DETETIVE AL: Quem matou Salvador Mendonça? parte final

Por: Anderson Oliveira, março de 2004. Atualizado em 02/03/2005
Obs.: Devido ao extenso tamanho dessa parte, ela foi dividida em pequenos capítulos.

Ligo a televisão, no noticiário da madrugada, só um assunto não para de ser apresentado: o crime onde o deputado e empresário Salvador Mendonça foi assassinado...
— E já faz uma semana desde que se iniciaram as investigações e a polícia não apresentou nenhum parecer sobre quem matou Salvador... — Diz a repórter. — O encarregado do caso, o detetive Al de Sousa evita falar com a imprensa... — Evito mesmo. Revelar alguma prova, alguma hipótese, poderia prejudicar a investigação.
Estou sozinho em casa, mandei Luiza e as crianças pra casa da mãe dela, fora da cidade... São duas da madrugada e não consigo dormir. De tarde, após ouvir um novo depoimento, descobri que Cíntia e seu pai mentiram no depoimento anterior, assim como Natália. Ricardo e Oscar, como não disseram estar na companhia de outras pessoas, não tenho como comprovar onde estiveram na noite do crime. Pedi um mandado para investigar o local do crime, mansão de Salvador, mas, o que é engraçado é que, mesmo depois da polícia ter liberado a casa, nem Ricardo e nem Natália voltaram pra lá. Por quê?
[09:05, casa da família Barros]
— Esse detetive... ele já está me fazendo perder a paciência...
— Calma Antônio! Tudo vai ficar bem, quem não deve não teme.
— Isso é... verdade Helena... Não é mesmo Cíntia?
— Sim pai... Espero dizer o mesmo do Rick. Por que será que ele não me procurou mais...? — [Pensa] — Desde o dia daquele depoimento? Vou ligar pra ele... — [Ela liga] — Rick? Amor?
—> Cíntia? Q-que... que bom falar com você, meu anjo.<
— O que houve com você? Por que não me ligou mais?
—> Estive muito ocupado nesses dias. Como... é... Herdeiro, tenho um monte de coisas pra resolver, você sabe?<
— Entendo. Tá bom... podemos nos ver hoje?
—> H-hoje... e-eu...<
— O que está havendo Rick? Você parece nervoso!
—> É que... não posso falar agora... te ligo mais tarde. Beijo!<
[Apartamento de Ricardo, 09:08]
— Ahh... Tenho que fazer alguma coisa, se ela descobrir... E por onde andará Natália?
[Casa de Oscar, 09:09]
— Você aqui? Agora? Vá embora, minha mãe está aqui e...
— Eu só vim pra te dizer que... Não posso mais me encontrar com você, é melhor acabar com isso.
— Natália... o que isso significa? Quer acabar comigo? Com tudo o que fizemos? Não! Já fomos longe demais...!
— Não Oscar... Isso tudo nunca passou de uma... grande mentira! Estou com medo.
— Ora...! Eu não vou ficar sozinho agora... Não vou mesmo!! — [Oscar bate a porta na cara de Natália]
— Pro inferno! Esse idiota não sabe no que está metido.
Saio de casa e vejo que um batalhão de jornalistas cercou meu portão...
— Detetive, detetive! É verdade que o assassino esteve na sua casa e atacou sua família? — Pergunta um deles.
— Por que a polícia não informa o andamento das investigações? Você não tem nenhum suspeito? — Pergunta outro.
— Detetive! sabe se foi um crime passional? Político? O ataque a sua residência... foi pessoal?
— Por favor senhores...! — Tento passar entre eles e entrar no meu carro. — Não tenho autorização para informar nada. Não apareçam mais aqui, por favor! — Eles me cercam e por pouco, não tenho que usar de violência pra entrar no carro, quando entro ainda tenho dificuldade de sair sem atropelar alguns.
