Quinta 26 de Outubro
O silêncio é de ouro!
Como agora sou leitor de O Dia (único jornal do Rio de Janeiro - e um dos poucos no país -, a manter uma postura séria e independente na questão das eleições presidenciais no Brasil) hoje dei de cara com um nefasto, mal-intencionado e pouco educativo artigo do "Chanceler" da Universidade Estácio de Sá e político tucano, falido, de baixa plumagem. Artur da Távola. Sua coluna, como sempre, sai no caderno de televisão, pois foi a vida toda (com méritos até) um comentarista de novelas. Provavelmente ninguém conhece tanto a obra de Janete Clair quanto este tucano abatido. No entanto, ainda que a propósito de pura ilustração (para olhares menos atentos, é claro) Escreveu uma defesa do parlamentarismo, intitulada: A Tragédia do Presidencialismo. Vamos à vaca fria:

Desconstruindo a esparrela:

De forma aparentemente muito didática (mas profundamente enganadora) da Távola traça um breve resumo das idéias da filosofia política clássica, da Grécia antiga até hoje, e fala sobre os sofismas, argumentos que parecem, mas não são verdadeiros. Cita Górgias e até uma fala (começa aqui a bobagem) de Platão: "diz Sócrates por si e também interpretando Platão(*): "Não é necessário, para ele (Górgias), conhecer o que é realmente justo, ele se basta com falar o que parece justo à multidão"" Isso aí, ótima definição do sofisma (ou retórica vazia)! Platão era realmente muito bom :P. Pois bem, o primeiro parágrafo até poderia ter terminado bem, não fosse pelo asterísco vermelho (*) quase gritando que você viu acima: "Diz Sócrates por si e também Interpretando Platão"?!?!?!?!?! Pirou da batatinha?!?!?1 Meu caro Artur da Mesa Manca, Sócrates morreu sem deixar uma linha escrita. Tudo que temos foi escrito por outros, principalmente, mas não só, os diálogos de Platão. Portanto, o que pode acontecer é Platão interpretar Sócrates e nunca, nunca mesmo, Sócrates "dizer por si". É uma coisa sem sentido. Mas tá limpo, pessoal da Estácio a gente dá um desconto! (ou foi descaso com o público na hora de escrever, "esse pessoal não sabe de nada mesmo... Tanto faz a ordem dos fatores")

Segundo parágrafo: "Passaram-se milênios e nada mudou" A poeira cósmica que um dia formou os corpos de Sócrates e Platão deve ter vibrado pelo universo afora. Sócrates e Platão foram grande filósofos de uma corrente diferente daquela do "o ser é e o não ser não é" Na verdade foram os grandes expoentes iniciais da dialética, estavam mais para o lado de quem diz "o homem não entra no mesmo rio duas vezes". Após o fim da antiguidade grega, da queda do império romano, das cruzadas, do Iluminismo, das grandes navegações, da era das colônias, da guerra da Indochina e da redemocratização no brasil, tá tudo na mesma! De cara ele desrespeita a máxima maior da filosofia que nascia com Sócrates e Platão. Esse anacronismo enviesado (que nos foi imputado pelo preâmbulo erudito - ou erodido, sei lá...) tem o objetivo de dizer que tudo hoje em dia na discussão política é sofisma e que, sem mais nem menos, e sem apresentar razão concreta nenhuma que o corrobore, isso é culpa do presidencialismo! Nossa! Essa foi a relação de causa e efeito (elemento básico da filosofia) mais óbvia do mundo. Mesmo não existindo presidencialismo na época de Sócrates e Platão eu vejo como uma falha que eles não tenham apontado isso (não fazem jus às suas famas!). Oras, é insofismável: Se tudo é sofisma por causa do presidencialismo, então tudo é verdadeiro no parlamentarismo! Faz-me rir! Se ele me mostrar uma eleição parlamentarista dos últimos 100 anos em toda a Europa e Asia onde não tenha existido exatamente o mesmo tipo de reclamação ("- os políticos só enrolam!"), eu dou um tiro no pé! Isso é uma mentira, pura e simples, de um inculto metido a erudito que ouviu o galo cantar não sabe onde e já está dizendo as horas...

