, não tendo descendência,
deixou sua mulher a seu irmão.
26 Da mesma sorte, o segundo, e o terceiro,
até ao sétimo;
27 por fim, depois de todos, morreu também
a mulher.
28 Portanto, na ressurreição,
de qual dos sete será a mulher, visto que todos a possuíram?
29 Jesus, porém, respondendo, disse-lhes:
Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.
30 Porque, na ressurreição,
nem casam, nem são dados em casamento; mas serão como os
anjos no céu.
31 E, acerca da ressurreição
dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou, dizendo:
32 Eu sou o Deus de Abraão, o Deus
de Isaque e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos
mortos, mas dos vivos.
33 E, as turbas, ouvindo isso, ficaram maravilhadas
da sua doutrina.
34 E os fariseus, ouvindo que ele fizera
emudecer os saduceus, reuniram-se no mesmo lugar.
35 E um deles, doutor da lei, interrogou-o
para o experimentar, dizendo:
36 Mestre, qual é o grande mandamento
da lei?
37 E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor,
teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e
de todo o teu pensamento.
38 Este é o primeiro e grande mandamento.
39 E o segundo, semelhante a este, é:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
40 Desses dois mandamentos dependem toda
a lei e os profetas.
41 E, estando reunidos os fariseus, interrogou-os
Jesus,
42 dizendo: Que pensais vós do Cristo?
De quem é filho? Eles disseram-lhe: De Davi.
43 Disse-lhes ele: Como é, então,
que Davi, em espírito, lhe chama Senhor, dizendo:
44 Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te
à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo
de teus pés.
45 Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como
é seu filho?
46 E ninguém podia responder-lhe uma
palavra, nem, desde aquele dia, ousou mais alguém interrogá-lo.
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-
Capítulo 23
1 Então, falou Jesus à multidão
e aos seus discípulos,
2 dizendo: Na cadeira de Moisés, estão
assentados os escribas e fariseus.
3 Observai, pois, e praticai tudo o que vos
disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque
dizem e não praticam.
4 Pois atam fardos pesados e difíceis
de suportar, e os põem sobre os ombros dos homens; eles, porém,
nem com o dedo querem movê-los.
5 E fazem todas as obras a fim de serem vistos
pelos homens, pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas
das suas vestes,
6 e amam os primeiros lugares nas ceias,
e as primeiras cadeiras nas sinagogas,
7 e as saudações nas praças,
e o serem chamados pelos homens: --Rabi, Rabi.
8 Vós, porém, não queirais
ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber,
o Cristo, e todos vós sois irmãos.
9 E a ninguém na terra chameis vosso
pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus.
10 Nem vos chameis mestres, porque um só
é o vosso Mestre, que é o Cristo.
11 Porém o maior dentre vós
será vosso servo.
12 E o que a si mesmo se exaltar será
humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado.
13 Mas ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! Pois que fechais aos homens o Reino dos céus;
e nem vós entrais, nem deixais entrar aos que estão entrando.
14 Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! Pois que devorais as casas das viúvas, sob pretexto
de prolongadas orações; por isso, sofrereis mais rigoroso
juízo.
15 Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! Pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito;
e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais
do que vós.
16 Ai de vós, condutores cegos! Pois
que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo, isso nada é; mas o que
jurar pelo ouro do templo, esse é devedor.
17 Insensatos e cegos! Pois qual é
maior: o ouro ou o templo, que santifica o ouro?
18 E aquele que jurar pelo altar, isso nada
é; mas aquele que jurar pela oferta que está sobre o altar,
esse é devedor.
19 Insensatos e cegos! Pois qual é
maior: a oferta ou o altar, que santifica a oferta?
20 Portanto, o que jurar pelo altar jura
por ele e por tudo o que sobre ele está.
21 E o que jurar pelo templo jura por ele
e por aquele que nele habita.
22 E o que jurar pelo céu jura pelo
trono de Deus e por aquele que está assentado nele.
23 Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do
endro e do cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo,
a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer essas
coisas e não omitir aquelas.
24 Condutores cegos! Coais um mosquito e
engolis um camelo.
