ADMINISTRAÇÃO & FINANÇAS PÚBLICAS

C - MINHA ADMINISTRAÇÃO EM CALDAS  DE JANEIRO DE 1973 A JUNHO DE 1975

                                          (Continuação)

 

FATOS PITORESCOS OCORRIDOS DURANTE A MINHA  ADMINISTRAÇÃO

Um terceiro FATO PITORESCO da nossa administração se deu em julho de 1972, ou seja, dois meses após a nossa posse em Caldas. E teve como personagem o ex-prefeito de Caldas Quinzito.

Por volta de duas horas da madrugada nós acabávamos de arrumar a nossa mudança. Eu e minha esposa já estávamos bastante cansados, pois havíamos viajado o dia inteiro, vindos de Caratinga, que dista aproximadamente uns 850 quilômetros de Caldas. Felizes pelo dever cumprido fomos dormir.

Quando o sono começava a tomar conta da gente, ouvimos fortes batidas na porta de nossa casa. Assustados e preocupados, acordamos e fomos verificar do que se tratava. Para surpresa nossa era o ex-prefeito Quinzito que queria a nossa intervenção para colocar em liberdade um seu empregado (retireiro de leite) que tinha sido preso. Ficamos um pouco surpresos porque não estávamos acostumados a tal situação.

inicialmente, dissemos ao Sr. Quinzito que gostaríamos primeiro de saber porque o seu empregado tinha sido preso. Ele, no entanto nos falou que não era preciso, pois o Prefeito tinha a autoridade para mandar soltar. Ponderamos com ele que assim como nós não gostávamos que ninguém interferisse em nossa área de atuação, deveríamos, então, respeitar a área do outro, no caso a policial. E para tanto, fomos à casa do delegado municipal Sr. Tarcisio para saber a causa da prisão. Ainda meio sonolento (ele foi se deitar havia poucos instantes) o delegado nos informou que até quando ele estivera na rua não havia acontecido nada. Que somente o cabo Valdir poderia nos informar certinho a causa da prisão.

Nos desculpamos com o Sr. Tarcisio por incomodá-lo e fomos para a casa do cabo Valdir, que deveria estar acabando de deitar, tal a rapidez com que nos atendeu. O cabo nos informou que a prisão foi feita mais por precaução, a fim de evitar um desfecho mais grave em função de uma discussão entre o empregado do Sr. Quinzito e uma outra pessoa. Mas que nós poderíamos ir à cadeia que o soldado de prontidão soltaria imediatamente o empregado do Sr. Quinzito. Não concordamos com esta forma e pedimos ao cabo para escrever um bilhete para o soldado de prontidão ordenando colocar o preso em liberdade. E isso, explicamos, para evitar que a sua autoridade deixe de prevalecer e para evitar facilidades para os não respeitadores da lei em relação a nossa intervenção futura.

Chegamos à cadeia pública de Caldas e entregamos ao soldado de prontidão o bilhete do cabo Valdir e pedimos-lhe para que nos permitisse entrar na cela onde estavam presos os desordeiros. a princípio ele resistiu, mas com a nossa insistência, ele permitiu.

Entramos na cela e indagamos quem era o empregado do Sr. Quinzito. O empregado se apresentou e lhe perguntamos porque razão ele fora preso e ele nos respondeu porque o cabo Valdir não gosta dele. Perguntamos-lhe, então, qual era a profissão dele e ele nos respondeu que era retireiro de leite da fazenda do Sr. Quinzito. Perguntamos-lhe a que horas começava o seu trabalho e ele nos respondeu que às cinco horas da manhã. E já deveriam ser mais ou menos uma sete horas e trinta minutos.

Disse , então, a ele e a todos os presentes que aquela era a primeira e também seria a última vez que nós iríamos interceder junto à polícia para libertar algum preso, pois o dever da polícia é manter a ordem e a do cidadão é contribuir para que a ordem seja mantida. E que o dever da polícia era prender os desordeiros e todo aquele cidadão que não respeitasse a lei e que o nosso dever não era soltar ninguém.

Finalmente, dissemos ao empregado ao Sr. Quinzito: Você é casado? Tem filhos? Como você vai explicar para eles onde você passou a noite? E em que companhia?

No próximo número continuaremos a contar mais FATOS PITORESCOS da nossa administração em Caldas.

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