MOVIMENTO ESTUDANTIL - ANOS 60

Nos anos 60, os estudantes de vários países da Europa, da América Latina, dos Estados Unidos e do Japão destacaram-se no cenário político contestando a sociedade, bem como seu sistema escolar e universitário. Puseram em questão a cultura em seus variados aspectos: costumes, sexualidade, moral e estética.

A rebelião tinha a autoridade como seu alvo principal. Esse movimento de rebeldia foi também marcado pela radicalização ideológica, na luta por ideais revolucionários.

Um Turbilhão de Revoltas no Mundo

O ano de 1968 simboliza o sonho de transformação social. A partir da expansão descontrolada da revolta estudantil, com greves e barricadas detonadas na França, a rebelião explodiu em diversas partes do mundo. Embora relativamente simultâneos, os acontecimentos de 1968 em quase todo o mundo tiveram características distintas em cada país. A rebelião da chamada "nova esquerda" encampou ideologias diversas, rejeitando tudo o que envolvia o conservadorismo burguês.

A geração de 1968 distanciava-se da inércia conformista e para realizar tal revolução tinha que correr ou enfrentar a polícia com os olhos ardendo em lágrimas e a respiração sufocada pelo gás lacrimogêneo. Punha-se em questão não apenas a sociedade, que estava doente, segundo o movi- mento, mas também a própria maneira de viver: o individualismo deveria ser transformado. Tratava-se, assim, de uma contestação de ordem política, existencial e psicológica. Os Estados Unidos viveram em 1968 uma revolta estudantil tão intensa quanto a francesa: recusa a ir à Guerra do Vietnã, recusa à sociedade de consumo. Na verdade, estavam fartos do ambiente artificial de conforto vendido pela ideologia oficial e pela publicidade. Na América do Norte, as rebeliões ocorreram nas universidades de Berkeley, Columbia e em Los Angeles, num período em que a esquerda estava sufocada pelo conservadorismo dos setores dominantes. Na Cidade do México, as passeatas estudantis foram brutalmente dispersadas pela polícia, o que resultou em dezenas de mortos. O movimento estudantil explodia e tomava conta das ruas em quase todos os cantos do planeta.

Difuso, o processo deixou desnorteados os analistas políticos. Cada uma das "revoluções estudantis" se afastava de modelos, previsões e explicações simplistas. As manifestações eclodiram em Santiago, Belo Horizonte, Valência, Madri, Polônia, Iugoslávia, para citar algumas. Nesse período, a Organização das Nações Unidas (ONU) chegou a contabilizar manifestações estudantis em cerca de cinqüenta países. As reformas políticas da Primavera de Praga, na Checoslováquia, foram brutalmente sufocadas por tanques soviéticos, num prenúncio da crise do socialismo real, que ruiria duas décadas mais tarde com a derrubada do Muro de Berlim, em 1989.

No Brasil, lutava-se contra a ditadura militar, contra a reforma educacional, o que iria mais tarde resultar no fechamento do Congresso e na decretação do Ato Institucional nº 5. Nessas mobilizações políticas radicais, o que estava em mira era a contestação do autoritarismo. Também por isso, o Maio parisiense não foi um fenômeno isolado; sem que houvesse qualquer coordenação, ocorreu simultaneamente em diversos pontos do mundo.

Até o Japão sofreu um radical protesto estudantil, com uma espécie de "milícias universitárias" em choque com policiais protegidos com capacetes, bombas e escudos. Na Espanha enfrentava-se a ditadura franquista (do general Francisco Franco); na Itália, combatiam-se o autoritarismo da universidade e a cultura mercantilizada. Em todas as manifestações podiam ocorrer mortos, alguns feridos e muitos espancados.

A paz e o amor desembocaram, então, na violência. No declínio do movimento, uma minoria radicalizou ainda mais, caindo na clandestinidade da ação terrorista, como os Baader-Meinhof, na Alemanha, as Brigadas Vermelhas, na Itália, os Panteras Negras, nos Estados Unidos, e outras organizações extremistas (radicais) que só foram desmanteladas nos anos 70 e 80.

Paris: Os Automóveis ardem em Chamas

Abalando as estruturas da sociedade, o movimento dos franceses eclodiu inicialmente contra a situação arcaica do ensino superior para, em seguida, desembocar numa insatisfação com o desenvolvimento do capitalismo, a alienação, o consumo, a guerra, o poder. Os estudantes chegaram a paralisar o país e a sugerir que a imaginação tomasse o poder. Os ingredientes da revolta estavam todos presentes na França a partir de 22 de março de 1968, quando os estudantes de letras de Nanterre (subúrbio de Paris) ocuparam o prédio da administração da universidade.

Com o fechamento da instituição, os revoltosos rumaram então para a região central de Paris onde se localizava a Sorbonne. Os posteriores acontecimentos se dão numa escalada:

3 DE MAIO - A Universidade de Sorbonne é fechada pelo governo francês para evitar protestos estudantis.

6 DE MAIO - Cerca de dez mil estudantes entram em choque com policiais, em Paris, em protesto contra o fechamento da Sorbonne. Centenas de feridos e presos.

10 DE MAIO - Acontece a Noite das barricadas, quando vinte mil estudantes enfrentam a polícia utilizando como arma o calçamento das ruas de Paris. Foram incendiados sessenta automóveis.

13 DE MAIO - O movimento deixa de ser meramente estudantil ao ser decretada, pelos trabalhadores, uma greve geral de 24 horas. No dia seguinte, a Sorbonne é ocupada pelos estudantes.

20 DE MAIO - De seis a dez milhões de grevistas ocupam trezentas fábricas na França. O país quase pára.

29 DE MAIO - É realizada uma passeata em Paris com cerca de duzentas mil pessoas.

30 DE MAIO - O presidente Charles de Gaulle dissolve a Assembléia Nacional e convoca eleições gerais.

16 DE JUNHO - A polícia retoma a Sorbonne, até então ocupada pelos estudantes.

Informativo Ácrata - Resgatar, Esclarecer e Divulgar a Expressão Anarquista

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