Encontro Para a Nova Consciência

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Encontro Para a Nova Consciência

Exemplo Maior de Amor, Tolerância, Fraternidade, Sabedoria e Democracia

Carlos Antonio Fragoso Guimarães

 

    Todos os anos, no período do Carnaval, desde 1992, a cidade de Campina Grande, na Paraíba, é palco de um dos mais maduros, tolerantes e democráticos eventos filosófico-humanistas do planeta: O Encontro para a Nova Consciência - O Pensamento da Cultura Emergente, atualmente chamado de "Encontro da Nova Consciência". (Clique aqui para ver o programa do Encontro durante o carnaval de 2008).

    O Encontro para a Nova Consciência é um espaço de encontro (não de mistura, mas de diálogo e compreensão, pois a diferença é rica e enriquecedora) interdisciplinar e inter-religioso, verdadeiro exercício de um encontro encumênico, onde se discutem e vivenciam os temas filosóficos mais caros ao ser humano: o sentimento de fraternidade, partilha, troca de idéias e vivencias de contato humano e espiritual a partir de exposições e diálogos de diferentes tradições e filosofias (veja aqui o texto da reportagem exibida pelo Fantástico, da Rede Globo, sobre o Encontro para a Nova Consciência em 09/03/2003).

   "Se pudermos olhar para o outro como nosso irmão e fraternal e solidariamente darmos a mão e caminharmos juntos, esse é o ideal, e foi pra isso que Deus nos fez. É a prática do exercício do amor que gera a paz. Essa é a proposta maior da nova consciência", nos fala sabiamente o Pastor Nehemias Marien, participante e trabalhador assíduo do Encontro desde sua primeira edição, em 1992 (Clique Aqui para ver a História do Primeiro Encontro Para a Nova Consciência em 1992)

    O evento se mostra uma espaço de encontro e diálogo (e não - como querem fazer crer os que, desconhecendo-o, não obstante pretensiosamente pensam tudo conhecer - de mistura e muito menos de proselitismo) entre a ciência, a filosofia e as diferentes tradições religiosas, como o catolicismo, o espiritismo, alguns representantes protestantes mais equilibrados e mais atrelados à madura e respeitável mensagem original de Lutero - e, portanto, ainda não contaminada por um Pentecostalismo fundametalista alienante próprios do televangelismo moderno -, o budismo, o islamismo, as religiões afro-indígenas, etc.

   As propostas e práticas de aceitação e harmonia do Encontro Para a Nova Consciência demonstram a capacidade do homem de, ao amadurecer, aceitar as diferenças e a possibilidade do aprendizado mútuo pelo encontro de diferentes perspecitvas. Nomes reconhecidos internacionalmente participaram de diferentes edições do evento, desde o teólogo Leonardo Boff ao Psicólogo francês - que teve o nome indicado ao Prêmio Nobel da Paz - Pierre Weil.

    O saudoso Bispo de Campina Grande, Dom Luis Gonzaga Fernandes (foto, junto com o idealizador do Encontro, então prefeito e hoje governador, Cássio Cunha Lima, o Pastor Nehemias Marien e o saudoso comunicólogo Augusto César Vannucci, em foto do primeiro Encontro, em 1992) já no primeiro e histórico Encontro Para a Nova Consciência, realizado em 1992, dizia com sabedoria e olhar amplo, acima das mesquinharias dos vários "ismos" humanos:

   Quando nós falamos de ecumenismo não estamos pensando num coquetel de incongruências, mas em questões bem assentadas. Se desejamos realmente nos apresentar diante do mundo como portadores de uma bandeira religiosa (do latim religare=religar o homem ao divino), é vergonhosa nossa divisão.

   É este clima de amizade, de aceitação positiva do outro, que tem feito o Encontro para a Nova Consciência um sucesso renovado e crescente ano após ano, apesar das dificuldades de patrocínio e do descaso da mídia comercial.

    O clima de respeito, tolerância e cordialidade do Encontro da Nova Consciência. O paradoxal, contudo, é que esta preciosidade tem sido alvo de ataques de segmentos religiosos desde o primeiro encontro. Estes ataques foram aumentando até que se se tornaram oficiais em um evento paralelo, imitando de forma caricata, o Encontro da Nova Consciência, mas que é em tudo o exato contrário, na teoria e prática, deste. Trata-se do chamado "Encontro para Consciência 'Cristã' ", que, veremos, na prática, de Cristã parece ter bem pouco.

    Algumas seitas neopentecostais protestantes de cunho fundamentalista, capitalista e conservador, em uma amostra clara de pequenez espiritual, falta de tolerância e demonstração cabal do mais abjeto fanatismo religioso, já desde a primeira edição do Encontro para a Nova Consciência demonstram seu temor ao livre-pensar, ao contato de diferenças e ao ecumenismo, fazendo-se presentes como fator de perturbação do mesmo. Assim, além de frequentemente ficarem à porta do Teatro Municipal Severino Cabral de Campina Grande, onde se realizam as palestras mais importantes do Encontro da Nova Consciência, palestrando ou distribuindo panfletos contra o Encontro - e tendo até mesmo, em 2007, chegado ao cúmulo de se apresentarem em frente ao Teatro Municipal vestidos de preto, queimando pneus e apresentando-se com tochas ao estilo ameaçador das seitas protestantes que formam a Ku Klux Klan norte-americana.