25 Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! Pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas
o interior está cheio de rapina e de iniqüidade.
26 Fariseu cego! Limpa primeiro o interior
do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo.
27 Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que
por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios
de ossos de mortos e de toda imundícia.
28 Assim, também vós exteriormente
pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia
e de iniqüidade.
29 Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! Pois que edificais os sepulcros dos profetas e adornais
os monumentos dos justos
30 e dizeis: Se existíssemos no tempo
de nossos pais, nunca nos associaríamos com eles para derramar o
sangue dos profetas.
31 Assim, vós mesmos testificais que
sois filhos dos que mataram os profetas.
32 Enchei vós, pois, a medida de vossos
pais.
33 Serpentes, raça de víboras!
Como escapareis da condenação do inferno?
34 Portanto, eis que eu vos envio profetas,
sábios e escribas; e a uns deles matareis e crucificareis; e a outros
deles açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade
em cidade,
35 para que sobre vós caia todo o
sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel,
o justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes
entre o santuário e o altar.
36 Em verdade vos digo que todas essas coisas
hão de vir sobre esta geração.
37 Jerusalém, Jerusalém, que
matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes
quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo
das asas, e tu não quiseste!
38 Eis que a vossa casa vos ficará
deserta.
39 Porque eu vos digo que, desde agora, me
não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome
do Senhor!
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-
Capítulo 24
1 E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se
dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo.
2 Jesus, porém, lhes disse: Não
vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui
pedra sobre pedra que não seja derribada.
3 E, estando assentado no monte das Oliveiras,
chegaram-se a ele os seus discípulos, em particular, dizendo: Dize-nos
quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda
e do fim do mundo?
4 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos,
que ninguém vos engane,
5 porque muitos virão em meu nome,
dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos.
6 E ouvireis de guerras e de rumores de guerras;
olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça,
mas ainda não é o fim.
7 Porquanto se levantará nação
contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes,
e pestes, e terremotos, em vários lugares.
8 Mas todas essas coisas são o princípio
das dores.
9 Então, vos hão de entregar
para serdes atormentados e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas
as gentes por causa do meu nome.
10 Nesse tempo, muitos serão escandalizados,
e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se aborrecerão.
11 E surgirão muitos falsos profetas
e enganarão a muitos.
12 E, por se multiplicar a iniqüidade,
o amor de muitos se esfriará.
13 Mas aquele que perseverar até ao
fim será salvo.
14 E este evangelho do Reino será
pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então
virá o fim.
15 Quando, pois, virdes que a abominação
da desolação, de que falou o profeta Daniel, está
no lugar santo (quem lê, que entenda),
16 então, os que estiverem na Judéia,
que fujam para os montes;
17 e quem estiver sobre o telhado não
desça a tirar alguma coisa de sua casa;
18 e quem estiver no campo não volte
atrás a buscar as suas vestes.
19 Mas ai das grávidas e das que amamentarem
naqueles dias!
20 E orai para que a vossa fuga não
aconteça no inverno nem no sábado,
21 porque haverá, então, grande
aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo
até agora, nem tampouco haverá jamais.
22 E, se aqueles dias não fossem abreviados,
nenhuma carne se salvaria; mas, por causa dos escolhidos, serão
abreviados aqueles dias.
23 Então, se alguém vos disser:
Eis que o Cristo está aqui ou ali, não lhe deis crédito,
24 porque surgirão falsos cristos
e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios,
que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.
25 Eis que eu vo-lo tenho predito.
26 Portanto, se vos disserem: Eis que ele
está no deserto, não saiais; ou: Eis que ele está
no interior da casa, não acrediteis.
27 Porque, assim como o relâmpago sai
do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também
a vinda do Filho do Homem.
28 Pois onde estiver o cadáver, aí
se ajuntarão as águias.
29 E, logo depois da aflição
daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará
a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências
dos céus serão abaladas.
30 Então, aparecerá no céu
o sinal do Filho do Homem; e todas as tribos da terra se lamentarão
e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com
poder e grande glória.
31 E ele enviará os seus anjos com
rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde
os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.
