Capítulo V
Selvas Protegidas


Por: Danilo “Morlun” Fasolo

Ao fim da tarde, em uma das dezenas florestas de Morlword.

Cinco homens andavam armados com escopetas olhando para todos os lados, procurando por algo. Então um deles disse:
_Ouvi dizer que em uma das florestas de Morlword há uma criatura que caça os caçadores.
_Lendas e mais lendas! – Disse um outro. – Só falam isso porque alguns caçadores entraram em uma floresta não voltaram mais. No mínimo se perderam!
_Silêncio! – Disse um terceiro. – Olhem!
Eles se agacham atrás de um grande tronco caído, fitando um unicórnio logo adiante.
_Ele é meu...! – Disse o homem que havia visto primeiro, mirando com a escopeta.
_Nada é seu aqui! – Era uma mulher de cabelos morenos que descia num cipó pra cima dos homens, acertando um chute no rosto homem que mirava. E logo parou em pé diante de todos eles. – Caiam fora!
A mulher era belíssima, de olhos castanhos e escuros, com vestes de pele de animal verde-escura lhe cobrindo as partes íntimas, e faixas da mesma cor enroladas em seus antebraços e canelas. E em sua mão direita ela segurava uma longa lança de madeira com ponta de osso.
O homem que levou o golpe se levantou e olhou para o unicórnio, que já havia fugido. Nervoso, ele olha para a mulher dizendo:
_Você vai morrer, sua vadia!
_É você que vai! – Retrucou ela.
O homem mirou com sua escopeta e errou o tiro graças as habilidades da mulher que fugiu a tempo. Ela saltava pelos galhos das árvores como um primata, mas ainda melhor. Antão ela cai entre os homens, lhes acertando golpes dom a lança. Dois morreram, e os outros três, um deles era o que atirou, conseguiram escapar com ferimentos pelo corpo.
_Droga, quem é ela?! – Disse um deles, correndo junto com os parceiros.
_Não me importa nem um pouco! Só quero é sair daqui! – Disse o outro, que morreu naquele mesmo instante atingido na garganta por algo tão rápido que nem deu para ver.
Os dois homens restantes pararam e viram bem à sua frente a mulher que os caçava. Eles não tiveram tempo de pensar e logo tiveram a garganta cortada com apenas um movimento da mulher com a lança. Em seguida a mulher sai dali, saltando pelos galhos.


No início da noite, na ilha Cloromeus.