    Desde 1998 (ou seja, sete anos depois do primeiro Encontro para a Nova Consciência), a ala evangélica fundamentalista promove uma paródia reacionára cristalizada em um agressivo evento paralelo , chamado - em uma arrogante pressuposição exclusivista (já que se julgam a si próprios como os representantes únicos e reais da mensagem de Cristo, e uma repetição de 500 anos de atraso do pretenso exlcusivismo dos tempos inquisitoriais) - de Encontro para a Consciência "Cristã". Este último é, claro, amplamente apoiado pela ala evangélica conservadora da política local, que vem impedindo ou dificultando, tanto na Câmara Munipal de Campina Grande, quanto na Assembléia Legislativa do Estado, ajuda oficial ao Encontro da Nova Consciência, que eles anseiam claramente em acabar, também pressionado a imprensa a não mais divulgá-lo, ao menos com o espaço antes ocupado.

    Outra manifestação flagrante de intolerância dos participantes da tal consciência " 'Cristã' " - também no mesmo ano de 2007 - foi feita quando alguns dos membros mais fanáticos se vestiram de palhaço e fazerem um apitaço durante a caminhada ecumênica em prol da Paz realizada sempre nos domingos de Carnaval pelos participantes do Encontro da Nova Consciência (que, como sabemos, incluem e congregam, de forma harmoniosa, católicos, evangélicos, islamitas, judeus e até mesmo ateus) - mas desta vez, ao menos, os "evangélicos" da tal consciência "Cristã" assumiram os próprios traços, agindo assim agressivamente por medo ao diferente. Portanto, explicitaram os próprios temores e inseguranças de suas dúvidas religiosas exclusivistas, dúvidas reprimidas mas não extintas, que e evento ecumênico estiumula e traz à tona, o que provoca questionamentos que são, para eles, uma ameaça. Assim, projetam no Encontro para a Nova Consciência, em um mecanismo de defesa da representação neurótica da ameaça que, na verdade, estão neles próprios.

    O encontro "evangélico" tem o óbvio intuito - como dá a entender o título plagiado e manipulado - de concorrer e, segundo eles, de refutar o Encontro para a Nova Consciência, que eles consideram vetor de "forças malignas" trazidas à Campina Grande no Carnaval. Estas "forças malignas" seriam transportadas pelos estudantes, professores universitários, cientistas, escritores, padres, pastores mais lúcidos, antropólogos, filósofos, enfim, gente instruída que, vindo de todo Brasil e de outros países para o Encontro para a Nova Consciência, têm o pecado imperdoável de pensar diferentemente deles, os grandes missionários salvadores do mundo.

    Para se ter uma idéia da anti-democrática e bushiana agressividade dos líderes do tal Encontro para a Consciência "Cristã", oposto ao equilibrado e Democrático e tolerante Encontro para a Nova Consciência, vejamos o trecho deste "artigo" do Pastor Ridalvo Alves da Silva no site do movimento-seita Consciência "Cristã":

   É verdade que o evento emerge dentro do contexto do Nordeste do Brasil, especificamente na cidade de Campina Grande, no momento em que se realizava o VIII Encontro Esotérico intitulado Encontro para a Nova Consciência - Uma Cultura Emergente, como os organizadores a denominaram. Houve nesta conjuntura uma grande preocupação relacionada ao destino da Igreja Cristã Evangélica, pois ninguém havia se levantado até aquele momento para refutar e comparar em nível de reflexão teológica e apologética cristã os ensinos perniciosos que submergia a comunidade campinense como um todo atingindo já naquela época 48 eventos paralelos.

   A perplexidade e angústia já haviam chegado ao coração de muitas pessoas reivindicando da Igreja Evangélica de Campina Grande uma tomada de posição firme quanto à invasão esotérica em nossa cidade. A princípio não se sabia como fazer para criar uma estratégia eficaz, não somente para combater os ensinos distorcidos da Nova Era, como também trazer diretrizes seguras para a comunidade quanto aos ensinos de uma Teologia Cristã sadia. Aconteceu somente em fevereiro de 1999 o I Encontro Para a Consciência Cristã quando os alunos do Instituto Teológico Superior de Missões - ITESMI, sob a nossa direção, que dirigíamos pela orientação e urgência do Espírito Santo de Deus, aceitaram o desafio de enfrentar não somente as dificuldades de recursos financeiros, mas também de recursos humanos.

    No início houve crítica, falta de compreensão e de ajuda por parte de muitos, porém, não era hora de olhar para as circunstâncias e sim exercer a fé em Deus que opera nas coisas impossíveis. Aí entra a disponibilidade do homem. Por isso, quero destacar a pessoa do pastor Euder Faber Guedes Ferreira, que nos instantes decisivos, acreditou plenamente na visão de Deus, que estava brotando, e largou seu emprego secular para se dedicar integralmente à grande causa prioritária do Reino de Deus. Quero trazer à memória de nossos caros leitores que foi muito difícil para implantarmos o I Encontro Para a Consciência Cristã, no entanto, o milagre aconteceu.

   Não obstante, a razão do Encontro Para a Consciência Cristã não somente abrange a cidade de Campina Grande em seu contexto esotérico de evento anual, mas prepara a igreja contra os falsos ensinos que se alastram em nosso território nacional e também em outras regiões do mundo ocidental e oriental. O pluralismo religioso será certamente o maior desafio da Igreja Cristã neste novo milênio. Não temos dúvidas que por trás de tudo isto está o Império da religião ecumênica liderada pelo seu grande mentor, o Anticristo.

   Vê-se, pois, a maturidade intelectual dos mentores do tal Encontro da Consciência "Cristã", não apenas na falta de adesão ao mandamento de Cristo de "Amar ao próximo", como na total falta de respeito com quem não partilha de suas idéias, em uma quase paranóia que abarca a proteção de um "mercado religioso" altamente lucrativo, baseado na cobrança de dízimos.

