Soneto
IV
Se essa dor que te agride e te
consome é tanta,
Aniquilando e vergastando com
dureza,
Olha ao redor, contempla a fada
natureza,
Que ao furor da procela ajoelha
em prece santa.
Se a cruel tempestade expande os
rios dos leitos
E devassa em sua passagem: expõe
raízes
de velhas árvores. Apaga seus
matizes
E amedronta na enxurrada, os
próprios feitos.
Passado o vendaval, recolhe-se
tranquila,
E, ao brilho do sol, rebrota em
mil fragores,
Devolvendo esperança ao que
antes aniquila.
Recobra tua fé. Acalma tuas
dores!
Não é perene a dor. É pó. É
nada. É argila.
Apacenta infortúnios e embala
amores!
Ayda Bochi
Brum
|