Bruna Stefenoni Queiroz
Acadêmica de Direito da CSVV/UVV
Oficial Judiciária do Tribunal de Justiça do ES
Droga:
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), droga é toda substância que, após
ingerida, pode modificar uma ou mais funções do indivíduo.
Classificação
das Drogas
As drogas podem ser classificadas de acordo com sua atuação no Sistema
Nervoso Central (SNC)
01. |
Perturbadoras: perturbam o funcionamento do SNC |
02. |
Estimulantes: aceleram o funcionamento do SNC |
03. |
Depressoras: deprimem o funcionamento do SNC |
· Drogas
Pertubadoras do SNC
01. |
Naturais (maconha, cogumelos, cactus, caapi, chacrona,
lírio, datura (trombeteira), etc |
02. |
Sintéticos (LSD, Ecstasy) |
03. |
Anticolinérgicos |
- O que são?
As drogas perturbadoras produzem alteração do nível de consciência e podem
induzir a delírios e alucinações. À exceção dos anticolinérgicos, não têm
utilidade médica e são chamadas de alucinógenas. Há dois mil anos já integravam
cerimônias religiosas dos nativos da América.
- Reações:
Pânico com alto grau de ansiedade e medo. É a chamada "bad
trip", ou viagem ruim. O usuário também vê imagens simples, linhas ou
traços de objetos, como se fossem luzes ou figuras geométricas vistas nos
cantos dos olhos, ou rastros de luz seguindo objetos em movimento. Experiências
emocionais complexas, como tristeza, ansiedade ou idéias paranóicas podem se
repetir por alguns dias ou semanas após a ingestão.
- Dependência:
As drogas perturbadoras do SNC não causam dependência física. Portanto,
não provocam sintomas de abstinência. Mas causam dependência psicológica.
- Efeitos:
Causam sensações subjetivas de aumento de atividade
mental e do sentido da audição |
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Alteram o nível de consciência |
Diminuem a capacidade de diferenciar-se do meio
ambiente |
|
Levam à introspecção |
Alteram as imagens corporais |
|
Induzem percepções sensoriais anormais (ilusões e
alucinações) |
Aumentam as pupilas, a temperatura do corpo e a
pressão arterial. |
|
|
· As
Drogas Perturbadoras Naturais:
01. Maconha:
Trazidos ao Brasil pelos escravos africanos, os feixes da Cannabis
sativa eram usados para fazer cordas. O nome maconha se origina do rearranjo
das letras c-a-n-h-a-m-o.
Seu princípio ativo é o Tetrahidrocanabinol (THC), cujo uso habitual pode
determinar alterações que dependem do estado emocional do usuário. Normalmente,
a maconha causa:
- aumento da percepção dos sentidos, perturbação da noção de tempo,
perturbação da memória de fixação e dificuldade para calcular espaço e
distância.
- confusão entre fantasia e realidade, sensação de relaxamento, acessos
de euforia e de riso incontrolável, aumento da libido, desconfiança e perda do
senso crítico.
- tremores finos das extremidades do corpo, redução da força muscular,
taquicardia, náuseas, boca e garganta secas e irritação com vermelhidão dos
olhos.
Os efeitos iniciam-se alguns segundos depois de fumar, atingem seu ápice
em 30 minutos e desaparecem 2 a 4 horas depois. A síndrome amotivacional -
perda do interesse e desmotivação generalizada - pode estar presente nos
usuários da maconha.
Fumada geralmente em grupos, com o cigarro passando de mão em mão, a
fumaça extremamente aquecida da maconha provoca transformações malignas nos pulmões,
mais graves do que a fumaça do tabaco. O metabolismo se dá no fígado e nos
pulmões e a substância se deposita nos tecidos gordurosos do cérebro e
testículos. O depósito nos testículos provoca azoospermia (redução do número de
espermatozóides) ou aumento de células anormais de esperma, causando
esterilidade temporária. A fertilidade se normaliza com a interrupção do uso da
droga.
02. Haxixe:
É a resina que a planta Cannabis sativa secreta para proteger o broto. É
aproximadamente 10 vezes mais potente do que a maconha. Apresenta-se como pasta
sólida, moldada em pequenas bolotas e vendida assim para consumo. Como a
maconha, o haxixe é fumado.
