Júlio
César e o inicio da pirataria nas Índias Ocidentais
Introdução
Hoje
os piratas, vulgo criminosos, tomaram formas diferentes, rostos e ações
diferentes. Mas o que nos fascina no mito de piratas como Henry
Avery, John Martel e Edward Teach (Barba
Negra)? As lendas podem demonstram uma vida de aventura
e diversão, com certeza eram fanfarrões do mar, mas as
opressões das leis e do governo favoreceram muito para a tendenciosa
pirataria.
Não
quero justificar os atos dos piratas, mas sim, pretendo demonstrar fatos
que compravam a razão desse meio de sobrevivência e o fascínio
que temos por tais homens que, de certa forma, são admiráveis
por toda sua coragem e garra! Vamos de encontro ao passado no tempo
da seguinte lei “olho por olho, dente por dente”...
O
seqüestro de Júlio César
Narrativa
do Capitão Charles Johnson datada dos acontecimentos memórias
da pirataria 1717 – 1724:
A
pirataria nas Índias Ocidentais tem sido tão formidável
e numerosa que às vezes interrompia o comércio da Europa
com aquelas partes do mundo. Os mercadores da Inglaterra, em particular,
vêm sofrendo mais com esses predadores do que sofreram enfrentando
as forças unidas França e Espanha na última guerra.
Os piratas só se fortaleceram por negligencia dos governos em
algum período particular de trepidação histórica,
que não os destroem antes de reforçarem seus bandos.
Nos
tempos de Marius e Sylla, Roma era toda
poderosa, mesmo assim, ficou em ruínas devido a desavenças
das facções desses dois grandes homens. O bem publico
foi negligenciado a ponto de surgir um bando de piratas
na Sicília, um país na costa do Mediterrâneo,
e dividido em dois: Monte Raurius a leste e Armênia Menor a Oeste.
Malvados e desorientados, esses piratas inicialmente não dispunham
de mais de dois ou três navios e alguns homens. Percorreram as
ilhas gregas, capturando barcos desarmados indefesos. Tomaram tantas
presas que rapidamente passaram a ostentar poder e riqueza.
Seu
primeiro ato de pirataria a causar grande estardalhaço publico
foi a captura de Júlio César.
O jovem César foi forçado a fugir das crueldades de Sylla,
que queria a sua morte a qualquer custo. Passou algum tempo em Bithinia,
como hospede de Nicomedes, o rei daquele país. No seu retorno
por mar foi capturado por piratas perto da ilha de Pharmacusa.
Esses
piratas tinham o bárbaro costume de amarrar seus prisioneiros
dois a dois, um de costas para o outro, antes de joga-los no mar. Supondo
que César era alguém de alta estirpe, devido ao roupão
púrpura e a quantidade de criados, os bandidos acharam mais lucrativo
poupar sua vida e cobrar grande quantia por seu resgate. Assim, disseram
a César que reconquistaria a liberdade diante do pagamento do
pagamento de 20 talentos de ouro, algo equivalente em moeda inglesa
a 3.600 libras esterlinas.
Júlio
César sorrio e, por conta própria, aumentou a oferta para
50 talentos de ouro. Os piratas ficaram satisfeitos com a surpreendente
oferta, concordando que alguns criados do imperador romano fossem soltos
para buscar dinheiro.
Passaram-se
38 dias sem qualquer notícias sobre o dinheiro do resgate de
César, porém, mostrava-se tão pouco temeroso ou
apreensivo que, antes de dormir, ralhava com os piratas para não
fazerem barulho, ameaçando enforcar quem perturbasse seu sono.
Sem perder sua majestade, jogava dados com seus captores e escrevia
versos, que costumava recitar, fazendo com que repetissem cada palavra.
Aos que não elogiassem ou admirassem, chamava de bárbaros
bestiais, dizendo que os crucificaria. Os piratas encaravam aquilo como
caprichos do humor juvenil, mais se divertindo do que se incomodando
com suas ameaças.
Finalmente
seus criados retornaram. César pagou o resgate e foi libertado,
navegando para o porto de Miletum. Assim que chegou, usou toda a arte
e engenhosidade disponível no preparo de uma poderosa esquadra,
com navios armados e equipados às suas custas. Saiu à
procura dos piratas, surprendendo-os ancorados entre as ilhas. Prendeu
seus antigos captores e outros, apossando-se de tudo que encontrou como
reembolso de suas despesas. Trouxe os prisioneiros para Pergamus ou
Tróia, trancafiando-os no calabouço.
Em
seguida, apresentou-se a Junius, então governador da Ásia,
a quem cabia julgar e determinar a punição daqueles homens.
Junius, porém, viu que não havia dinheiro a ser apreendido
e respondeu a César que mais tarde pensaria sobre o que fazer
com os prisioneiros. César despediu-se e, de volta a Pergamus,
deu ordens para retirarem os presos de suas celas e executa-los, de
acordo com previsto na lei (leis sobre pirataria nos próximos
artigos). Desta maneira, o supremo de Roma deu-lhes, de fato, a punição
tantas vezes ameaçada em gestos.
César
foi direto para Roma. Tal qual quase todos os líderes da época,
em vez de perseguir os piratas remanescentes, envolveu-se em conspirações
para satisfazer ambições pessoais. Os rufiões,
por sua vez, aproveitaram o tempo para crescer, adquirindo um prodigioso
esquadrão. Enquanto durou a guerra civil, os mares ficaram se
guarda ou proteção e, como nos conta Plutarco, os piratas
abarrotaram seus paióis com todo o tipo de artefato de guerra,
construíram atracadouros confortáveis, com guaritas, balizas
e bóias ao longo de toda a costa da Sicília.
Com
o tempo os piratas superaram a própria esquadra real, alinças
com governo e fidalgos aumentaram seu poderio e fizeram de homens como
Edward Teach (Barba Negra), Capitão William Kidd celebridades
da história da pirataria.
Continua....
Baseado no livro:
Piratas – Uma história geral dos roubos e crimes de piratas
famosos
Edição e Tradução: E. San Martin
Narração Capitão Charles Johnson (1717 –
1724)