Pego a Marginal e vou para o distrito, ou melhor, tento ir, afinal, esse trânsito é um horror! Quando saio e estou próximo ao viaduto, no sinal, uma mulher me chama a atenção. Ela faz gestos, como se quisesse falar comigo, está desconfiada e assustada. Talvez tenha me visto na televisão e me reconheceu, sabe que sou policial, talvez precise de ajuda... Encosto o carro perto de onde ela está e espero ela se aproximar, então...
— Detetive Al?
— Sou eu... O que você...?
Eu vi quem matou Salvador Mendonça! — Até tremi quando ouvi essas palavras, na hora, me deu vontade de arrancar com o carro e nunca mais aparecer por ali. Já vi casos de colegas de profissão que se envolveram tanto com um caso que começavam a ter ilusões, na hora pensei que estava tendo uma dessas alucinações...
— Não, não brinque com uma coisas dessas! Meu trabalho é sério e...
— É verdade detetive! Eu conhecia Salvador e estava em frente ao seu portão quando vi o bandido entrar na mansão.
— Venha, vamos a delegacia pra você prestar depoimento.
— Não detetive, tenho medo! É que... não estou muito dentro da lei... — Hmm... sei qual é o caso... Viciada em drogas. — Tome, fique com esse celular, quando eu estiver pronta pra contar o que sei, ligo e marco um local para conversar. — Não dá tempo nem de responder, ela jogou o celular no meu carro e saiu correndo. A coisa deve ser grave mesmo...
Nove e trinta e sete, finalmente chego ao distrito, lá, mais um monte de repórteres, ainda bem que alguns soldados estavam na porta e facilitaram minha entrada. Vou falar com Milton, chego à sua sala e, pra minha surpresa, Cíntia está com ele. Ela está sozinha e assustada, me olhou como se eu fosse um monstro de filme de terror...
— Al, que bom que está aqui... — Milton parece tenso... — A senhorita Cíntia quer falar com você.
— Detetive... Por favor... — Ela começa a chorar. — Tire meu pai disso! Ele está passando mal, todo dia tem crises nervosas... por favor...! — Ela pede pra liberar o pai dela, não agüenta ver ele sofrer... Não sei o que pensar.
— Escute, seu pai... ele se comportou de maneira...
— O senhor não vê! Já não basta o que aquele monstro fez comigo e ainda vem acusar nós dois de um crime!! Apesar de tudo, o que me preocupa é meu pai, não a mim... mas ele, tem o coração fraco!! — Ela está desesperada, talvez por ser pobre, e nesse país, ser pobre já é um crime, ela teme que seu pai seja discriminado nas investigações... é uma atitude nobre de defender seu pai em vez dela mesma, que também é suspeita. Ela está muito nervosa, peço para darem um calmante pra ela, enquanto isso chamo Milton e...
— Quando vinha pra cá, uma mulher me chamou e disse que... sabe quem é o assassino.
— Onde ela está Al! Uma testemunha seria a peça chave da investigação.
— Ela estava assustada e, diz ter problemas com a lei e tem medo que vir aqui. Mas me deu esse celular e disse que vai ligar pra marcar um encontro.
— Al... isso não é... ortodoxo.
— Milton, agora você falou como meu avô! Brincadeiras à parte, é melhor ouvir o que ela tem a dizer, do que ficar no escuro como agora. — Nisso o celular toca. — ... Alô?!
—> Detetive? Estarei esperando na Praça Norte, ao meio-dia. Lhe contarei tudo o que sei sobre Salvador Mendonça.<— Desligou.
— Era ela? O que disse?
— Ela falou pra eu ir à Praça Norte ao meio-dia, que vai falar tudo o que sabe... Milton, quero uma escolta à paisana lá às onze e meia. Algo me diz pra não confiar totalmente nisso.

