PROFANY
O Anjo da Morte


CONTOS DE PROFANY — Capítulo III: O Julgamento
Por: Anderson Oliveira


Era um santo tribunal. As primeiras criaturas a serem criadas, os guardiões de infinita sabedoria, a quem o Pai Celeste confiou sua doutrina e amor. Os nove príncipes, cada qual cabeça de um dos nove coros, aqueles que governam todos os anjos sobre a face de Deus. Eu, Noriel, pertenço ao coro dos Anjos, assim como pertencera Profaniel. Eu estava lá, junto a toda Melícia para presenciar o julgamento. Mas por quê? Por que Profaniel seria tirado do Inferno e levado ao Mundo dos Anjos para ser julgado? Já não estava condenado à danação?
Assim questionavam os presentes que ainda não partilhavam do conhecimento daquela reunião. Uma infinidade de anjos, tão numerosos que, se se fizessem carne, como Profaniel o fez, não caberiam no planeta Terra e nem nos outros oito planetas do sistema solar. Todos aguardavam em arquibancadas celestiais e contemplavam, numa espécie de altar, os nove juízes e o réu.
Meu amigo Profaniel era o mais perdido. Se nós, que conhecíamos seu passado já ficamos assustados com esse julgamento, imagine ele, que acabara de ser tirado do Fogo Eterno e padecera ajoelhado frente aos imponentes Príncipes. Algo lhe era estranho, era como se não reconhecesse quem eram as gloriosas criaturas. Então abriram suas bocas para iniciar o jure:

* * *

— Profaniel, aquele que foi um anjo a serviço do Criador, que por eras esteve entre nós no sagrado e honroso serviço divino. Tu, em nome de um sentimento o qual lhe foi manifestado em inédita e única vez, rogaste aos Céus para ser um mortal e assim viver ao lado de uma mulher. — Disse Metraton, príncipe dos Serafins. Os serafins são os anjos, por se dizer, mais velhos, mais evoluídos, mais sábios. Encarregados de transmitir o amor de Deus aos demais. Metraton se manifesta com barba e cabelos alvos e três pares de asas; com um par velava a face; com outro cobria os pés; e, com o terceiro, voava ¹, vestido com um manto branco e semblante de mestre, em sua cabeça, uma coroa de ouro.
— O que está acontecendo...? — Murmurou Profaniel, interrompendo as palavras de Metraton.
— Silêncio!! Como ousas?! — Diz o Serafim com exaltação. — Ainda não é tua hora de falar. — Assim continuou a apresentação: — Fez-se mortal e habitou com a criatura humana, como outra criatura humana...
— Do que ele está falando?! — Interrompe outra vez Profaniel. Dessa vez, como um grito, ainda que abafado por sua boca selada. O desrespeito de Profaniel fez os ouvintes conturbarem dos palanques e provocar a irritação dos Príncipes.
— Ordem!! — Disse o Arcanjo Miguel, e todos se calaram. — Prossiga Metraton.
— Ora vivia este ser, Profaniel, e não mais teve qualquer perturbação para com os Céus. — Concluiu Metraton.
— Eis... que após a morte de sua esposa, morte pela qual lamentamos todos nós, este Profaniel veio a Face do Criador e implorou para ser aceito na Melícia novamente. — Continuou Raziel, o querubim. Entre os anjos, os querubins têm a aparência jovial, às vezes infantil. Guardas e mensageiros dos mistérios divinos. Raziel porta em sua mão a espada flamejante com a qual guardou o Jardim do Éden após a queda do homem ². Veste-se com um manto azul. Em suas palavras, um ar sereno e calmo... inocente, diria. Seus dizeres fizeram Profaniel lembrar de sua esposa amada...
— Kate... — Disse com lágrimas nos olhos. Em mais de duzentos anos, enfim voltou a chorar.
— Por que choras Profaniel? — Perguntou o querubim.
— Kate! Tiraram ela de mim!
— Quem a tirou de ti?
— Eu... não sei... — O que há com Profaniel? Acaso não disse blasfêmias de todos os tipos quando Kate morreu? Por que agora não acusa aqueles que estão diante dele?
— Pare de chorar... — Disse com leveza Raziel. — Não o tiramos do Tártaro para que chores, e sim para que nos escute.
— Então ouça, anjo-caído. — Disse Auriel, também chamado de Tsaphkiel, Príncipe dos Tronos. Os tronos recebem as mensagens do Criador e as transmitem aos demais anjos de outros coros. Ora são visionados sob a forma de animais, repletos de olhos e asas ³. Auriel, entretanto, resplandecia com forma humana, com vestes brancas e prateadas. — Por tal abominação frente aos olhos de Deus, foi lançado ao Fogo Eterno, marcado com o sinal dos condenados e sofreu o flagelo que lhe foi sentenciado. Se assim foi feito, não foi feito sem nossos lamentos por ti. Padecemos no seu sofrimento.