Efeitos do uso da Cannabis sativa (maconha e haxixe)
- euforia, sensação de relaxamento, aumento da libido, alteração da
noção de tempo e distância, aumento do apetite, interação social diminuída,
prejuízo da memória recente, prejuízo na realização de tarefas múltiplas,
desconfiança, tremores finos, queda da temperatura, redução da força muscular,
boca seca, olhos vermelhos, náuseas, cefaléia, queda da pressão arterial.
03. Santo Daime:
A seita Santo Daime ou Culto da União Vegetal, e outras seitas, são
encontradas no Norte do país, sendo inexpressivas no Sul. O Santo Daime
tornou-se famoso pela "conversão" de alguns artistas. A caapi e a
chacrona (chamadas também de Ayahuasca) são usadas juntas em forma de chá
durante os rituais. As alucinações produzidas pela bebida são chamada de
"mirações".
04. Datura:
A planta datura, também conhecida como cerca viva ou trombeteira, é
usada na forma de chá. Outras plantas alucinógenas encontradas com facilidade
são a saia branca e o lírio.
05. Cactus e cogumelos:
Os cactus e os cogumelos são encontrados na América Central. Usados na
forma de chá ou mastigados, produzem alucinações com temas religiosos e por
isso são usados em comemorações e rituais sagrados.
· As
Drogas Perturbadoras Sintéticas:
01. LSD:
O ácido lisérgico teve sua época de abuso na década de 60, durante o
movimento hippie. É vendido na forma de pó, solução, cápsula ou comprimido. Sem
cor nem sabor, também é vendido em cubos de açúcar ou em pedaços de papel
absorvente. Pode ser usado por via oral ou injetado na veia.
O LSD é um potente alucinógeno. O usuário acredita que pode voar ou
andar sobre as águas. As alterações dos sentidos distorcem cores, formas e
contornos; sons podem adquirir forma ou cor. Causa grande ansiedade. Os efeitos
se iniciam 40 a 60 minutos após a ingestão, atingem o pico em 90 minutos e
duram de 6 a 12 horas. Tontura, fraqueza e uma série de alterações fisiológicas
são substituídas por euforia e alucinações.
02. Ecstasy:
Também conhecida como a "droga do amor", apesar de não ter
efeito afrodisíaco como se apregoa. Seu outro nome é MDMA - MetilenoDioxoMeta
Anfetamina, droga considerada ilícita desde 1985. Além de efeito estimulante,
tem também efeito alucinógeno, o que é duplamente perigoso. Com estômago vazio,
os efeitos aparecem 20 a 60 minutos depois de ingeridos os comprimidos e podem
durar entre 6 e 8 horas. O usuário apresenta intensa felicidade, loquacidade,
sensação de segurança e leveza, melhora da receptividade social, aumento da
sensualidade, aumento da temperatura corporal (até 42 graus), intensa sede (por
desregulação do sistema diurético) e sensação de eletrificação da pele. A
combinação da droga com a música determina vontade de tocar as pessoas. A dança
produz um estado de transe similar ao experimento em rituais tribais ou em
cerimônias religiosas primitivas.
03. Anticolinérgicos:
São substâncias que bloqueiam as ações da aceticolina (um
neuro-transmissor cerebral). produzem efeitos sobre o psiquismo e em diversos
sistemas biológicos quando usados em doses elevadas. Desencadeiam alucinações e
delírios persecutórios, que dependem da personalidade de cada usuário e de sua
condição física. Induzem à sensação de bem estar, sentimento transitório de
alívio, causando visão borrada e sensibilidade à luz. Os efeitos podem durar
por 2 a 3 dias. Também produzem efeitos somáticos como dilatação da pupila,
boca seca e palpitações. Os batimentos cardíacos podem chegar a 150 por minuto.
Os anticolinérgicos de abuso mais comuns são os medicamentos usados para
tratamento da doença de Parkinson, comercialmente vendidos como Artane e
Akineton.
Seus efeitos são: agitação psicomotora, ansiedade, boca seca,
dificuldade para engolir, visão borrada, fotofobia, pele seca e quente,
distensão abdominal, retenção urinária, ritmo cardíaco aumentado, hipertensão
arterial, mania de perseguição.
· Drogas
Estimulantes do SNC:
As drogas estimulantes têm como principal efeito o aumento da atividade
mental, com conseqüente estado de alerta exagerado, diminuição do apetite e
insônia.