* * *

Em fim, é onze e cinqüenta e nove, estou na praça e não vejo a mulher. Os policiais disfarçados estão espalhados por toda a região. Sim... agora a vejo, ela vem em minha direção... Usando óculos escuros, um lenço preto na cabeça e um vestido azul... Muito tensa e um tanto apavorada... Será que está aqui por livre e espontânea vontade?
— Vem... vamos sentar nesse banco. — Ela me chama pra sentar num daqueles bancos onde os aposentados jogam damas, de forma que ficássemos um de frente pro outro. — Detetive, meu nome é Anete, não tenho orgulho da minha profissão então não queria falar sobre ela. Se bem, que foi através dela que conheci Salvador... — Uma prostituta! Sem dúvida...
— Então... conte o que você viu.
— Bom... conheci Salvador quando ele requisitou meus serviços, faz dois anos, desde então, ele sempre tem me chamado, pagava bem e não era dos fregueses mais estranhos que tinha... — Ela está enrolando...! — Um dia antes de... do crime, eu estava em seu escritório. Lembro que nesse dia ele me tratou pior que nos outros dias... quase me agrediu. Discutimos e trocamos ofensas... e não mais o vi desde então.
— Mas você disse que viu o assassino na casa dele...
— Sim, no dia seguinte eu fui a sua casa para cobrar o que ele me devia, pensei em ir de noite, para não ver a mulher dele. Então, não tinha mais ninguém na rua, quando faltavam uns dez metros pra chegar ao portão, eu vi a pessoa entrar na casa... não sei como passou pelo portão que é cheio de segurança... — Lembro que Salvador tinha mandado seus funcionários embora nesse dia, não foi problema entrar na casa.
— Continue... você viu quem era a pessoa?
— S-sim... — Ela olha pros lados, abaixa a cabeça, parece falar baixo com sigo mesma, talvez esteja rezando. Então, após muito vacilar... — ... O assassino de Salvador Mendonça... é... [BAMM!] — Um tiro...! Um tiro!!! Um tiro acerta Anete! Ela cai debruçada na mesa da praça...! Um tiro pelas costas!! E ela está morta!!!
Os pedestres correm e se jogam no chão. Os policiais a paisana sacam suas armas e se aproximam de mim! Eu levanto e vejo a pulsação de Anete... Não há o que fazer! Morte instantânea! Foi ele!!! Foi o assassino de Salvador!!! A única testemunha! Quando estava prestes a dizer a verdade! Deus! Isso não é possível!! O pânico toma as ruas, carros se batem e causam confusão, as pessoas gritam e choram... Fico sem ação, não posso perseguir o assassino, pois não sei de onde o tiro foi dado... Preciso me acalmar para pensar direito.
Duas horas depois, no distrito, Milton e outros colegas me dão calmantes e procuram saber o que ela disse:
— Al... isso foi... inesperado! O que ela disse de importante? O que você viu? e...
— Ela, quando ia dizer... ela foi morta! Não deu tempo de falar nada... o assassino estava nos vigiando... ele sabia dela, por isso ela estava tão nervosa!
— No caso, não podemos parar a investigação por causa disso, e sim, iniciar outra investigação pra saber de onde partiu o tiro que a matou.
— Espere Milton, quando ele entrou em minha casa, usou um pedaço de pau, e uma faca quando foi para matar Salvador, porque a arma era da vítima... Agora... o assassino tem uma arma de longo alcance, está mais equipado! Mais perigoso. — Começo a ligar os fatos, o lance da arma é um ponto crucial no caso. Ainda temos que esperar a balística pra saber qual era o calibre da arma. Mas o que mais me intriga, é como ele sabia? E se... a bala não fosse pra ela, e sim pra mim? Não me resta saída, acho que minha única resposta estará no local do crime.
[Casa da família Barros. 15:21, Antônio chega e está tenso:]
— Onde você estava Antônio? — [Pergunta Helena]
— Eu? E-eu fui no serviço dizer por que estava faltando e... fiquei sabendo de um tiroteio perto daqui...
— Sim...! Deu no noticiário faz uns minutos. Disseram que aquele detetive estava lá.
— Esse detetive... unfh... Ele quer acabar com nossa família! Onde está Cíntia?
— Estou preocupada com ela, querido. Ela saiu de manhã e ainda não voltou... Essa menina está muito perturbada.
— Sabe Helena? Às vezes, antes de dormir, eu encosto a cabeça no travesseiro e penso se fiz a coisa certa...
— “Coisa certa”? Do que você está falando?
— Nada mulher! Esqueça!
[Um carro em movimento numa rua próxima, onde Oscar é o motorista. 15:23]
— Não dá mais pra seguir com isso... — [Pensa] — Não sem dinheiro. Mas, agora que Natália acabou com tudo... não sei o que fazer. Ainda mais depois do que aconteceu... No que me meti?! — [Seu celular toca.] — Alô?
—> Oscar... É a Natália. Olha, desculpa pelo o que eu disse... Eu preciso falar com você.<
— Natália...? Tudo bem... vamos conversar. Minha mãe não estará em casa essa tarde.
Agora são três e meia da tarde, o mandado para ir à mansão já está na minha mão, mas aproveito um intervalo e ligo pra minha esposa... Justo agora que eu voltei isso acontece e põe minha família em risco... Espero que ela não resolva terminar tudo de novo por causa do meu trabalho... Tá chamando:
— Luiza?
—> Al?! Você está bem?! Eu vi no jornal, um tiro numa praça e você estava lá...<
— Calma... eu estou bem, não me aconteceu nada... E você? e as crianças?
—> Elas estão se divertindo com os primos! E eu... tô com medo... por você. Quando isso vai acabar?<
— Eu espero resolver isso ainda essa...
—> Não esse caso, mas tudo. Depois desse, sei que vai vir outro e mais outro e outro...! Isso nunca vai acabar?< — É o que eu temia. Luiza está certa, meu trabalho atrapalha nossa vida... Não quero perdê-la de novo...
— Olha... amor... Preciso desligar... Te amo.
—> Eu também te amo...<
Bom... é hora de por um fim... pelo menos nesse caso. Nem que seja a última coisa que eu faça.
— Hei Al! — É o Milton. — Me passaram um exame preliminar na moça assassinada. A necropsia ainda está em andamento, mas já localizaram a bala que ficou alojada no corpo... É um rifle. — Rifle? Um tipo de espingarda, muito comum em fazendas... Uma arma de longo alcance que não é muito difícil de se encontrar. — Agora temos que descobrir como o assassino teve acesso a um desses. Você ainda acha que foi o mesmo que...
— Só pode Milton. Essa pessoa, uma das cinco que estamos investigando, é o responsável pela morte de Salvador, de Anete e pela invasão a minha casa... Agora vou à mansão para uma última investigação. — Sabe o mar de repórteres que estava na porta do distrito quando cheguei hoje de manhã? Pois é... eles duplicaram, tudo por causa do incidente da praça, vou sair pelos fundos e tentar me livrar deles.

