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POESIAS, M�XIMAS E PENSAMENTOS


"ZOEIRA E CAC�"

Zuca Zoeira, de tanto zoar,
Findou se engra�ando da bela Cac�,
A filha mais mo�a de Chico Caro�o.
Se "mal lhe fizesse..." (e assim sucedeu),
Jurando qual fera, Caro�o entendeu
Arrasar sua vida do p� ao pesco�o!

Zoeira, no entanto, descaso fazendo,
Provou que era macho - n�o estava temendo -
Pois nunca fugira dos trancos da lida,
Ent�o, peito aberto, nos bra�os da amada,
Defronte ao perigo, sem medo de nada,
Tra�ou seu destino na estrada da vida.

Cac� - mo�a bela, mas, muito matreira -,
De mais atributos que as outras da feira,
Fincou-se no Zuca com garras e teias;
Fez uso do ruge, perfume e batom,
Abriu seu sorriso (e tinha o seu dom),
Gingou pela pra�a com rendas e meias.

De longe, Zoeira, de alma pasmada,
Sentiu no seu peito bater, apressada,
A "caixa" que guarda seus parcos segredos...
Na volta do baile do Z� Nordestino,
Cac�, ao seu lado, selava o destino
Nos corpos suados, sugados de beijos.

Mais tarde, Caro�o, bufando, zangado,
Ouviu, pela boca de Juca (malvado,
De l�ngua ferina), rival de Zoeira,
Que a filha ca�ula j� mo�a n�o era...
E Chico Caro�o virou uma fera:
De faca e trabuco rumou pra ribeira.

O povo, � tardinha - nos olhos, espanto -,
Velava o Zoeira coberto com o manto
Das flores cheirosas daquele lugar...
Molhadas do pranto da mo�a mais bela,
Daquela que fora a melhor primavera...
O doce veneno pro Zuca tragar.


ECO SURDO

Algumas tantas e morosas vezes,
No sucumbir dos pensamentos vastos -
Perdido, ent�o, j� nos meus findos meses
Que foram t�o baldadamente gastos -,

Argumentando com a pr�pria sombra,
Sem ter resposta a quaisquer bramidos
S� turbilh�es de coisas fazem ondas
Sobre as paredes fracas dos ouvidos.

Alguras mil entrando pela noite
Vetam-me o sono, como um pesadelo,
Como se fora de um algoz o a�oite...

Entrela�ado entre solu�os grito,
Como se algu�m ouvisse o meu apelo
Que ecoa surdo no meu infinito.


POCINHAS D�GUA

Guardo comigo toda essa lembran�a...
Doces migalhas das quais me alimento...
Momentos meigos de tua linda inf�ncia;
Puros instantes aos quais me sustento.

Brincavas, rindo, nas pocinhas d�gua
Os teus pesinhos nus nelas pisando.
Mais tarde, riste, sim, das minhas m�goas
Pisando as l�grimas que eu ia chorando

Assim o tempo foi se debru�ando
Sobre aquela estrada que ficou
Deixando os nossos sonhos muito atr�s.

Tudo passou... Somente n�s ficamos
Como fantasmas, sem luz e sem cor,
Lembrando os tempos que n�o voltam mais


POUSADA DO AMOR

Onde quer que eu andar vou sentir
Tua sombra meus passos seguir
E, mais tarde, quando eu me cansar e deitar
Vais brincar nos meus sonhos, quindim.

Como o sol, h�s de ser meu calor
Para o frio das noites cessar;
Nas manh�s, quando, ent�o, acordar hei de ouvir
O teu canto bem perto de mim.

Doce ilus�o, meigo encanto,
Paz para os meus desalentos...
Faz do meu eu a morada do amor,
Vem dormir entre meus pensamentos.


DA PENA

Um estampido!
Num baque surdo... e a ave cai.
Algumas plumas sopradas pelo vento
Rodopiam, como se bailassem, e se precipitam
De encontro �s raras �rvores rasteiras.
O c�o - fiel escudeiro - apressa-se em pegar a ca�a...
A gar�a, ainda moribunda, a debater-se, fracamente,
Deixa � vista as vermelhas gotas que marcam a terra, preta
Pelas tantas queimadas, numa macabra combina��o de cores.
Aos p�s do franco-atirador a ave, molhada pelo sangue
e pela baba do perdigueiro, � depositada, inerte.
O animal se volta, obediente, lambe os cantos da boca,
Disfar�a a fome e olha para o lado oposto.
De longe, eu, estagnado,
Ainda percebo as acrobacias da pena cadente.
A pena... da ave...
D� pena...