Principais drogas estimulantes: Cocaína, Nicotina, Anfetaminas e
Cafeína.
Os estimulantes causam inquietação, insônia, ataque de pânico, alto
nível de irritabilidade, desconfiança, paranóia, alucinações, confusão mental,
depressão, letargia e anormalidades nasais.
01. Cocaína:
A cocaína é uma susbtância natural extraída das folhas de uma planta
encontrada exclusivamente na América do Sul. Foi muito usada para fins médicos,
principalmente como anestésico tópico em cirurgias oftalmológicas, do nariz e
da garganta.
A cocaína pode chegar ao consumidor na forma de um sal, o cloridrato de
cocaína (também chamado de pó, neve, branquinha e dezenas de outros nomes), ou
de uma base, o crack. O pó é solúvel em água e pode ser aspirado ou dissolvido
para uso endovenoso. As pedras de crack se volatizam e são fumadas numa espécie
de cachimbo.
Um produto grosseiro obtido nas primeiras fases de preparação, a pasta
de coca, contém muitas impurezas e é fumada em cigarros chamados bazucos.
A cocaína causa dependência psicológica. O termo "fissura"
denomina o desejo de repetir a droga para sentir novamente os efeitos
"agradáveis", e não para diminuir ou abolir os efeitos desagradáveis
da abstinência.
A cocaína vendida nas ruas é normalmente misturada com outras substância
para render mais ao traficante, o que a torna extremamente impura. As misturas
mais comuns são feitas com açúcar, gesso, lidocaína, maizena e pó de mármore.
Uma overdose pode provocar a morte por aumento da pressão arterial,
taquicardia, fibrilação ventricular, parada cardíaca e convulsões.
Efeitos: A ação mais óbvia é a estimulação do Sistema Nervoso Central. O
"baque" é uma sensação de prazer difícil de descrever, que associa
intensa euforia e idéia de poder, redução da fadiga com aumento da energia,
redução da necessidade de sono, aumento das sensações sexuais, menos apetite,
estado de excitação e hiperatividade com aceleração do pulso, aumento do ritmo
respiratório, febre, pressão arterial acentuadamente aumentada, tremor nas mãos
e agitação psicomotora.
Psicose Cocaínica: caracteriza-se pelo aparecimento de idéias
delirantes (de perseguição) e alucinações tácteis (sensação de bichos
caminhando sob a pele). Se a droga é suspensa a sintomatologia desaparece em
poucos dias. Segue-se um período de intensa sonolência e quadro depressivo que
pode durar várias semanas.
02. Crack:
O crack é um sub-produto da cocaína, obtido a partir da cocaína não
refinada (pasta básica), acrescida de uma substância básica, geralmente o
bicarbonato de sódio.
É vendido na forma de pequenas pedras porosas, de um branco sujo,
amarelado. Pouco solúvel na água, se volatiza e pode ser fumado em cachimbos de
fabricação caseira. Uma pedra não rende mais do que duas horas de sensações. A
ação acontece em aproximadamente 8 segundos, produzindo frenética euforia e
intensa excitação. Quando a pedra se esgota, sobrevém a exaustão, o corpo
amolece e o usuário entra em sono profundo.
Droga de uso simples e barata, é de fácil acesso para menores carentes.
O crack diminui o apetite, provoca agitação psicomotora, euforia,
desinibição, taquicardia, dilatação da pupila, aumento da pressão arterial e
transpiração. Eventualmente aparecem alucinações visuais ou tácteis. A
dependência acontece em poucos dias. O usuário crônico apresenta cefaléias,
tontura e desmaios e pode morrer de infarto agudo do miocárdio, numa overdose.
É mais potente e prejudicial do que a cocaína inalada ou injetada.
03. Nicotina:
O cigarro é a droga lícita de maior consumo no mundo. Não por acaso é
também a droga de maior expressão econômica. O Brasil é o sexto produtor
mundial de fumo, produzindo cerca de 170 bilhões de cigarros por ano. Também é
o maior exportador de fumo, responsável por 275 mil toneladas ao ano que
movimentam cerca de R$ 7 bilhões. Mais de 70% seguem para o governo na forma de
impostos. Aproximadamente 30% dos brasileiros são fumantes.
