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A Alquimia do sucesso


Por Dudu Feijó

Em 1984, o chamado "rock de Brasília"comneçava a invadir todas as praias e rios do Brasil.Foi neste ano que, influenciados pelo punk rock, três rapazes - Neto (nobaixo), Ronaldo (bateria) e José Flores (guitarra) - resolveram se juntar para formar uma banda. Batizaram-se Finis Africae. Logo depois juntou-se a eles o vocalista Rodrigo. Em setembro do mesmo ano participaram da coletânea: Rumores, com as composições Ética e Van Gogh, que foram veiculadas por várias FMs alternativas do Planalto, do Rio e de Sampa. Em 85, saiu Rodrigo e entrou Eduardo, que além de cantar escrevia letras altamente existencialistas. Em 86, lançaram um mini-lp com seis faixas, entre elas Armadilha (que as rádios estão tocando) e Máquinas do Prazer. O impacto foi tanto que este tornou-se o único LP independente a integrar a programação das grandes FMs do Rio e de Sampa. Agora, seu novo vinil, com a banda já contratada pela Odeon, está nas lojas há uma semana e já saiu com trinta mil cópias vendidas.

Na verdade pelo próprio gosto dos músicos o espírito punk permaneceu, mas musicalmente, seu som enveredou mais pelos caminhos funk. Ö funk é uma coisa alegra, que levanta", explicou Zezinho Flores. O LP super dançável, vem com três músicas que estavam no mini-LP e sete mais recentes. As letras de Eduardo - algumas curtas e sem refrão, que se repetem enfatizando certas passagens (nem por isso perdendo a força) - são sinceras, têm bons versos e encaixam-se bem nos climas musicais. Em geral abordam temas "deprê"(Deserto, Máquinas do Prazer), existencialistas (Armadilha, Mentiras) e mesmo de cunho social (Deus Ateu, Chiclete). Nada mais coerente para um grupo originário do centro de decisões de3 todas alegrias e efrustrações nacionais. Apesar da densidade que a temática, meio barra pesada sugere, aliadas ao rítmo dançavel, as letras acabam ganhando um clima de catarse, de soltar gritos presos, mas com prazer e força. Ficam gostosas e não há peso. O que poderia ser uma contradição (existencialismo / deprê social X alegria / funkrock), passa a ser uma bem resolvida alquimia. Os dois lados saem ganhando.

"Acho super importante que uma música, para pegar, tenha um batidão. Não nos descuidamos do aspecto melódico, nem harmônico, que é meio melancólico". Frisou Neto. "Queremos dar o que recebemos das músicas que gostamos de ouvir e dançar". Completou Zezinho.

Musicalmente, as faixas na maioria, trazem curiosos efeitos e explorações de sonoridades, completando os bons arranjos. Trata-se de um elepê bem produzido de uma banda que pode ser um dos destaques do cenário musical brasileiro em 1987. Confira enquanto não rola o show de lançamento, que só deve acontecer no Rio em maio.



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Ilustração da capa do CD
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