O verdadeiro exorcismo
A jovem possessa
no romance O EXORCISTA, de William Blatty, é uma menina. No
relato que apresentamos, o protagonista é um menino, a quem
ocorreram perseguições de entidades demoníacas, de janeiro a
maio de 1949. As similaridades entre o caso do jovem Douglass
Deen e a vítima de possessão, no romance, são surpreendentes
uma vez que uma vez que o caso Deen foi estraído da vida real
para o trabalho da ficção.
Começa num
caso de assombração para concluir com discos voadores, tendo
motivado uma sequência de trinta rituais de exorcismo.
A moderna
história de assombração, ocorrida com um jovem de catorze
anos, em Washington, se assemelha a um conto medieval de
bruxaria. Para que a semelhança se tornasse ainda mais
extraordinária, o espirito ou demônio somente foi retirado
após nada menos de trinta rituais antigos de exorcismo aplicados
no menino.
O
fenômeno espirita primeiro ocorreu na residência família Deen,
num subúrbio de Washington, durante o mês de janeiro de 1949.
Por essa ocasião, as manifestações consistiam em ruídos
persistentes que pareciam vir das paredes da casa e da varanda.
Suspeitando de roedores, a família recorreu ao auxílio de uma
desratizadora, mas nenhum traço de ratos ou outros roedores foi
encontrado.
Não
demorou a se perceber que o fenômeno concentrava-se sobre o
menino. Os raspões e ruídos de ranhura se tornaram mais
intensos e mais frequentes sobretudo quando o menino estava
próximo. Às vezes, pratos se moviam. Ranger de passos eram
ouvidos pelo corredores. Móveis se arrastavam nos quartos,
aparentemente sem auxílio de ninguém. De uma fruteira que
estava em cima do refrigerador pulavam frutas, às vezes iam
bater com violência na parede e caiam no chão em desordem pelo
chão. Um quadro era arremessou-se abrutamente da parede. Por um
momento o quadro agitou-se no ar e, em seguida, com a rapidez com
que se desprendeu, retornou ao mesmo lugar.
Mais
intolerável e irritante foi o violento tremor na cama em que o
menino dormia. Em poucas semanas, a família inteira estava
esgotada dos nervos em consequência da insônia e do medo.
Tomada de desespero, a mãe conversou com alguns de seus
vizinhos.
Todos acharam tão incrível a história a ponto de apenas não
rirem, como convidarem Douglass a que passasse a noite em suas
casas não assombradas. Bastou a primeira noite, para
convencessem da autenticidade do fenômeno.
Com
isso, a família Deen solicitou a ajuda do Reverendo Winston,
pastor da igreja, em Mount Rainier, subúrbio de Washigton, D. C.
Indiferente, calmo, a mente aberta, o Rev. Winston se inteirou do
problema com ceticismo. Todavia, comparecendo a um encontro
reservado na Sociedade de Parapsicólogos de Washington, D. C.,
em 9 de agosto de 1949, o pastor descreveu os acontecimentos
ocorridos em sua casa quando o menino ali passara a noite.
Douglass permaneceu em sua compnhia das 21,20h às 9,20h da
manhã seguinte, do dia 27 de fevereiro de 1949. Às 22,00h, o
pastor sugeriu que deviam se recolher, usando um quarto que havia
duas camas.
Tudo
se manteve absolutamente tranquilo por dez minutos. A seguir
houve uma tremenda vibração na cama do menino. Tal
vibração sugeria arranhuras e ruídos na parede.
O
pastor saltou da cama e acendeu a luz. A cama continuava a
vibrar. Observou o menino po inteiro, procurando algum possível
movimento responsável pelo tremor da cama ou das ranhuras na
parede. Mas Douglass permanecia imóvel. Ainda que em meu
íntimo admitisse que ele não estava criando aqueles efeitos,
explicou o pastor, e ainda que atividades similares eu tivesse
visto ocorrerem casa do menino e na presença dos pais, eu
necessitava de uma convicção.
Verificando que nem ele nem Douglass conseguiriam dormir com as
sacudidelas tão estridentes da cama, o Rev. Winston dispôs o
menimo numa ampla, pesada poltrona. Tendo se acomodado, o menino
suspendeu os joelhos até o queixo conservando os pés na
poltrona. Foi envolvido por um cobertor, com as mãos e os
braços em torno dos joelhos.
Diante dos olhos espantados do Pastor a poltrona começou a se
mover! Moveu-se mais de meio metro, alcançou a parede e ali
estancou. Durante esse tempo, o Pastor se manteve em frente à
poltrona. Assombrado, observava atentamente. As luzes estavam
acesas, e no quarto todo iluminado o fenômeno ocorrido parecia
inacreditável.
Contra a parede e impossibilitada de ir além, a poltrona
começou a inclinar-se. Sobre as vistas do Pastor, ela acabou por
tombar. O menino empoleirou-se esbaforido e de olhos arregalados,
aguardando imóvel que o episódio se consumasse. Sua única
manifestação foram estas palavras dirigidas ao clérigo:
Está caindo comigo, Pastor. Nisso a poltrona
tombou, lançando o menino ao solo.