Tanto patrimônio envolvido determina uma campanha de vendas agressiva
por parte das indústrias. Sistematicamente, a indústria do fumo vem manipulando
quimicamente o cigarro, quer pela produção do fumo supernicotinado, quer pela
adição de amônia. Usada para realçar o sabor, na realidade a amônia determina
liberação de maiores quantidades de nicotina do tabaco. A nicotina é o agente
responsável pela dependência física, provoca alterações importantes em diversos
órgãos do corpo e induz à manutenção do hábito.
Normalmente o jovem inicia o uso por curiosidade. Mas recebe intensas
pressões sociais, culturais e psicológicas que reforçam o uso e o
estabelecimento da dependência.
Efeitos: A nicotina determina sensações de prazer, melhoria subjetiva da
memória, aumento da vigilância e melhoria de desempenho no trabalho. Altera,
contudo, a liberação de hormônios psicoativos, com aumento de lipoproteínas,
substâncias responsáveis por aumento da pressão arterial, isquemia do
miocárdio, aumento da freqüência cardíaca, vasoconstrição dos vasos, além da
dependência física.
O monóxido de carbono é responsável pela redução da capacidade de
oxigenação do cérebro e dos músculos. Outras substâncias presentes, tais como
os aldeídos, o ácido cianídrico, os radicais livres (oxidantes) e os
hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, entre outros, são os responsáveis
pelas alterações orgânicas graves que vão se desenvolvendo à medida que a
dependência ao cigarro prossegue. Alterações pulmonares (enfisema,
insuficiência respiratória, bronquite, maior vulnerabilidade às infecções),
complicações circulatórias em geral, aumento da predisposição para diversos
tipos de câncer (da boca, da laringe, da faringe, etc) fazem parte das graves
repercussões do fumo para o organismo humano.
04. Anfetaminas:
São substâncias sintéticas, poderosas estimulantes do Sistema Nervoso
Central, que determinam a diminuição do apetite, aumento da energia e redução
do sono. São comumente usadas como boletas, que mantém o indivíduo
"ligado", insone, com o apetite diminuído e a sensação de uma energia
inesgotável. Provocam ainda aceleração da fala e inquietação.
As anfetaminas são muito usadas pelos motoristas de caminhão e por
estudantes.
O "rebite" - seu nome popular - visa manter o usuário acordado.
O principal uso médico é para o tratamento da obesidade, na forma de moderador
de apetite. Porém, o peso perdido reaparece pouco depois da interrupção da
droga.
Efeitos: As anfetaminas desenvolvem importante tolerância (necessidade
de aumento da dose para obtenção do mesmo efeito) e dependência física
discreta, o que contraria a idéia de que estas drogas não podem ter seu uso
interrompido de imediato. A dependência psicológica é bastante intensa. É
comprovada a existência de psicose induzida por anfetaminas. O usuário se torna
extremamente desconfiado, apresenta pupilas dilatadas, taquicardia, aumento da
pressão sangüínea, agressividade, irritabilidade e paranóia. Esta psicose pode
se confundir com um quadro esquizofrênico agudo.
05. Cafeína:
Trata-se de uma substância química encontrada em plantas de chá e nas
sementes do café. Afeta os sistemas circulatório e respiratório quando ingerida
em doses elevadas. Pode ser encontrada em alguns medicamentos para enxaqueca e
em refrigerantes. A dependência física pode ser discreta em usuários que abusam
da substância.
· Drogas
Depressoras do SNC
As principais drogas depressoras do Sistema Nervoso Central são: álcool,
barbitúricos, ansiolíticos e hipnóticos, opiáceos ou narcóticos (morfina,
codeína, meperidina, propoxifeno e heroína), colas, solventes e aerossóis.
01. Álcool:
Historicamente, é a droga legal mais difundida na sociedade. Depressora
do SNC, é uma substância com altíssimo potencial de abuso. Leva os indivíduos,
independente do nível sócio-econômico-cultural, a comprometimentos que vão
desde simples intoxicação a quadros clínicos e psiquiátricos graves,
acompanhados de desagregação social.
Apesar de ser reconhecido como doença - à medida que o usuário perde a
capacidade de escolher entre beber e não beber - o alcoolismo ainda não tem
suas causas completamente conhecidas. Mas considera-se que o somatório de
fatores biológicos, sociais e psicológicos desencadearia a patologia que,
durante anos, desafiou profissionais e levou à formulação de inúmeras teorias.
