Hilton
é filho de Hygino Rabello Mesquita e neto de Innocêncio
Rabello Mesquita, ambos latoeiros.
Formado
em Agronomia pela Escola Federal de Muzambinho, Hilton tem dois
filhos e dois netos, e vive com os pais em Itapecerica, MG. Em
criança, trabalhava com os irmãos Geraldo e Antônio
na oficina do pai. Mais tarde, a Agronomia tomou todo o seu tempo
e a carreira de Hilton nesse setor - que se entendeu de 1968 a
1988 - foi tão intensa que ninguém poderia prever
que ele um dia voltasse radicalmente às origens.
No início
do ano 2000, Hilton voltou a ajudar o pai Hygino em sua oficina,
mais para doar-lhe a força que o velho Hygino não
mais possuía, do que propriamente para retornar à
oficina. Contudo, as circunstâncias foram-no encaminhando
para passar mais e mais horas internado lá, e o campo,
as plantações e a criação de animais
foram ficando para trás.
Hilton é
uma pessoa muito amada por seus amigos e por sua família.
Seus hobbies são a pescaria e a música. Dono de
uma voz muito bonita, faz parte do naipe de baixos no Coral da
cidade de Itapecerica.
LATOARIA
O
LATOEIRO HILTON JOSÉ MESQUITA
Sou latoeiro.
Aprendi o ofício com meu pai que aprendeu com meu avô.
Na rua da
pequena cidade onde cresci, os dias eram embalados pelo som do
martelo sobre os metais na bigorna. Não eram batidas suaves;
eram duras e fortes e marcavam a cadência de um trabalho
que dependia, em sua maior parte, da força física.
Meu avô
e depois meu pai davam continuidade a uma profissão já
tradicional em nosso meio. Na verdade, os latoeiros atenderam
por diversos séculos à necessidade do povo tinha
de utensílios de metal. Os mascates, ou vendedores ambulantes,
transportavam os utensílios em lombo de burro de fazenda
em fazenda, de cidade em cidade, vendendo as peças. Eu
mesmo cheguei a presenciar a saída de peças da oficina
de meu pai, para serem vendidas nas roças. As primeiras
iniciativas brasileiras para a construção de ferrovias
remontam a 1828, quando o Governo Imperial autorizou a construção
e exploração de estradas, e a 1834 para construção
de estradas de ferro.
Até a chegada das ferrovias no Brasil, o transporte de
mercadorias se processava no lombo dos burros. Mesmo com a grande
malha de estradas já existentes no século XX, a
luz elétrica não chegou a todos os lugares ao mesmo
tempo, e a necessidade de lamparinas, regadores, tachos, cafeteiras,
perdurou até a segunda metade do século vinte. Embora
cada vez menos, ainda são usados os transportes em lombo
de burros, com jacás (grandes cestos) e cangalhas.
Eram muitos
os produtos da latoaria: cilindros, cafeteiras, calhas para água
de chuva, tachos de cobres, bacias, baús, latas para mantimentos,
baldes, regadores, chaleiras, lamparinas, candeias, baldes, canecas
e tantos outros. Aos poucos o alumínio, o plástico
e o inox foram substituindo os objetos de cobre, zinco e folha-de-flandres.
Quem persistiu
no ofício produz os utilitários e também
transforma em peça de arte aquilo que a indústria
produz em série a partir dos inúmeros materiais
hoje disponíveis. No entanto, cada peça feita à
mão, em zinco, cobre ou inox, traz a marca do artista e
a marca do tempo. A indústria não inventou os utensílios;
apenas os copia. A forma que conhecemos hoje, de cada um dos utensílios
de aço, foi cunhada pelo uso diário de vários
povos em todo o mundo, e data de muitos séculos.
A
MÁGICA
Os
utensílios perderam sua função no dia-a-dia,
mas persistem envoltos na aura de um passado bucólico e
cheio de magia. É como se tivessem incorporado os "poderes"
da tradição que aguardam ser invocados por quem
assim o desejar.
PAZINHA
Para
que você tenha toda a abundância do universo:
Segure a pazinha pela alça. Feche os olhos e concentre-se
no que você deseja. Encha a pazinha desse bem e derrame-o
sobre você, sempre que sentir necessidade. Sua vida se tornará
cheia de todos os bens que desejar e pedir porque as provisões
do universo são inesgotáveis.
CHALEIRA
Um
chá bem quentinho
Biscoitos,
docinhos
Um pote
de mel
Os dois
bem juntinhos
Amor e carinho
O amor vem
do céu
(Use a chaleira como adorno na mesa e ela lhe trará sorte
no amor.)
CAFETEIRA
Quer
ter sempre um amor a seu lado?
Ponha a mesa para duas pessoas. Coloque a cafeteira antiga no
centro, como adorno, e um arranjo bonito de flores. Feche os olhos
ao fazer o café, e inale prazerosamente o seu odor. Beba
e coma com o coração pleno da certeza de já
ter ao seu lado o seu grande amor.
REGADOR
Quer manter
seu amor e seus amigos?
Imagine
que cada um deles é uma flor, ou árvore,
fruta ou
outro vegetal. Regue-o mentalmente
pronunciando
as palavras:
"Com
amor e carinho
Rego esse
amor
Que sempre
me dê
Ternura
e calor."
LAMPARINA
Para
saber o caminho certo
Coloque óleo de cozinha ou querosene dentro da lamparina.
Acenda o pavio. Olhe fixamente para a chama e diga: "Faça-se
a luz no meu caminho!" A resposta de que você necessita
virá clara à sua mente quando você menos esperar.