Bem, após expor suas premissas, às quais chegou com muito enrolar e pouco explicar, Artur se diz cansado de pregar no deserto a tragédia do brasil causada pelo presidencialismo. Também diz que é pelos sofismas que o povo é iludido (iludido porque vota em Lula, porque se votasse no tucano não era, né? Sei...). Por fim, diz que os políticos falam "o que o auditório quer ouvir. sofismas, pois." Outra vez a relação de causa e efeito nula e mentirosa. Falar o que a platéia quer ouvir, nem sempre é falar mentira, nem mesmo, contornar a verdade. Pra dizer que uma coisa leva a outra diretamente teríamos que analisar cada coisa que se diz "na frente do auditório" pra ver quais são sofismas e quais não. Apontar uma relação direta entre um e outro, como ele faz, É UM SOFISMA EM SI MESMO. Enfim, o artigo é uma ofensa à inteligência de qualquer um que tenha sequer lido "O Mundo de Sofia". Se já leu mais, então é a morte!

Mas a coisa piora, podem crer que piora muito. não dá pra enumerar todos os despautérios, mas vou colocar o máximo possível:

1) No presidencialismo, ainda mais com os vetos, medidas provisórias e quorum alto para derubar os vetos, o presidente se torna o chefe de uma ditadura legal.

Que grande e perigosa mentira, que joguinho desonesto de palavras. Os quoruns, medidas arbitrárias/próvisórias do presidente (ou de um primeiro ministro), assim como os vetos, podem ser iguais ou até piores num regime parlamentarista. Tais coisas não tem relação com a forma de governo em si, aliás, tem se visto é que o congresso conseguiu limitar muito as medidas provisórias do presidente e a cada ano se avança mais em deixar os caminhos mais democráticos. O argumento é simplesmente bobo, fraco. Não leva em consideração nenhuma a capacidade de desenvolvimento (aliás cada vez mais vivo e vibrante) das instituições democráticas brasileiras. Deve ser porque não foi reeleito, agora tá de mau! :P Aliás, ele se desdiz no parágrafo seguinte:

2) No presidencialismo apenas uma pessoa decide em nome de milhões. O resultado, por exemplo, é um Bush da vida, que agora enlouqueceu de vez - e não quero perder tempo com com esse assassino. O presidencialismo brasileiro ainda concentra mais poderes em uma só pessoa que o norte americano no qual se baseou.

Bem, no parlamentarismo (e mesmo no parlamento brasileiro) alguns também ficam com o poder de voto de milhões. cada vez que uma comissão de quatro ou cinco deputados (ou um colégio de líderes) aprova uma medida sem precisar ir ao plenário você está delegando demais para pouca gente. Algumas comissões do parlamentarismo se dão assim. Duas ou três cabeças do parlamento decididas pelo primeiro ministro (ou pela coalizão/conchavo) podem ser responsáveis (baseadas em dados secretos que não podem ser vistos por todos os deputados) por declarar guerra ou não. aliás, o parlamentarismo da Inglaterra está acompanhando o assassino preisidencialista bush em cada centímetro do caminho: "every breath you take, every move you make, I'll be..." :P Quem deu esse poder ilimitado a Blair? O parlamentarismo, oras. E tem mais, os governos mais sanguinários e loucos do século 20 eram parlamentaristas: A Alemanha de Hitler, A Itália de Mussolini, O Império do Sol Nascente (formadores do Eixo), além da mão de ferro dos Parlamentos Inglês e Francês sobre suas colônias na Índia, China, Indochina, Vietnã, Cambodja, Argélia, Nigéria, Marrocos, Suriname, etc. etc. etc. que fazem de Bush um diletante iniciante. Nesse ponto ele ainda admite que o presidencialismo aqui é mais poderoso que nos EUA. Ora, então o presidencialismo pode ser mais bem equilibrado e controlado? É só uma questão de amadurecimento das instituições democráticas. Quem diria...

