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parte IV - VIVENDO O CANADÁ

Vancouver, 27 de Agosto, 2002

Fui ao consulado e ja meti o pedido do BI. enviam na quarta e a menina diz que de 4a a 8 ja se pode comecar a chatear... mas nao me disse quem.

Tou num backpackers hostal!!! ($20candollar/noite).

Vancouver parece uma cidade bastante interessante. Grande e cidade mas interessante. tenho que arranjar um guia.

Hoje tive um jantar/lanche com uma familia de portugueses! Uma senhora deu-me boleia do consulado e depois de me levar ao Clube Portugues de Vancouver acabou por me convidar a ir comer a sua casa - sardinhas assadas batata cosida e salada de tomate.... ai que saudade! Foi uma excelente lufada de ar fresco e saudade de casa... e a broa de minho, claro...


Vancouver, 31 de Agosto, 2002

Estou a 3 dias de comecar a trabalhar num atelier de arquitectura em Victoria, BC, Canada. Algo que arranjei por sorte e casualidade. Estou super excitado com a ideia, nao s pelo trabalho e curriculum mas  tb pelo fazer umas ferias das ferias... sabes como e'. Irei procurar um sitio onde ficar, algo a que possa chamar de Casa - home sweet home, durante a minha estadia que segundo os arquitectos sera nao menos de 2 meses segundo eu espero nao menos de 3 , ideal em termos monetarios talvez 5 ou 6??? nao sei se aguento... resumo, teras casa 'a disposicao, pelos proximos meses, neste canto do mundo.

Que semana tao descancada e tranquila. Vancouver e uma bela cidade e nada como ter amigos locais para nos mostrar o que ha para la da visao de turista. Sabe mto bem parar num sitio com a descontracao e conforto de passeio e ferias.

O Roger (amigo do peito que conheci e com que passei 20 dias em Batopilas, Mexico) continua um querido e tem me mostrado Vancouver na sua prespectiva mais real. De 'a 2 dias para ca tenho passado mais tempo com uma amiga dele, Lorill, com quem, apesar de passarmos algum...  temos dado uns passeios mto agradaveis.

Nesta altura Vancouver esta repeleto de actividades, concertos, espectaculos e coisas para ver e fazer. Ontem passamos por um show de capoeira e acabei conversando com alunos da escola de capoeira em Victoria. Mto simpaticos.

Esta semana tb tem sido optima para ver como este 'jovens' vivem e ter uma ideia daquilo que me esperara em Victoria, para onde partirei amanha ou depois - 3a feiracomeco trabalhando. O espirito e' calmo e relaxado e mto feliz da vida...

Bom, tenho que ir, ja me chamam. Vamos almocar a um restaurante portugues recomendado por uma familia de portugueses, aquelas que me ofereceram uma bela sardinhada em sua casa no dia que cheguei. Roger e Lorill estao esperando.


Vancouver, 2 de Setembro, 2002

São cerca de 3 horas desde Vancouver a Victoria - a Lorill vai me levar ate ao ferrie, 45min, ferrie 1:30h, camioneta local 1:00h! Amanha ficarei no hostal da juventude e talvez no dia seguinte fique em  casa da minha amiga. Segundo conversas por aqui um quarto numa casa com 'house-mates' será' entre 300 a 400 dólares canadianos (1$00=$130) e talvez não seja difícil arranjar pois os putos locais estão a voltar para a escola.

Do BI, provavelmente na próxima 4a-feira já estará em Lisboa e poder-se-á começar a chatear.


Victoria, 5 de Setembro, 2002

São 20h50. Estou no atelier. Já tenho a minha chave e uma bicicleta emprestada, sim porque estas cidades são todas praticamente planas (em contraste 'a nossa querida Lisboa) que não faz qualquer sentido não ter bicicleta.

À pouco, depois de ir buscar a bicicleta e antes de aqui chegar, passei pelo grupo ‘Axe Capoeira’! Quando aqui estive pela primeira vez vi o nome deles na lista telefónica e no fim-de-semana passado, em Vancouver, vi o grupo todo num show de rua/parque. Não cheguei a vê-los jogar pois estavam no intervalo mas falei com o mestre - Barrão (...) e não cheguei a conhecer o instrutor Testinha (quem da' as aulas aqui em Victoria) mas conheci umas alunas dele, muito simpáticas, que me deram um cartão daqui. Hoje fui lá pensando que havia aula mas não (mudaram o horário). Contudo falei com um fulano simpático que me disse para aparecer amanha.

À tarde sai mais cedo e fui ver um quarto numa casa, a 15min de bicicleta  aqui da baixa de Victoria. $275/mes + 1/4 das despesas ($30/mes agua e luz. No inverno será mais). Quarto pequeno, simpático, uma janela e uma porta que da para o quintalzinho, numa moradia agradável, já com uns anos, mas esta em bom estado apesar de não haver grande calor na decoração da casa mas tem lareira e tudo e um pequenino alpendre que da para a rua, com uma árvore grande entre os dois, e para o sol de poente. O quarto nas traseiras da para nascente. Na mesma casa havia a opção de outro quarto com o dobro, ou mais, do tamanho e virado para poente mas... mas não só e' mais caro ($375) como não tem tanto caracter como o outro e também  não me parece que eu necessite de uma coisa tão grande. Afinal a minha mobília é apenas uma mochila de 75 litros que carrego às costas. O senão é que só' começa em Outubro... Ainda não falei com o dono mas a inquilina que me mostrou (que esta no quarto onde ficarei) ficou de se certificar que ele me telefona. As aulas aqui começaram esta semana e como tal e difícil encontrar algo.

00h12. Estive ao telefone e a ver o resto  das mensagens. Parece que amanha vou ver 2 casas (quartos) e na 6a-feira um outro aqui perto, muito barato, de uns amigos da minha amiga de ca', sendo o único senão que eles ensaiam e gravam em casa... E' capaz de tornar-se numa experiência engraçada.

(...) Estou muito, muito desejoso de  arranjar um quartinho. Já vejo quadros e outras coisas que tais. A ideia será ver quanto custará, no fim da minha estadia aqui em Victoria, enviar as coisas que arranjar por barco. Quero tentar fazer uma coisa pequena mas muito confortável.

Devia ir dormir, mas não tenho cama... Devia ir ao hostal onde tenho a mochila grande guardada. (...)

Terei que ver que merda se passa com estes computadores (mac's) que não me abrem os mails no NETC.


Victoria, 6 de Setembro, 2002

Acabei de cancelar um encontro para ver um quarto numa casa mas e' longe para burro e não me apetece. Acho que vou ate a' capoeira... ou até um bar esplanada muito giro no topo de um edifício antigo aqui na rua principal... a vantagem de ir a capoeira e começar a fazer desporto e conhecer gente e contactos para sítios onde ficar... Acho que estou demasiado cansado para ir fazer 2 horas de capoeira, como tal vou mas é ao tal bar e pelas 8h30 um pouco antes vou ate à capoeira, conheço as gentes e vejo o ambiente e, para a semana quando já estiver mais descansado e, esperançosamente, já num quartito meu, então começo. O que mais me fascina na capoeira é o desporto em si, o controlo do corpo, a música e o espirito de grupo e pessoal muito divertido que normalmente a ela esta associado.

Ontem falei com o consulado em Vancouver que me disseram que os meus papeis já estavam em Lisboa e que já tinha falado com a pessoa em Lisboa explicando o caso particular e, ela diz que agora vai estar em cima deles e que e' capaz de não demorar muito. Eles aqui só necessitam dos dados do BI para poderem emitir o passaporte, não do BI propriamente dito. Portanto para já e' deixar como esta.