Atitude análoga o Rev. Winston assumiu, pois a despeito de seus
esforços não conseguiu levantar a cadeira. Somente ao abraçar
os pés da poltrona no chão e movimentar com esforço o seu peso
para um lado, é que conseguiu recliná-la.
Uma
vez que o menino se sentiu incapaz de dormir por causa das
violentas vibrações que sucederam após se deitar, o Pastor
improvisou um colchão ( cama de emergência ) no assoalho.
Consistia de dois cobertores e um travesseiro. Cobriu o menino
com um dos cobertores e não demorou que ele adormecesse.
Ainda com as luzes acesas, o Rev. Winston se manteve em seu leito
a observar o menino. Agora as roupas de cama, e o menino,
começaram a movimentar-se lentamente pelo quarto. Os cobertores
se alojaram debaixo das camas. O jovem despertou quando a cabeça
bateu contra um dos pilares de uma das camas distantes.
O
Pastor refez imediatamente o colchão, sem no entanto chegar a
utilizá-lo. Nesse momento, o colchão, o menino e tudo mais
ficaram suspensos formando um semicírculo acima do assoalho; em
seguida, tudo se deslocou para debaixo da cama outra vez. Em
ambas as ocasiões, as mãos do menino estavam afastadas das
roupas da cama, seu corpo rígido, e os cobertores não se
amontoaram.
O que me convenceu , afirmou o Rev. Quando se
dirigiu a uma audiência atenta e categorizada, em Washington,
foi o fato de que as coisas todas se moviam como uma
unidade.
O
menino foi então levado ao Georgetown Hospital, onde poderia
receber assistência médica e psiquiátrica. As duas modalidades
de terapia foram aplicadas, tanto em Georgetown Hospital como no
hospital da Universidade de Saint Louis que, tal como o primeiro,
é instituição de jesuítas. Ambos os tipos de terapia
falharam. Após o malogro do tratamento e das observações, o
jovem foi levado aos jesuítas.
O
Rev. Winston afastou-se do caso por esta ocasião pois sua
obrigações como Pastor ocupavam todo o seu tempo.
O
sacerdote que finalmente efetuou a cura, ou , de acordo com as
autoridades católicas, libertou o da possessão dos
poderes satânicos foi um jesuíta de aproximadamente 50
anos. Permaneceu ao lado do menino por período de mais de 2
meses. Quando Douglass viajou para Saint Louis, o jesuíta se
manteve ao seu lado. Acompanhou o quando retornou a
Washington. Dormiam sobre o mesmo teto e quase sempre no mesmo
quarto. Assim, o prelado teve inúmeras oportunidades de
testemunhar o fenômeno acima descrito.
Somente após 30 aplicações do antigo ritual do exorcismo
feitas pelo jesuíta em Douglass, sem efeito aparente, o prelado
solicitou e obteve permissão do arcebispo para empregar o mais
solene ritual de exorcismo. Mesmo o emprego de solene e especial
rito não resolveu o caso de imediato. Pois em todos, excetuando
o último desses ritos, a declarada força diabólica ou
espírito reaguiu ou obrigou o rapaz a reagir com violência. Tal
reação ocorria quando o prelado atingiu os pontos dramáticos
do ritual ordenado à entidade que abandona-se o corpo:
Ordeno-te, quem quer que sejas, espírito impuro, e todas as
forças que obsedam este filho de Deus, pelos mistérios da
Encarnação, Paixão, Ressureição e Ascenssão de Nosso Senhor
Jesus Cristo, pela missão, pelo Espírito Santo e pela vinda do
próprio Messias, pelo julgamento, que me deis o teu nome, o dia
e a hora de tua morte juntamente com algum sinal, e ainda que eu
não seja um digno ministro de Deus, ordeno que obedeças por
tudo que foi dito a que não mais e de maneira alguma esta
criatura de Deus, ou os que aqui estão ou quaisquer de
seus descendentes .
Neste ponto, sobre tudo na parte final do rito, o menino
manifestou um estremecimento de cólera. Seu corpo tremia
violentamente. A voz, alta e estridente, fluía numa torrente de
maldições e abomináveis obscenidades. Algumas vezes falava
rapidamente em latim, língua que nunca havia estudado e nada
sabia.
Durante o mês de maio de 1949, o prelado procedeu como é de uso
em seu ritual. Nesse período, não houve sinal nenhum de
manifestação de fenômeno espírita que o afetasse. Cerca de 6
meses depois o solene ritual da Igreja Católica obteve sucesso
ao exorcizar o espírito diabólico. O uso do ritual, assim como
de possessão demoníaca, são raros nesse país. E em parte
alguma é permitido o emprego do ritual maior, a menos que o caso
tenha sido estudado amplamente e considerado legítimo.