* * *

Três e cinqüenta, chego à mansão. Só dois seguranças estão no portão, após mostrar o mandado e minha credencial eles me deixam entrar, noto que tem um carro no estacionamento... tem alguém na casa. Os seguranças já avisaram da minha presença e... Ricardo vem me receber. Parece que ele resolveu tomar conta das coisas da família:
— Detetive Al? O que quer aqui?
— Tenho esse mandado pra uma última busca no local do crime... Espero não ser impedido...
— De forma alguma detetive... eu faço companhia. — Entramos na casa, os funcionários voltaram a trabalhar e estão dando uma boa faxina...
— Vocês... não mexeram no escritório, mexeram?
— Creio que não... nenhuma das empregadas teve coragem de entrar lá... — Enquanto ele fala, percebo uma coisa que não notei quando vim aqui antes, talvez pela agitação de pessoas no local. Pendurado numa parede no rol de entrada existe uma coleção de armas antigas... entre elas... um rifle...
— Ehh... essas armas... Seu pai colecionava?
— S-sim... sabe... homens com muito dinheiro, não tem onde gastá-lo e vive comprando coisas inúteis, nenhuma delas funciona. — Será? Ou está tentando me despistar?
— Agora me de licença... tenho que olhar o lugar... sozinho. — Abro as portas do escritório, não sei se é impressão, ou devido à faxina, mas de lá sai um forte cheiro de mofo misturado com sangue e suor. Tudo está como foi encontrado, realmente, nada foi mexido, sempre um lugar onde um crime foi feito, desperta o medo nas pessoas, isso facilita o meu trabalho.
É impossível não imaginar no que teria acontecido aqui naquela noite, não como um policial, mas como um... espectador de um filme, ou até, como um dos personagens da “história” que aconteceu. Com exceção das armas do crime, tudo está no mesmo lugar: a poltrona, a mesa de centro de frente a poltrona, a estante de livros, o livro atingido por uma bala, a escrivaninha com os papéis desarrumados, a cadeira atrás da mesa, onde Salvador não sentou nessa noite. Olho o lugar escuro e começo a lembrar de todos os fatos que já aconteceram. Lembro da primeira vez que vi Salvador na delegacia. Lembro de Cíntia traumatizada e de seu Antônio furioso. Lembro de Ricardo, também muito alterado, e Salvador como se não fosse com ele que aquelas pessoas estavam falando. Procuro na minha memória os rostos de todos os suspeitos, seus papéis na vida de Salvador e seus motivos para terem cometido tal barbaridade que é tirar a vida de outro ser humano, por mais pior que ele seja.
Aí volto no dia em que ele, ou ela, não sei, entrou em minha casa e pôs minha amada família em risco. Meu sangue ferveu nesse dia... tive certeza que era um deles, pois os tinha seguido nesse mesmo dia e, num bilhete, ele confessou que me viu segui-lo. Então busquei interrogá-los mais uma vez, para tentar descobrir a verdade... mas isso só reforçou minha dúvida, pois todos não estavam em casa na hora do crime, nem em lugar nenhum. Volto ao ponto de partida... espere, sim! Antes descobri que Oscar e Natália têm um caso, e que Ricardo e Natália também... mas isso não pode servir de base, ainda não elimina nenhum suspeito. E hoje, a única testemunha, que podia resolver tudo, foi morta na minha frente... Céus!
Sento na cadeira atrás da mesa de Salvador, reclino a cabeça e fecho os olhos, então noto que umas palavras escapam da minha boca:
— Ah... Salvador... por que você não me diz quem te matou?!! — Não acredito que disse isso. Como um morto poderia falar?! Então, como em um relâmpago, noto um risco, um risco que Salvador fez na mesa com um abridor de cartas momentos antes de cair morto. Levanto e vejo esse risco do lado em que Salvador estava... Não é um risco comum, digo, feito ao acaso, ou até sem intenção... Salvador deixou a maior pista! Estava aqui o tempo todo!!
Saio correndo pro distrito pra contar tudo ao Milton... Chego lá por volta das quatro e vinte... Devido a minha emoção esqueço dos repórteres que me cercam... mas há algo diferente agora:
— Detetive, é verdade que o assassino já está preso? — Como?!
— Detetive, já se sabe as intenções que o levaram a matar Salvador Mendonça? — Do que essa gente está falando? Eu não disse a ninguém quem é o culpado e eles dizem que ele já está preso? Quando entro no distrito noto a agitação das pessoas, uma correria de jornalistas e policiais...
— Milton!?! O que está havendo?
— O pegamos Al!
— O quê?! Impossível...
— Não Al, aqui está o assassino... — Ele aponta pra sala de interrogação e eis que Ricardo está detido.
— Como tomaram essa decisão sem me consultar? Como o prenderam?!

Para ler o final... Selecione o texto abaixo!