Outra das razoes pelo qual quero um quarto meu, alem da paz de espirito e local de repouso é também para poder começar a escrever ideias e projectos. Começar a pô-los no chão e olhar para eles quando chego a 'casa' e pegar-lhes ou não. coisas como ideias soltas de escritas possíveis, projectos fotográficos, ranhocas e outras que tais.

Esta aqui o Georgia, o maior 'sloop' do mundo. E' só pois acabei por não lhe sacar uma foto em Petersburg, por isso veio aqui.


Victoria, 9 de Setembro, 2002

Ainda não tenho casa (quarto) mas é a minha mais alta prioridade neste momento - não posso contudo esquecer-me do trabalho. Aqui no atlier são todos queridos e simpáticos. Ontem fui jantar a casa do Shiv, + a mulher, canadiana, muito simpática, + a sobrinha que veio da Índia e esta com eles há já 4 anos. Uma moradia simpática, com um agradável jardim nas traseiras e a baia entrando um pouco no sopé do seu terreno. São os únicos que não tem barco de recreio na vizinhança. Bebemos vinho, comemos salmão assado no carvão com batatas assadas e salada (a salada comem primeiro... claro que eu tinha que desestabilizar a coisa e comê-la também durante a refeição). Simpático e agradável, falamos sobre Portugal, Índia, Canadá, viagens... A sobrinha esta a estudar na universidade e é um pouco tímida, mas claro que a desafiei para uma noite de copos.

A cidade de Victoria é gira e simpática. Nada de grandes movimentações nem grandes actividades, durante a semana 'as cinco horas já esta tudo a fechar. Mas e' bonito e relaxado, anda-se de bicicleta para todo o lado e, quando começar a conhecer mais gentes seguro que haverá muito mais para fazer. Muita malta jovem e aos fins-de-semana os bares e pubs enchem-se ate as 2 da manha. Acho que será um bom sitio para um poiso de guerreiro, por uns tempitos.

Hoje a Elisa, irmã da Lorill que mora cá, levou-me a passear pelos bairros da cidade e arrabaldes, até este miradouro, num dos poucos montes que se pode gabar desse nome. Depois almoçamos num sítio porreiro aqui perto do escritório - uma cervejaria local com boa comida e não excessivamente caro.

Dia 8 de Outubro haverá um concerto de Ravi Shankar., em Vancouver. Ainda não comprei o bilhete (e' caro) mas lá estarei. Estou a convencer o Roger e a Lorill a virem.




parte I - À DERIVA NO MÉXICO

Cuidad de México, 12 de Dezembro, 2001

Pois que aqui estou eu, do outro lado do oceano. Cheguei a terras Mexicanas ontem ao fim do dia, após um simpático mas dispendioso fim-de-semana em Londres. A viagem demorou umas longas 11 horas num Boing 747. Após mais 2 horas de espera pelo Nuno e Maite - o trânsito mexicano consegue ser pior que o português - ainda esperamos mais uma pois o irmão de Maite que também estava chegando. Retiramo-nos então para casa da mãe de Maité que também se chama Maité. Após poisar as malas fomos picar una tortinha de patata - das melhores que já provei - e foi me então retirar pois no meu horário já eram 6 da manha...

Hoje foi um dia ligeiro. Fiz-me de pendura ao N e M que tinham uns afazeres. Deu para sentir o cheiro e, numa das encostas periféricas, para ver a dimensão incrível e impressionante da extensão desta cidade. Não e descritível. Uma das imagens é, na períferia sul da cidade, pequenas casas que literalmente engolem tudo com que deparam subindo e descendo os pequenos, e não tão pequenos, montes. Ficando um misto de casas e árvores que contaminam todo o vale e seu montes circundantes ate que se sumam da vista.

Daqui a pouco vamos a uma festa de aniversário do Tio da Maite. Ao que parece a família é muito grande e então todas as semanas há aniversários...


Cuidad de México, 18 de Dezembro, 2001

Estes Mexicanos sao doidos... Mais que as maes, trânsito por todo o lado, um caos de cidade mas... com contrastes e coisas de qualidade surpreendente. Arquitectura mto mto boa, comida fantástica mas intensa e picante claro! Isto parece uma mistura entre E.U. com os seus grandes carros e largas avenidas e Brasil com os seus carismáticos carochas, bairro delgados e degradados misturados com edificios altos e modernissimos, cartazes publicitarios enormes que quase que nos afogam e grandes parques quase selvagens mas mto bonitos e agradaveis.

E depois a mistura das antigas culturas Mesoamericanas com o mundo ocidental dá-lhe um toque realmente extraordinário e único.


Cidade de México, 20 de Dezembro, 2001


Ontem pus o primeiro rolo a revelar: não esta mal... mas tinha feito uns brakets para ver qual a melhor exposição, mas não foram bem sucedidas - foi em Londres, num fim de dia e sem grandes contrastes... e com diferenças de 1/3 de ponto. Enfim, estamos sempre a relembrar-nos e a aprender. Agora tenho a  maquina regulada a -0.3 e parece estar bem. Infelizmente a lente esta uma treta. A focagem não desliza bem perto do infinito! Deve ter sido no Cambodia qdo lhe caiu um pouco de coca-cola em cima. Tenho este rolo sem caixilho e inteiro. Não sei muito bem como enviá-lo. A ver.


Cidade de México, 23 de Dezembro, 2001

Já devia ter enviado, ao menos, uns postalecos mas confesso que fui deixando passar e que ainda não o fiz. A ver se segunda-feira o faço, pelo menos para as avós e papás.

Vou passar o Natal aqui em Cuidad de Mexico com Maite e su família, que penso que não será muita gente pois acho que será só a família directa - a mãe de Maité (que também se chama Maité), o pai Joaco, o irmão Joaquim (também alcunhado de Joaco) e seu filho de 4 anos, Hoku (nasceu no Havaí), e a mãe de Hoku, Elli (que estão separados mas mesmo assim passam o natal todos juntos). E eu! O Mfanito, acho que que não, (...) esta ai em Portugal. Enfim, vou passar a ‘Navidad’ a uns bons milhares de quilómetros de casa com uma família que acabei de conheçer e que têm sido muito simpáticos para comigo.

Dia 26 me piro! Primeiro em direcção a norte, rumo a Chihuahua, para acer o Febrocarril Chiuahua-Pacífico! Mas lehito... vou passar por uma serie de territas pelo caminho.

Entretanto, hoje fui a Teotihuacan - é o maior tempo pré-hispânico e fica aqui a 50km nordeste da cuidad: padrissimo... que me ai encantado mucho. Enorme, brutal, mas não tão guapo como Angkor, alias... nem perto, mas muito muito bonito e principalmente grandioso.

Ontem estive no Convento de Las Madres Capuchinas Sacrementarias del Purissimo Corazon de Maria, em Tlalpan, no Sul da cidade. Resumidamente: é um muito pequenino convento feito em 1950 e muitos 1960, por LUIS BARRAGAN! É um dos meus arquitectos favoritos e é de aqui do México ;)) O Convento é incrível, indescritível, lindo, pequenino, mas encantador. Tem, na sua pequenez, uma grandiosidade assombrosa. (...) A cor, a luz, o silencio, a calma... e... a leveza que os corpos assumem, a leveza que nos assumimos... Eu sai de lá e acho que andei o resto do dia a pairar a 10 cm do chão! (Só esta já me valeu a viagem!)


Guanahuato, 29 de Dezembro, 2001

A aventura começou...

Estou em Guanahuato. Uma terra muito engraçada (cidade acho mas pequena para tal) a 380 km noroeste de México D.F. É património mundial, classificado pela UNESCO em 1988.