Agora o terceiro e mais grave ponto, a barbárie ideológica e mal intencionada (ou quem sabe, simplesmente fruto da burrice deste Sr. da Távola)

3) A maioria dos países sérios e estáveis do mundo é parlamentarista, seja com um Rei como Poder Moderador, Seja com presidente eleito. Mas o chefe de governo é o primeiro ministro. este governa, enquanto tem maioria no congresso. e o rei ou presidente, conforme a situação, possui, entre outros, o poder de dissolver o congresso, sempre que haja uma crise insolúvel (como a que vive o Brasil no momento). Ou se o congresso merece o repúdio da população ou é palco de escândalos, casos em que é dissolvido e novas eleições são imediatamente marcadas para dois meses depois. Ou quando haja um voto de desconfiança no primeiro ministro que, então, perde o cargo. No parlamentarismo, a atual crise brasileira estaria resolvida há mais de um ano. (Gente! é muita vontade de dar golpe em Lula!)

Bem, pra começar a resposta a esses devaneios, vou me valer (só de começo) de um pedaço da entrevista do professor Wanderley Guilherme dos Santos (esse sim, acadêmico de verdade de uma universidade de verdade) na revista Caros Amigos dessa semana. Wanderley é professor aposentado de Teoria Política da UFRJ, onde tive o privilégio de ser seu orientando de Iniciação Científica com bolsa do CNPq, foi laureado como um dos cinco maiores Cientistas Políticos da América Latina pela Universidade Aberta do México, é criador e gestor do Laboratório de Estudos Experimentais (LEEX) na Pós Graduação da Universidade Cândido Mendes de onde é também Pró-Reitor da área de Humanidades. Nada a ver com a posição decorativa de Artur. Wanderley é, de longe, o maior entendido em sistemas políticos e eleitorais do mundo.

"No nosso sistema, no fundo o presidente recebe um mandato de oito anos, mas no meio tem de pedir licensa pra continuar. Acho isso sábio. Qual o problema do parlamentarismo em que se diz que a qualquer momento pode se dissolver o parlamento?"
"O problema é que isso raramente acontece. Os primeiros-ministros só fazem isso quando tem segurança de que vão ser reeleitos, por que senão eles não convocam [as eleições]. Eu fui pegar lá na Grã-Bretanha o período Tactcher. Em todos os seus anos (quase décadas) de mandato. quando perguntavam ao cidadão "está satisfeito com o governo?" A maioria respondia que não e ela não estava nem aí. Só quando ela perdeu o poder dentro do Partido Conservador teve de convocar eleições fora do prazo." (entrevista à Caros Amigos dessa semana).

Portanto, o que o parlamentarismo faz é afastar ainda mais as instâncias de decisão do eleitor. O intermediário, o Partido, tem todo o poder de se manter nos cargos, ainda que a população não os queira, sem precisar passar por uma eleição periódica (e o poder moderador quase nunca tem poder, como a rainha da Inglaterra). Basta que o partido esteja coeso e tenha maioria que o resto fica a ver navios. Imagine o PT ou o PSDB pagando mensalão indefinidamente, portanto mantendo uma base de apoio ad eternum e sem precisar passar por novas eleições. Só se o dinehiro do mensalão começar a falhar é que se perderia o poder dentro da base de apoio e, por conseguinte, chamariam novas eleições, mas até aí, já se haveriam passado 15, 20 anos!