   E não apenas os participantes do Encontro para a Nova Consciência são considerados "demoníacos", como mesmo outras Igrejas Cristãs são publicamente atacadas pelos "Conscientes 'Cristãos' ",oque inclui mesmo outras denomiaçõs evengélicas.

   Deplorando a diversidade de pensamento - para eles uma ameaça ao processo de doutrinação de sua única "verdade" que é, claro, altamente favorável a eles - sustentam - como fazia a Igreja Católica na época da "Idade das Trevas" - que só pode haver uma única forma de verdade cristã e uma única "Igreja do Povo de Deus" fora da qual só existe perdição e inferno, sem possibilidade de salvação. Índios, árabes, "pretensos cristãos que não conhecem o verdadeiro Deus Vivo", asiáticos, budistas, ateus, etc., por melhores pessoas que sejam em obras, por não aceitarem adesisticamente o "Cristo" deles como salvador pessoal já estão condenados. Quem desafia de alguma forma este modo de pensar é, além de herético, um mal a ser expulso e, se possível destruído. E é assim recomeça a tragédia e farsa de uma história já conhecida - mas não aprendida - de intolerência, agressividade e fogueiras...

    Outro caso de provocação e estreiteza moral ocorreu durante o VII Encontro da Consciência Evangélica "Cristã" feito em 2005. Numa atitude DE insulto explícito, um pastor da Igreja Batista de São Paulo, chamado Joaquim de Andrade, afirmou na imprensa que não se arrependia das polêmicas declarações antiharmônicas que deu em Campina Grande, durante o Encontro Para a Consciência "Cristã", sobre as aparições populares atribuídas a Maria de Nazaré. Ele afirmou que tais aparições marianas são coisas do demônio, manifestações demoníacas a serem combatidas pelos evangélicos. Segundo o jornal Correio da Paraíba, de 10/02/2005,

   "O prefeito Veneziano Vital do Rêgo posicionou-se contrário à declaração do pastor, a qual classificou de infeliz. Ele disse que, ao conversar com o vice-prefeito José Luís Júnior, que é evangélico e com outros pastores, chegou à conclusão que nem todos têm o mesmo pensamento do pastor Joaquim Andrade. O prefeito pediu para que o pastor Joaquim revisse o que disse. O pastor Joaquim de Andrade, da Igreja Batista de São Paulo, disse que não se arrepende das declarações que deu em Campina Grande, durante o Encontro Para a Consciência Cristã, sobre as aparições de Nossa Senhora e que a despeito do desagravo que será realizado pela comunidade católica, ele não precisa da misericórdia de Maria".

    Diante desta explícita manifestação de desafio ao pensamento diferente, especialmente aos Católicos e aos participantes do XIV Encontro para a Nova Consciência, cabe aqui a resposta do filósofo F. Pereira Nóbrega ao dito Pastor Joaquim Andrade e a seus pares, como o pastor Fáber, etc.:

Aparições

F. Pereira Nóbrega

Jornal Correio da Paraíba, 12/02/2005

    Apareceu em Campina Grande um movimento chamado Encontro para a Nova Consciência que veio para ficar. Pretende mais somar que diminuir. Procura entre várias tendências do pensamento atual o denominador comum dos que prezam a humanidade e querem fazer algo por ela.

    Está no espírito da Nova Consciência ressaltar esse denominador comum, esquecer e superar divergências que haja. Dentro e fora, há sentimentos diferentes, que temos por sagrados, como os de pátria, família, religião.

   Mãe alheia só o mal educado xinga. Zombar de sentimentos diferentes, isso fica para encontros internos dos que pensam do mesmo modo. Todo homem tem direito a amar sua mãe, sua fé, e nisso ser respeitado. Os que, publicamente, combatem a fé que está no outro, combatem o homem universal que está sem si.

    Pois também apareceu em Campina Grande um encontro contra a Nova Consciência e, com ele, um pastor, esquecido do espírito do Encontro, repetindo o velho diante da Consciência que se apresenta Nova. Voltou ao tempo das guerras de religião. Dos primeiros cristãos se dizia: vede como eles se amam. Ao tempo das guerras religiosas, se poderia dizer: vede como eles se odeiam. A esse tempo quis voltar o pastor.

   Ainda hoje, são encontráveis dos dois lados os que pregam amor com sotaque de ódio. Frequentemente eles se encontram em cultos que se dizem ecumênicos, por fora de ritos, por dentro de nada.

    Apareceu aquele pastor, de público zombando de aparições de Maria. Se houvesse mais diálogo entre denominações cristãs, saberia ele quanto a Igreja é prudente, quase cética, sobre esses relatos de aparições. Aprenderia quão raríssimos são os casos convincentes, diante da multidão dos que se propalam. Saberia ainda que a Igreja, a rigor, não obriga em consciência nenhum católico a inserir uma aparição no seu credo de fé.

    Se mais diálogo houvesse entre nós, eu ousaria dialogar em termos de Teologia. E diria que me confunde mais se crer nas manifestações do demônio do que nas de Maria. Quando aparece um fato paranormal, daqueles ditos de “espírito brincalhão”, sempre aparece algum pastor dizendo que aquilo é o diabo. É má Teologia. A História não é uma queda de braços entre Deus e o Diabo que, de há muito, já foi vencido. Enquanto o mundo volta ao paganismo, cristãos se apedrejam. Acordemos a tempo. Há muito mais o que nos une, muito menos o que nos separa.