Durante a colonização espanhola foi encontrado, por aqui, uma enorme quantidade de prata e outros metais preciosos e, desde então, se tornou um dos principais centros mundiais mineiros e por conseguinte uma povoação muito rica. Cheia de casas coloniais, tem a maior quantidade de igrejas por metro quadrado que eu alguma vez vi (mas não são igrejecas, belas igrejas e bem adornadas - barroco principalmente - e uma basílica) uma universidade bastante grande, que da grande vida a cidade e vários teatros. Tudo isto num vale bastante relevado onde as casinhas se vão amontoando encosta a cima. Muito encantador, pacato e relaxante (especialmente para quem acaba de vir da Cidade do México), uma escala muito humana - tudo isto à distância de uma leve caminhada - apesar da forte afluência turística.

Em principio estarei aqui mais dois dias e em seguida vou tentar ir a uma territa chamada Real de Quatorze: é uma ex-cidade fantasma com uma população actual que não chega aos 1000 habitantes, que fica a Noroeste de aqui, numa zona que fica dentro da "zona desértica" entre a Sierra Madre Ocidental e a Sierra Madre Oriental.

Passei a regulação da maquina para -0.7EV.


Zacatecas, 9 de Janeiro, 2002

Aqui estou, neste momento em Zacatecas. As aventuras continuam e multiplicam-se.

Cheguei ontem de Real de Catorze - uma ex-cidade fantasma num vale bem no topo de uns montes a mais de 2500 m. Foi uma vila muito próspera a quando das sua fortes explorações mineiras tendo, no seu auge, chegado a uma população de 30000 habitantes. Agora não chega a mil, sendo grande parte estrangeiros que resolveram mudar seu ritmo de vida - pintores, escultores, joalheiros entre outros, que abriram aqui sua pequena loja ou restaurante ou hotel.

Incluso um arquitecto - Alex - que resolveu tentar melhor sorte que em sua terra natal - Suíça - e construir aqui o seu primeiro projecto. Vive agora aqui na casa que projectou e construiu, há 3 anos, com sua mulher Elisabeth, que agora da aulas de baile - 2 vezes por semana a gentes da terra - e sua filha Anna de 5 anos - um autêntico ‘coelhinho-duracel’.

Esta zona também é conhecida pela proximidade do local de culto dos indígenas Huicholes que percorrem 550 quilómetros a pé, para virem ate ao Monte del Quemado, que consideram ser o umbigo do mundo, onde vem trazer oferendas e celebrar a caça ritual do Peyote, um cacto alucinogénico que cresce na árida região, ao sopé desta montanha.

Dois dos 7 dias que lá passei (um para ir outro para voltar) foram nesta tal região a que chamam de deserto. Não e propriamente um deserto mas sim uma região semi-árida apesar de ter as características climáticas de um deserto.

Já a noite ia avançada, todos nos cercávamos da pequena  fogueira que conseguimos que durasse ate ao amanhecer. Uma garrafa de agua, a metro e meio da fogueira, estava congelada. Eu, Peter (Holanda), Mónica (Mexico D.F.), Herry (Namibia) e Beate (Alemanha). As visões não foram muitas, algumas, mas aquilo que sentimos ficará, seguramente, durante longos anos no nosso coração.


Piro-me agora mais para norte para Chihuahua, onde tentarei nem parar e encaminhar-me directo para o famoso e turistico mas esperemos que, ainda pitoresco, Febrocarril Chihuahua-Pacifico que passa pela incrivel Barraca del Cobre. A ideia e' ir indo de comboio e parar pelo caminho nas pequenas terriolas onde ainda habitam bastantes indigenas. Vou tb averiguar tours a pe para descer parte deste conjunto, durante alguns dias... Espero encontrar algo tipo 'montanhas do norte interior do vietnam' apesar de bastante mais turistico.

Mexico e' caro e apos 1 mes em viagem e' tempo de fazer um saldo e ver quais os proximos desenrolares desta minha historia. E realmente enriquecedor e revigorante ter a real sensacao de que sou o 'unico' que controla o desenrolo da aventura. O dinheiro escaceia. Comeco a por a hipotese de saltar directamente para paises mais a sul onde o $ vale mais mas e dificil desviar-mo-nos fortemente das nossas ideias originais.


Bom, me vou. Tenho um bus para apanhar e 12hs de viagem para completar.


Guadalajara, 8 de Fevereiro, 2002

Tenho a maquina fotografica para fazer um orcamento e vou saber-lo agora. Ah, perguntavas o que lhe aconteceu? Confesso que nao sei com certeza mas varios fatores devem ter contribuido: estava acampado, no topo das montanhas, perto de Batopilas.

Deixei a maquina fora da tenda a fotografar as estrelas! Parece que nao gostou de estar uma hora e trinta min ao frio e vento e o facto de, passado este tempo, ter caido do mini-tripe, tb nao deve ter contribuido para a sua saude. Enfim... parou de funcionar
.


San Carlos, Guymas, 11 de Março, 2002

Agora ja e' um "marinero" que vos escreve!!!

Tou em San Carlos, Guymas, Sonora, Mx, onde acabei de chegar a 2 dias como tripulacao de um barco a vela - SAGA 43'' - que sera icado amanha para passar um ano em terra. E' o barco de um gringo de 37 anos, que, com a mulher e os dois filhos, andou viajando este ultimo ano desde EUA ate ao Alaska e voltar e descer ate Mx, Puerto Vallarta. Agora tem de voltar pois as obrigacoes chamam.

Vim so eu e ele desde PV com escala em Mazatlan. Na primeira noite ja estava a fazer turnos e a sensacao foi incrivel. O mar, as estrelas, o vento, os golfinhos 'as 4 da manha a brincarem com o barco deixando um rasto incrivel com o fosforo na agua... 1 leao marinho a descancar de papo para o sol  pela manha, raias gigantes a saltarem da agua - pensando que ja e' primavera??, enfim... o local perfeito para afastar qualquer preocupacao ou stress. Mesmo qdo o mar aperta e o vento sopra forte... ate assim fiz um excelente almoco no fugao oscilante que se mantem vertical com a gravidade, mesmo com o barco a 40 graus.  ; )
Tou seriamente a pensar apanhar um bus para PV se nao conseguir um barco daqui ate amanha.

Novos horizontes se abrem enquanto o sangue de 'Tuga navegante vem ao de cima e das memorias de infancia se avivam.

Quero tentar apanhar um barco-a-vela para atravessar o Pacifico ate as Marquesas, Polonesia, NZ e idilicamente ate Australia e depois, quem sabe, se la chegar, dar um salto ate Timor e dar uma maozinha. Efim soa bem nao. A ver o que os ventos me trazem.

parte II - PERTO DO PARAÍSO (HAWAII)

Kona, 2 de Maio, 2002

Ontem abandonei o barco em que estava! Tou agora em Kona, tentando qualquer coisa e nao e' facil, sem visto de trabalho.

Tou a dormir num outro barquito - um trimaran de 63 pes - com um casal mto simpatico, com quem, se me aguentar ate la', ir ate ao Pacifico Sul e Nova Zelandia.

Amanha bem cedo apanho a unica camioneta que circula a ilha para ir em busca de dois locais encantados - the Green Lake e depois Waipio Valley. Depois entao voltarei cheio de energia 'em busca do trabalho perdido'.

Entretanto, ainda com os Daleyne, demos umas passagens por locais inimaginaveis para fazer snorkel - acho que nesta minha breve estadia nas ilhas ja vi mais peixes que em toda a minha vida e todos eles incrivelmente lindos, coloridos, as riscas, as pintas, todos os tamanhos e feitios. Alguns, se vos tentasse descrever nem iam acreditar. Ontem, por exemplo, estive 15 min na conversa com uma tartaruga enorme, enquanto passeavamos entre corais e mtos mtos peixes tropicais... por vezes é tal a beleza que so quando os pulmoes comecam a apertar é que nos recordamos que, como a tartaruga, temos que vir à superficie respirar.