E o mais importante é que, envolvido nesse engodo de falsa erudição e "aparências de verdade", ele tenta camuflar uma idéia horrível e mentirosa, que visa enfraquecer a capacidade do brasileiro de dar crédito e mesmo de exigir mais de suas instituições: a idéia de que o Brasil passa por uma crise "insolúvel" (que só seria resolvida com o parlamentarismo). Que grande desonestidade, que grande volúpia em desacreditar as instituições democráticas brasileiras tem o Sr. da Távola! Puxa, durante dois anos tivemos sobre nossas cabeças um bombardeio diário (via Rede Globo e jornais do mesmo grupo ou do Grupo Estado e Folha, além do semanal bombardeio da revista Veja) contra o governo, dos quais só tínhamos defesa a partir de análises acadêmicas e de blogs jornalísticos na Internet (sem patrão/empresário da mídia). Durante este tempo:
1) o governo não parou, (nem o Estado e sua burocracia autônoma),
2) a economia não desabou (pelo contrário, foram criados mais de 3 milhões de empregos nesses dois anos e a economia cresceu quase 5% no mesmo período. Tudo isso com seguidas altas na bolsa e constante queda de juros, fora a diminuição record do risco-país).
3) Diante dos "escândalos" de corrupção, não só o congresso continuou a funcionar como também ajudou a investigar, desmascarando muito mais do que o governo atual, também o governo passado e a própria estrutura de compra de votos do parlamento (logo ele, onde Artur quer depositar toda a fé democrática).
4) O Ministério Público, as justiças e a Polícia Federal tiveram todo o poder para investigar e prender quem quiseram e precisaram. Sinal claro de que as instituições e a independência delas melhorou muito nos últimos anos que, para Artur, são "crise insolúvel". (Durante o governo FHC, seu Presidente do BC, Xico Lopes foi preso pela Federal com uma montanha de dinheiro ganho com a venda de informações sigilosas. FHC estava na França e, de lá mesmo, demitiu o diretor da PF)
5) Realizamos eleições de âmbito nacional para deputados estaduais, governadores, deputados federais, senadores, e Presidente da República (em dois turnos com muitos debates e informações para todos!) E fomos bem sucedidos na sua realização pacífica e apuração rápida! As crises tem sido muito bem digeridas e gerenciadas pela sociedade e pelas instituições existentes. Exemplarmente, diria eu.

Que crise insolúvel é essa que o Sr. Artur da Távola tanto vê? A crise que enfrenta seu partido, que, - ainda que aliado a todos os grandes conglomerados da mídia, que faziam o discurso do seu candidato na véspera pra ele requentar no dia seguinte -, não conseguiu desbancar o presidente atual? É isso? Só pode ser, pois uma visão mais séria das coisas como a exposta nesse texto mostra uma sociedade vibrante e um sistema político em pleno vigor democrático e de funcionamento. Claro, tudo sempre pode ser melho, e demonstramos que, se ainda não são, o caminho já começou a ser trilhado com animação e firmeza. É melhor as crises serem resolvidas nas urnas em épocas pré definidas, bem diferente da estabilidade parlamentarista que ajudou a construir o terceiro Reich ao longo dos anos. O Sr. da Távola quer é deixar os negócios para os intermediários (partidos) e tirar os eleitores do processo o máximo possível.

Houve um tempo em que Artur silenciou. Silenciou sobre o tiro que acabou com a vida de uma estudante dentro da "Universidade" da qual era "Chanceler", (silenciou diante do tratamento dispensado pela instituição à família e à estudante ferida e para sempre entrevada, diante da segurança de seus estudantes/pagantes, diante da defesa da verdade dos fatos para a sociedade, com quem ele deveria ser o "oficial de ligação" da Estácio de Sá). Mal sabíamos que seu silêncio era um prêmio. Quando o simples fato de o seu candidato não ter chance de ser eleito se transforma em "crise insolúvel", você é um golpista.

 

Segunda 23 de Outubro
Ótimo vídeo, muito bem feito e, principalmente, com argumento muito bem escrito. Saia da dominação da Midiatrix!.

 

Terça 17 de outubro
Parei de comilança!!!
Algumas pessoas parecem ter perdido a cabeça. Como vocês sabem (ao menos, alguns de vocês :P), eu sou gastroplastizado, fiz a famosa cirurgia bariátrica ou ainda, a popular "redução do estômago". Pouco antes de operar descobri uma comunidade no orkut sobre o assunto, a qual frequentei por quase um ano antes de operar, e um ano depois de operado voltei com força total. Foi uma situação que se mostrou extremamente gratificante, fiz amigos incríveis e pude discutir de forma mais cotidiana os assuntos ligados à obesidade e cirurgia. Funcionou muito como um grupo de apoio, e foi lá também que conheci a mulher que amo.