   

Para ver esta e algumas outras reportages dos jornais Correio da Paraíba e Jornal da Paraíba sobre a provocação do Pastor Joaquim de Andrade, clique aqui

   No começo da década de 2000 o clima de conflito zelosamente cultvado pelos "Conscientes 'Cristãos' " levou ineviavemne a sérios conflitos entre os "evangélicos" do então Partido Liberal (formado em sua maioria por membros da Igreja "Universal" de Edir Macedo) e outros penteconstalistas contra a Prefeitura de Campina Grande, que sugeria patrocinar o encontro dos "evangélicos" de 2004 em outra data para evitar o atrito estimulado pelos mesmo contra oEncontro Para a Nova Consciência, o primeiro a ser feito, reerguendo o comércio e os serviços hoteleiros de Campina Grande na época do Carnaval (já que a cidade não tinha tradição carnavalesca e a cidade ficava um quase deserto neste período). No conflito, ficou claro, pela reação agressiva dos evangélicos contra a então prefeita Cozete Barbosa - e que incluiu a compra de matérias em jornais locais -, que os prestimosos Pentenconstalistas-fundamentalistas visam acabar com o Encontro para a Nova Consciência, forçar um conflito de religiões e ainda aproveitar a deixa para fazer propaganda de si mesmos. Os Pentecostalistas, é claro, têm todo o direito de fazer os cultos e reuniões públicas que quiserem - e dinheiro e poder político para isso não lhes faltam -, desde que respeitem as demais pessoas e não se utilizem do direito de reunião para perturbar qualquer outro tipo de congregação.

    Lúcidos livros, escritos por teólogos de renome internacional, como o "Fundamentalismo, A Globalização e o Futuro da Humanidade", de Leonardo Boff e "Em Nome de Deus", de Karen Armstrong, demonstram cabalmente as táticas de recrutamento e ações de violência intelectual dos grupos ditos "evangelicos" de base calvinista fundamentalista, em geral de orígem norte-americana, provocando desarmonia e impedimentos de uma aceitação pelo diferente, principal aspecto necessário à paz e crescimento humano (veja-se os discurso desequilibrado de Bush e de alguns de seus generais batistas ao expor que a estúpida Guerra contra o Iraque é uma Guerra do Bem e do Cristianismo contral o mal e o - sempre tão ardorosamente citado por fundamentalistas - Demônio, demonstrando intolerância, imperialismo, encobrimento das reais causas econômicas e estratégicas - petróleo e domínio tático da região - e desconhecimento da profundidade do islamismo, onde Jesus Cristo é venerado como um grande profeta e muito de seus ensinamentos aceitos e divulgados pelo Al Corão, bem diferente da exaltação evangélica ao judaísmo como um todo, se levarmos em consideração que Jesus Cristo não é aceito como o Messias e, quando muito, é visto apenas como um importante judeu, um tanto rebelde por parte considerável da comunidade ortodoxa judáica, e ainda o total desconhecimento por certas facetas da religião de Moisés bem como as ditorções gritantes que foram feitas na Bíblia por eles utiliada e que foram bem expostas pelo Prof. Dr. Severino Celestino da Silva, da UFPB, em seu profundo livro "Analisando as Traduções Bíblicas").

    Esta tática política de tentar se impor um tipo de pensamento único religioso ou exclusivismo espiritual não é nova. As facções religiosas poderosas tempo de Cristo usavam do mesmíssimo expediente e, hoje, vemos novamente um "revival" do farisaísmo pseudo-doutoral entre os escribas do fundamentalimo evangélico atua. E ninguém mais do que o próprio Jesus Cristo soube expor a vista e todos toda a podridão de seus misteres agressivo e alienantes, como vemo nestas passagens do capítulo 23 Evangelho Segundo Mateus que, atualizando alguns termos, parecem que foram feitas para os dias do tal "Encontro para a Consciênia 'Cristã' ":

   

1. Dirigindo-se Jesus à multidão e a seus discípulos, disse-lhes:

2. Os escribas e fariseus sentaram-se na cadeira de Moisés.

3. Observa e fazes tudo o que eles dizem, mas não ajais como eles agem, pois eles dizem mas não fazem o que dizem.

4. Eles amarram cargas pesadas e esmagadoras nos outros e com elas sobrecarregam os ombros das pessoas, mas eles mesmos não querem mové-las sequer com um dedo.

5. Fazem todas as suas ações para serem vistos pelos homens, por isso exibem largas faixas e longos adereços em seus mantos.

6. Gostam dos primeiros lugares nos banquetes e das primeiras cadeiras nas sinagogas.

7. Gostam de ser saudados em praça pública e de serem chamados rabi (ou seja, o intétprete da Bíblia nas sinagogas, equivalente a 'pastor', hoje em dia) pelos homens.

8. Porém vocês não vos façais chamarem de rabi, porqe um só é o vosso mestre e vocês são todos irmãos.

9. E a ninguém chames de pai sobre o terra, pois um só é vosso Pai: Aquele que esta nos Céus.

10. Nem vos façais chamar de mestre, porque só tendes um mestre.

11. O maior de vós será vosso servo.

12. Aquele que se exaltar será humilhado, enquanto que aquele que se humilhar será exaltado.

13. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Vós fechais aos homens as portas do Reino dos Céus. Vós mesmos não entrais e nem permitem que entrem os demais que querem entrar.

14. Ai de vocês, escribas e fariseus hipócritas! Devorais as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso haverão de ser castigados com maior rigor.

15. Ai de vós, escribas e fariseus hipócrias! Percorreis mares e terras para obter convertidos e, quando o conseguis, fazeis dele um filho do inferno duas vezes pior do que vocês mesmos!

16. Ai de vós, guias cegos! (...)

23. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho mas desprezais os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Eis o que era necessário praticar em primeiro lugar.