Ramond, assim como seus dois soldados de confiança, ainda tentavam fazer o garoto falar algo. E este ainda estava amarrado na mesma cadeira.
_Sabe, garoto... achei um bom motivo de fazer você falar. – Dizia Ramon. – Já foi torturado alguma vez?
O rapaz não disse nada, como sempre. Apenas continuava com aqueles olhos furiosos.
_Parece que não... Bem, pensei em pegar leve, pra começar. O que acha de chibatadas? – Ramond tira um chicote de couro da sua cintura. – Homens, pendurem-no.
Os soldados se dirigiam até o garoto. Este encarava Ramond. Seu olhar ficava cada vez mais frio. Os homens começam a desamarrar o rapaz quando Ramond ficou com medo e disse, disfarçando:
_Esqueçam, homens!
_Senhor?
_Esqueçam! – Ramond esperou os confusos soldados prenderem o rapaz de volta. – Já sei o que pode fazer ele falar... - Após encarar o rapaz com nervosismo e medo Ramond continua. - Vou ver o Senhor Clam.
Ramond subiu várias escadas do castelo, até encontrar a porta que fica no topo. Ele pôs a mão na maçaneta e se lembrou de palavras ditas pelo jovem que ele mantinha como prisioneiro: “E cuide do teu chefe: a doença que ele tem é coisa séria. E como você chega perto dele, a cada dia, é capaz de tê-la também. Posso ouvir... O vírus está em andamento nas suas entranhas, espalhando-se pelas veias. Em alguns dias você está como o seu chefe”.
Ele pensou em esquecer e abriu a porta, entrando em seguida. Era um quarto luxuoso com paredes e carpete vermelhos. A cômoda e o roupeiro eram de ouro. E ao fundo havia uma grande cama, com um edredom vermelho. E em baixo desse edredom havia um velho de longos cabelos e barba. Parecia ter uma centena de anos. Seus olhos castanhos quase sangravam.
Ramond fechou a porta e andou até aquele homem, e logo disse:
_Boas noites, Senhor Clam!
_R-Ram... mond... - Respondeu o Senhor Clam, com voz esganiçada usando as poucas forças que lhe restavam.
_Ficou melhor depois deste último sono? - Continuou Ramond, com um sorriso disfarçadamente sarcástico e se sentando na cadeira ao lado da cama.
_Já... lhe dis... se... muitas... vezes, Ram... mond... Não dur... mo... há déca...das... E estou... cada di... dia... pior...
_Lamentável... O senhor precisava muito ir para fora contemplar as maravilhas da ilha...
_Ir para... fora...? Nem aqui... em bai... xo... desse edr... edredom... não con... sigo... me livrar... do fri... io... Cof! Cof! - Senhor Clam pegou uma pequena bacia sobre a cabeceira da cama e lá ele vomitou gosmas verdes, deixando o ambiente com um odor totalmente desagradável. - Maldita... praga...
Ramond fez uma careta e se afastou do Senhor Clam. Ele se aproximou da janela e a abriu para tomar ar fresco. Senhor Clam continuou:
_Foram os... deuses... eu s... sei dis... so... Você... pode até... negar, Ram... mond... até mes... mo... minha es... posa que... está com eles... Eu sei... que isso... é um... uma prag... praga... que eles... me der... ramaram... Persi, a d-deusa... do des... tino... já dese... jou isso... para... mim quando... nasci...
Ramond não suportava mais ouvir o Senhor Clam falando. Então ele fechou a janela e disse:
_Bem, eu só vim ver como estava, Senhor Clam... Preciso descer. Algo a dizer, senhor?
_Sim... Um segr... gredo... Eu não... queria... com... tar, mas... não s... sei quan... to tempo... aguen... tarei...
_Bem, pode falar. - Continuou Ramond, aproximando-se da porta pouco se importando com as palavras do velho.
_Eu sou... seu... pai...
Ramond olhou para o velho com uma surpresa sarcástica. Após um riso ele se retirou do quarto. Senhor Clam voltou a vomitar gosmas verdes naquela bacia. E aquela cena era vista por alguém através de uma bola de cristal. Uma mão morena e de pele ressecada com longas unhas tocou aquela bola, e o dono desta mão falou, com voz esganiçada:
_Climério Clam... Pobre alma medíocre... Seu destino é cruel, mas não é a morte, como você pensa... É bizarro... Vamos precisar de muita ajuda...!


Momentos mais tarde, no centro da cidade.

Milena entrou em seu apartamento tendo em mãos um pequeno pacote de papel. Ela deixou este sobre a cabeceira da cama dando as costas para a janela. Logo ela sentiu uma presença atrás e se virou rapidamente, avançando com um chute, mas parou com seu pé na garganta do invasor. Mas exatamente uma invasora. Era a Guerreira Negra, com seu capuz ocultando parte do rosto e a capa cobrindo todo o corpo.
_Quem é você? - Disse Milena, com raiva.
_Calma, Milena! Estou do seu lado!
_O que quer?
_Olha... Abaixe a perna que sua saia está rasgando dos lados.
_Cale a boca... O que você quer.
_Te ajudar. Magnara, a líder do Clã Vermelho está vindo para te matar!
_O que?
Nisso a porta foi aberta e era Magnara, vestindo um sobretudo preto sobre o couro vermelho.
_Ótimo... As duas que eu procurava...
Magnara sacou uma automática e quando mirou a arma foi tirada de suas mãos com um chute de Milena.
_Maldita! - Exclamou Milena. - Vou acabar com você!
Magnara acerta um soco no rosto de Milena e vira-se para a Guerreira Negra e este lhe acerta um soco no estômago e um chute com o joelho no nariz. A assassina de vermelho agarra no pescoço de sua oponente e quando prepara um soco Milena lhe agarra pelo pescoço e a joga pela janela.
Magnara ficou pouco preocupada e caiu em pé na calçada. Olhou para cima e viu naquela janela as suas oponentes.
_Maldição!
Ignorando as pessoas que a olhavam confusos ela montou na moto que estava estacionada logo ao seu lado e foi embora.

Continua...

Profany, o anjo da morte

DETETIVE AL: Sombras do Passado


Página de Anderson Oliveira 2006

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