* * *

Assim pronunciaram-se os Príncipes da primeira hierarquia. Estando Profaniel confuso, silenciaram-se por um instante. Se alguém pudesse compreender o que se passava nos pensamentos de Profaniel, esse não era eu e, certamente, nenhum de nós que assistíamos ao julgamento. Percebendo que não mais falavam com ele, Profaniel se manifestou:
— Onde estou? — Perguntou com voz cansada.
— Estais no alto plano celestial. A morada dos anjos. — Respondeu Uriel (que significa Fogo de Deus), príncipe das Dominações, também chamado de Tsadkiel. Dominações são juízes entre os anjos e cuidam para que eles cumpram a vontade divina. Uriel apresenta-se com um manto azul turquesa.
— Anjos...? — Questiona Profaniel.
— Sim. O que estranhas? Sedes tu um anjo-caído...
— Eu um anjo?! Que tolice! — Disse ele, interrompendo Uriel. Agora entendo a inquietação do meu amigo, de certo ele não se recorda de que fora anjo! As angústias no Inferno lhe roubaram suas memórias, ou seria parte de seu castigo? Atentemos, pois a resposta virá:
— Profaniel... Tu não te recordas que fora um anjo. De fato, és parte de sua pena e danação. — Diz o Príncipe Raphael (que significa a cura de Deus), das Virtudes, responsáveis por traduzir a vontade de Deus.
— Anjo! Tolice! Sou Profaniel, esposo de Kate Goodsmith, súdito da coroa Inglesa... não tentem me enganar com essas palavras... lembro que passava muito tempo na igreja... ensinava às pessoas... não sei bem o quê, mas ensinava... Sei o que são anjos... Isso... isso deve ser um sonho...
— Sonho, tu dizes. Pois, diga-me: se és homem, qual teu sobrenome? Quem foram seus pais, onde e em que dia nasceu? Conte-me algum fato de sua infância. Tem irmãos? — Insistiu Raphael. Profaniel apressou-se em responder, mas, não achou resposta alguma:
— Não sei... não posso dizer, pois não lembro de meu sobrenome, de meus pais ou minha infância...
— Porque tu não os tiveste. Não nasceste de mulher e nunca fora infante. Caiu dos Céus como homem feito.
— Mentira! — Dizia para si mesmo. Mas sua mente fervia quando buscava lembranças de algo que pudesse negar o que aqueles desconhecidos lhe diziam. E nada encontrava. Porém, nada encontrava que afirmasse que era um anjo.
— Diga-me agora, Profaniel: — Tomou a palavra Camael, príncipe das Potestades (ou Potências), responsáveis por manter a ordem sob os elementos naturais. — Certamente lembra-se de ser pego por fortíssima luz, onde se estendeu em sua presença toda a ordem de seres e cousas neste e em todos os séculos; em seguida, de ser acorrentado e ferido no peito e nos membros – vê, ainda há aí as chagas – e depois arremessado num mar de fogo inextinguível.
— Sim, me lembro dessas coisas... e depois ser tirado pelas mesmas correntes e trazido aqui... — respondia, agora com mais desenvoltura.
— Correto. Então responda: por que motivo esteve à mercê de tais acontecimentos? O que fez entrar naquele templo de pedra e ser acometido por tais flagelos? — A pergunta fez a mente de Profaniel retroceder até aquele dia. Apesar de sua memória ter sido danificada, aquele dia permaneceu fiel e claro. Lembrou de ser tomado por forte fúria e adentrar as portas da igreja sorrateiramente e se ajoelhar frente ao altar... o que veio em seguida o deixou muito perturbado:
— Eu... eu pedia a Deus para ser aceito novamente na Melícia Celeste... para poder reencontrar com Kate! — Respondeu como se não acreditasse nas suas palavras. Teria ele agora entendido que fora um anjo? Sorriram-lhe Uriel, Raphael e Camael, este último prosseguiu:
— Entendes agora? Tu foste um anjo. E agora estais presente de todos os anjos da Melícia. Padeceu no sofrimento de seu crime, um sofrimento que deveria ser eterno, porém, certos acontecimentos fizeram o Senhor e seus ministros refletirem e alterar sua sentença. Profaniel, tu terás uma segunda chance de pertencer novamente ao coro dos anjos.