Apesar desse tesouro de troca de experiências e a alegria de nossos orkontros, uma forma extremamente maliciosa (pois alegre e grupal!) de distúrbio alimentar se instalou entre nós. Saímos e curtimos nossas roupas novas, nossa nova forma, nos alegramos em sair pra comer como se fossemos normais... Não, não somos! Somos doentes de alguma espécie de compulsão do tipo alcoolismo, dependência de drogas ou anorexia e bulimia. Temos de lembrar que a metade de nós já estaria morto de diabetes, infarto, insuficiência cardíaca, AVC, etc. e a outra metade estaria a caminho, ficando cega ou amputando membros. Fomos salvos por um avanço científico que permitiu quebrar (em parte, apenas) o ciclo fisiológico de absorção de comida. Isso nos dá um novo começo, ajuda a encarar os desafios do nosso distúrbio alimentar a partir de um novo patamar de saúde e de auto estima (além de nos tirar da situação de risco iminente). Mas as causas básicas da obesidade (que em muito diferem na forma que nos afetam, por seus múltiplos fatores serem de natureza social, cultural, genética e psicilógica), estão lá em suas diferentes medidas em todos nós, intactas e agindo.

Os encontros se davam primeiro em barzinhos como na Cobal de Botafogo, ou em bares cheios de diversão como o Old West de Niterói (sinuca, arco e flecha, touro mecânico) e eventualmente em um bom restaurante. Mas de uns tempos pra cá, todo o encontro gira em torno de comida. Ela é o principal fator da noite, escolhe-se restaurantes a quilo bons e de bom preço que é pra ficar ao lado de longas filas de travessas fumegantes ou churrascarias rodízio ou mesmo festas particulares em que nós levamos a comida. Um exagero de comida! Quantidades absurdas (100 salgadinhos por pessoa!) para uma festa de pessoas normais, imagina de ex-obesos. A coisa veio num crescendo de descontrole que começou a apitar algo dentro de mim. Estou me sentindo o Peter Parker, meu sentido de aranha está gritando.

Tenho dois anos e dois meses de operado e começo a sentir que as limitações na hora da alimentação vão desaparecendo. No fim, sobra você com você mesmo, é preciso saber se enxergar com clareza e não relaxar de uma guerra contínua contra nossa própria natureza. A natureza do gordo é incrivelmente adaptada, nós somos uma engenharia complexa da evolução, somos capazes de armazenar quantidades de energia enormes a partir de um mínimo de alimento e, não sendo em tempos de catástrofe, ou seja, se não é o caso de precisar sobrar a gente pra repovoar o mundo(!), essa é nossa ruína.

Não sei se isso acontece com todos (mas devia) mas quando você começa a se deixar levar: "ah, um exagerozinho hoje, afinal eu estou tão bem... posso me dar ao prazer de vez em quando", "por que não mais um camarãozinho? Nada demais, ainda por cima é proteína", "é só quando a gente sai, amanhã estamos de volta à vaca fria" (essa eu mesmo disse várias vezes!), quando esse tipo de comportamento começa a ser frequente, ele se estende para o dia-a-dia e eu começo a me sentir em perigo comigo mesmo. Depois de cada fim de semana de "liberdade" eu me vejo em grande dificuldade de voltar ao meu prumo e o que era um apoio está se tornando um fator nocivo. Não somos normais, nunca seremos, somos adictos em recuperação eterna. Esse comportamento é um comportamento de risco.

Por isso, parei com a comilança. Muitos dizem (eu mesmo, inclusive já disse) que isso é bobagem, que a gente tem de sair e aproveitar como pessoas normais. Não é verdade, isso é uma negação que vem daquela parte da nossa mente que está sempre ali pra nos sabotar. aquela mesma parte que fez com que nossas ansiedades, frustrações e covardias se transformassem em gordura. É como se, estando colocados frente a frente com nossas angústias (dessa vez sem nossa carapaça, nossa armadura de gordura), caíssemos de volta na nossa válvula de escape primordial: a comida. Estamos sendo levados pra lá inconscientemente e maliciosamente. Nossa psique (doente) está ditando o ritmo. É claro que quando a gente sai sempre pede um petisco e toma choppe, etc. Mas eu não vou mais a programas em que a comida é a grande motivação (ainda que inconsciente). A estrela maior de nossos encontros tem de ser a gente e nosso esforço contra nosso demônio interior, não nossa entrega a ele. Por fim, quero reiterar que adoro todos que conheci, mas não vou mais continuar me colocando em perigo.

