CONGRESSO

 

Sobre o movimento associativo e a sua função social, e a juventude nas associações e as actividades de cultura e recreio.

 

Uma associação forma-se por decisão voluntária de pessoas com ideias, objectivos ou preocupações comuns, para lhes conjugar esforços e procurar servi-Ias e activá-Ias no sentido dos objectivos que lhes satisfaçam as necessidades em determinados campos de acção que as unem.

Os Estatutos fixam os grandes objectivos, enquanto os Regulamentos assinalam regras de comportamento dos associados entre si e de gestão para melhor se atingirem aqueles objectivos.

Toda a gestão é finalmente orientada para a organização de actividades que conduzem à satisfação das necessidades expressas pelos associados desde a fundação da associação, diversificadas em seguida e ampliadas à medida que os anos passam, a sociedade evolui e com ela as mentalidades, as técnicas, os meios e a cultura.

 

É neste equilíbrio entre as necessidades e a evolução da sociedade que se situa o terreno da animação sociocultural. Não havendo essa correlação necessidade-evolução, há desequilíbrio e, fatalmente, distanciamento entre os associados e os gestores da associação. A simples manutenção das actividades tradicionais, rotineiras na sua forma e nas datas e tempos em que se realizam, só é seguida pelos elementos mais conservadores da massa associativa, regra geral os mais idosos (que sempre se reviram naquelas acções), e faz com que a juventude, os mais novos, procurem fora da associação as actividades para a sua idade, o seu físico, a sua identificação com novas técnicas, novos desportos, novas mentalidades, novos recursos, que vão surgindo na sociedade. De fora da associação, as suas novas necessidades vão procurar satisfação em associações informais ou em grupos ou em associações juvenis.

 

A necessidade da adaptação das associações aos novos tempos é, pois, evidente. E passa por um trabalho de animação que alie os fins tradicionais da associação (inscritos nos estatutos) às necessidades que os novos tempos criam. Que nasçam novas actividades a partir da análise social dos associados e que elas utilizem os inúmeros instrumentos culturais, desportivos e recreativos que hoje existem e conduzem à elevação social dos associados.

Através de acções culturais (e cultura é a soma das práticas desportivas, recreativas e culturais), as novas necessidades sociais são levadas a exprimirem-se pela voz dos associados. Esta acção sociocultural liberta o associado, habitua-o a exprimir livremente os seus desejos, a querer participar no desenvolvimento de acções que o satisfazem.

 

Esta animação sociocultural levará assim a associação a novas práticas, sugeri das ou lançadas pelos próprios associados, em que participam interessadamente. Responsabilizados pela própria execução, fazem aprendizagem de gestores de actividades, de secções ou departamentos de associações dedicados a essas actividades, preparam-se para aceitarem responsabilidades mais vastas, em futuros Corpos Sociais da associação.

 

Mas a animação sociocultural não é apenas dirigi da às camadas mais jovens dos associados. Os de meia-idade e os idosos (estes, cada vez mais numerosos na sociedade ) continuam associados. Necessitam de actividade, de satisfazer, também eles, novas necessidades, surgi das precisamente com o avançar na idade. Têm de ser também eles analisados socialmente; tem de se lhes consagrar instrumentos culturais que, tal como aos mais novos, os elevem social e culturalmente e os levem a enfrentar, dentro da associação e fora da associação, os desafios desta veloz transformação da sociedade a que assistimos - mas de que não devemos ( os mais novos, como os mais idosos) ser apenas assistentes, mas participantes.

 

A animação sociocultural assim praticada em relação à totalidade dos associados (sem esquecer especificidades das mulheres, dos deficientes, dos sócios de etnias diferentes, etc.) leva fatalmente à saída dos muros da associação para a participação na própria comunidade envolvente.

 

Ao nível do bairro, da freguesia, da vila ou cidade vamos encontrar, da parte de outras associações, actividades socioculturais idênticas ou complementares das que na nossa associação vão sendo criadas. Isto permite actividades mais largas, mais participadas, quando executadas em conjunto, numa mesma modalidade ou entre modalidades, que se aproximem de uma mesma finalidade.

Mas vamos encontrar também, por parte dos eleitos das Juntas de Freguesia e das Câmaras Municipais, a vontade de corresponder, ao nível autárquico, às necessidades socioculturais da população. Os autarcas, que desejam a elevação do nível cultural e desportivo dos munícipes, do seu bem-estar e progresso social, são parceiros privilegiados do desenvolvimento sociocultural que a animação provoca nas associações.

 

 É do interesse das associações a sua ligação, livre e independente, às autarquias, no desenho das acções que completem aquelas com que vão inovando dentro das, associações. E do interesse da autarquias ouvir as associações, perscrutar o sentido em que se dirigem as necessidades socioculturais das suas acções, de forma a traçarem planos de acção que as apoiem, nesse esforço de fidelidade aos seus princípios constituídos e de modernidades dos recursos para os atingir plenamente. Desta conjugação associação/autarquia nasce um campo mais vasto de acções que precisam de outros recursos financeiros e humanos para levar por diante actividades socioculturais que vêm do passado ou nascem dos novos tempos e que a todos afligem: o alcoolismo, a droga, a sida, o analfabetismo, a iliteracia, o racismo, etc. .

 

Parece, assim, necessário e útil caminhar-se para as associações de associações (concelhias, por exemplo ), para o estabelecimento nas autarquias de conselhos consultivos das associações., com elementos por estas eleitos. Sem esquecer que todas as colaborações implicam meios e ambiente de compreensão, o que seria facilitado pela existência, nas autarquias, de gabinetes de apoio ao associativismo.

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