* * *

Novamente turbaram-se os espectadores. As palavras de Camael provocaram dúvida em alguns, esperança em outros, alegria em todos. Uma coisa totalmente especial acontecia naquele momento. Na sua grandessíssima misericórdia e benevolência, o Senhor se compadecera de Profaniel e agora o iria restituir a Graça. Assim esperei de todo meu coração. Porém, não seria assim tão fácil.
Terminada o pronunciamento dos Príncipes da segunda hierarquia, estavam pronto a falar os seguintes. A fim de explicar porque, afinal, Profaniel poderia ter uma segunda chance, e através de quais meios:
— Pertencer novamente aos anjos? — Disse com estranheza Profaniel. Estranhou não o fato de poder ser um anjo novamente, mas de sentir grande alegria com isso. Já que não se recorda de ter sido um anjo algum dia.
— Sim Profaniel. Poderás reassumir teu lugar de origem e voltar a cantar louvores ao Criador e contemplar sua Face. — Disse Haniel, Príncipe dos Principados, que são responsáveis por proteger os líderes da sociedade humana e até nações inteiras. — Mas para realizar tamanha graça concedida por Deus, antes é necessário ouvir a Proposta.
— Proposta?
— Sim... há algumas condições. — Eis o momento da revelação! — Houve no mundo material, nos anos que esteve no Tártaro, muitas transformações, realizações proféticas e terríveis. Vieram guerras e boatos de guerras; pai se levantou contra os filhos e filhos se levantaram contra os pais; explodiram o número de falsos-profetas com suas seitas pecaminosas e corruptas; nunca houve tamanha crueldade sob a face da Terra desde os tempos da Revelação Bíblica. Não que isso tenha fugido a vontade de Deus... é necessário que aconteça tais coisas.
— Sim, mas...
— Espere! Ouça-me, por ora. Quem realizou tais atos? Os homens, levados pela tentação, seduzidos pelos prazeres... pisotearam sob as leis, os mandamentos e voltaram-se contra o Redentor, que sofreu e padeceu para ser-lhes perdoados seus pecados. Riu-se satanás vendo o mal tomar os corações dos homens.
— Vedes Profaniel, certamente ainda guarda com sigo as palavras do Senhor, e compreendes que tudo isso é esperado e está no plano de Deus. — Disse Gabriel (que significa Força de Deus), Príncipe entre os Anjos, responsáveis por interceder entre Deus e os homens. Foi Gabriel realizador da vontade celestial em muitos momentos solenes. Foi ele que anunciou a vinda do Messias a Virgem Maria e esteve com ela, José e o menino Jesus em toda sua jornada. — Eu conheço o homem, pois existo para ajudá-lo. Sei que estes acontecimentos fazem muitos chorarem e sofrerem, muitos inocentes padecem pelos crimes de poucos. Padecemos também e choramos junto a eles. O Senhor, em seu infinito amor, também se compadeceu por essas vítimas da maldade. Em sinal, resolveu enviar alguém para salva-las no plano terreno, porque certamente, terão sua salvação no plano espiritual. Esse alguém deveria trilhar os caminhos da iniqüidade e prevaricação para sanar as trevas que assolam o mundo. Não poderia ser um homem, pois não teria forças para lutar contra esse mal sem ser impugnado por ele. Então o Senhor se lembrou de ti. Seu filho que jazia no sofrimento eterno por algo que faltava na face da terra: amor.
— Eu? E o que eu tenho que fazer? — Perguntou Profaniel que a essa altura, após ouvir as palavras de Gabriel, também sentiu compaixão pela humanidade. Era um respingo do amor angelical que ainda ardia em seu coração.
— Tu, lembrou o Senhor, é um ser único. Não há outro como você na Terra, nem nos Céus e nem nos Infernos. Vagou entre os homens, não nasceu e não experimentou a morte. Só tu foste avaliado como capaz de salvar os inocentes da maldade dos pecadores. Farás isso em condição de, ao concluir esta sagrada missão, ser aceito novamente no panteão Celestial.
— E... como farei isso? — Era essa a pergunta que todos queriam fazer, principalmente eu, Noriel. A resposta emanaria da boca do Príncipe supremo, príncipe dos Arcanjos, por conseqüência, príncipe de toda a Melícia Celeste, já que os nove príncipes são arcanjos. O segundo entre todos os anjos a ser criado, sendo que o primeiro é o Inimigo, que foi banido junto com seus anjos rebeldes para as profundezas do inferno com a espada de Miguel. O Arcanjo Miguel (que significa quem é como Deus?), apresenta-se com sua armadura dourada, em posse de sua espada e da balança que simboliza sua justiça:
— Para livrar o mundo da maldade que violenta os inocentes, Profaniel. Tu serás mandado ao mundo e deverás matar cento e vinte cinco pessoas verdadeiramente más, cuja vida só é instrumento de sofrimento aos homens de boa vontade.
— Matar?! — Tremeu Profaniel ao ouvir a condição. Veio a sua mente aquela vez que o Conde Williams mandou atirar em um bezerro e ele não o fez. Não compreendia direito como poderia fazer isso... — Como matar? Isso... se me lembro bem, é um grande pecado!
— Sem dúvida. — Prosseguiu o arcanjo Miguel. — Mas veja: Tais cento e vinte cinco pessoas causaram, causam ou causarão um grande mau aqueles que os cerca. Sua remissão não acontecerá, pois são puros em maldade. O Senhor não pode permitir que vivam causando dor e sofrimento até o dia de seu juízo; condena-los por mãos humanas, só acarretaria maiores pecados e fugiria da Lei de Deus. Porém, se padecerem por mãos não-humanas – as suas – nada seria violado, e a paz voltaria ao mundo. Eis sua segunda chance Profaniel, cumpre esta missão e volte a ser um anjo.