32 Aprendei, pois, esta parábola da
figueira: quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas,
sabeis que está próximo o verão.
33 Igualmente, quando virdes todas essas
coisas, sabei que ele está próximo, às portas.
34 Em verdade vos digo que não passará
esta geração sem que todas essas coisas aconteçam.
35 O céu e a terra passarão,
mas as minhas palavras não hão de passar.
36 Porém daquele Dia e hora ninguém
sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas unicamente meu Pai.
37 E, como foi nos dias de Noé, assim
será também a vinda do Filho do Homem.
38 Porquanto, assim como, nos dias anteriores
ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até
ao dia em que Noé entrou na arca,
39 e não o perceberam, até
que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também
a vinda do Filho do Homem.
40 Então, estando dois no campo, será
levado um, e deixado o outro;
41 Estando duas moendo no moinho, será
levada uma, e deixada outra.
42 Vigiai, pois, porque não sabeis
a que hora há de vir o vosso Senhor.
43 Mas considerai isto: se o pai de família
soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria
e não deixaria que fosse arrombada a sua casa.
44 Por isso, estai vós apercebidos
também, porque o Filho do Homem há de vir à hora em
que não penseis.
45 Quem é, pois, o servo fiel e prudente,
que o Senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento a seu tempo?
46 Bem-aventurado aquele servo que o Senhor,
quando vier, achar servindo assim.
47 Em verdade vos digo que o porá
sobre todos os seus bens.
48 Porém, se aquele mau servo disser
consigo: O meu senhor tarde virá,
49 e começar a espancar os seus conservos,
e a comer, e a beber com os bêbados,
50 virá o senhor daquele servo num
dia em que o não espera e à hora em que ele não sabe,
51 e separá-lo -á, e destinará
a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger
de dentes.
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Capítulo 25
1 Então, o Reino dos céus será
semelhante a dez virgens que, tomando as {ou os seus fachos} suas lâmpadas,
saíram ao encontro do esposo.
2 E cinco delas eram prudentes, e cinco,
loucas.
3 As loucas, tomando as suas lâmpadas,
não levaram azeite consigo.
4 Mas as prudentes levaram azeite em suas
vasilhas, com as suas lâmpadas.
5 E, tardando o esposo, tosquenejaram todas
e adormeceram.
6 Mas, à meia-noite, ouviu-se um clamor:
Aí vem o esposo! Saí-lhe ao encontro!
7 Então, todas aquelas virgens se
levantaram e prepararam as suas lâmpadas.
8 E as loucas disseram às prudentes:
Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam.
9 Mas as prudentes responderam, dizendo:
Não seja caso que nos falte a nós e a vós; ide, antes,
aos que o vendem e comprai-o para vós.
10 E, tendo elas ido comprá-lo, chegou
o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e
fechou-se a porta.
11 E, depois, chegaram também as outras
virgens, dizendo: Senhor, senhor, abre-nos a porta!
12 E ele, respondendo, disse: Em verdade
vos digo que vos não conheço.
13 Vigiai, pois, porque não sabeis
o Dia nem a hora em que o Filho do Homem há de vir.
14 Porque isto é também como
um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes
os seus bens,
15 e a um deu cinco talentos, e a outro,
dois, e a outro, um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se
logo para longe.
16 E, tendo ele partido, o que recebera cinco
talentos negociou com eles e granjeou outros cinco talentos.
17 Da mesma sorte, o que recebera dois granjeou
também outros dois.
18 Mas o que recebera um foi, e cavou na
terra, e escondeu o dinheiro do seu senhor.
19 E, muito tempo depois, veio o senhor daqueles
servos e ajustou contas com eles.
20 Então, aproximou-se o que recebera
cinco talentos e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me
cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei com eles.
21 E o seu senhor lhe disse: Bem está,
servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra
no gozo do teu senhor.
22 E, chegando também o que tinha
recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis
que com eles ganhei outros dois talentos.
23 Disse-lhe o seu senhor: Bem está,
bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra
no gozo do teu senhor.