02. Barbitúricos:
Derivam do ácido barbitúrico e já tiveram maior importância na medicina.
São usados no tratamento da insônia e das epilepsias. Seu maior efeito é
sedativo e não para alívio da dor. Provocam sonolência, diminuição da tensão,
com sensação de calma e relaxamento, dificuldade de raciocínio e de
concentração. São drogas perigosas porque sua dosagem terapêutica é muito
próxima de sua dose letal. A associação com o álcool duplica o efeito depressor
de ambos e pode matar. São exemplos famosos as mortes dos astros Janis Joplin,
Marilyn Monroe e Elvis Presley.
Os barbitúricos determinam dependência física e psicológica. A síndrome
de abstinência (falta da droga) é importante, marcada por insônia rebelde,
ansiedade, tremores, irritação, convulsões e delirium, que podem levar à morte
por parada respiratória. A gravidade da crise de abstinência requer
obrigatoriamente tratamento médico e hospitalização.
Efeitos: Fala arrastada, dificuldade de concentração, descoordenação
motora, marcha cambaleante, aprofundamento do sono até o coma e redução dos
movimentos respiratórios até a parada respiratória.
03. Ansiolíticos:
São drogas depressoras que determinam a eliminação da ansiedade e alguns
efeitos somáticos que ela pode causar. São chamadas de tranqüilizantes. Suas
propriedades farmacológicas são de ação tranqüilizantes, relaxamento e
anticonvulsivante.
Efeitos: Diminuição da ansiedade, indução do sono, relaxamento muscular
e diminuição das convulsões. Segundo os especialistas, essas drogas perdem
eficácia após 1 a 2 meses de uso diário. Sua prescrição é somente para casos
graves de ansiedade e durante 2 a 3 semanas. Podem causar sedação acentuada com
sonolência e vertigem, dificultam os processos de aprendizagem e memorização e
prejudicam as funções motoras, comprometendo o uso de maquinários e a condução
de veículos.
04. Hipnóticos:
São substâncias essencialmente usadas nas diferentes formas de insônia
(dificuldade para conciliar o sono, despertar precoce, etc.). Entre as
desvantagens, alteram o padrão natural do sono e perdem eficácia se utilizados
todas as noites por mais de duas semanas. São drogas freqüentemente presentes
nas tentativas de suicídio. Possuem alto potencial de dependência física e
psicológica.
05. Opiácio ou Narcóticos:
São drogas derivadas de uma planta, a papoula. Os opióides com efeito
analgésico também são conhecidos como narcóticos ou drogas hipoanalgésicas.
Elas agem sobre o controle da dor, inibem o reflexo da tosse e diminuem a
motilidade intestinal. Causam depressão generalizada do Sistema Nervoso
Central, com sonolência, alteração da consciência, redução dos movimentos
respiratórios e dos batimentos cardíacos, eriçamento dos pêlos corporais,
contração das pupilas e confusão entre fantasia e realidade.
Os opiáceos provocam intensa dependência física, grande tolerância e uma
dolorosa e violenta síndrome de abstinência. O abstinente fica apático, sofre
náuseas, vômitos, fica hipotenso, com respiração fraca, hipotérmico, com pele
fria e azulada, sente calafrios, cãimbras, corrimento nasal, lacrimejamento,
inquietação, irritabilidade e insônia. Esse estado pode durar de 8 a 12 dias. A
evolução da síndrome vai comprometendo os níveis de consciência até o coma.
Há vários tipos de Opiáceos, que podem ser usados de formas diferentes:
Opiáceos naturais: morfina (o mais potente analgésico conhecido) e
codeína (produz acentuada depressão das funções cerebrais);
Opiáceos semi-sintéticos: heroína (obtida por acetilação da morfina) e
metadona (para tratamento de dependentes de morfina e heroína);
Opiáceis sintéticos: analgésicos (meperidina, propoxifeno, buprenorfina)
e antidiarréicos (difenoxilato).
A heroína é injetada endovenosamente. O ópio é fumado e pode ser
cheirado. Os medicamentos derivados podem ser injetados ou usados via oral.
Efeitos: turvação do funcionamento mental; alteração do humor; euforia;
sensação de flutuação e distanciamento; confusão mental; pupilas contraídas;
rubor sobre a pele; movimentos respiratórios lentos; movimentos intestinais
lentos; contrações musculares.