24. Guias cegos! Nos outros filtrais um mosquito enquanto vocês mesmos engolis um camelo.

25. Ai de vocês, escribas e fariseus hipócritas! Vocês limpam por fora o copo e o prato mas por dentro estais cheios de roubo e intemperança.

26. Fariseu cego! Limpe primeiro o que por dentro está sujo para que também o externo fique limpo.

27. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pois sois semelhantes a sepulcros caiados: por fora vocês parecem formosos, mas por dentro estais cheios de ossos, de cadáveres e de toda espécie de podridão!

28. Assim também sois vós: por fora pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisias e iniqüidades.

29. Ai de vós escribas fariseus hipócritas! Edificais sepulcros aos profetas, adornais os monumenos dos justos

30. E dizeis: Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais não teríamos manchado nossas mãos, como eles, no sangue dos profetas...

31. Testemunhais assim contra vós mesmos... Que sóis de fato filhos de assassinos de profetas.

32. Acabem, pois, de encher a medida de vossos pais!

33. Serpentes! Raça de víboras! Como escapareis ao castigo do inferno?

    Não à-toa, a denúncia de Jesus contra a hipocrisia e ganância política dos Doutore$ da Bíblia, auto-intulado$ expert$ teológico$, lhe custaria a vida...

    As formas de recrutamento e sedução destes grupos fundamentalistas são extraordinariamente simples e eficazes: diante das dificuldades do mundo atual (muitas delas criados por grupos econômicos calvinistas), basta aceitar e aderir a alguma de suas Igrejas, professando a aceitação do Cristo segundo suas interpretações, integrando-se plenamente à comunidade dos fiés - e a pessoa se sente emocionalmente amparada e se sentindo parte de uma grande família, naquilo que é chamado de Conformismo pela Psicologia da Gestalt-Terapia que também diz que ao lado desta vem quase sempre o mecanismo neurótico de defesa chamado de Confluência, ou seja, se me sinto inseguro ou emocionalmente fraco, procuro suprir isto com a opinião de uma congregação, que poderá me dar a impressão de suprir e dar forças. A opinião desta será então a minha opinião e assim me confundo com uma causa do grupo, podendo surgir daí o sectarismo e o fanatismo religioso. Também existe a questão do poder econômico da seita, já que o postulante terá de se esforçar para converter outras pessoas e pagar, com estas, a obrigação do dízimo. Desta forma, segundo a idéia deles, se tem o céu garantido e a salvação da alma como uma certeza, já que apenas os escolhidos se dão conta do "verdadeiro Deus" que, claro, é o deles. As demais pessoas estão perdidas, equivocadas ou condenadas, dependendo de como elas se posicionam ante eles, os eleitos, e cabem a estes fazer de tudo para expandir sua verdade e salvar a humanidade... E quem nos savará da ameaça de cairmos em uma outra Idade das Trevas sob o controle ideológico-empresarial das "Pequenas Igrejas, Grandes Negócios" de cunho Pentencostal-Fundamentalista ao estilo anti-democrático e intervencionista da CIA de Nixon, Reagan e Bush?

    Vejamos aqui um trecho do artigo "Fundamentalismo Mundial", escrito pelo teólogo Leonardo Boff, e que resume bem o atual perigo da evervescência fundamentalista protestante criada pelos EUA:

O fundamentalismo do Estado terrorista à la Bush possui fortes raizes religiosas, ligadas a sua biografia pregressa. Foi por vinte anos dependente de alcool até que em 1984, a convite de um amigo, Don Evans, atual secretário do comércio, começou a frequentar o círculo bíblico dos evangélicos fundamentalistas. Após dois anos não era mais ébrio de alcool mas ébrio da ideologia salvacionista destes fundamentalistas que se divulgava fortemente dentro do partido republicano. Segundo ela, “o destino manifesto”dos EUA hoje é melhorar o mundo na medida em que o impregnar com os valores da cultura norte-americana: com liberdade, democracia, e livre mercado. Bush filho fazia a campanha da reeleição do pai se apresentando como “um homem que tem Jesus em seu coração”.O brasilianista Ralph della Cava e o teólogo J. Stam contam que mais tarde, ao postular-se candidato, Bush reuniu os pastores da zona e lhes comunicou: “fui chamado [por Deus]”. Em seguida fez-se o ritual “da imposição das mãos”, sagrando-o Presidente preventivo.

Essa pre-história é importante para se entender a fúria fundamentalista que se apossou de Bush após os atentados de 11 de setembro de 2001. Optou combater o mal com o mal, ameaçando com guerra preventiva a todos os países do “eixo do mal”. Deixou claro: “Quem não está conosco, está contra nós”, é terrorista. Antes do ultimato a Saddam Hussein, pediu aos assessores que “o deixassem a sós por dez minutos”. Qual Moisés foi consultar-se com Deus. E numa entrevista ao New York Times de 26/04/03 declarou:”Tenho uma missão a realizar e com os joelhos dobrados peço ao bom Senhor que me ajude a cumpri-la com sabedoria”. Pobre Deus! Como salvaremos a humanidade desses desvairados?

    As relações do calvinismo com o capitalismo foram inicialmente demonstradas por Max Weber já no início do século XX em seu livro "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" e a filósofa Rose Marie Muraro aponta ainda mais esta relação em seu livro "Textos da Fogueira", onde fica explícito a atuação da ética protestante dos WASP (White Anglo Saxon Protestant) nas mega-especulações financeiras de Wall Street e nas decisões do governo norte-americano, impreterivelmente maléficas para o resto do mundo. O Prof. Délcio Monteiro de Lima fez uma lúcida e profunda análise da influência dos EUA na implantação e expensão do pentecostalismo no Brasil em seu livro Os Demônios Descem do Norte, publicado pela editora Francisco Alves. Os intere$$eS econômicos em se implantar uma religião alienadora são óbvios. Se lembrarmos que vertentes calvinistas-fundamentalistas encontradas no Brasil são de origem norte-americana, dá para se ter uma idéia da mentalidade ideológica de grande parte da organização do tal Encontro para a Consciência "Cristã".