«Os ventos mudam, os rumos se alteram. O destino e' incerto. A vontade e' forte mas nem tudo e' perfeito qto desejariamos. As oportunidades apresentam-se. Temos que saber agarrar-las e por onde lhes pegar, pois ao minimo susto ou carta mal jogada, qdo voltamos a olhar  ja nao la' esta. Nao ha grande margem para erro apesar de sorte tb ser um grande factor.

Aqui estou eu (...) num local que de paraiso lhe falta pouco. As pessoas sao mto simpaticas, alias como tb o eram na 'mainland'. Contudo aqui parece que o facto de ser ilha/s, pequena, onde o mar esta em todo o lado e por largos e largos kms, parece que as pessoas mais rapidamente passam de 'desconhecidos' a 'familia'. Parece que a intimidade e proximidade e' mais forte por ser um espaco contiguo. A minha curiosidade enches-se por investigar como sera' a nossa ilha - Acores.»


Honokaa, 9 de Maio, 2002

Tou em Honokaa! Uma pequena vila mto proxima do Waipio Valley - um vale paradisiaco com uma praia fantastica, montes de cascatas e montes de hippie gringos. Caminhadas incriveis.

Esta aldeia parece que esta chei da Portugueses claro q ja nenhums falam portugues pois ja vais em 3 opu 4 geracoes. Mto provavelmente vou comecar a trabalhar na quinta de um deles.

A primeira hipotese e trabalhar na quinta desta senhora (de descendencia portuguesa) que ainda ta a montar as coisas e nao podera pagar mto mas seguro que poderemos negociar algo... o lugar é paradisiaco... acho que poderia ficar por aqui uns tempinhos...


Honokaa, 11 de Maio, 2002

As coisas nao sao tao simples ou faceis qto parece mas ao mesmo tempo nao sao tao complicadas qto pintamos... em suma, preparar para o peor e desejar pelo melhor e ... sorrir! Sorrir sempre, mesmo que o sorriso seja triste...

Bom, é tempo de me fazer à estrada e estender o polgar. Amanha tenho que estar as 10h a.m em Kona, para falar com este 'tuga', Gui, que e' dono de um barco que faz 1-week-diving-cruses na ilha... Seria fantastico mas e' provavel que nao de em nada. Amanha veremos.


Honokaa, 23 de Maio, 2002

Finalmente estou trabalhando!
Ohana Mala Farm - e' uma pequena quinta de familia. Donna e Donny fazem praticamente todo o trabalho  e todo a ajuda e' bem vinda pois ha sempre que fazer.

O local e' celestial - no sope' de Mona Kea (o pico mais alto de todas as ilhas), 3 milhas 'up a dust road', voltado para noroeste onde os Ventos Dominantes sopram suavemente e a chuva faz um bom trabalho apesar dos quase 3 anos de 'seca' que passaram.

Toda esta costa da ilha e' de um verde luxoriante. Tranquilo, calmo, pelas 6 da manha, entre grandes arvores, o sol comeca a levantar-se e com ele uma imensidam de passaros diferentes comecam a cantar. Na minha cabana, enrolado nos lencois, so da' vontade de ficar no quentinho, a ouvir este concerto de som e luz que entra pela grande janela e pelas varias frestas que ainda estam por acabar.

Donna e Donny (45, 50s), ambos divorciados, vivem juntos na ilha ha' ja 20 anos. Tem uma boa paixao por ajudar pessoas e a comunidade. Tem 2 filhos adoptivos, Rolin, 10, um 'as na escola e Michel, 9, tem uma deficiencia na fala e e' um pouco atrasado mas mto querido. O mais velho ajuda na quinta, sempre que pode ou sempre que quer 'comprar-algo'. A principal producao da quinta e' uma 'Salad Mix' organica que leva deste varios tipos de saladas, ate umas lindas flores comestiveis, que lhe da' um toque visual perfeito.

Todas as 4as e Domingos e' dia de conheita e processamento da salada, numa cosinha 'industrial' comunitaria (criada pelo estado para tentar promover novas oportunidades para os ex-trabalhadores da Cana-de-Acucar, que fechou nos anos 70) e 5as e 2as e' dia de distribuicao.

Eu tenho uma cabana so' pra mim, perto da quinta e a casa deles fica a 5 minutos de caminho. 10 das minhas horas semanais sao para pagar a casa e comida e do resto recebo $7 por cada hora. Nao tenho horario fixo, apenas 4as e Domingos para a conheita.

"É muito divertido apesar de ser bastante trabalho que da algumas dores de costas e/ou joelhos. Tento fazer a saudacao ao sol mas o tempo tem voado de tal modo que so me lembro qdo me comeco a sentir essas pequenas dores."

Entretanto parece que este canto da ilha tem  uma aura particularmente incrivel. Todos se conhecem e sao mto simpaticos. Ha' uma grande mistura de gentes e diferentes etnias - na biblioteca existe um livro com cerca de 100 anos que tem os registos de todos os barcos, que chegaram nessa altura, e todos os nomes das pessoas que vinham neles. Neste caso, vindos de - Azores, Madeira or continet (Portugal). Principalmente os dois primeiros pois a ideia era aproveitar o facto de serem pessoas ja' habituadas a viver numa ilha. Comecaram por tralhalhar nas grandes plantacoes de Cana-de-Acucar e, agora, ja vao na 3a ou 4a geracao. Ja nao falam Portugues, apenas alguns dos mais venhos ou 2 ou 3 'bad words' que levei algum tempo a conseguir decifrar como - kudiab (cu-de-diabo) e outras no genero q agora nao me recordo.

Nomes Portugueses e' uma coisa comum por aqui e ate' um pequeno edificio de comercio, em Honokaa, tem em grandes letras - ANDRADE bdg, since 1923.

Bernie, filha de Portugueses (nao fala portugues mas tem pena), perto da 'Andrade meat shop', tem uma pequena loja de produtos organicos - 'Tara Junction'. Alem das organiquises tb e' mto dada 'as energias, yogas, meditacao e, claro, comidas saudaveis para a mente e corpo. A loja nao e' mto grande mas tem dias que parece quase um metting center. Toda a gente passa na loja, seja para comprar algo ou apenas para dar dois dedos de conversa com Bernie. O mais curioso e' que praticamente todos tem um ar porreiro e estrememente saudavel. E mtas energias possitivas... Foi Bernie que me apresentou a' Donna e Donny.

Na 2a-feira passada voltei a encontrar um folano, que achei que seria uma pessoa interessante, e finalmente tivemos tempo para uma boa conversa - e' ingles, chefe e especialisado num tipo especifico de cosinha... que nao me recordo o nome mas o principio e' - existem 3 principais grupos de pessoas e para cada grupo, ou pessoa, um tipo especifico de alimentos que ajudaram essa pessoa a ser mais saudavel tanto fisica como espiritualmente, ja que ambas estam interligadas.

Ele, Johny, 'the Organic Chef' como se intitula no seu e-mail, deve ja estar proximo dos 50s mas mantem uma juventude incrivel. Ao fim do dia dizia, e eu concordava, que deveriamos ter sido irmao numa outra vida. Comecou a estudar esta relegiao e cultura qdo tinha 16 anos e ao 21 ja era professor. 'A cerca de 2 anos foi para os EUA por uma boa oportunidade de trabalho e agora veio para o Hawaii pois 'algo' queria que ele viesse para aqui. Chegou a 4 meses e esta a tentar montar uma escola de colinaria.