06. Colas, solventes e aerossóis:
São substâncias inalantes com efeitos psicoativos. A inalação de
substâncias com tais características remonta à antiga Grécia. Clorofórmio, éter
e gás hilariante vêm sendo usados desde 1800. O abuso de solventes teve seu ápice
nos anos 50; os aerossóis e a cola, na década de 60, usados no aeromodelismo. A
composição dos produtos é variada, algumas vezes múltipla e, muitas vezes,
desconhecida. O tolueno e o benzeno são os componentes fundamentais das colas e
solventes (tiners, tintas, etc), enquanto os hidrocarbonetos halogenados
(fluorcarbonos) são os propelentes habituais de sprays e aerossóis. Também os
derivados de petróleo (acetona, fluidos de isqueiro, gasolina, chumbo
tetraetila e benzeno), as soluções de limpeza, líquidos de refrigeração (gás
freon), corretivos tipográficos, removedores de manchas, clorofórmios, éter,
etc. Um produto bastante conhecido no Brasil é o "cheirinho da loló",
usado por adolescentes, preparado à base de clorofórmio e éter, para fins
unicamente de abuso. Como sua composição exata é desconhecida, casos de
intoxicação aguda podem apresentar complicações e são de difícil atendimento
médico.
A inalação objetiva produzir um estado psicológico anormal e agradável
para o usuário. A via inalatória garante acesso quase instantâneo ao cérebro.
Alguns autores dizem que a principal diferença entre intoxicação alcoólica
aguda e por solventes está de fato de que na última podem ocorrer alucinações.
O uso causa euforia e os efeitos começam em poucos segundos, com duração
aproximada de 15 a 45 minutos. O usuário repete as aspirações várias vezes para
manter a euforia e a hilariedade. Apresenta distúrbios de conduta, com
hiperatividade motora, tonturas, tosse, muita salivação, perturbações auditivas
e visuais, sensação de instabilidade, lacrimejamento, corrimento nasal e
irritação das vias respiratórias. Nos usuários mais pesados, encontram-se
vermelhidão e escoriações ao redor da boca (nos cheiradores de cola).
O uso contínuo causa ainda confusão e torpor mental, perda do
autocontrole, visão embaraçada, visão dupla, cólicas abdominais e cefaléia,
ocorre deterioração do estado de consciência, redução acentuada do estado de
alerta, com marcha hesitante, fala pastosa, descoordenação motora e ocular e em
casos extremos ocorre estado de coma associado a convulsões e atividade onírica
marcada por sonhos bizarros.
Efeitos: euforia; tontura; vertigem; sensação de estar flutuando;
desinibição do comportamento; irritação ocular; visão dupla; confusão mental;
desorientação; alucinações visuais e/ou auditivas; redução do estado de alerta;
marcha vacilante; inconsciência; convulsões.
Como se reconhece um
dependente de drogas?
O aumento
das taxas de consumo de drogas é hoje um problema de ordem político-social que
vem preocupando a todos e não se limita apenas a família e ao Estado.
A falta de uma educação específica ao assunto e de uma legislação rigorosa
anti-drogas fazem do Brasil um país convidativo aos traficantes; tanto para ser
usado como rota de tráfico ou como mercado consumidor. Estes fatores favorecem
ao narcotráfico que vai introduzindo drogas à pessoas cada vez mais jovens.
· É por isso que os pais necessitam conhecer os principais
sintomas de um usuário de Drogas, para que medidas de prevenção possam ser tomadas
ainda no início do problema. A relação abaixo serve como referência das
possíveis alterações de comportamento de um adolescente que entra em contato
com as drogas.