* * *

— Recebemos um telefonema anônimo... Não há dúvidas, o caso está encerrado.
— Eu não fiz nada!!! — Grita Ricardo da sala onde está. — Isso é um engano, eu não mataria meu próprio pai!! Me tirem dessa porra!!!
— Guardas! — Diz Milton — Façam ele se calar...
— Não Milton!! Ninguém encosta nele! Não foi ele!! — Digo isso em voz alta, e todos os que estavam presentes se calam e me fitam. Então se inicia uma nova discussão entre os repórteres:
— O que é isso?! Que palhaçada foi essa?
— Só pode ser brincadeira!!
— Incompetência!!
— Quem é então o assassino? — Comentam entre si esses tipos de coisas.
— Milton, vamos conversar. — O levo para sua sala e tranco a porta. — Que diabos aconteceu pra você botar o cara errado na cadeia?
— Por que você tem tanta certeza que ele não é o assassino? Você viu as evidências!
— Eu descobri quem matou Salvador... e te garanto, que não foi ele.
— E-então... q-quem, quem foi? — Ele ficou nervoso...
— Milton? O que você fez? Me diz... Não adianta mentir.
— Pro inferno Al... — Ele está muito estranho... — Caralho...! — Ele fez uma besteira das grandes...
— Milton... fala.
— Desculpa Al...! Você sabe... minha mulher está doente e... eu não pude resistir... Encontrei na minha mesa um envelope com cinco mil reais... e um bilhete, onde dizia que se eu prendesse o Ricardo, receberia mais cinco mil... Eu tive que fazer isso Al!! — Ele aceitou suborno! Deus!! O Milton? O cara mais honesto que conheci nessa vida! Eu sei de suas dificuldades e compreendo, mas... acabar com a vida de um inocente vale isso?!
— Escuta Milton, eu não falo nada, mas você vai ter que soltar o Ricardo e pedir desculpas a todos.
— Al...! — Ele chora. Nunca o vi chorar. Não sou só eu que tenho problemas por causa desse trabalho.
— Milton... eu... sei o que você está sentindo... mas... Isso não está certo! Vá lá fora e solte Ricardo, peça desculpas a ele na frente da imprensa e diga que tudo não passou de um trote... que fomos enganados.
— Está bem... Al. — Ele sai e chama Ricardo e os repórteres se aproximam... — Nos desculpe Sr. Ricardo, senhores da imprensa, mas tudo foi um... mal entendido... nos passaram um trote. — Então uma confusão inicia-se por parte dos jornalistas enquanto Milton dá ordens para tirarem as algemas de Ricardo...
— Desculpe-nos Ricardo... — Digo. — Mas como sabe, eu não estava presente e eles tomam essa atitude sem minha autorização.
— Detetive, foi só o senhor entrar no escritório em minha casa que uma viatura apareceu e me levou! Graças...! Espere, como tem certeza que não sou eu o assassino? Descobriu quem foi?
— Na verdade... sim.
— Como disse... não fui eu.
— Certo... mesmo assim, quero pedir para que, na sua mansão, possa reunir os outros suspeitos e lá, revelar a verdade, e quero que esteja presente. — Quero fazer isso para ao mesmo tempo, desmascarar o culpado e redimir os inocentes.
— Pode contar com minha ajuda detetive. Ninguém mais quer saber a verdade do que eu.
[4:31. Casa da família Barros]
— Mãe...?! Cheguei.
— Por Deus Cíntia, onde esteve esse tempo todo?
— Estava com o Rick, mãe.
— Não pode ser! — [Diz Antônio que entra pela porta logo atrás de Cíntia] — Acabei de voltar da casa do meu irmão Matheus, e deu na televisão que Ricardo foi preso!
— Preso!!! — [Exclama Helena]
— Isso, primeiro disseram que ele tinha matado o pai. Mas depois voltaram atrás, disseram que armaram um trote, para incriminá-lo. O que significa que Cíntia não podia estar com ele. Por que mentiu, filha?
— P-pai...! Eu não menti, eu estava com ele, estava lá na delegacia! E-eu juro... — [O telefone toca, Antônio atende.]
— Alô? Ricardo? Falar com Cíntia? Mas vocês não estavam juntos? O quê?! Vocês não se viram hoje??!! — [Cíntia toma o telefone da mão de Antônio]
— Rick? Amor, escuta... — [Ela sai da sala com o telefone.]
— O que está havendo com essa menina?!
— Não sei... Helena. Não sei...
[14:33. Casa de Oscar]
— Natália, não sei o que fazer! À que ponto chegamos!!
— Calma Oscar, temos que nos unir para poder sair bem dessa... Nada vai acontecer, você fez como o planejado?
— S-sim... o dinheiro chegou ao seu destinatário.
— Já comprei nossas passagens aéreas, vamos viajar esta noite... — [Telefone de Oscar toca, ele atende]
— Pronto. Delegado Milton? Como? O detetive Al quer que eu vá à mansão de Salvador esta noite? Todos os suspeitos...? Mas... não estarei disponível esta noite... O quê! Isso e uma intimação? Esta bem... — [Desligou] — Aquele delegado, ele disse que o detetive quer todos nós na mansão esta noite... para não faltarmos, senão seremos processados.
— Estaremos bem longe até descobrirem...!
— Não Natália, minha mãe não tem culpa disso... Não quero que ela sofra essa humilhação. Eu vou... — [Natália o beija e não o deixa terminar a frase.]
[15:24 Casa da família Barros. Cíntia carrega uma grande bolsa...]
— O que você tem aí, filha?
— N-nada... pai. É só... material pra faculdade...
— Hmm... Aquele detetive ligou, disse pra nós dois irmos a tal mansão às sete. Não gosto nada disso, mas ele disse que seria a última vez... que tudo iria acabar lá.
— Não pai!! Eu não vou!!
— Por quê?! O que você tem a temer?
— N-nada... é... que eu não vou pisar na casa daquele homem...!
— Aquele homem morreu!! Você vai lá, nem que eu tenha que te lavar a força! Você está crescida, mas eu ainda sou teu pai!!! E vai me obedecer!!