    O Encontro para a Nova Consciência, porém -e ao contrário do Encontro dos Pentencostais-fundamentalistas - traz o espaço do encontro com o outro, com o diferente, com a perspectiva de quem entende o mundo e a Deus de uma outra maneira. E não só com contato entre diversas tradições, pois traz em sua história a participação de nomes de vulto da Filosofia e da Ciência, como os do Psicólogo francês Pierre Weil, do teólogo Leonardo Boff, de Dom Marcelo Carvalheira, do saudoso Dom Luiz Gonzaga Fernandes, do Pastor Nehemias Marien, do Pastor Estevam Fernandes, do saudoso comunicólogo Augusto César Vanucci, do Arcebispo Emérito da Paraíba, Dom José Maria Pires, do atual Arcebispo Dom Marcelo Carvalheira, do tribuno espírita Divaldo Pereira Franco, do físico Patrick Drouot, do engenheiro, transcomunicador e idealizador do Movimento Paz pela Paz (Movipaz), Clóvis Nunes, da filósofa Rose Marie Muraro, do Parapsicólogo Henrique Rodrigues, da antropóloga Simone Maldonado, do cineasta Pedro Camargo,dentre inúmeros outros professores, psicólogos, antropólogos, médicos, historiadores e representantes de diversas correntes religiosas.

    Cabe aqui uma reflexão do francês de nascimento mas brasileiro de coração e deiretor da Unesco para Educação para a Paz, Dr. Pierre Weil, assíduo participante do Encontro Para a Nova Consciência:

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA: UMA FONTE DE VIOLÊNCIA E DE GUERRAS

Uma das fontes mais conhecida através da história da humanidade, de constante violência e de guerras são os grupos fanáticos que existem dentro da maioria das religiões.

Estes fanatismos nascem em geral na mente de pessoas que foram criadas de modo estreito e unilateral dentro de determinada cultura religiosa; estes grupos de pessoas jamais tiveram contatos com outras religiões e se limitam a ler textos sagrados da sua própria religião. Muitos são os mestres religiosos a insistirem sobre a superioridade da suas religiões sobre as outras, ou mesmo dentro de uma religião a superioridade da sua corrente teologista, em pleno fim de século, há atos de violência entre quem precisaria dar o exemplo de fraternidade, compreensão e entendimento entre os homens; entre cristão, muçulmanos, hinduístas e budistas e dentro de cada tradição nascem conflitos e atritos violentos.

O QUE FAZER?

Desde o início deste século, líderes de boa vontade, provindo de cada tradição religiosa, tem se reunido periodicamente para fazer um esforço no sentido de compreensão mútua e de aprendizagem recíproca. Várias associações internacionais e nacionais tem sido criadas para esta finalidade. Estes encontros tem se revelado de uma extrema riqueza e sempre geram novos encontros. A própria Igreja Católica tem realizado muitos esforços no sentido ecumênico (religiões cristãs) e inter-religioso. O encontro de Assis Goi sem dúvida um exemplo notável. Os esforços do Dalai-Lama neste sentido, tem lhe valido o prêmio Nobel da Paz.

Mais recentemente, a UNESCO tem reunido em Barcelona, representantes de várias tradições espirituais do mundo. Do encontro nasceu a Declaração de Barcelona.

    A filosofia, a ciência e a religiosidade, na melhor tradição da filosofia e dos exemplos de Gandhi, de João XXIII, de Carl Gustav Jung, de Mircea Eliade, de Martin Luther King, de Leonardo Boff e outros recebe a atualização vivencial de pessoas, em grande parte constituida de jovens, que buscam ter um horizonte maior de percepção e vivência interpessoal.

    Esperemos que este encontro maravilhoso, verdadeiro oásis de lucidez em meio ao atual momento de trevas intelectuais, morais e - à exemplo de Bush, da IURD de Edir Macedo e do PL e da TFP da ala mais direitista/conservadora da Igreja Católica - religioso, permaneça ainda por muitos e muitos anos, qual semeadura que amplie consciências e permita o exemplo vivo do convívio das diferenças.

Para entender a força do pensamento retrógado de de alguns pretensos "evangélicos" utra-reacionários, veja-se o artigo, do jornal Tribuna da Imprensa, chamado Evangélicos foram a chave para a Reeleição de George 'War' Bush"

Algumas Reportagens Sobre o Encontro para a Nova Consciência

Jornal do Commercio, Recife, 27/01/2002


NOTÍCIAS

Paraíba sedia 11º Encontro para a Nova Consciência

Que resultados pode produzir um evento que reúne padres, pastores, rabinos, monges budistas, hare-krishnas, físicos, psicólogos, astrólogos, terapeutas holísticos, ufólogos, xamãs, rosa-cruz, ateus e agnósticos? Difícil saber sem ir lá conferir. Isto é, se você não gosta de Carnaval, ou este ano resolveu ficar longe das troças, blocos e trios.

Como já acontece há 11 anos, Campina Grande (a 120 quilômetros de João Pessoa, na Paraíba) sedia mais um Encontro para a Nova Consciência, com a expectativa de reunir por dia uma média de mil pessoas, de 8 a 12 de fevereiro. Para uma cidade do interior com 354 mil habitantes, pode-se dizer que o evento só perde em importância para os festejos juninos.