24 Mas, chegando também o que recebera
um talento disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro,
que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste;
25 e, atemorizado, escondi na terra o teu
talento; aqui tens o que é teu.
26 Respondendo, porém, o seu senhor,
disse-lhe: Mau e negligente servo; sabes que ceifo onde não semeei
e ajunto onde não espalhei;
27 devias, então, ter dado o meu dinheiro
aos banqueiros, e, quando eu viesse, receberia o que é meu com os
juros.
28 Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao
que tem os dez talentos.
29 Porque a qualquer que tiver será
dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver, até
o que tem ser-lhe -á tirado.
30 Lançai, pois, o servo inútil
nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes.
31 E, quando o Filho do Homem vier em sua
glória, e todos os santos anjos, com ele, então, se assentará
no trono da sua glória;
32 e todas as nações serão
reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta
dos bodes as ovelhas.
33 E porá as ovelhas à sua
direita, mas os bodes à esquerda.
34 Então, dirá o Rei aos que
estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí
por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação
do mundo;
35 porque tive fome, e destes-me de comer;
tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
36 estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me;
estive na prisão, e fostes ver-me.
37 Então, os justos lhe responderão,
dizendo: Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede
e te demos de beber?
38 E, quando te vimos estrangeiro e te hospedamos?
Ou nu e te vestimos?
39 E, quando te vimos enfermo ou na prisão
e fomos ver-te?
40 E, respondendo o Rei, lhes dirá:
Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos
irmãos, a mim o fizestes.
41 Então, dirá também
aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos,
para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;
42 porque tive fome, e não me destes
de comer; tive sede, e não me destes de beber;
43 sendo estrangeiro, não me recolhestes;
estando nu, não me vestistes; e estando enfermo e na prisão,
não me visitastes.
44 Então, eles também lhe responderão,
dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro,
ou nu, ou enfermo, ou na prisão e não te servimos?
45 Então, lhes responderá,
dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não
fizestes, não o fizestes a mim.
46 E irão estes para o tormento eterno,
mas os justos, para a vida eterna.
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Capítulo 26
1 E aconteceu que, quando Jesus concluiu
todos esses discursos, disse aos seus discípulos:
2 Bem sabeis que, daqui a dois dias, é
a Páscoa, e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado.
3 Depois, os príncipes dos sacerdotes,
e os escribas, e os anciãos do povo reuniram-se na sala do sumo
sacerdote, o qual se chamava Caifás,
4 e consultaram-se mutuamente para prenderem
Jesus com dolo e o matarem.
5 Mas diziam: Não durante a festa,
para que não haja alvoroço entre o povo.
6 E, estando Jesus em Betânia, em casa
de Simão, o leproso,
7 aproximou-se dele uma mulher com um vaso
de alabastro, com ungüento de grande valor, e derramou-lho sobre a
cabeça, quando ele estava assentado à
mesa.
8 E os seus discípulos, vendo isso,
indignaram-se, dizendo: Por que este desperdício?
9 Pois este ungüento podia vender-se
por grande preço e dar-se o dinheiro aos pobres.
10 Jesus, porém, conhecendo isso,
disse-lhes: Por que afligis esta mulher? Pois praticou uma boa ação
para comigo.
11 Porquanto sempre tendes convosco os pobres,
mas a mim não me haveis de ter sempre.
12 Ora, derramando ela este ungüento
sobre o meu corpo, fê-lo preparando-me para o meu sepultamento.
13 Em verdade vos digo que, onde quer que
este evangelho for pregado, em todo o mundo, também será
referido o que ela fez para memória sua.
14 Então, um dos doze, chamado Judas
Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes
15 e disse: Que me quereis dar, e eu vo-lo
entregarei? E eles lhe pesaram trinta moedas {ou peças} de prata.
16 E, desde então, buscava oportunidade
para o entregar.
17 E, no primeiro dia da Festa dos Pães
Asmos, chegaram os discípulos junto de Jesus, dizendo: Onde queres
que preparemos a comida da Páscoa?
18 E ele disse: Ide à cidade a um
certo homem e dizei-lhe: O Mestre diz: O meu tempo está próximo;
em tua casa celebrarei a Páscoa com os meus discípulos.