 

Lula 60% Alckmin 40% no DataFolha: A ira da Veja tem origem clara
Acabei de ler em O Informante o artigo do Jornal Valor Econõmico dando conta do porque a Veja quer tanto derrubar Lula não importando o quanto tenha de inventar, mentir, desinformar e destruir reputações. com esses números das pesquisas dando contra a manipulação de informações, a Veja vai continuar seu caminho de tentar levar o dossiê até o presidente. Então, mesmo com a Federal inocentando Freud, mesmo com a manipulação das fotos e a mentirada sobre o roubo da PF armada com o delegado e fora da lei Edmilson Bruno, a Veja tem espalhado que aí vem bomba na próxima edição. É como todas as outras vezes, Veja tenta criar o fato, a onda e empurrar um resultado para o PSDB. Tem se saído mal. Inclusive, vem sujando o nome da imprensa como um todo, mas vai continuar inventando falcatruas inexistentes. Vem chumbo grosso aí! A sorte é ter gente como Luís Nassif, Paulo Henrique Amorim e mesmo jornais conservadores como o Valor Econõmico e o Jornal do Commercio e todo o staff da Carta Capital e da Agência Carta Maior fazendo jornalismo de primeira qualidade. Fora os sempre oportunos blogs O Escriba, O Informante e o Bog do Dirceu (sim, é ele mesmo!). São oasis de informação em meio ao deserto de desonestidade e manipulação.

Na minha opinião, o que os Alckmistas não se tocaram (porque não conseguem engolir!) é que Lula não está na frente por ser uma alternativa imbatível, ele está na frente porque os tucanos não conseguiram se mostrar como alternativa melhor. Nem do ponto de vista ético, nem do ponto de vista administrativo..

 

Quarta 11 de outubro
Lula abre 12 pontos de vantagem sobre Alckmin depois do debate

LULA - 56%

ALCKMIN - 44%

A pesquisa Datafolha feita após o primeiro debate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) mostra que diminuiu o índice de eleitores que pretende votar no tucano.

Alckmin obteve 40% das intenções, contra 43% na pesquisa anterior, feita na semana logo após o primeiro turno das eleições. A vantagem de Lula sobre o adversário aumentou de sete para onze pontos percentuais.

Votos em branco ou nulos oscilaram de 3% para 4% e os eleitores indecisos foram de 4% para 5%. Considerando apenas os votos válidos, a diferença entre os dois candidatos ficou dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Lula teria 56% dos votos, doze pontos à frente do tucano, que pontuou 44%. Na pesquisa anterior Lula tinha 54% e Alckmin 46%.

O instituto perguntou aos eleitores o que eles acharam do debate de domingo entre os candidatos à Presidência na TV Bandeirantes. Dos entrevistados, 61% admite que não assistiu à transmissão e 39% viu o programa - 23% afirma que viu apenas uma parte e 16% diz que assistiu ao debate do começo ao fim.

Dos eleitores que assistiram ao debate, 43% acha que Alckmin teve a melhor performance, enquanto 41% acha que foi Lula quem se saiu melhor. Entre os entrevistados que declararam voto em Alckmin, 58% acha que ele ganhou o debate, enquanto 10% disse que Lula se saiu melhor. Já para os eleitores de Lula, 47% acha que seu candidato teve a melhor performance e 5% acha que o adversário tucano foi melhor.

http://www1.folha.uol.com.br/agora/brasil/br1110200601.htm

(só para assinantes)



Terça 10 de outubro
The Contender
Como eu disse no dia 8 (abaixo), a mídia que colocou o discurso e a atitude na boca de alckmin, já estava com seus analistas prontos pra dizer que Lula estava nervoso, destemperado e que foi acuado e por fim: "perdeu o debate". Iinclusive a capa da veja de segunda feira "O Desafiante", já estava pronta desde sábado. Foi tudo combinado, os ataques de pelanca de Alckmin, por mais que tenham sido desmontados aos poucos por Lula, foram laureados de admiração (essa era intenção, funcionasse bem ou não, o alckmin furibundo é a linha da semana na imprensa brasileira). Com referência a isso, dois bons comentários pra se ler são os do Mauro Santayana: Chumbinho de espalho na agência Carta Maior e o do blog Escriba 3.0 (me fez lembrar Caetano, que devidamente enquadrado por Moreno, jogou alckmin no lixo).