* * *

Era exposto todo o plano de Deus para com Profaniel. Creio eu, em minha inteligência secular, que tudo que aconteceu desde o início destes contos foi para esse momento. Profaniel fora motivado a amar Kate, motivado a cair e rastejar como um homem... ser lançado ao inferno... tudo para moldá-lo para esta missão. Mas ainda restavam dúvidas a serem esclarecidas:
— Escolha agora, anjo-caído, aceitas a missão? — Perguntou Miguel.
— Então posso escolher? E se eu não quiser fazer isso?
— Será devolvido ao Fogo Eterno para todo o sempre, onde sofrerá todos os castigos e danações, sete vezes maiores que sofrera até agora, porque não se compadeceu dos inocentes que morrerão por sua omissão. — Tomou a vez Metraton.
— Certo... não é uma boa escolha...! Farei tudo para nunca mais sofrer aquilo. E... como irei saber quem devo... matar?
— Observe seus pulsos, foram vazados e pode-se ver através deles. Juntará os pulsos de modo que os orifícios fiquem alinhados e olhará por eles... Irá ver a alma das criaturas. — Disse Raziel. — Encontrará três tipos de cor nas almas: amarela, de pessoas que mantêm o equilíbrio entre as forças do bem e do mal; azul, de pessoas de coração puro; e vermelho, os maus, serão estes seus alvos.
— Mas atente-se: se matar a pessoa errada, mesmo que tenha cometido algum crime, será punido e devolvido ao Tártaro, sem qualquer julgamento. — Avisou Uriel severamente.
— É certo que encontrará muitas outras dúvidas no seu trajeto, por isso iremos designar um guia para ajudá-lo. — Disse Raphael. — Quem, entre os nove coros seria capaz de guiar este ser em sua missão?
— Só um entre todos os anjos pode fazer isso. — Disse Gabriel. — Um que conhece Profaniel no íntimo e tem por ele grande apreço... esteve ao seu lado na vida humana... Sim... és tu Noriel! — Meu Príncipe aponta para mim, eu que estava em meio a outros anjos, sou pego por grande alegria de poder ajudar meu amigo Profaniel. — Venha cá Noriel. — Bato minhas asas e subo ao altar ficando ao lado de Profaniel. — Tu guiarás este em sua missão. Receberá o conhecimento necessário para auxiliá-lo e protege-lo, se necessitar.
Aceitei com honra essa tarefa, pois, além de estar ajudando meu bom amigo, estarei ajudando a salvar a humanidade. Agradeci aos Príncipes e louvei ao Senhor um lindo cântico. Virei-me para Profaniel, que ainda estava ajoelhado sobre o chão, despido e sofrido. Ele me olhou e senti em seu olhar que me reconhecera, mesmo que subconscientemente. Dei a mão para ajudá-lo a se levantar. Eis que os Príncipes providenciaram vestes para ele. Recebi as roupas, enegrecidas com a dor que ele sofreu. Ofereci e ele as vestiu. Uma calça, um terno sob uma camisa e sapatos. Profaniel sentiu com a mão que sua boca tinha deformado, rasgou a camisa e fez uma máscara, cobrindo a boca e deixando seu peito, que trazia o Selo, à vista.