19 E os discípulos fizeram como Jesus
lhes ordenara e prepararam a Páscoa.
20 E, chegada a tarde, assentou-se à
mesa com os doze.
21 E, enquanto eles comiam, disse: Em verdade
vos digo que um de vós me há de trair.
22 E eles, entristecendo-se muito, começaram
um por um a dizer-lhe: Porventura, sou eu, Senhor?
23 E ele, respondendo, disse: O que mete
comigo a mão no prato, esse me há de trair.
24 Em verdade o Filho do Homem vai, como
acerca dele está escrito, mas ai daquele homem por quem o Filho
do Homem é traído! Bom seria para esse homem se não
houvera nascido.
25 E, respondendo Judas, o que o traía,
disse: Porventura, sou eu, Rabi? Ele disse: Tu o disseste.
26 Enquanto comiam, Jesus tomou o pão,
e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse:
Tomai, comei, isto é o meu corpo.
27 E, tomando o cálice e dando graças,
deu-lho, dizendo: Bebei dele todos.
28 Porque isto é o meu sangue, o sangue
do Novo {ou Novo Concerto} Testamento, que é derramado por muitos,
para remissão dos pecados.
29 E digo-vos que, desde agora, não
beberei deste fruto da vide até àquele Dia em que o beba
de novo convosco no Reino de meu Pai.
30 E, tendo cantado um hino, saíram
para o monte das Oliveiras.
31 Então, Jesus lhes disse: Todos
vós esta noite vos escandalizareis em mim, porque está escrito:
Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão.
32 Mas, depois de eu ressuscitar, irei adiante
de vós para a Galiléia.
33 Mas Pedro, respondendo, disse-lhe: Ainda
que todos se escandalizem em ti, eu nunca me escandalizarei.
34 Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que,
nesta mesma noite, antes que o galo cante, três vezes me negarás.
35 Disse-lhe Pedro: Ainda que me seja necessário
morrer contigo, não te negarei. E todos os discípulos disseram
o mesmo.
36 Então, chegou Jesus com eles a
um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos
aqui, enquanto vou além orar.
37 E, levando consigo Pedro e os dois filhos
de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito.
38 Então, lhes disse: A minha alma
está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e vigiai
comigo.
39 E, indo um pouco adiante, prostrou-se
sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível,
passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero,
mas como tu queres.
40 E, voltando para os seus discípulos,
achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudeste
vigiar comigo?
41 Vigiai e orai, para que não entreis
em tentação; na verdade, o espírito está pronto,
mas a carne é fraca.
42 E, indo segunda vez, orou, dizendo: Meu
Pai, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber,
faça-se a tua vontade.
43 E, voltando, achou-os outra vez adormecidos,
porque os seus olhos estavam carregados.
44 E, deixando-os de novo, foi orar pela
terceira vez, dizendo as mesmas palavras.
45 Então, chegou junto dos seus discípulos
e disse-lhes: Dormi, agora, e repousai; eis que é chegada a hora,
e o Filho do Homem será entregue nas mãos dos pecadores.
46 Levantai-vos, partamos; eis que é
chegado o que me trai.
47 E, estando ele ainda a falar, eis que
chegou Judas, um dos doze, e com ele, grande multidão com espadas
e porretes, vinda da parte dos príncipes dos sacerdotes e dos anciãos
do povo.
48 E o traidor tinha-lhes dado um sinal,
dizendo: O que eu beijar é esse; prendei-o.
49 E logo, aproximando-se de Jesus, disse:
Eu te saúdo, Rabi. E beijou-o.
50 Jesus, porém, lhe disse: Amigo,
a que vieste? Então, aproximando-se eles, lançaram mão
de Jesus e o prenderam.
51 E eis que um dos que estavam com Jesus,
estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote,
cortou-lhe uma orelha.
52 Então, Jesus disse-lhe: Mete no
seu lugar a tua espada, porque todos os que lançarem mão
da espada à espada morrerão.
53 Ou pensas tu que eu não poderia,
agora, orar a meu Pai e que ele não me daria mais de doze legiões
de anjos?