* * *

[Mansão de Salvador. 19:09]
Estão quase todos aqui para o momento decisivo, só faltava Natália que acabou de chagar. Antônio e Cíntia chegaram cedo, ela estava chorando e Antônio bem zangado, Oscar chegou exatamente as sete e Ricardo veio comigo da delegacia. Mandei colocarem um forte policiamento na rua e nos arredores, talvez isso despertou a atenção dos repórteres que cercaram o local. Tem dois policiais na porta, mais eu e o Milton. Espero todos se acomodarem, sentam-se no luxuoso sofá, da esquerda pra direita: Ricardo, Antônio, Cíntia, Natália e Oscar... Então começo a falar:
— Durante uma semana, esse crime nos consumiu em todos os momentos de nossas vidas. Durante uma semana, estivemos muito envolvidos com o fantasma de um homem cruel e poderoso, que foi assassinado por um dos aqui presentes... E digo, todos aqui, têm ótimos motivos para terem cometido o crime. Segundo as pistas que encontramos e aos depoimentos prestados, posso afirmar isso. Ricardo, filho de Salvador. Nunca teve um bom relacionamento com o pai, isso porque o culpa da morte da mãe. — Ricardo abaixa a cabeça enquanto ouve minhas palavras. — Noivo de Cíntia, que... um dia antes do crime foi... violentada por Salvador, despertando a fúria em Ricardo que aumentada da tentativa de assassinado contra sua madrasta Natália, teria fortes intenções de acabar com a vida do próprio pai. Os crimes de Salvador, porém fizeram mais vítimas. O senhor Antônio, vendo sua filha naquele estado, reagiu de forma esperada, porém violenta... A própria Cíntia, vendo-se humilhada e escarnecida... — Antônio abraça Cíntia. — Natália, a esposa, que quase foi morta... Devo dizer, matar o marido rico e velho pra ficar com a herança é muito comum... Ainda mais quando ela mantém relações sexuais com o único herdeiro! — Natália sua frio, Cíntia e Antônio olham para Ricardo, Cíntia expressa todo seu ódio e desprezo pelo noivo, mas não diz uma palavra. Oscar se mantém indiferente... — Oscar, um funcionário antigo e fiel, que nunca foi recompensado como merecia. Na frente de Salvador, um capacho, pelas costas um terrível inimigo... Durante anos sonegou impostos da empresa. Descobri isso vendo relatórios que tive acesso... — Ricardo, mesmo sendo fitado por Cíntia, encara Oscar, afinal, a empresa é patrimônio dele. — Além disso, descobri que Oscar e Natália são amantes! — Mais uma vez os olhares se voltam contra Natália, principalmente o de Ricardo, Cíntia dá um discreto, mas tenebroso sorriso. — Todos vocês... têm mais do que bons motivos.
— E... como descobriu a verdade, detetive? — Pergunta Oscar, após perguntar, leva um cutucão de Natália.
— Diga logo! — Diz Ricardo. — Como descobriu?
— Ricardo foi preso à tarde, como sabe que não foi ele? — Pergunta Cíntia.
— Bom... hoje dei uma investigada na cena do crime. O escritório que se encontra atrás daquela porta, e lá, descobri a maior de todas as pistas... e sei quem matou Salvador Mendonça! — Todos se olham e desconfiam uns dos outros, os policiais na porta também e o Milton está atento... — Quando Salvador levou o primeiro tiro, ele tinha na mão este abridor de cartas... — Tiro do bolso do paletó o objeto. — Antes de morrer, macaco velho como era, queria se vingar mesmo em morte. Para isso... ele deixou uma pista para que descobríssemos quem o matou... — Eles me encaram com surpresa e espanto. O ar fica pesado e um silêncio toma a sala quando paro de falar por um instante, silêncio que só é cortado quando um dos policiais da porta tosse... — Com esse abridor, Salvador riscou em sua mesa antes de cair, a inicial do nome do seu assassino... Olhando de repente, só se vê um risco à-toa, mas... se reparar bem... ali está claro, uma letra... C!! — Basta um segundo para todos ligarem nome a pessoa... — Cíntia matou Salvador Mendonça!!