* * *

— Pois bem, está na hora. Eis o momento em que a Terra sofre com seu pior momento. Voltou a caminhar um mal há muito tempo adormecido, e isso acarretou, e foi acarretado por muitos crimes e transgressões. Habitam espalhados sob os quatro cantos do mundo as cento e vinte cinco pessoas que deverá exterminar. Cada uma terá seu tempo e sua vez. Agora, volte ao mundo material e inicie sua missão. — Assim ordena o Arcanjo Miguel.
— Espere... — Disse Profaniel. — Verei Kate novamente?
— Se cumprir seu dever, ao retornar a Melícia Celeste, poderá trilhar por todos os mundos... e encontrará Kate. — Respondeu o Arcanjo. — Agora que não se perca mais tempo. Ide com a graça de Deus.
Nesse momento, romperam-se os véus das dimensões. O mundo dos anjos deixara os olhos de Profaniel e os nove Príncipes se afastavam num túnel de luz, luz tão forte que teve que fechar os olhos. Ao abrir, viu o céu, as nuvens, o sol. Sentiu que pisava em relva verde e ouvia o canto dos pássaros. Manifestou-se num belo jardim no alto de um monte de onde se podia ver uma cidade. Eu surgi logo em seguida:
— Profaniel.
— N-noriel... É esse seu nome?
— Sim, meu amigo. Estou aqui para ajudá-lo.
— Eu... lembro de você... não sei... como... mas lembro. — Eu sorri. — Bem, não vamos perder tempo... Quanto antes terminar isso, melhor.
— Pois bem, então faça o que lhe foi ordenado. Una os pulsos e encontre seus alvos. — Ele olhou seus braços com estranheza, uniu-os em forma de cruz e olhou entre os orifícios.
— Sim, posso ver... pessoas caminham por essas ruas, como roupas estranhas... vejo sobre seus corpos suas almas! Muitas... muitas amarelas... poucas azuis... e poucas vermelhas...
— Desça e comece seu trabalho. Siga as almas em vermelho. Mate essas pessoas e salve muitas. Deus te abençoe, Profaniel.
— Não me chame mais assim. Não sou digno disso. Fui vitimado a pagar um grande pecado... uma heresia, uma profanação... isso... é isso que sou, um profano... Chame-me agora de... PROFANY!!

“Os Anjos contemplam a face do Pai, mas a íntima profundidade do mistério lhes está oculto. Os Anjos e Arcanjos vêem apenas a glória de Deus, não sua própria natureza, que está oculta por trás dos Querubins.” – (São Gregório Nazianzeno [280-374], doutor da Igreja, in Orationes Theologicae)

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¹(Is 6,2), ²(Gn 3,24), ³(Ap 4,6 - Cl 1,16), (Lc 1,19), (Jd 1,9) – versículos da Bíblia Sagrada.

Fim do Capítulo III

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