54 Como, pois, se cumpririam as Escrituras,
que dizem que assim convém que aconteça?
55 Então, disse Jesus à multidão:
Saístes, como para um salteador, com espadas e porretes, para me
prender? Todos os dias me assentava junto de vós, ensinando no templo,
e não me prendestes.
56 Mas tudo isso aconteceu para que se cumpram
as Escrituras dos profetas. Então, todos os discípulos, deixando-o,
fugiram.
57 E os que prenderam Jesus o conduziram
à casa do sumo sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos
estavam reunidos.
58 E Pedro o seguiu de longe até ao
pátio do sumo sacerdote e, entrando, assentou-se entre os criados,
para ver o fim.
59 Ora, os príncipes dos sacerdotes,
e os anciãos, e todo o conselho buscavam falso testemunho contra
Jesus, para poderem dar-lhe a morte,
60 e não o achavam, apesar de se apresentarem
muitas testemunhas falsas, mas, por fim, chegaram duas
61 e disseram: Este disse: Eu posso derribar
o templo de Deus e reedificá-lo em três dias.
62 E, levantando-se o sumo sacerdote, disse-lhe:
Não respondes coisa alguma ao que estes depõem contra ti?
63 E Jesus, porém, guardava silêncio.
E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que
nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.
64 Disse-lhes Jesus: Tu o disseste; digo-vos,
porém, que vereis em breve o Filho do Homem assentado à direita
do Todo-poderoso e vindo sobre as nuvens do céu.
65 Então, o sumo sacerdote rasgou
as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas?
Eis que bem ouvistes, agora, a sua blasfêmia.
66 Que vos parece? E eles, respondendo, disseram:
É réu de morte.
67 Então, cuspiram-lhe no rosto e
lhe davam murros, e outros o esbofeteavam,
68 dizendo: Profetiza-nos, Cristo, quem é
o que te bateu?
69 Ora, Pedro estava assentado fora, no pátio;
e, aproximando-se dele uma criada, disse: Tu também estavas com
Jesus, o galileu.
70 Mas ele negou diante de todos, dizendo:
Não sei o que dizes.
71 E, saindo para o vestíbulo, outra
criada o viu e disse aos que ali estavam: Este também estava com
Jesus, o Nazareno.
72 E ele negou outra vez, com juramento:
Não conheço tal homem.
73 E, logo depois, aproximando-se os que
ali estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente, também tu és
deles, pois a tua fala te denuncia.
74 Então, começou ele a praguejar
e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente
o galo cantou.
75 E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus,
que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás.
E, saindo dali, chorou amargamente.
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Capítulo 27
1 E, chegando a manhã, todos os príncipes
dos sacerdotes e os anciãos do povo formavam juntamente conselho
contra Jesus, para o matarem.
2 E, manietando-o, o levaram e o entregaram
ao governador Pôncio Pilatos.
3 Então, Judas, o que o traíra,
vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas {ou peças}
de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos,
4 dizendo: Pequei, traindo sangue inocente.
Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é contigo.
5 E ele, atirando para o templo as moedas
de prata, retirou-se e foi-se enforcar.
6 E os príncipes dos sacerdotes, tomando
as moedas de prata, disseram: Não é lícito metê-las
no cofre das ofertas, porque são preço de sangue.
7 E, tendo deliberado em conselho, compraram
com elas o campo de um oleiro, para sepultura dos estrangeiros.
8 Por isso, foi chamado aquele campo, até
ao dia de hoje, Campo de Sangue.
9 Então, se realizou o que vaticinara
o profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço do
que foi avaliado, que certos filhos de Israel avaliaram.
10 E deram-nas pelo campo do oleiro, segundo
o que o Senhor determinou.
11 E foi Jesus apresentado ao governador,
e o governador o interrogou, dizendo: És tu o Rei dos judeus? E
disse-lhe Jesus: Tu o dizes.
12 E, sendo acusado pelos príncipes
dos sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu.
13 Disse-lhe, então, Pilatos: Não
ouves quanto testificam contra ti?