Tive a oportunidade, com ele, de saciar parte da minha curiosidade sobre estes mundos psico/religiosos, energias e outros que tais. Ao fim do dia fomos assistir a uma cerimonia religiosa numa quinta, 'Ecology Center for Healing ...'. E' de origem indiana e, acho, adoram a Shiva e, de tempos em tempos, fazem uma celebracao e efectuam o Bahkty Yoga (happy yoga), onde cantam e dancao e comem.

Esta ultima e' outra das coisas mto interessantes desta religiao - e' que a comida esta sempre associada aos rituais. Depois da pequena cerimonia diaria, que assistimos, fomos ate ao refeitorio onde nos foi servida uma deliciosa refeicao vegetariana... e qdo digo deliciosa quero mesmo dizer deliciosa! E qualquer pessoa pode ir assistir e depois comer sem ter que pagar nada...

No proximo Domingo havera uma celebracao no outro lado da ilha e eu e o Johny ja combinamos que vamos... quanto ao modo como la' chegar estou certo que algo se arranjara'.

Ah, entretanto Johny vai comecar, alias ja comecamos, a ensinar-me 'Raj Yoga' que, ao que parece, e' o Yoga que apenas era ensinado a pessoas de familias reais ou familias com mto dinheiro. Ainda tenho que pensar o que lhe dar em troca ja que ele nao me cobrara nada pelos ensinamentos.

Falei justo agora com Dan e a partida para o Alaska nao esta prevista para antes de 15 de Junho, o que e' excelente pois me da mais tempo para me embebedar nesta canto maravilhoso. (...)

Acho que poderia ficar neste sitio por uns bons tempos - uma cabana so' para mim, com cama de casal e tudo..., uma quinta mesmo ao lado onde vou buscar ovos frescos, saladas, coentros e um bosque enorme justo por traz onde iremos brevemente cacar javalis para comer... um casal mto simpatico e ate algum tempo para mim... e estrelas, mtas estrelas de noite. Que mais pode uma pessoa desejar.


Honolulu, 14 de Junho, 2002

No passado dia 6 de Junho pelas 6h20 locais chegou a Lisboa o 'meu' aviao... Ou seja, dupla celebracao - fiz 6 meses de viagem (assim ate parece que estou gravido) e ja nao tenho nenhum bilhete para voltar para casa... (Teresa, parece que tinhas razao).

Honolulu, Oahu. A grande cidade do arquipelago do Hawaii, bem perto do historico Pearl Harbor, agora, alem da grande area militar, tem um museu e memorial aos mortos de 7 de Dezembro de 1941. Honolulu - horrivel... E uma cidade! E eu ja nao estou pr'ai virado. Mas para cidade e' pequena e ate ... agradavel, mas nao deixa de ser cidade.

O mais fascinante foi o vir ate aqui - arranjei o bilhete de aviao mais barato que consegui, da Big Island para aqui. Ainda ao telefone perguntei 'a senhora -  ainda e' possivel um lugar 'a janela? - ao que ela me respondeu - it's a 8 pasanger plane!!!

Viajem fantastica num pequeno bimotor, Cessena 402. 1 hora de passeio pelas ilhas quase todas, nao mto alto e bem cedo com o sol ainda resante. Melhor que qualquer passeio turistico organisado e mto mais barato. Ja tinha visto as ilhas do mar, em terra e agora do ar... perfeito. A aterrar parecia uma copia exacta do Flight Simulator...

Proxima 2a-feira, ao fim do dia, partimos para uma passagem noturna ate 'a ultima das grandes ilhas - Kauhai (ilha onde foi filmado o Jurassic Park), segundo mtos a mais bonita de todas as ilhas. Infelizmente so devemos passar 2 noites pois o tempo ja comeca a escassear para os Dalaney. E depois partimos para mais uma grande travessia! Desta vez com destino a Sitka, Alaska. Os Dalaney em busca de ursos, orcas, glaciares, fiordes, belas paisagens, mtas ilhotas e, nesta altura do ano, bom tempo e o comeco do regresso a casa - Poulsbo, Washington State. Eu, retirando este ultimo item, busco o mesmo, com o acrescimo que irei em procura de trabalho - ao que parece agora e' a altura para la estar, sendo o verao a temporada do trabalho - barcos de pesca, salmao, atum, ... , fabricas de enlatar, ajudar no que for preciso. Tentar fazer uns trocos mais a valer para poder entao continuar a minha aventura que o que trousse ja nao da mais para esticar.

Mas antes, ver mais uma ilha e depois aprox. 20 dias de relaxe para revitalizar as ostes, encher mais umas paginas de caderno,aprender mais uns nos a navegar com as estrelas. Enfim, a lista ja vais demasiado larga e acho que ja tenho que arranjar uma terceira travessia...

Entretanto aprendi com um folano de Inglaterra, T.M. ou em portugues M.T. (Meditacao Transcendental). Interessante. Uma das coisas que achei mais interessante, alem da meditacao e todos o efeitos possitivos comprovados cientificamente (parece que ha uma serie de estudos feitos nos EUA e nao so, sobre TM) e' o facto de nao ter qualquer associacao a um grupo religioso. Enfim, e sempre mais uma coisa para me entreter nos 20 dias de passagem...


Honolulu, 15 de Junho, 2002

Acho  que a ideia de ja nao ter bilhete de volta tb me fez ter mais saudades! Parece que agora e' uma coisa mais indefenida, independente, so' e longe. Com um futuro mto incerto e indefenido, tentar talvez dar a volta ao mundo antes de voltar a casa.
Por um lado estou mais so, mais longe, mais isolado, por outro parece que as portas se abriram ainda mais. Parece que so agora e que se abriram totalmente.

6 meses! 6 meses que estou a viajar, que estou fora de casa, em novos horizontes, novas terras, novas pessoas, novas culturas, novas experiencias. Tudo isto me desperta uma adrenalina e entusiasmo. O Phil num mail que me enviou ja ha uns tempos dizia - tenho a certeza q estas a ter 'the time of your life' ate agora! Espero que continues ate sentires que estas satisfeito. - Eu tb o espero. Parece que agora e' a unica coisa que faz realmente sentido - curtir, viajar, ver e sentir ate estar satisfeito, saturado, enjoado... naaa.
Sinto realmente que, se por um lado estou mais longe e distante, por outro lado finalmente estou 100% liberto! Nada me prende ou faz com que tenha ou pense em voltar, tanto por tudo o que ja nao tinha como pela falta de uma ligacao 'fisica' (bilhete de aviao neste caso) para voltar a casa. Nada, mesmo nada me prende. A minha familia e' o meu cordao-umbilical mas extencivel, mto extencivel. A minha ligacao a casa e a terra, 'a minha terra.

Que bom ouvir-te ontem. Que bom sentir-te tao proximo. So e pena nao dar para conversar descontraidamente. Sinto que vamos precisar de mtas noites, ou dias, ou tardes (aquilo que mais vos convier), para por-mos a conversa em dia. Gostava de me sentar contigo, 'a lareira, com o Guga ao meu colo, a Lena a durmir com a cabeca ao teu, e nos a conversar-mos por horas e horas a fim... claro que na realidade apos os primeiros 5min de silencio e conversa relaxada tb tu ja estarias a dormir mas pront's, isso e' outra historia.

Tb sinto que se fosse para ai agora, fazer estas coisas, haveria uma enorme gafe em mim. Um enorme vazio que seria a falta da aventura da viagem. [A altura do meu regresso ainda nao chegou.]
Mas e' bom sonhar, e' bom desejar e imaginar. E' bom pensar nestas coisas e conseguir ouvir os nossos sentimentos e desejos. [E' bom conseguir transmitir-los e partilhar-los.]


Hanalei Bay, 20 de Junho, 2002

Escrevo no barco, dum portatil que eles tem para os putos escreverem os seus trabalhos de casa.