As grandes marcas do encontro são o ecumenismo – melhor dizendo, macroecumenismo – e a importância que se dá às chamadas práticas e estudos alternativos. Para início de conversa, a programação é vastíssima. Além dos cursos (31 ao todo) e palestras (até agora 24 nomes confirmados, entre os quais, o tarólogo e cineasta Pedro Camargo, o reitor da Unipaz, Pierre Weil, o teósofo Carlos Cardoso Aveline e o físico Harbans Lal Arora), haverá nada mais nada menos do que 60 eventos paralelos, entre seminários, encontros, oficinas, shows musicais, exposição de artes e feiras.

Distribuídos em mais de 10 locais diferentes, esses minieventos é que dividem em subgrupos um público para lá de heterogêneo. Desse modo, espera-se tentar aprofundar discussões sobre Ufologia (tanto a vertente mística, quanto a científica), Teosofia, Santo Daime, Seicho-no-Iê, Sai Baba, Tai Chi Chuan, Fitoterapia, Reiki e massagens diversas. E ainda inclui encontros fora da seara espiritualista, como o das profissionais do sexo de Campina Grande, o do movimento esperantista e ainda um outro sobre a pré-história paraibana. Mais eclético impossível.

TRADIÇÃO E CIÊNCIA – Segundo os organizadores, a proposta do evento é estimular a chamada Nova Consciência, definido como um movimento mundial de cultura alternativa contemporânea, iniciado nos anos 60, que não faz distinção de idade, sexo, profissão, raça, credo ou opção de vida. E que, entre outras coisas, supõe a compreensão de que Tradição não deve excluir Ciência, e vice-versa, e ainda que tecnologia e preservação ambiental devem andar juntas. Com o tema Tolerância e Paz, o 11º Encontro para a Nova Consciência busca aperfeiçoar e socializar essa visão de mundo, não só através do ‘blá-blá-blá’, mas de vivências práticas e troca de experiências entre diferentes personagens (muitas vezes, de lados aparentemente opostos). Como bem lembra o texto do site (www.novaconsciencia.inf.br), “técnicas e práticas capazes de auxiliar a expansão da consciência de um indivíduo constituem poderosas ferramentas para sua transformação”.

No Recife está sendo organizada excursão para quem quiser participar. (81) 3222.2786 / 9108.9955.

Recife - 27.01.2002
Domingo


Encontro para a Nova Consciência

Nos últimos onze anos, o Encontro Para Nova Consciência tem se configurado como um espaço privilegiado para livre discussão, na qual a construção da Cultura da Paz, a Humanização dos Processos de Desenvolvimento Econômico e a Defesa Ambiental, são preocupações permanentes.

Nele, as mais variadas tradições religiosas encontram abrigo para passar suas mensagens, numa clara demonstração de que a convivência civilizada entre elas é algo perfeitamente possível. Assim, uma mesma mesa comporta católicos, evangélicos, espíritas, budistas, cientistas, filósofos, artistas, ateus, judeus e mulçumanos, dando um exemplo de civilidade e ecumenismo não só para o país, como para todo o mundo, que a cada dia entra num processo tenso justamente por ainda não ter aprendido a cultivar as diferenças.

São cinco dias de congraçamento entre representantes dos vários credos (de 28 de fevereiro a 4 de março), homens de ciências, filósofos e artistas, imbuídos do propósito de plantar as sementes de uma nova cultura, capaz de humanizar o desenvolvimento econômico e preservar a natureza.

Costumeiramente realizado no período de carnaval, o Encontro Para Nova Consciência tem lotado o Teatro Municipal Severino Cabral, local onde acontecem as grandes conferências. Nomes de destaque nos cenários nacional e internacional já se fizeram presentes nesse evento, a exemplo de Leonardo Boff, Marcos Terena, Paulo Coelho, Pierre WeiL, Rose Marie Muraro, Prof. Hermógenes, Clòvis Nunes, Divaldo Franco, D. Marcelo Barros, Geraldo Azevedo, Bráulio Tavares, Cabruera, Nando Cordel, Nelson Jacobina, Augusto Cèsar Vanucci, Jorge Mautner, Rodrigo Grunewald e centenas de outros.

Distribuídos pela cidade, em colégios, repartições públicas, etc, realizam-se mais 50 eventos paralelos nas mais diversas áreas, enquanto que no terreno ao lado do teatro é instalada toda uma infraestrutura para funcionamento da Feira Esotérica, que conta com 35 estandes e Palco para shows.

Nesta versão 2003, a parte cultural e artística receberá maior reforço. Pretende-se, na verdade, possibilitar a criação de espaços para as mais diferentes artes, especialmente para as alternativas, verdadeira fonte de renovação cultural e artística nos seus vários segmentos.

Este ano o Encontro vai privilegiar a inclusão, por isso seu tema recebe o título "Um Mundo Para Todos", reforçando seu compromisso em contribuir para Cultura da Paz, espinha dorsal para conquista da Paz da Mundial.

    Sobre outros poscionamentos evangélicos, agora políticos, vejamos a associação Bush-fundamentalismo pentecostal-direitismo e busca de lucro este artigo do jornalista Mauro Braga:

A PRIVATIZAÇÃO DA TORTURA

Laerte Braga


A insânia terrorista chegou a requintes de barbárie aparentemente impensáveis, mas só aparentemente: a privatização da tortura.