* * *

— N-não... é-é... mentira!!! Mentira!!! — Chorando muito, Cíntia se levanta, com as mãos fechadas na altura na boca, num gesto de insanidade, ela se afasta de todos...
— Filha...! Como pôde?!
— P-pai....!
— C-cintia?! Você... meu pai...!
— Rick...! Porra Rick! Você com essa... vaca! E queria se casar comigo!!!! — Ela está descontrolada, se próxima do Milton, o empurra e pega sua arma... Eu me afasto e deixo as mãos à vista... — Sai!! Ninguém chega perto... senão morre!!!
— Cíntia, minha filha... Pare com isso!!
— Pai... não me obrigue a te machucar pai!!! Eu... eu devia... eu devia te matar Rick!! Você e essa puta do caralho!!! — Mas não... ela corre e ameaça os guardas na porta e sai pra rua.
— Levanta Milton, chame todas as viaturas e dê o alerta de criminoso em fuga... — Agora vamos terminar o que começamos.
Corro até a porta, bem a tempo de ver Cíntia pegar o carro de Ricardo e sair com ele atropelando tudo que vê pela frente. Pego meu carro e vou atrás dela. Ela atropela um policial e dois repórteres, os outros fogem da rua. Ela sobe as calçadas e põe em risco as pessoas, eu acelero o máximo que posso, mas não posso alcançar...
— O detetive... tá me seguindo... filho da puta!!
Ela atira contra mim, acerta o pára-brisa, por pouco não me pega... não tenho escolha senão atirar também, mas meus tiros não a atingem. Mais a frente vejo viaturas cercando a rua e policiais bem armados, mas ela dá um cavalo-de-pau e entra na contramão. Dou meia volta e continuo seguindo, só que agora me aproximo mais... tanto que dou um tiro que acerta o retrovisor direito.
— Merda!! Ele não vai me pegar!! — Ela aponta a arma, mas está sem munição, na distração, bate contra um ônibus que vinha de frente.
Ela não se machuca e foge correndo num beco. Deixo o carro e a sigo...
[19:24. Mansão de Salvador]
— Cíntia... não da pra acreditar... sempre foi tão meiga e sensível...! — [Lamenta Antônio] — Helena vai morrer quando souber... Deus! E se a policia matar Cíntia?!
— Natália... você e... Oscar?! — [Diz Ricardo]
— Você sempre soube... que tudo entre nós, não passava de um jogo, uma tara, uma brincadeira.
— Ele sabia de nós?
— Sempre soube... foi ele que me mandou se aproximar de você... Onde está ele?
— É verdade! — [Diz Oscar do escritório] — Um risco na mesa... é a letra C! O velho Salvador, até antes de morrer fez das suas! Apesar de tudo... aprendi muito com ele.
Ela corre de forma desengonçada... pula sacos de lixo, olha pra trás, me vê, e corre mais. Procura passar por lugares estreitos, pensando que eu não possa segui-la. Então ela sai numa grande avenida... onde é atropelada por uma moto. Ela grita e agoniza no chão... felizmente não se machucou muito. Chego e abro caminho entre os pedestres que pararam para ver o acidente... quando me vê, ela ainda tenta levantar, mas ao que me parece, quebrou a perna. As pessoas vêem a arma na minha mão e se assustam. Me aproximo dela, abaixo a arma e...
— Idiota! — Ela sorri e dá um chute, não quebrou perna nenhuma! Eu caio e ela pega minha arma, andando devagar ela se aproxima, em plena avenida, que parou devido à movimentação. — Você vai morrer!! Seu cretino do caralho!!! — Me dá outro chute, sinto o sangue sair da minha boca. Ela me pega pelos cabelos e me bate no rosto com a arma, bate várias vezes... sinto que vou perder a consciência logo... mas antes, percebo uma sirene e vejo ela apontar a arma contra minha cabeça, me usando como escudo humano. — Se alguém se aproximar... ele morre!!
— Largue-o e renda-se!! — Grita o policial da viatura, logo chegam mais viaturas e até um helicóptero...
— Vai se fuder!! Mato ele e te mato depois, porra!!!
Aproveito sua distração, com um resto de força que me sobra, pego outra arma que tenho escondida na calça e aponto pra ela, de modo que cada um tem uma arma na cabeça do outro. Ela me olha com um olhar frio e doentio, enquanto a olho com severidade, mesmo com o rosto todo ferido e sangrando...
— Atira. — Diz numa voz embriagada com choro e dor. Percebo que aquela menina, apesar de ter cometido crimes brutais, ainda, em algum lugar do coração, é indefesa e está confusa. Lembro de seu Antônio e penso na dor de um pai vendo sua filha se tornar uma assassina. — Atira... seu filho da... — Ela solta a arma, chora e cai de joelhos... — Atira!! Eu quero morrer!! Meus pais não podem me ver assim...!
Apesar de toda a angústia que sinto, por ver uma cena dessa, não tenho outra escolha, a algemo e levo para uma viatura. A fúria do momento a fez esquecer dos ferimentos do atropelamento, ela está bem machucada e precisa de cuidados médicos. Fim de caso? Não. Ainda restam algumas perguntas... Duas horas depois, após eu receber assistência médica, Milton me vem com uma grade mochila e uma pasta:

* * *

— Al... encontramos isso no quarto de Cíntia, abra e veja o que tem dentro.
— Um rifle!! E muito dinheiro!
— Cinco mil ao todo... foi... foi ela que me...
— Sei... mas... como ela conseguiu esse dinheiro?
— Segundo esses relatórios da quebra do sigilo telefônico, descobrimos que uma hora antes de Salvador morrer, ela recebeu uma ligação no celular de uma tal de Mirtis, secretária de Salvador.
— E daí?
— Pergunte pra ela. — Então a secretária entra. — Diga o que nos disse lá fora.
— O senhor Salvador me deu ordens para dar quinze mil reais à moça para que ela retirasse a acusação de estupro. Nessa noite marcamos um encontro onde eu entreguei o dinheiro. — Agora tudo se encaixa!!
— Então foi assim... Veja Milton... Só o fato do estupro não faria ela matar Salvador, mas o dinheiro, para retirar a acusação, de algum jeito ofendeu ela de tal maneira que a levou a executar o crime. Mesmo assim ela ficou com o dinheiro... Cinco mil te... “pagou” e este cinco seria a segunda parte do pagamento.
— Sim... mas e os outro cinco?
— Ela comprou o rifle! Provavelmente de um traficante... Isso!! Lembra, ela estava na sua sala quando Anete ligou!
— Sim!! Ela ouviu a conversa e foi matá-la! Foi logo depois que notei o pacote!
— Mas isso só pode ser confirmado por ela mesma...
— Detetive Al! — É Ricardo! Deve querer saber de Cíntia. — Há uma coisa ainda a ser investigada... Oscar e Natália fugiram!
— Já sabemos disso rapaz! — Afirma Milton... essa parte eu perdi!! — Tomei a liberdade de investigar pessoalmente os dois, depois que o Al disse que eram amantes. Botei vigias dia e noite na cola deles e descobri suas intenções. Oscar tinha acesso a todas as contas de Salvador, até a conta conjunta com Natália, não sei ao certo, mas acho que os dois sempre foram amantes, mesmo antes dela se casar com Salvador... Tudo foi um plano pra dar um golpe no velho. Então ele morreu, o que complicou os planos dos dois e eles resolveram pegar só uma parte da fortuna de Salvador e fugir pra Europa antes que descobríssemos quem era o assassino. — Faz sentido... e Natália transava com Ricardo porque ele é o herdeiro e tentava roubar ele também...
— Mas eles fugiram!!
— Calma... do aeroporto eles não passam! Mandei espalhar a ordem de não os deixarem embarcar. — Milton fez um bom trabalho!!
Dia seguinte, Cíntia, mais calma, devido aos sedativos especiais... dá sua versão da história:
— Aquele cretino!! Merecia morrer, já não bastou me violentar, ainda quis me humilhar mais ainda me dando dinheiro pra calar minha boca. Nessa noite, após pegar o dinheiro, jurei vingança! Com o mesmo dinheiro sujo dele, comprei uma faca, luvas e uma chave de fenda grande para arrombar a porta. O matei. Fiquei muito feliz na hora... Louvei ao Senhor por ter cumprindo o que diz a Palavra, depois fui à igreja, não a que eu freqüento, mas uma outra perto da mansão. — Ela dá fundamento ao seu crime, se apoiando na Bíblia, a “Palavra”! Ela acha que fez a coisa certa! — Então você foi apertando o cerco... Um colega de colégio me disse, anos atrás, que o primo dele vendia armas, então usei o dinheiro para comprar um rifle... pra me defender de você... O tempo foi passando e eu fiquei com medo, não por mim, mas por meu pai, quis livrar nós dois... então subornei o delegado para prender o Rick, já desconfiava que ele comia aquela cadela... — Isso explica tudo, ou quase... onde estavam os outros suspeitos na noite do crime?
— Estava rodando de carro, como disse no depoimento! — Diz Ricardo informalmente horas depois, só para um último esclarecimento. Ele não mentiu.
— Estava com Oscar e ele comigo, num motel. — Natália e Oscar foram detidos e estão presos...
— Estava com Natália, num motel. — Ele confirma.
— Estava com meu irmão, Matheus... só depois fui ao bar. Meu irmão não queria que saísse de madrugada, mas ele não pôde me impedir. — Isso explica onde seu Antônio estava.
Agora não está mais em minhas mãos, Cíntia será processada pelo Estado por Duplo Homicídio Doloso, será julgada num tribunal público por um júri popular. Imediatamente mando Luiza voltar com as crianças, pelo telefone percebi que, apesar da preocupação que ela sentia, ela ficou feliz por ter acabado... Ela e as crianças voltam amanhã. Hoje, nesse resto de tarde, sento numa calçada do distrito que dá de frente ao pôr-do-sol... Sinto o vento suave tocar meus cabelos, como a mão macia de Luiza me fazendo caricias... Ah...!
— Não dessa vez! Está ouvindo Deus? Dessa vez, ninguém me separa da minha família!

FIM

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