Sao 10h16p.m., 20 Junho, Hanalei Bay, Kauai. Amanha partimos para mais uma aventura em alto mar, desta vez com destino a Sitka, Alaska. Mais uma travessia para relaxar, juntar os trapos e ideias, selecionar o que tenho que deitar fora do que ainda aguenta mais uns meses. Tentar fazer mais (ou o primeiro) saldo de viagem.

6 meses de viagem. 6 meses e 14 dias para ser mais exacto. 6 meses fora do berco e da 'constante' atencao de papa e mama. 6 meses de autonomia, responsabilidade, liberdade. 6 meses de fazer praticamente tudo e so aquilo que me apetece. As vezes sao coisas serias como decidir entre continuar em terra ou partir pelo mar a dentro ou saltar do barco e ir procurar trabalho, outras vezes sao coisas pequenas como nao me apetecer ir lavar os dentes antes de me deitar e entao faco birra comigo mesmo e nao vou so porque nao me apetece e sou maior e vacinado e posso fazer o que me apetece. Outras vezes sao coisas como ficar relaxado na praia a contemplar o por-do-sol (em vez de ir fazer o jantar enquanto e' dia) e pensar que e' o mesmo sol que te ilumina, a ti, a' casa de Carx, ao pai e ao Xandi, 'a minha terra, 'a Lena e ao Feijao, aos meus amigos.
Nunca senti tanta saudade ate ao dia em que o meu voo de regresso chegou a Lisboa... sem mim.

Tem sido, sem qualquer sombra de duvida, uma das experiencias mais incriveis e enriquecedoras da minha vida, so tenho pena nao te poder partinhar, ao fim do dia, no atelier, todas estas experiencias maravilhosas... mas tambem acho que esse e' um dos factores que torna a experiencia mais enriquecedora. E' incrivel e e' pena como o factor distancia, e tempo, nos faz pensar tanto naqueles que realmente amamos e o quao especiais sao realmente para nos. E' pena nao ser algo que esteja chapado nas nossas caras no nosso dia-a-dia.

Muitas coisas experimentei e senti desde o inicio desta viagem, muitas tb experimentei e senti antes da viagem mas agora parece que e' diferente pois e' esse o unico proposito - experientar e sentir. E' curioso que me levou 6 meses para realmente me aperceber disso. Experimentar, sentir e conhecer pessoas, culturas e habitos diferentes - e' este, agora, o proposito da minha viagem. E, por enquanto, sinto-o como uma experiencia tao enriquecedora que e' inimaginavel. Sinto que e' demasiada informacao e que mais de metade das coisas me escapam entre os dedos antes que eu tenha tempo de agarrar bem a informacao. Sinto que precisava de um enorme saco de plastico para ir pondo tudo e depois, qdo me fartar da viagem, tirar duas vidas de ferias so' para escrever e reolhar sobre esta enorme quantidade de informacao. Felizmente que o principal aqui nao e' guardar toda a informacao mas sim tentar sentir o mais profundo e real possivel. Tentar sentir, cheirar, tocar, olhar, saborear e perceber. Tentar apreciar e gozar cada momento como sendo o ultimo e unico que terei nesta vida... e mtos talves o sejam, mas sem o tentar apressar apenas para que o proximo venha.

Curioso como me passou rapido o desejo de ver tudo e sentir tudo, talvez tambem pela minha natureza preguiçosa. Agora quero ver muito, se possivel, e sentir ainda mais e se nao for possivel ver tudo em prolo de sentir um pouco mais, nao faz mal, talvez tenha outra oportunidade para ver o que faltou.

Hoje tive uma experiencia agradavel com os dois putos mais velhos do barco. Fomos caminhar um lindo percurso de 8 milhas (ida e volta) ate uma bonita cascata numa zona inimaginavelmente bonita, no lado norte da ilha de Kauai. Talvez algo tipo Sintra mas com sol entrando entre as arvores, arbustros e bambos gigantes, um ambiente mais de floresta amazonica quase. Tudo mto verde e luxoriante, e escorregadio e lamoso. As primeiras 2 milhas, entre vales e ravinas, sempre mirando o belo e tranparente pacifico, levaram-nos ate uma bela praia que tambem sevia de foz de um pequeno rio. Felizmente tinha umas grutas porreiras que no possibilitou abrigar da chuva, pois ainda nao tinha parado desde que comecamos.

Tiramos a roupa molhada, comemos umas sanduiches, relaxamos um pouco e entao partimos, vale a dentro, em direccao 'a cascata. 2 milhas de 'selva' verde luxoriante. O sol tinha-se juntado a nos e os arbustros e arvores abrigavam-nos de qualquer indesejado escaldao. Atravassamos uns rios (ou o mesmo rio algumas vezes) subimos pedras e lama, algumas escorregadelas, nada grave, e finalmente uma bela e enorme cascata encheu-nos o olhar. Grande, bonita e com um belo lago formado pela agua caida. Felizmente que qdo la chegamos um casal, da minha idade, estava justo a sair da agua e aconselharam-nos vivamente a mergulhar, quase que nos ordenaram. E digo felizmente pois se nao fossem eles talvez nao tivesse entrado e teria perdido um mergulho incrivel. Nadamos ate 'a parte de traz da cascata, nadamos pelos lados, mergulhei por de baixo, contemplamos a agua a cair juntinhos a ela... deleitamo-nos e curioso que ninguei se queixou do frio passado o primeiro choque. Magnifico e encantador.

Claro que depois deste magnifico espectaculo o Branden escorregou 2 vezes e fez umas feridas foleiras mas felizmente eu tinha trasido algum material de primeiros socorros e seviu para minimisar os danos e de bom consolo para ele.

Voltamos e quase no fim, durante uma pausa, tive uma conversa com ambos os manos, principalmente com o do meio (...)
Foi bom porque tanto eu como o Branden (o mano mais velho dos tres) e o Richie, falamos dos nossos sentimentos com honestidade e sem serem obrigados, coisas inedita ate este dia, pelo menos comigo.

Quando voltamos claro que os papas ja estavam mto preocupados e achei piada o Dan (o pai) depois dizer - I had to go see the Lonely Planet guide to know were you guys went couse I didn't no what to tell to the rescue guard if I had to call them... - e depois disse - oh, and your luky I didn't read this before because if I did I would have not let them go. Enfim, achei-lhe piada. (...)  Sao boa gente e tem me tratado mto bem.

Em tantos meses de viagem seria normal pensar que eu estaria esclético e que ja teria tido trinta mil constipacoes e outras que tais... mas nao. Estou ou tao ou mais gordo do que estava e ainda nao tive a menor coisinha. E assim esperemos que se mantenha.

Amanha levanto-me cedo para ir, com esta rapariga que conheci ontem, ate um templo Indu que parece ter uma das maiores pedras preciosas ja alguma vez vista, e claro mta energia positiva e boas vibracoes sendo emanadas dela.

Depois volto e antes de anoitecer, bastante antes espero, partiremos em direccao ao Alaska. Se estas a ler isto e' porque consegui ir a esta lojeca com internet (a $3USD/10min) para vos enviar. Esperansosamente tb tive tempo para guardar na disq os vossos mails para ler depois no barco.


Hanalei Bay, 24 de Junho, 2002

Ainda nao partimos. Provavelmente partiremos dentro de 3 dias.

Esta travessia deve demorar sensivelmente o mesmo que a outra - 20 dias. Como tal antes disso nao vale preocupacoes e o ideal sera, se ate dentro de 1 mes nao tiverem noticias nossas - 26 de Julho - entao telefonem ao irmao do Dan - ta no outro e-mail (Jay Delaney - tel. + 1 408 353 2878), e ele notificara a guarda costeira. Em todo o caso recordem-se que temos (todos os barcos sao obrigados a ter) um IPURB (nao sei se e' assim que se escreve) a bordo que basicamente 'e um emissor que em caso de irmos 'a agua ou ser ativado manda um sinal constante, via satelite com todos os dados do barco, tripulacao, localizacao, etc, para o servico de primeiros socorros e logo vira alguem em nossa busca.