Depois de exterminada a última nação indígena
e o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
virá impávido que nem Muhammad Ali
virá que eu vi

 

Domingo 8 de outubro

Inaugura-se este espaço (de comentários sobre tudo) nesta noite logo após o debate da Bandeirantes).

Sweet Home Alabama

A mídia (ai ai...) fez um escarcéu danado com a história dos grampos no TSE. Teria razão se não fosse tudo mentira. A polícia federal lançou laudo que desmente isso, não existia escuta nenhuma! (nem sinal!) Cadê o desmentido nos jornais? E o pedido de desculpas do Dr. Marco Aurélio de Mello (aquele primo do Collor que foi nomeado por ele e sobreviveu até hoje). Cadê a desculpa pelo Watergate?! Como disse o Elio Gaspari: o Dr. é muito apaixonado pela própria voz e, digo eu: mas não está afim de ouvi-la pedindo desculpas.
Now Watergate does not bother me, does your conscience bother you, tell the truth...

 

Mídia filha da puta!

Freud, era inocente! Não, não falo da sexualidade infantil ou sobre o tabu do incesto e outras teorias. Falo do Freud do Lula. Sim, Depois de botar todo mundo em polvorosa e dizer que o assessor de Lula era armador de compra de dossiê ligado a dinheiros mal-explicados... Foi inocentado pela polícia federal e até pelo promotor que pediu sua prisão injustamente (ao contrário do Dr. Mello, esse senhor soube fazer um mea culpa). Elio Gaspari, sempre lúcido (quase sempre muito moralista, também, mas...) em artigo na Folha e no O Globo:

"Freud Godoy precisa ser explicitamente exonerado das suspeitas que o levaram a um patíbulo moral. De acordo com o atual estágio das investigações das traficâncias petistas, ele nada teve a ver com o episódio do dossiê Vedoin. Enquanto houver alguém assegurando o contrário, a injustiça e o linchamento prevalecerão sobre a lei e o direito".

Lula deveria recolocá-lo no gabinete com pompas e festas!

 

Sobre o 1o debate do 2o turno:

Chuchu chegou cheio de de si (parece até letra de John Lennon: "livin is eazy with eyes closed, misunderstanding all you see..." haja aliteração! :P) e chamando pra briga! Muito difícil a situação em que se viu Lula. Apesar do figurino não ficar bem em Alckmin, o ataque funcionou mesmo. Durante todo o governo (mesmo antes dos escândalos do mensalão) alguns órgãos da imprensa vêm construindo o cenário atual de "verdades absolutas" que Lula tem de enfrentar.

Munido das "verdades inquestionáveis" que a mídia construiu pra colocar em sua boca, Alckmin partiu para o ataque e... funcionou. Todos os ataques tinham um destino certeiro: a falsa impressão de consenso de que o governo Lula é simplesmente um governo de escândalos. Junto com algumas verdades Alckmin misturou mais algumas mentiras inventadas na hora e graças a percepção geral criada antecipadamente... colou. Tudo que Lula dizia, parecia uma fraca tentativa de desacreditar o "óbvio". Realmente é muito difícil se virar numa situação dessas, mas ele conseguiu em grande parte, mais do que eu esperava.

A partir do final do segundo bloco Lula mostrou a firmeza e a competência que se espera de quem sabe o que faz e o que fala (coisa que mesmo seus defensores andaram dando pela falta! :P). Conseguiu esvaziar bastante o discurso repetitivo de só acusar, acusar, sem ter o que mostrrar de bom em 14 anos de governo PSDBista em Sampa. E conseguiu dizer em alto e bom som o que fez de bom e colocar os governos PSDBistas em sua devida perspectiva histórica (400 anos, Chuchu é só o pau mandado da vez) de entreguismo e corrupção Pois é, levou dois blocos pra Lula conseguir se impor como presidente que faz, que investiga e que funciona por competência, também.

