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Finis Africæ (Ballroom, Rio de Janeiro)


Por Márcio Ribeiro "Creedance"

Uma grande festa no Ballroom na noite de sexta-feira, dia 31 de Março, onde o Finis Africæ corou seu público com um excelente show. Cheios de pique, nos remetem de volta aos anos oitenta quando ainda eram garotos. Ao mesmo tempo, com uma execução primorosa e muito profissional, nos mostram quão proveitosa é a experiência de palco e a certeza de propósitos.

Com a mesma formação de quando encerraram atividades no inicio dos anos noventa, o Finis subiu ao palco por volta da meia noite e meia com Eduardo de Moraes, o mestre de cerimonias na voz; Ronaldo Pereira, o pulmão e a alma da banda na bateria; Roberto Medeiros no baixo, César Nine na guitarra e MacGregor nos teclados e segunda guitarra.

É muito bom ver Eduardo cantando e entretendo o seu publico com tanta presença e evidente satisfação por estar ali. Figura carismática, brincou com todos, dançou e deixou claro o quanto está maduro e consciente como cantor. A cozinha da banda (baixo e bateria) bem entrosada, dava a batida precisa que pois todos a dançar. MacGregor, nos teclados, oferece os detalhes e pequenas pontuações que colorem o som da banda. Quando pega na guitarra, realiza o mesmo trabalho impecável de aparecer na medida certa.

Na guitarra principal, César Nine, dono de uma das melhores "mãos direitas" do b-rock, é outro bom motivo para sair de casa e ir ver a banda. Corre, pula e passeia por todo o palco incitando você a pular e brincar também. Os timbres que escolhe e a concepção geral do som da sua guitarra me remetem à música black americana do fim dos anos sessenta e inicio dos anos setenta. Mais especificamente o som que se ouve dos lançamentos feitos pelos selos Watt e Stax.

Este é um detalhe no som do Finis que o destaca entre seus conterrâneos do movimento rock de Brasília, do qual historicamente faz parte. Eles não são punks, viscerais ou políticos como por exemplo Plebe Rude ou Legião Urbana entre tantos outros. O lance do Finis me parece ser mais o dançante e o festivo, com doses de poesia em suas letras interessantes, embora nem sempre devidamente apreciadas. Quando César Nine entrou na banda, deu ao material do Finis uma aura de autenticidade ainda maior, com uma roupagem que eu chamarei aqui de "som Watt/Stax" ou seja, muito wah-wah e um controle muito grande sobre seus pedais.

Hoje, já passados mais de dez anos desde os tempos de Brasília, o Finis está muito mais maduro, muito mais pronto, muito melhor. Para aqueles que curtem com saudade o som b-rock dessa década, não percam a chance de ver Finis Africæ! Eles estão em um ótimo momento e você vai ser levado por uma música dançante mas não totalmente oca. O repertório da noite inclui uma mistura de clássicos e novos: Ask The Dust, Círculos, Acrobata, Deus Ateu, Jovens, Armadilha, A Fera, Chiclete, Van Gogh, Máquinas, Mentiras e Fátima. Ao final, a banda retorna para tocar Vícios, fechando a sua apresentação com Ética.

É impressionante como a galera que vem ver os shows parece saber todas as letras, cantando junto e pulando fervorosamente. Me espantei com alguns gritos do tipo "Graças a Deus vocês voltaram!", o que me pareceu um tanto exagerado. Mas pensando melhor, reflete bem como o mercado está carente por rock, estando as rádios e televisões tomadas por loiras bundonas ou bundudas, como preferirem. O fato é que o Finis Africæ está valendo a pena assistir. Os músicos são bons, todos com muita estrada e principalmente, acima de qualquer coisa, eles estão muito afim de tocar juntos. E esse tesão é captado pelo público. Música boa para dançar, namorar ou simplesmente ouvir e se deliciar. Se tiver a oportunidade, não perca!



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Ilustração da capa do CD
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