Os meios de comunicação revelam que agências norte-americanas contrataram empresas privadas para orientar os procedimentos nas prisões do Iraque. Em pelo menos dois casos, houve a supervisão de ex- diretores de penitenciárias nos Estados Unidos envolvidos em tortura e morte de presos. Viraram consultores na matéria. Um deles, como um preso com sérios problemas mentais se recusasse a retirar uma fronha da cabeça, colocou-o por 16 horas nu e amarrado a uma cadeira. O preso morreu. O diretor virou especialista do patriotismo torturador do seu país. Está no Iraque.

Não são semelhanças com o III Reich. É o IV Reich sem tirar nem por. Nem é acaso. Num país com obsessão por informações, agências várias varrendo as vidas das pessoas, lógico, as fichas dos ditos eram conhecidas. E foi exatamente por elas que foram recrutados.

A tortura é uma prática deliberada, pensada, planejada e faz parte da rotina das aventuras imperiais norte-americanas desde a primeira.

Robert MacNamara, Secretário de Defesa nos governos de John Kennedy e Lyndon Johnson, em entrevista largamente divulgada, considerou a guerra do Iraque um erro e não fez previsões diferentes de vários setores políticos e militares de seu país: “Estamos indo para um atoleiro semelhante ao Vietnã, embora o Iraque não seja o Vietnã e os tempos sejam outros”.

Ficam cada vez mais claros os indícios que Bush começa a viver outro atoleiro: o eleitoral. A possível desistência de Ralph Nader pode consolidar uma frente nas intenções de voto do democrata John Kerry que, mesmo com o calor da campanha, não dê a Bush chances de se recuperar.

Parte da própria tendenciosa imprensa dos EUA parece ter percebido que apoiar Bush seria como salgar carne podre.

MacNamara falou também de uma parcela da opinião pública de seu país, a que sustenta Bush e seus desvarios: “minoria religiosa”, os WASP: White Anglo Saxon Protestant. A extrema direita que, até hoje, acredita no criacionismo e cria seitas penteconstais, sempre um bom negócio. Acreditam na superioridade norte-americana sobre o resto. Essa gente, curiosamente, tem aversão ao judaísmo e a judeus, embora precisem destes para consolidar seu poder, é lato senso anti-semita. A aliança decorre de interesses econômicos, da capacidade mútua de odiar, do considerar árabes, de um modo geral, inferiores. Árabes, negros, latinos e amarelos.

O ex-secretário não acha que essa gente possa definir o futuro do país, mas não consegue negar que passado e presente, com raros momentos de exceção, têm sido conduzidos por crentes fanáticos. Bush é um deles.

Detalhes revelados pelos meios de comunicação no mundo inteiro mostram que a grande preocupação dos comandantes, políticos e militares, das forças chamadas de ocupação, é descaracterizar a tortura como prática sistemática e simular punições a um ou outro militar estão envolvidos.

Há uma exacerbação do noticiário no sentido de fazer crer que os envolvidos em torturas, além de serem uma exígua parte das tropas, dos encarregados dos interrogatórios, do controle das prisões, o fazem por algo como desvio de conduta. Casos individuais.

Não existe a menor preocupação com os presos, os torturados. A libertação de vários deles é mera jogada de efeito, até porque a imensa e esmagadora maioria está presa sem culpa formada, sem qualquer assistência de defensores, sem respeito às mínimas regras de direitos humanos. Se assim o fosse, como querem fazer crer os dirigentes da organização terrorista Casa Branca, a base de Guantánamo, território cubano ocupado ilegalmente, seria aberto a organizações especializadas do mundo inteiro e, essencialmente, à imprensa.

O governo de Israel seria condenado e punido por violar diariamente da forma mais bárbara, estúpida e cruel, os direitos legítimos dos palestinos. O mesmo tipo de ação contra a ditadura de Saddam Hussein seria empreendida contra um criminoso como Sharon.

Mataram, continuam a matar, impunemente, homens, mulheres, crianças e velhos. Demolem casas (americanos e israelenses), prendem ilegalmente, estupram, saqueiam, torturam, tudo diante de uma opinião pública estupefata, cada vez mais indignada, mas submetidas a governos subalternos, presos a interesses do mercado, controlados e dirigidos a partir de Washington.

E fazem isso no Iraque. No Afeganistão. Na Colômbia. No Paquistão. Querem fazer na Venezuela e em Cuba. Fazem no mundo inteiro não apenas porque Bush tem sua mão guiada por Deus. Esse é o pretexto, o lado cínico/insano. O motivo real é o mercado. Por isso as prisões foram entregues à iniciativa privada. O negócio é lucro. Lucro advindo de tortura. De estupros. De genocídios. Do fanatismo religioso (ver a excelente reportagem do jornalista Newton Carlos, Fundamentalismo Religioso por Dentro da Casa Branca). Iniciativa privada é isso. Quando não são bancos, ou laboratórios (agora no Brasil isso aparece com toda a força), são os grandes negócios dependentes do petróleo, os tais agro-negócios, o mundo capitalista dos WASPS - White Angle-Saxon Protestants.

É exatamente o que vemos: a minoria que MacNamara fala não é só religiosa (puro pretexto, típico da moral hipócrita - Calvino inventou o lucro sem pecado). São os condomínios fechados. Imagem que serve para definir esse mundo. E esperando o Messias. Que não vem nunca, lógico, o dia que vier desmonta o esquema. Até porque é pouco provável que o dito chegue numa Pick-uP importada, num Rolls Royce ou numa Lincoln conversível. É a única forma de chegar até essa gente evangélica inspiradores do Edir Macedo e do PL. E tem que ter Mastercard ou Visa, que aliás, é do Berlusconi.

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João Pessoa, Paraíba, 17/11/2003

Ampliado em 24/06/2009

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