Apesar de a munição PSDBista ter funcionado bem, Alckmin se mostrou débil nos temas e tem um telhado de vidro enorme em questões como segurança (onde cortou custos na inteligência - deu pra desconfiar! :P. Pelo menos a gente já sabe onde ele vai cortar, já que não respondeu à pergunta dos jornalistas sobre corte de custos, só fez bravata: "vou cortar na corrupção"), Enquanto Alckmin diminuiu custos e o número de policiais nas ruas, Lula aumentou o Staff da federal com concursos que eram pedidos há muito tempo e lhes deu toda a independência pra trabalhar Outros telhados de vidro: educação, FEBEM, etc. e mesmo em corrupção (chegou a ouvir uma leve insinuada da boca sorridente de Lula sobre sonegação... quase ouvi Daslu, 500 milhões).

Em política internacional o PSDBista foi mais bravateiro ainda, enquanto Lula fez, ali mesmo, política internacional de primeira (e Alckmin quer tirar onda estadista, pfff!). Lula demonstrou a bravata (O cara quer o que? Invadir a Bolívia?!?!), falou em parceria e negociação, em justiça e compreensão, em paz e em Bush!. Lula foi tão forte nessa questão que derrubou o ministro de Evo Morales e congelou as ações do governo boliviano contra a Petrobrás. Como eu disse, aos poucos Lula desmontou as bobagens e leviandades embutidas no ataque genérico à corrupção. Agiu como estadista ali, diante de um Alckmin perdido em agressões.

Outras bobagens de Alckmin que Lula derrubou e conseguiu virar o jogo do debate: Repasse de verbas (Pergunta ao Serra!!! huahuahuahuahua); na questão da saúde, Lula perdeu a oportunidade de falar sobre o caso do Rio - governado pelo PFL -, deve ser pacto de não agressão com Cesar Maia... :P), Cartão de crédito Corporativo (porra, foi invenção de FHC!). O Alckmin tentou insinuar que havia saído dinheiro pra corrupção dali, ora, as despesas do Cartão Corporativo do governo estão disponíveis na internet, se tivesse algo errado, já se teria feito a denúncia há muuuito tempo. Insinuação que joga com a ignorância do eleitor médio é dureza de engolir, mas Lula desmontou; Sanguessugas e vampiros (sobrou pra FHC, "Cadê ele?!" huahuahuahua) etc. etc. etc. Só faltou falar do Mendonça de Barros (aquele que fez a privatyização "no limite da irresponsabilidade" e é um dos criadores do Daniel Dantas) que é um dos coordenadores da campanha, que só fala em privatização no governo Alckmin.

A demagogia maior de Alckmin, típica de bravata de botequim, bem ao estilo collor caçador de marajás, foi a história de que ia vender o avião da presidência. (como as pessoas odeiam ver Lula ser um chefe de estado importante e ter um avião para servir ao seu cargo!). segundo analises da aeronáutica o "aerolula" é um bem, uma economia. Abaixo, trecho de artigo na Folha/UOL:

"Segundo o comando da Aeronáutica, a hora de vôo do Santos Dumont custa US$ 2.100 enquanto o atual Boeing-707 presidencial, conhecido como Sucatão, custa US$ 7.300 por hora de vôo. Portanto, em 11 anos, os valores economizados equivaleriam ao preço do novo avião.

A compra também é considerada vantajosa em comparação com os gastos computados entre 1999 e 2001, em vôos fretados. A Aeronáutica afirma que os fretamentos custam aproximadamente US$ 12,04 mil por hora de vôo.
"

Como eu disse a munição foi boa, e, se fosse eu, teria feito a mesma coisa (achar que o Alckmin não deveria ter aproveitado isso é infantilidade) ele tinha a oportunidade e a munição, não usa-la seria suicídio político. No entanto, não dá pra ficar reacendendo cartucho não. Já no fim do terceiro bloco, a repetição de denúncias começou a se tornar vazia e sem ajudar na discussão dos temas. Terminou num zero a zero que foi muito ruim pra quem tinha de virar o jogo pra cima do presidente. Agora, é claro, vão dizer que Lula é que foi agressivo (ah, imprensa...), mas foi atacado e teve de se defender... fazer o que?

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