QUANDO VOTAR...

Quando se vota num cara
Sem saber do seu passado
� como lan�ar a vara
S� pra dar isca ao Dourado.

� o mesmo que confiar
O seu cheque a um assaltante
Ou sua noiva emprestar
A um amigo galante.

Depois que o bicho � eleito
Certamente esquece tudo.
S� lembrar� noutro pleito
Pra depois ficar mais surdo.

Pois, dos gritos dos carentes
Sempre foge ou se esquiva,
Nunca ligando pra gente
Se morre ou se fica viva.

Por isso, caro eleitor,
Abra os olhos e os ouvidos:
Quando votar, por favor,
N�o d� seu ouro a bandidos.


PE�O DO ASFALTO

Quando vejo um caminh�o
Transportando uma boiada
S� me vem recorda��o
Das imensas cavalgadas
Pois, de tanto andar no ch�o
Pelas serras e chapadas,
S� vejo na dire��o
Mais um pe�o nas estradas,
Sem aboio e sem gib�o,
Sem mugido nas jornadas.

Detesto essa condu��o!
Isso � pressa por dinheiro!
� a "melhor" solu��o
Pra mudar de cavaleiro...
Confesso: n�o me acostumo
Sem ver gado nas colinas...
� trocar patas por rodas
E berrante por buzina...
Sem deitar olhando estrelas,
Sem tra�ar a pr�pria sina.

Sento � beira da cal�ada
Pra ver o gado avan�ar
Nos comboios pela estrada...
Sinto o peito fraquejar.
Sem querer, uns pingos d'�gua
Meus olhos v�m molhar,
Revelando a minha m�goa
De n�o poder disfar�ar
A dor que de mim desagua
Vendo a boiada passar.


AGN�STICO

P�s no ch�o - �geis e matreiros -,
Mente s� - livre de press�gios -,
Vida v�... Pren�ncios passageiros
Numa profus�o de bons est�gios.

Amizades, amores e folguedos -
Alicerces fortes, inquebr�veis -,
Somat�rios de sonhos e brinquedos;
Pormenores por demais af�veis.

Tudo forma, ent�o, a longo tempo,
Certid�es de p�ginas maduras
D'uma exist�ncia que me fez atento.

Por ter vivido, apenas, das ci�ncias,
Morro, agora, s� e sem futuro,
S� por n�o ter me aconchegado a cren�as.


ODE AO DINHEIRO

A coisa fica esquisita
Quando se trata de grana:
Sendo pouca, nos complica;
Se for muita, cria fama,

Despertando o mau olhado,
A cobi�a... e o assaltante...
Mas, � melhor ser invejado
Tendo dinheiro bastante

Do que viver de sal�rio,
De tudo fazendo conta,
E, �s vezes, ser, do vig�rio,
Presa f�cil e assaz tonta.

Quando o assunto � dinheiro
Sou bem mais que precavido:
Gasto pouco, o ano inteiro,
E n�o dou trela a amigo.

Embora esteja enquadrado
No rol dos seres mesquinhos,
Acabo mesmo � frustrado
Por me sobrar t�o pouquinho.


M�XIMAS & PENSAMENTOS


� N�o folheie revistas de beleza: s�o prejudiciais � sua fei�ra.

� Quem n�o luta por seus sonhos
engaveta sua vida e passa por ela sem ser notado.

� De acordo com a velocidade com que s�o proferidas as coliga��es
partid�rias nas propagandas pol�ticas, tem-se a ligeira
impress�o de que � para ningu�m decor�-las.

� O c�mulo da confian�a � beber da caneca do "Programa do J�".

� Nenhuma experi�ncia � in�til ou inteiramente negativa se nos traz uma li��o.

� A arte, a despeito do artista, tem sempre raz�o.

� Sou do tempo em que piada boa era reconhecida
pela dura��o da gargalhada, n�o pelos aplausos.

� A parceria involunt�ria da Justi�a com o crime est� na sua lentid�o criminosa.

� Correr riscos nem sempre � filosofia de aventureiros.

� H� produtos que, de t�o eficientes, sobreviveriam sem as marcas.
No entanto, uma marca nada vale sem um bom produto.

� ... Me pegou de escoteiro! (De cal�as curtas.)

� A aventura sempre tem o tamanho da intelig�ncia do aventureiro.

� O exibicionismo exalta soberbamente;
a humildade deprime enobrecendo.

� Como � r�pida a lentid�o da internet!

� O valor da vit�ria depende da dificuldade da batalha.

� Como o humorista, o artista faz arte para o p�blico.

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