Adiamos um pouco a partida pois parece que ha um baixa pressao no pacifico norte e, apesar de o barco a aguentar e nos provavelmente tb, nao ha necessidade. Partiremos assim que ouver uma boa aberta.


Hanalei Bay, 25 de Junho, 2002

Vou agora para uma caminhada na explendida Na Pali Coast - igualado por mtos a trkings no Nepal e Peru... a ver.

Aprendi meditacao transcendental - e' engracado e curioso - nao tem ligacoes releciosas e e' resumidamente apenas uma tecnica para repousar e libertar stress e energias negativas levando-te a um nivel de repouso bastante mais profundo que uma noite bem dormida... sao apenas 20 min de manha e 20 'a tarde. confesso que nao tenho feito tudo certinho com as coisas do barco e etc's mas espero conseguir pelo menos durante uns 3 meses para ver alguns resultados ou nao. Ha imensos estudos feitos nos EUA sobre TM e estou seguro que encontraras algo na net - Tanscendental Meditation.

Entretanto aqui no Kauai fui a este templo Hindu - que o meu professor de TM me falou qdo ainda estava na Big Islang - que tem um cristal enorme.

Vou mandar um pacote com o meu 'antigo' saco cama mais o guia do Mexico e mais nao sei o que.
Comprei o saco-cama. Parece excelente e vou usar-lo hoje pela primeira vez (provavelmente vou dormir com ele todo aberto pois aqui e' quente e o saco cama e quentissimo: -7graus celcius!!! da North 'Facade'. Comprei tb um Camel Bag - e um saco para a agua que metes na mochila, com uma palhinha sai da mochila e vai sempre no teu ombro tipo reminder - bebe agua bebe agua - e' excelente, ja devia ter comprado 'a mais tempo. comprei tb as calcas - excelente porreiras e confortaveis (finalmente ja tenho umas calcas com aspecto minimamente decente ate para ir pra night... vamos ver por qto tempo) e por ultimo uma pequena lanterna da PETZL - Zipka. baixo consumo de energia, sistema LED e lentes mutaveis com filtro vermelho para poder ler e escrever 'a noite, durante a passagem, sem ficar encadeado e ter que esperar 10min ate que os meus olhos se abituem novemente (12min foi o tempo aprox. mais baixo que contamos de um cargueiro, desde que aparece no horizonte ate passar por nos...). E prontos, ja chega.

parte III - ENTRE O ALASKA E O CANADÁ

Victoria, 19 de Julho, 2002

Chegamos a bom porto! Antes-antes-de-ontem, pelas 18:30, apos 18 dias de passagem, atracamos no "Inner Harbour" em Victoria, B.C., Canada.

Partimos de Hanalei Bay, Kauai, dia 27 a meio da  tarde, com destino a Sitka, Alaska. Velejamos lindamente ate quase meio do caminho qdo fomos apanhados pela unica tempestade que se formou no pacifico norte - ondulacao de 10 a 12 pes, ventos de 35 a 40 knot, com rajadas de 50 knot.

Nada de grave mas ate este veleiro parecia pequenino. Para animar as ostes, parece que as ondas, que entraram no cocpit, molharam o EPIRB (um pequeno aparelhometro de seguranca que em caso de naufragio auto-activa-se enviando via satellite, todas as informacoes necessarias para a guarda costeira iniciar buscas), que se activou se saber-mos. 5 horas mais tarde 1 aviao vindo do Alaska e 1 'cutter' vindo de Honolulu, aproximam-se. Qdo ouvimos comunicacoes entre eles (no meio do oceano) aproveitamos para dizer ola e saber algumas previsoes metreologicas - apos breve pausa respondem - "Sailing vessel Rosalie Clare, can you check your EPIRB, please!!!" Upps... Percebemos entao que andavam a nossa procura. O aviao veio propositadamente em nossa busca e o cutter desviou a sua rota para o Alaska.

Apos longa conversa o aviao voltou e o cutter veio fazer-nos uma visita. A 1000 milhas nauticas de terra temos um encontro com a Guarda Costeira!
Moral da historia - passou-se o EPIRB para um lugar seco e aprendemos (the hard way) que o aparelhometro funciona mesmo. Claro que ainda estou para saber se algumas contas seram apresentadas aos Delaney mas tudo indica que nao. O engracado foi os folanos da guarda costeira, todos com ar xpto, no nosso barco, comecarem com grandes enjoos... eh eh.

De resto correu todos bem. Um 'haliard' partiu, os 'shrouds' sairam do 'spreder', subi duas vezes ao mastro principal, um pequeno rasgam numa das velas, enfim, nada de anormal.

Entretanto os Delaney fazem um saldo da coisa e resolvem que ir ate Sitka, Alaska para depois comecarem a viagem de regresso a casa, comecava a apertar para a escola dos putos. Resolvemos então o novo destino (apesar de mais dois dias de distancia) - Victoria, Canada. E pois entao que aqui estou!

Cidade pequena, simpatica, bonita e confortavel. Mtas bicicletas, alguns edificios antigos bem bonitos, mtos jovens e vida cultural. Um belo porto, que e o coracao da cidade, com agitacao constante durante todo o dia entre barcos de recreio, ferries para os EUA, barcos de pesca, mini-ferries que nos levam de um canto ao outro do  porto e mtos hidro-avioes que nunca param de levantar e aterrar. E nos', atracados numa doca bem no centro de toda esta emocao.

Hoje fomos ao Royal British Columbia Museum. Tem uma seccao de historia natural, uma excelente coleccao e historia dos indigenas desta zona e mais umas coisas q nao tive tempo de ver pois tinhamos seccao de IMAX - um filme sobre a estacao especial. Excelente.

Invertiguei trabalho mas parece nao haver grandes possibilidades como tal Sabado partirei com destino ao Alaska. Autocarro, barco e barco. Devo chegar a Sitka na 2a-feira... alias, novas infos - talvez chegue na 5a-feira...

Uau, ja tenho um site na net e tudo, eh eh.


Petersburg, Alaska, 27 de Julho, 2002

Estou em Petersburg, Alaska. Fica na ilha de ... cerca de 5hs de ferrie a sul de Juneu. Uma terriolita de pescadores com ... habitantes, rodeada de mtas arvores, tudo verdejante e bem irrigado (chuva qse constante) varios montes que, segundo consta dao uma vista gloriosa dos arrebaldes, e alguns picos cobertos de neve. Pessoas mto simpaticas e domina uma calma permanente. Foi fundada por Noruegueses em 18...

Cheguei antes de ontem 'as 5h30 a.m. e ja comecei a busca de trabalho. Para ja pouca sorte - as 'canaries' estao todas cheias e com pouco movimento e os barcos de pesca idem. Estes 2 seriam os pratos fortes, o primeiro pelas mtas horas extra que se faz ($6.50USD/h e cada hora extraordianaria e' paga como hora e meia. Chegasse a fazer, qdo vem mto peixe, 14 horas diarias... e depois ainda dao mais uns premios ja nao sei bem porque) e por 'oferecerem' cama e comida ($15/dia descontados do salario q seram devolvidos se se ficar ate ao fim da temporada - 5 de Setembro).

Deixei contudo o formulario preenchido e voltarei na 2a-feira para ver como estao as coisas. Nos barcos por nao pedirem nada destas merdas e ser geralmente bem pago (10% da receita) se se tiver sorte com a embarcacao e capitao. Segundo as estatisticas e os lugares para onde vao pescar, nao e' nada perigoso, tudo por estes 'inlands' e nada de alto mar, estando-se normalmente 2 ou 3 dias no 'mar' e 2 dias em terra.

