O
Estado do Ceará estende-se por 145.693 km² e está
situado em grande parte no chamado "polígono das secas".
Mesmo na época das chuvas (primeiro semestre), as precipitações
são irregulares. Às vezes chove demais (o que provoca
enchentes). E às vezes o céu permanece límpido
por meses ou anos, e não cai uma só gota: é a seca.
Desde
1603, o Ceará foi vítima de pelo menos quarenta grandes
secas. Uma das piores começou em 1979 e durou quase cinco anos,
desorganizando totalmente a economia do Estado. Em 1985, quando dava
os primeiros passos no sentido de sua recuperação, o Ceará
foi castigado pelas enchentes, que causaram grandes prejuízos
sobretudo à agricultura. As condições econômicas
do Estado, periodicamente deterioradas por esses flagelos, determinam
um intenso fluxo migratório para o Sul e o Maranhão. Muitos
dos que se retiram do Sertão, porém, vão tentar
a sorte na capital, Fortaleza, engrossando a população
das favelas e mocambos que se estendem em torno da cidade.
A fim de se evitar a repetição constante do flagelo da
seca, criou-se em 1945 o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
(Dnocs). Mas desde 1959 o problema das secas passaria também
a ser da alçada da Superintendência do Desenvolvimento
do Nordeste (Sudene), que foi incumbida de buscar soluções
globais e a longo prazo para o Nordeste, através de obras de
irrigação, de incentivo à industrialização
e de melhor distribuição da terra. No que se refere diretamente
ao combate às secas, a Sudene construiu inúmeros açudes
(represamento de águas dos rios e das chuvas), como o de Orós,
o maior do Brasil, que capta as águas de um grande rio intermitente,
o Jaguaribe.
A
geografia da seca
A paisagem de uma grande parte do Ceará
é determinada pela seca. Após a estreita faixa do litoral,
com suas belas praias de coqueiros e areias brancas, inicia-se, ao sul,
o desolado Sertão. O calor é intenso e a vegetação
que predomina é a da caatinga - pequenas árvores retorcidas,
arbustos e cactos. Os rios, na sua maioria, desaparecem durante a seca
- o que acontecia até com o rio Jaguaribe, o maior do Ceará,
antes da construção do açude de Orós. Outros
rios que conseguem resistir à seca são o Poti e o Acaraú.
Mas nem tudo se resume à aridez do Sertão, de terras baixas.
A oeste, na fronteira com o Piauí, e ao sul, na divisa com Pernambuco,
estendem-se as serras e as chapadas, que servem de barreira aos ventos,
propiciando maior volume de chuvas. A vegetação torna-se
mais abundante, passando a apresentar uma paisagem típica do
Cerrado e até mesmo da floresta tropical.
A região mais importante dessa área é o vale do
Cariri, situado ao pé da chapada do Araripe, no extremo sul do
Estado. Ali, o solo é fértil, as chuvas são frequentes
e a vegetação é espessa. Por isso mesmo, a região
- um verdadeiro oásis - tem atraído grande número
de pessoas que fogem das secas. Duas cidades destacam-se no vale do
Cariri e mesmo no Estado: Crato e Juazeiro do Norte. Crato é
um dos municípios agrícolas mais ricos do Ceará.
Sua população dedica-se ao cultivo da cana-de-açúcar,
do algodão e da mandioca. A atividade comercial também
é desenvolvida, pois para ali convergem várias rodovias
que constituem as vias secundárias da BR-116 e da BR-320. Juazeiro
do Norte, famosa por ser a terra do Padre Cícero, também
possui intensa atividade comercial. Além da agricultura, a população
dedica-se ao artesanato de estatuetas de barro.
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