WLASTA
A
Guerreira Sanguinária
É
incontestável que no decorrer dos séculos, milhões
de pessoas esconderam sua fortuna, grande ou pequena, e que grande números
delas morreu sem ter recuperado seus bens ou revelado o local do esconderijo.
E aconteceu mesmo que coletividades inteiras foram dizimadas, sem que
nenhum sobrevivente permanecesse, como foi o caso
das Virgens Ruivas de Wlasta.
Segundo
o julgamento de cada um , Wlasta foi, ou uma heroína, ou uma
rebelde checa, que vivia no século VIII. Era bonita, inteligente,
de uma extraordinária agilidade no manejo de armas, porém
manifestamente desequilibrada, pois tinha fobia de homens. Estas qualidades
fizeram-na ser notada pela rainha Libussa
- fundadora de Praga -
que, apesar de casada com Przemyslas,
duque de Boêmia, era também uma amazona consumada, de carater
bastante viril.
Wlasta
tomou o comando da guarda real que era formada somente por mulheres.
Quanto a rainha morreu, Wlasta não aceitou servir ao rei e, à
frente de suas guerreiras, tomou posição na fortaleza
do monte Windowlé. O duque, para chamá-la à razão,
enviou-lhe um emissário, a jovem rebelde fez castrá-lo,
mandando-o de volta a Przemyslas.
Durante
esse tempo, as jovens voluntárias afluíam ao seu redor,
logo formando, sob suas ordens, um verdadeiro exército. Abandonou
então o monte Windowlé e estabeleceu seu quartel-general
num Castelo Forte que recebeu o nome de Diewin
(castelo das jovens). À frente de suas guerreiras, Wlasta sacudiu
o país, cobrando tributo, saqueando cidades e vilas, exercendo
justiça, deliberadamente contra os homens. Às vezes, para
bem mostrar-lhes seu desprezo, descia às cidades, seguida somente
de algumas jovens, todas nuas sobre seus cavalos, mas armadas com uma
espada e um escudo. Infeliz daquele que ousasse levantar os olhos para
sua nudez!
O
duque Przemyslas enviou diversas vezes, contra as rebeldes, as tropas
legalistas, que foram estraçalhadas; todo aquele que caísse
ferido ou prisioneiro era condenado a morte, incontinenti. Wlasta, reinando
com domínio absoluto sobre a região, editou leis, das
quais alguns artigos, narrados pelos cronitas e merecem ser citados:
"É
proibido aos homens, sob pena de morte, o porte de armas."
"Sob
pena de morte, os homens devem montar a cavalo com as duas pernas
pendentes do lado esquerdo da montaria"
"Os
homens devem trabalhar as terras, exercer o comércio, cozer
os alimentos, remendar as vestimentas. As mulheres têm a missão
de fazer a guerra."
"As
mulheres escolheriam seus esposos. Um homem que recusasse essa escolha
seria condenado à morte."
O
mínimo que se pode dizer é que a bela Wlasta não
era muito terna em suas decisões. Todavia, o rei de Boêmia
acabou por julgar que o gracejo durara muito, e em 746, de surpresa,
foi com suas tropas cercar o Widowlé, e uma centena de amazonas
foram passadas ao fio da espada. Sabendo do desastre, Wlasta, que se
encontrava no Diewin, com suas mãos degolou 24 prisioneiros,
e com todas as suas forças arremessou-se contra o assaltante.
Conta-se
que a Virgem Ruiva jogou seu escudo, despiu-se de suas vestes e, toda
nua, somente com sua espada, dirigiu-se ao centro da batalha. Todas
as amazonas do Diewin foram mortas, nenhuma delas quis entregar-se.
Antes
dessa terrível sorte, Wlasta escondera no castelo-forte o tesouro
de seu exército, compreendendo moedas de ouro, prata e jóias
fundidas das quais as bravarias virgens não quiseram se separar.
O esconderijo nunca foi encontrado e, evidentemente, não será
jamais, mas sua existência não deixa margem a dúvidas.
Artigo:
Domenium
Fonte:
"Tesouros do Mundo" Robert Charroux
(Presidente do clube internacional de pesquisadores de tesouros)
Imagem:
Pintura Boris Vallejo