14 E nem uma palavra lhe respondeu, de sorte
que o governador estava muito maravilhado.
15 Ora, por ocasião da festa, costumava
o governador soltar um preso, escolhendo o povo aquele que quisesse.
16 E tinham, então, um preso bem conhecido,
chamado Barrabás.
17 Portanto, estando eles reunidos, disse-lhes
Pilatos: Qual quereis que vos solte? Barrabás ou Jesus, chamado
Cristo?
18 Porque sabia que por inveja o haviam entregado.
19 E, estando ele assentado no tribunal,
sua mulher mandou-lhe dizer: Não entres na questão desse
justo, porque num sonho muito sofri por causa dele.
20 Mas os príncipes dos sacerdotes
e os anciãos persuadiram à multidão que pedisse Barrabás
e matasse Jesus.
21 E, respondendo o governador, disse-lhes:
Qual desses dois quereis vós que eu solte? E eles disseram: Barrabás.
22 Disse-lhes Pilatos: Que farei, então,
de Jesus, chamado Cristo? Disseram-lhe todos: Seja crucificado!
23 O governador, porém, disse: Mas
que mal fez ele? E eles mais clamavam, dizendo: Seja crucificado!
24 Então, Pilatos, vendo que nada
aproveitava, antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos
diante da multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo;
considerai isso.
25 E, respondendo todo o povo, disse: O seu
sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos.
26 Então, soltou-lhes Barrabás
e, tendo mandado açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado.
27 E logo os soldados do governador, conduzindo
Jesus à {ou ao pretório} audiência, reuniram junto
dele toda a coorte.
28 E, despindo-o, o cobriram com uma capa
escarlate.
29 E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha
na cabeça e, em sua mão direita, uma cana; e, ajoelhando
diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus!
30 E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana e
batiam-lhe com ela na cabeça.
31 E, depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe
a capa, vestiram-lhe as suas vestes e o levaram para ser crucificado.
32 E, quando saíam, encontraram um
homem cireneu, chamado Simão, a quem constrangeram a levar a sua
cruz.
33 E, chegando ao lugar chamado Gólgota,
que significa Lugar da Caveira,
34 deram-lhe a beber vinho misturado com
fel; mas ele, provando-o, não quis beber.
35 E, havendo-o crucificado, repartiram as
suas vestes, lançando sortes, para que se cumprisse o que foi dito
pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica
lançaram sortes.
36 E, assentados, o guardavam {ou vigiavam}
ali.
37 E, por cima da sua cabeça, puseram
escrita a sua acusação: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS.
38 E foram crucificados com ele dois salteadores,
um, à direita, e outro, à esquerda.
39 E os que passavam blasfemavam dele, meneando
a cabeça
40 e dizendo: Tu, que destróis o templo
e, em três dias, o reedificas, salva-te a ti mesmo; se és
o Filho de Deus, desce da cruz.
41 E da mesma maneira também os príncipes
dos sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e fariseus, escarnecendo,
diziam:
42 Salvou os outros e a si mesmo não
pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça, agora, da cruz,
e creremos nele;
43 confiou em Deus; livre-o agora, se o ama;
porque disse: Sou Filho de Deus.
44 E o mesmo lhe lançaram também
em rosto os salteadores que com ele estavam crucificados.
45 E, desde a hora sexta, houve trevas sobre
toda a terra, até à hora nona.
46 E, perto da hora nona, exclamou Jesus
em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lemá sabactâni, isto é,
Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
47 E alguns dos que ali estavam, ouvindo
isso, diziam: Este chama por Elias.
48 E logo um deles, correndo, tomou uma esponja,
e embebeu-a em vinagre, e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber.
49 Os outros, porém, diziam: Deixa,
vejamos se Elias vem livrá-lo.
50 E Jesus, clamando outra vez com grande
voz, entregou o espírito.
51 E eis que o véu do templo se rasgou
em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras. {ou
rochas}
52 E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos
de santos que dormiam foram ressuscitados;
53 E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição
dele, entraram na Cidade Santa e apareceram a muitos.
