Capítulo VI
Breno, o Semi-Deus do Gelo


Por: Danilo “Morlun” Fasolo

No meio da noite, nos subúrbios ao oeste do centro das civilizações de Morlword.

Jackloss, o “Fera Insana”, caminhava pelas ruas com um saco de compras em mãos, sério como sempre, e ao mesmo tempo assustador. Isso era normal nele, pois há muito tempo não sorria. Grande parte de sua vida ele carregou solitariamente, mas porque na verdade ele quis assim.
Ele chegou até sua casa, pequena e redonda como todas as outras. Ele tirou uma chave do bolso da calça, abriu a porta e entrou. Após fechá-la ele acendeu a luz com o interruptor do lado esquerdo da porta, pôs seu chapéu em um cabide do lado direito da porta e suas compras sobre uma cadeira que estava do lado da mesa. Em seguida ele se dirigiu até um armário perto da pia e pegou uma toalha de uma porta, logo a estendendo sobre a mesa. Voltou-se para o armário e pegou uma faca de cozinha em uma gaveta e pôs sobre a mesa. Começou a tirar as compras do pacote e colocando-as também sobre a mesa. Eram dois pequenos pães, uma lata de bebida, um queijo cúbico e presunto embalado. Nesse momento uma pessoa entra às pressas pela porta. Era Magnara, a líder do Clã Vermelho, e estava brava.
_Jackloss!
_Oi. - Respondeu Jackloss, que partia um dos pães ao meio com uma faca, sem olhar para ela.
_Aquela Guerreira Negra foi ajudar a guerreira de trança... Ela sabia onde aquela vadia morava e que eu ia até lá!
_Puxa, como as notícias vazam, né? - Disse o homem, que colocava uma fatia de presunto e outra de queijo dentro do pão cortado, ainda sem olhar para Magnara.
_Pois eu acho que você anda dando informações para alguém que não devia! O trato é você nos passar informações, nós te pagamos e você não pode dar informações para mais alguém!
_Está com fome? - Disse Jackloss, que já estava sentado à mesa, comendo seu sanduíche e bebendo sua bebida da lata. - Sirva-se, fique a vontade. Tem outro pão ali, não me importo se pegar ele. Se quiser beber eu pego um copo.
_Ninguém me esnoba, Jackloss! - Magnara deu um soco na mesa.
Jackloss se irritou, largou seu sanduíche sobre a mesa e se levantou. Dirigiu-se até Magnara e a encarou, dizendo:
_Pois vou te contar uma coisa, “Mag”... Ninguém entra na minha casa do jeito que você entrou e muito menos fala comigo do jeito que você falou. E ninguém manda em mim. Eu passo informações para quem eu quiser. Sacou?
Magnara, sem se intimidar, o olhou com fúria e se dirigiu à porta. Antes de sair ela se virou e disse:
_Espero que isso não se repita! - E então ela saiu, batendo a porta com força.
_Nhenhenhenhé!


Momentos mais tarde, na ilha Cloromeus.

Ramond entrou no salão onde estava seu prisioneiro. Atrás dele estavam dois capangas, e um deles puxava uma moça pelo braço.
_Saudações, jovem! Como está? - Disse Ramond, sorridente.
O rapaz ficou ainda mais furioso ao ver aquela moça, já imaginando o que poderia acontecer com ela.
_E então, meu jovem? Não vai contar nada, não é? Pois bem... vamos fazer um trato... Você fala e a mocinha ali fica viva. O que acha?
O rapaz se enfureceu mais, como se não sabia o que fazer. Foi então que uma voz grossa disse em sua mente:
_Breno, é agora. Estou lhe dando o sinal.
_Estava na hora, pai. - Cochichou o garoto, chamado de Breno. Ele então se levantou da cadeira, quebrando as correntes, surpreendendo todos ali e disse para Ramond. - Quer o semi-deus do gelo, Ramond? Pois sou eu! - O corpo de Breno virou gelo e então ele lançou uma rajada azul que congelou a cabeça do soldado que segurava a moça. Então lançou outra rajada, que congelou totalmente o outro soldado. - Pingentes dos deuses, seu otário, são carregados pelos semi-deuses, não entregues por eles!
_GUARDAAAASSS!!! - Gritou Ramond, que logo em seguida foi morto por duas estacas de gelo lançadas pelo semi-deus do gelo.
Em poucos momentos dois soldados entram e ficam confusos. Não demoram muito para serem congelados por Breno. Este vai até aquela moça, que estava assustada.
_Está tudo bem com você?
_S-sim...
_Tem mais prisioneiros, né? Pode me levar até eles?
_S-sim.
_Ótimo, vai na frente.
A moça foi correndo pelo corredor do lado de fora daquele salão, e Breno a acompanhava. Após passarem por algumas portas eles chegam até uma sala onde havia uma grande cela com vários homens e mulheres presos. Então Breno pegou o cadeado que mantinha a cela fechada e o arrebentou puxando-o sem muito esforço.
_Estão livres! Venham!
Breno correu para a saída, seguido das pessoas que acabara de salvar. Lá fora um dos homens, que era bem velho, viu o pingente do rapaz e disse ajoelhando-se diante dele:
_Eu sabia os deuses iam nos ajudar!
Em seguida todos se ajoelharam e Breno disse:
_Levantem! Sou apenas um semi-deus que cresceu com pessoas comuns. Não mereço tanto agradecimento... Ali, na beirada da ilha, tem barcos para todos. Vão para a liberdade que vos espera!
E as pessoas foram felizes para os barcos e foram embora. Breno olhou para o castelo e começou a lançar rajadas congelantes nas janelas, congelando cada sala. Até mesmo o velho Clam foi congelado. Não sobrou ninguém vivo no castelo.
_Meu trabalho aqui terminou... - Disse Breno, fazendo seu corpo voltar ao normal. - Agora preciso encontrar minhas queridas primas.

