ADMINISTRAÇÃO & FINANÇAS PÚBLICAS

C - MINHA ADMINISTRAÇÃO EM CALDAS  DE JANEIRO DE 1973 A JUNHO DE 1975

                                          (Continuação)

 

FATOS PITORESCOS OCORRIDOS DURANTE A MINHA  ADMINISTRAÇÃO

Outro FATO PITORESCO da nossa administração aconteceu quando implantamos o controle de uso de combustível pelos veículos da Prefeitura, tendo em vista saldar os débitos vencidos deixados pela administração anterior junto aos postos de gasolina locais.

Tendo passado aproximadamente duas semanas da nossa posse como Prefeito de Caldas recebemos a visita dos dois proprietários dos postos de combustível de Caldas que nos comunicaram que em virtude do valor do débito já vencido eles não tinham mais condições de continuarem a fornecer combustível para os veículos da Prefeitura, tendo em vista que a margem de ganho deles era muito pequena e eles não tinham como sustentar por mais tempo aquela situação.

Dissemos para eles que lamentávamos suas posturas, mas que respeitávamos a posição deles. E que, em sendo assim, a Prefeitura teria que abastecer os seus veículos em um município vizinho e que Caldas iria perder financeiramente um pouco da Receita de combustível e seus derivados. E nos comprometemos naquela ocasião a apresentar-lhes uma proposta para saldar os débitos vencidos.

Três dias depois eles tornaram anos procurar para nos comunicar que como nós tínhamos n os comprometido a saldar dentro de 90 dias os débitos vencidos eles nos dariam um voto de confiança, ainda mais que nós não éramos de Caldas e estávamos lá para trabalhar pelo município deles, e continuariam a fornecer o combustível para a Prefeitura.

Comunicamos-lhes, então, que nós iríamos implantar um rigoroso controle de uso de combustível pelos veículos da Prefeitura, a fim de a cada 15 dias pagar o combustível gasto nos 15 dias anteriores. Eles ouviram e concordaram.

Implantamos então o controle que era composto de um talão de uso de combustível com canhoto e contendo a quilometragem e a quantidade de combustível com que o veículo fora abastecido. Além disso, nomeamos um funcionário para que toda manhã e todo começo de tarde estivesse no posto para rubricar as notas de abastecimento. E combinamos com os proprietários dos postos que a Prefeitura só pagaria as notas que tivessem a assinatura do nosso funcionário ou que tivessem anexadas uma ordem nossa expressa e por escrito autorizando o fornecimento.

Para evitar qualquer constrangimento, mal entendido ou ainda para evitar mexericos, fizemos uma reunião com todos os funcionários da Prefeitura que trabalhavam nos veículos e máquinas da Prefeitura e lhes comunicamos a nova maneira que a Prefeitura iria utilizar junto aos postos e que não por desconfiança de nenhum deles, mas sim porque a Prefeitura tinha se comprometido junto aos donos dos postos a pagar o uso de combustível a cada quinzena e como nós não sabíamos qual o valor a ser gasto era necessário tal procedimento para não deixarmos de cumprir o compromisso com os donos dos postos. Os funcionários aceitaram a nossa comunicação e elegeram, a nosso pedido, o colega deles que iria ficar responsável pela assinatura das notas de uso de combustível. A escolha recaiu sobre o funcionário de nome Sebastião Pontes, que cumpriu de forma brilhante, leal e honesta a sua missão.

Para surpresa nossa na segunda ou terceira quinzena, não nos lembramos ao certo qual delas, quando recebemos da Contabilidade a Nota de Empenho referente a um dos postos, ao conferir as notas de uso nos deparamos com uma em nome da Prefeitura de Caldas e que não continha a assinatura do Sebastião Pontes. Pedimos ao Contador para elaborar uma nova Nota de Empenho excluindo aquela irregular.  E a seguir comunicamos ao dono do posto o ocorrido.

Passados, mais ou menos uns quinze minutos, o dono do posto chegou ao nosso Gabinete para justificar tal nota. Nos confidenciou, então, que quem assinara aquela nota era também uma autoridade e que dava segurança aos Prefeitos daquela região. Aceitamos as suas ponderações, mas a Prefeitura não iria pagar aquela nota porque o uso dos combustíveis não foi para atender nenhum serviço prestado pela Prefeitura. E que ele (dono do posto) não ficaria sem receber, ainda que tivéssemos que pagar com os nossos próprios recursos, apesar de não termos tido o prazer de conhecer tal autoridade.

O gasto da autoridade foi de um tanque cheio de um Volkswagen, mais cinco litros de óleo de motor.

Passados alguns dias o dono do posto nos comunicou que apesar de todo seu constrangimento falou com a autoridade o ocorrido; e que ela não falou nada e pagou a nota.

 

 

 

 

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