54 E o centurião e os que com ele
guardavam a Jesus, vendo o terremoto e as coisas que haviam sucedido, tiveram
grande temor e disseram: Verdadeiramente, este era o Filho de Deus.
55 E estavam ali, olhando de longe, muitas
mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galiléia, para o servir,
56 entre as quais estavam Maria Madalena,
e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos
de Zebedeu.
57 E, vinda já a tarde, chegou um
homem rico de Arimatéia, por nome José, que também
era discípulo de Jesus.
58 Este foi ter com Pilatos e pediu-lhe o
corpo de Jesus. Então, Pilatos mandou que o corpo lhe fosse dado.
59 E José, tomando o corpo, envolveu-o
num fino e limpo lençol,
60 e o pôs no seu sepulcro novo, que
havia aberto em rocha, e, rolando uma grande pedra para a porta do sepulcro,
foi-se.
61 E estavam ali Maria Madalena e a outra
Maria, assentadas defronte do sepulcro.
62 E, no dia seguinte, que é o dia
depois da Preparação, reuniram-se os príncipes dos
sacerdotes e os fariseus em casa de Pilatos,
63 dizendo: Senhor, lembramo-nos de que aquele
enganador, vivendo ainda, disse: Depois de três dias, ressuscitarei.
64 Manda, pois, que o sepulcro seja guardado
com segurança até ao terceiro dia; não se dê
o caso que os seus discípulos vão de noite, e o furtem, e
digam ao povo: Ressuscitou dos mortos; e assim o último erro será
pior do que o primeiro.
65 E disse-lhes Pilatos: Tendes {ou Levai
a guarda} a guarda; ide, guardai-o como entenderdes.
66 E, indo eles, seguraram o sepulcro com
a guarda, selando a pedra.
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Capítulo 28
1 E, no fim do sábado, quando já
despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram
ver o sepulcro.
2 E eis que houvera um grande terremoto,
porque um anjo do Senhor, descendo do céu, chegou, removendo a pedra,
e sentou-se sobre ela.
3 E o seu aspecto era como um relâmpago,
e a sua veste branca como a neve.
4 E os guardas, com medo dele, ficaram muito
assombrados e como mortos.
5 Mas o anjo, respondendo, disse às
mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que buscai a Jesus, que
foi crucificado.
6 Ele não está aqui, porque
já ressuscitou, como tinha dito. Vinde e vede o lugar onde o Senhor
jazia.
7 Ide, pois, imediatamente, e dizei aos seus
discípulos que já ressuscitou dos mortos. E eis que ele vai
adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. Eis que eu
vo-lo tenho dito.
8 E, saindo elas pressurosamente do sepulcro,
com temor e grande alegria, correram a anunciá-lo aos seus discípulos.
9 E, indo elas, eis que Jesus lhes sai ao
encontro, dizendo: Eu vos saúdo. E elas, chegando, abraçaram
os seus pés e o adoraram.
10 Então, Jesus disse-lhes: Não
temais; ide dizer a meus irmãos que vão a Galiléia
e lá me verão.
11 E, quando iam, eis que alguns da guarda,
chegando à cidade, anunciaram aos príncipes dos sacerdotes
todas as coisas que haviam acontecido.
12 E, congregados eles com os anciãos
e tomando conselho entre si, deram muito dinheiro aos soldados, ordenando:
13 Dizei: Vieram de noite os seus discípulos
e, dormindo nós, o furtaram.
14 E, se isso chegar a ser ouvido pelo governador,
nós o persuadiremos e vos poremos em segurança.
15 E eles, recebendo o dinheiro, fizeram
como estavam instruídos. E foi divulgado esse dito entre os judeus,
até ao dia de hoje.
16 E os onze discípulos partiram para
a Galiléia, para o monte que Jesus lhes tinha designado.
17 E, quando o viram, o adoraram; mas alguns
duvidaram.
18 E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo:
É-me dado todo o poder no céu e na terra.
19 Portanto, ide, ensinai {ou fazei discípulos}
todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho,
e do Espírito Santo;
20 ensinando-as a guardar todas as coisas
que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até
à consumação dos séculos. Amém!