Em uma lagoa, no meio de uma floresta, havia uma rocha no meio. Sobre ela estava Zeni, a deusa das florestas, sentada. E ao lado dela estava Zanália, a deusa das águas, em pé.
_--E quando for hora, segundo disse Persi, a deusa do destino, tudo poderá desmoronar. Mas com chances de tudo voltar a ser como era antes. - Dizia Zanália.
_Sim, irmã... Mas mesmo que Morlword volte... Não me conformo... É terrível.
_Olá, minhas queridas! - Disse Breno, que apareceu de trás das árvores. Com um salto ele chegou até aquela rocha.
_Olá, Breno! Que bons ventos o trazem! - Disse Zanália, abraçando Breno.
_Oh, Breno, senti tanto sua falta! - Disse Zeni, que logo foi abraçada pelo rapaz.
_Eu também, priminha. - Ele se levanta, ficando em frente à Zeni. - E então? Algo para me dizer?
_Heh... Com o mesmo sotaque dos mortais... - Disse Zeni. - Você é mesmo um primo interessante.
_Será que devemos nos orgulhar? - Disse Zanália, ironicamente.
_Ora... O que posso fazer? Sou filho de uma mortal e cresci com mortais. E é bom, deviam experimentar!
_Por isso gosto de você, Breno... Sempre sabe como espantar minhas lágrimas... - Disse Zeni.
_Ora, Zeni... Você não tem motivos para chorar. Morlword vai ficar mais bem do que sempre ficou! - Disse Breno. - Mas para isso precisamos ir logo aos planos.
_Tem razão. - Disse Zanália. - A poucos dias eu impedi que a morte tomasse uma jovem. Ela é do extinto Clã das Guerreiras de Trança. Não sobrou nenhuma de suas companheiras, que eram sua família. Vá até ela, no centro da civilização de Morlword, que assim você será guiado para onde precisa chegar.
_Certo... Mas com uma condição.
_Qual?
_Ela é bonita? Hehe.
_Ora... Deixa de ser maroto. Vá até ela que descobrirás.
_Certo, prima! Até mais!
E com outro grande salto, Breno vai para o outro lado do lago e corre pelas florestas.
_Estou pressentindo um lindo relacionamento... - Disse Zeni.
_Sim... Por isso eu o mandei até ela.


Enquanto isso, no centro das civilizações de Morlword.

Liz estava sem sua máscara e sua capa, no apartamento de Milena. Ambas estavam sentadas à mesa tomando café. Milena Dizia:
_...Então eu me distraí... Uma delas me acertou na barriga e me jogou no lago. Graças à Zanália eu não morri. Ela foi me salvar, eu sei que foi ela. Ela não faria isso para nada... Certamente tenho que seguir em frente, me vingando!
_Pra mim também doeu quando meus amigos morreram...
_Aquelas crianças... - Os olhos de Milena começam a umedecer. - Eram inocentes, sem culpa alguma. O único erro cometido foi o de existir... Vou matar cada uma daquele clã. Principalmente a líder... - Milena range os dentes e aperta os punhos, de tanta raiva. - Elas vão pagar caro!
_Tente se acalmar, Milena... Com raiva será difícil vencer.
_Tem razão... - Milena tenta se acalmar. Nisso alguém bate na porta. - Droga, será que ela voltou?
_Espere... - Liz se levantou e foi até a porta. Olhou pelo olho mágico e então a abriu. - O que você quer?
Era Breno.
_Caramba! Gostei da roupa!
_O que quer, droga?! - Disse Milena.
_Calminha... Estou procurando uma guerreira de trança... a última, para ser mais exato.
_Nossa! - Espantou-se Liz, que viu o pingente de Breno. - U-um semi-deus?!

Continua...

Profany, o anjo da morte

DETETIVE AL: Sombras do Passado


Página de Anderson Oliveira 2006

Hosted by www.Geocities.ws

1