Ja comeco 'a procura de alternativas. Para a outra semana Eli, guia de caca, vai precisar de ajudante para carregar material e limpar os animais. $100USD/dia, 7 dias. Nao era mau. (Andre, o cacador...). Estou acampado num pequeno parque de rolotes com uma mini area para tendas, 3 a contar comigo (ah sim pq tenho uma tenda nova que os Delaney me deram!) a mais barata que havia no Walmart,  um iglo, espacoso que por enquanto ainda nao meteu agua).

Assim que voltar vou limpar os duches/casa de banho/ lavandaria (tudo isto numa divisao mto pequena e a limpesa nao sera' mta), a troco de 2 noites.

Ontem comemos um jantar que foi um festim - enquanto procurava trabalho nas docas ofereceram-me um sacao de camarao acabado de pescar (sobras pois nao tinham suficiente para vender 'a 'canarie'), que cozemos com alho e Vince, o meu visinho de acampamento, arranjou umas belas barrigas de salmao (a parte da barbatana de baixo na barriga do salmao, que eles deitam fora...), tudo acompanhado por um belo arroz aproveitando a agua do camarao e um par de cenoras... hum hum.


Petersburg, 5 de Agosto, 2002

Hoje de manha falei com o arquitecto Garyali, em Victoria, e parece que QUEREM QUE VA TRABALHAR PARA ELES!
- "Yes, you can start working on the models and if you want, in your own time, you can learn to work with the computers and well have alot more work for you"!

$10canadian dollars/hora (nao e mto no padroes deles, mas e' bom); 7.5hs/dia (nos dias normais claro...); 5 dias por semana... e num sitio bem bonito com malta jovem, imensos trails e coisas proximo.... :))))) a ver qto custa o sitio para ficar...

Fiquei de ligar no fim da proxima semana (qdo chega o 3 arquitecto que esta de ferias) para acertarem o querem que eu faca e qdo me querem la! Bom, claro que nunca se sabe com estas coisas e so ficarei realmente radioso qdo disserem
- ok, venha, comecamos dia tal - e chegar la e comecar!

Era excelente, nao so em termos de curriculum e experiencia proficional mas tb o ter um sitio para poisar por uns tempos, sem ter que fazer e desfazer malas, ter um sitio para cosinhar com as minhas especiarias e frigorifico para guardar restos... enfim, ja estou divagando, mas isto de nao ter poiso fixo, as vezes tb cansa.
A ver.

Por agora continuo a fazer biscates, aqui em Petersburg, e tentando a minha sorte nos barcos pesqueiros. Amanha e' dia de virem descarregar (alias comeca pela madrugada) e de ir ver se ouve alguma desistencia, despedimento ou azar. La estarei.

Qto as Enlatadoras tb ja sao historia: Cheguei la uma manha e a menina disse-me - "your hired!!... Ok, just fill in this forms, so that we can go get your gear and stuff and you just need to show drivers licence and social security card".... oopps - mostrei o meu cartao de contribuinte Portugues e fiz-me de inocente - "o que, este nao da'???" Enfim, la se foram as enlatadoras.


Petersburg, 18 de Agosto, 2002

Agora ja esta confirmado!!! Dia 3 de Setembro comeco a trabalhar.  So falta conseguir entrar no Canada...


Petersburg, 19 de Agosto, 2002


Escrevo em casa de uma amiga, Donna, enfermeira, de Chefield, Inglaterra, trabalha aqui a titulo permanente, desde Maio.
Ontem fiz anos! pois e' 26!!!!!!! onde ja vao os tempos de jov' incon'ciente (agora e so incon'ciente).

Comecei a celebrar, aqui, no dia 16 as 15h20, pois foi nesse instante, 'a 26 anos, que vim ao mundo. Contudo estava em pleno trabalho, entre encher prateleiras de pao e empilhar paletes e outras coisas, entao nao me pude manifestar mto. Contudo um belo jantar com um casal (amigos intimos agora), nativos de Petersburg, Eli e Tara, conpensou tremendamente.

No dia seguinte, ontem, dia 17, comecei as 4h30!!! com fotos do amanhecer entre as ilhas e o estreito, um passeio de bicicleta, uma caminhada pelo trail das 3 lagoas, com remadas de barco numa das lagoas, uma boleia para voltar a cidade, telefonema para casa (ao mesmo tempo eu aqui, no Alaska, o meu Pai no Algarve, o Xandi no Andancas, perto de Viseu, a Avo Ligia em Oeiras e a conversa a ser gravada pelo gravador de mensagens da minha Mae sabe-se la onde... estas tecnologias) para receber os parabens, um 'pot lock' (um piquenique onde cada um traz algo de comida) num parque de merendas com hotdogs e marshmellows na fugueira e tudo e ao fim do dia um filme (em casa da Donna) e depois musica e conversa ate as tantas.

Escusado sera dizer que foi do caracas esta manha de trabalho!
Entre o 'pot luck' e o filme fiquei um pouco sozinho a passear no parque e a pensar nos meus amigos e aniversarios ai, na terra natal. Acho que este e' o primeiro que passo sem ter ninguem conhecido proximo.

Foi simples, simpatico e bem regado de actividades... e aprendi, com o Larry, a arte de bem assar os marshemelows. E acreditem que fiquei um 'as.

Os tres dias que passaram (antes do meu aniversario) mais hoje e amanha, estou a a trabalhar num supermercado. Reabastesso prateleiras, guio o empilhador, faco entregas e re-organizo stock. E interessante, monotono e enfadolho mas contudo e curioso saber como funciona um supermercado - aquela coisa que a gente usa quase todos os dias ou semanas.

3a ou 4a piro-me! Vou ver mais uma cidade Alaskiana e depois comeco a encaminhar-me para Victoria, Canada.


Sitka, 23 de Agosto, 2002

Continuo contudo com o desejo de dar a 'volta' ao mundo. nao necessita de ser uma volta completa mas uma boa volta. Espero poder continuar por estas andancas por mais uns tempos. ainda nao sei bem o que busco mas sinto que e' algo ... algo forte e que os veus se comecam a levantar.

Vou mandar uns rolos de slides de volta, recentes para obter criticas do paizao qto a fotografar em nevoeiro e nublado.  Tenho fotografado com +0.7, +1 qdo esta mto nevoeiro e +0.3 qdo esta pouco mas acho que a maioria tem sido a +0.7 (no meio e' que esta  a virtude) tirei apontamentos do primeiro rolo nestas condicoes para depois comparar-mos.

Escrevo do Hostal. Hoje pelas 21hs locais parto no ferrie... confesso que estou a ficar nervosso e sentir uma formiginha no estomago... penso que se deve ao forte desejo de conseguir entrar. Terei dia e meio de ferrie para relaxar, descancar, meditar. Estou seguro que tudo correra bem. Darei mais noticias dia 25 pelas 16horas ai. se nao o fizer e' pq nao consegui e tive que voltar para o ferrie e ir ate Ketchican e acho que so conseguirei falar convosco no dia seguinte.

Se me  negarem a entrada, tentar explicar a situacao. Essa de pedir para falar com o chefe podera ser boa, expecialmente visto se nao me deixarem entrar ter que voltar para traz e, como tal posso experiemntar tudo.

Energias possitivas e seguro que correra' tudo bem. das ultimas vezes nem um comentario acerca do prazo de validade d meu passaporte ... por que e' que haveria de haver um agora. so tenho pena nao ter nenhum papel do consulado de Vancouver pois isso poderia ajudar a' minha argumentacao para tentar a entrada mas nao me parece.... ou nao notam ou estou...
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