No uso corrente da linguagem elaboramos juízos do tipo:
1. O
Filipe é solteiro ou casado
2. O Joaquim é português ou brasileiro
3. O João comprou camisa ou calças, mas não ambas as coisas.
4. Vou a Lisboa de comboio ou de avião.
E também escrevemos:
5. O João é estudante e/ou trabalhador.
6. Ou o João namora a Maria ou está casado com ela.
Servimo-nos de 'ou' em todas estas proposições. No entanto, nem sempre
o 'ou' foi utilizado com o mesmo significado.
No exemplo 1. o sentido é exclusivo, posto que o Filipe não pode ser as duas
coisas simultaneamente.
No exemplo 2. o sentido, se for exclusivo, significa que ou é português ou é
brasileiro, mas não possui as duas nacionalidades. Mas, se o sentido for
inclusivo, significa ,então, que o Joaquim tanto pode ser português, como
brasileiro, como ter as duas nacionalidades.
O exemplo 3 está no sentido de disjunção exclusiva, sentido este expresso na
expressão ‘mas não ambas as coisas’.
O exemplo 4 é exclusivo, porque não é possível ir simultaneamente de comboio e
de avião.
O exemplo 5 é inclusivo, o que significa que o João pode ser somente estudante,
pode ser somente trabalhador e pode ser também as duas coisas.
O exemplo 6 é expressamente exclusivo.
" V " lê-se “e/ou”. A
disjunção inclusiva (no latim: vel) de duas proposições, p e q, é
uma nova proposição resultante da ligação de p e q pelo símbolo V;
esta nova proposição é verdadeira em todos os casos excepto se p e q
forem simultâneamente falsas.
Exemplos:
a) Considere-se:
p: Vou comprar um casaco
q: Vou comprar um blusão
p V q: Vou comprar um casaco ou vou comprar um blusão (ou as duas coisas).
Também
se diz:
"Vou comprar um casaco e/ou vou comprar um blusão.
"Vou comprar um casaco ou um blusão".
b) "Irei contigo para a praia ou para o cinema" (p V c)
c) "Quando visito a Capital vou jantar com amigos ou com a minha família" (a V f)
d)"O seguro será pago em caso de incêndio e/ou roubo" (I V R)
e)Nesta loja faz-se descontos a estudantes ou a jovens menores de 20 anos. (e V j), o que quer dizer se na loja entrar um estudante com menos de 20 anos também tem direito a desconto.
A disjunção inclusiva é, das duas disjunções, a mais largamente utilizada em Matemática. Ela aparece, por exemplo, na lei do anulamento do produto: a * b = 0 se e somente se a = 0 V b = 0 ( a e b são números reais) – o produto de dois números reais, a e b, é zero se a fôr igual a zero, se b fôr zero ou se ambos forem zero.
Tabela de Verdade da Disjunção Inclusiva:
p V q |
V V V |
Disjunção Exclusiva (Aut ... aut)
A conectiva proposicional "V" não traduz todos os empregos correntes de "ou". Daí a necessidade de considerar a disjunção exclusiva.
A disjunção exclusiva (W) de duas proposições, p e q,
é uma nova proposição que resulta de ligar p e q pelo símbolo W;
a nova proposição é verdadeira se p e q têm valores lógicos
distintos e falsa nos outros casos, isto é, é falsa quando p e q são
ou ambas verdadeiras ou ambas falsas.
Exemplos:
a) considere-se:
p: compro sapatos
q: compro botas
p W q : Compro sapatos ou compro botas (mas não ambas as coisas).
b) "Esta noite, às nove horas, poderei estar no comboio ou no avião". (c W a): disjunção exclusiva, porque à mesma hora é impossível que o mesmo sujeito possa estar a viajar em dois meios de comunicação viária diferentes.
c) 5 < 3 = 7 W 3+2 = 7
d) Ou o Manuel é meu filho ou não é
meu filho. (m W ~ f)
e) O Manuel é meu filho ou não é
meu filho. (m W ~ f)
Note-se
a especificidade dos exemplos d) e e). Não há entre eles nenhuma contradição,
embora em português tenhamos escrito a mesma ideia de duas formas diferentes.
Tabela de Verdade da Disjunção Exclusiva:
p W q |
V F V |
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Ó Grupo de Filosofia, Escola Secundária do Fundão, 2000