Paranóia vaga |
Negligência à aparência pessoal. |
Recusa na execusão de tarefas. |
Aumento nos atritos com outras
pessoas, irritabilidade, mau humor. |
Atitude hipersensível no que se
refere a leves críticas. |
Pensamento desordenado ou
fragmentado, perda da memória. |
Significante enfraquecimento no desempenho
escolar. |
Apatia, deminuta energia, síndrome
de desinteresse. |
Aumento do apetite (normalmento no
usuário de maconha). |
Mudança de atividade, normalmente
de interesse competitivos para PASSIVIDADE e RETRAIMENTO. |
Mudanças brutas de humor,
explosões de raiva sem motivo e uso de palavras abusivas. |
Perda de peso e apetite (a cocaína
provoca aumento na liberação de serotamina neurotransmissor que inibe o
apetite. |
Sangramento nasal - o uso de
cocaína estimula a produção de substâncias com dopamina e noradrenalina no
cérebro, que aumentam a pressão arterial, ocasionando o rompimento de
pequenas veias e artérias. |
Diminuição no relacionamento
afetuoso com a família, maior indiferença quanto aos sentimentos dos outros. |
Síndrome persecutória - a cocaína
causa um curto-circuito no sistema límbico (que comanda as emoções) e no
córtex (responsável pelas funções psíquicas), o que pode ocasionar delírios. |
Insônia (dependentes de
anfetaminas). |
Sinais de picadas nos braços. |
Tendência ao suicídio. |
ASPECTOS
MÉDICOS-LEGAIS
Toxicômanos
Acidentais: Chegam ao vício ocasionalmente pelas más companhias ou influências.
Contitucionais: São inseguros e fracos e encontram no tóxico as respostas às
frustações e angústias.
RISCOS NA EXPERIMENTAÇÃO DE TÓXICOS
Por negação, ignorância, substimação ou inadvertência dos riscos, o jovem pode lançar-se à experimentação de tóxicos, principalmente quando envolve desafios ou auto-afirmações perante seus amigos e pior ainda, quando perante si mesmo.
A criança acredita nos adultos e recebe deles informações sobre tóxicos que praticamente não questiona. Tais informações vão fazer parte de seu conhecimento. Com o surgimento da puberdade, o jovem questiona e redimensiona tais conhecimentos. Agora a sua curiosidade (antes genérica) torna-se específica e ativamente busca informações para saciá-la. Neste período frequentemente minimiza informações que chegam dos adultos (pais, professores, palestristas e etc). Pelo contrário, maximizam as que chegam de amigos e companheiros, por sentirem-se genericamente mais identificados com eles.
Poucos anos antes poderia até ser
ativamente contra o tabagismo dos pais, mas agora pode ser fracamente
simpatizante do canabismo (fumar maconha). A curiosidade ativa associada à
simpatia pode ajudar o jovem a formar o papel imaginário de experimentar
maconha. É quando o jovem se imagina experimentando maconha. Surgem, então,
inúmeras questões: quando, como e com quem canabisar? Como arrumar maconha?
Quais serão seus efeitos? O que irá sentir? Como não ser descoberto pelos seus
pais? Ficará viciado? Nesta hora nem sequer pensa nos seus próprios problemas o
que a maconha lhe significa, no seu aspecto autodestrutivo. Raramente alguem se
lança à experimen-
tação sem antes ter vivido o seu papel imaginário. Portanto, ninguém
experimenta tóxicos de repente, sem pensar. Assim, ninguém canabisa sob pressão
ou enganado pelo outro.
Alguns jovens nem chegam a formar o papel Imaginário, e nem todos que o formam, chegam ao ato de experimentar. Uma etapa é o imaginar e outra é o realizar. Outros só pelo papel imaginário não precisam nem se submeter à experimentação para chegar à conclusão de que não vale a pena experimentar. Os riscos da experimentação de tóxicos podem ser avaliados por: intoxicações agudas; alteração da postura psíquica perante o tóxico: riscos de tornar-se viciado.
Qualquer substância química (todos
os tóxicos tem "suas químicas"} pode provocar alterações biopsíquicas
quando administrada ao nosso corpo, por ser alheia à quimica biológica natural.
Tais alterações podem ser as mais simples até provocar a morte e de caráter
transitório duradouro e até definitivo. (Álcool em pequena quantidade:
alterações biopsíquicas simples e transitórias / lança perfume: pode provocar a
morte por parada cardíaca/alucinógeno: pode provocar psicose exotóxica
esquizomorfa que dura enquanto não for tratada psiquiatricamente/ cola de
sapateiro: pode provocar destruição definitiva dos neurônios}.Quando do papel
imaginário o jovem lança-se a experiência prática com o tóxico, ele perde o
controle sobre a sua vida naquele momento, pois quem manda nele é o tóxico ingerido.
Suas defesas contra o tóxico ficam enfraquecidas pois ele passa a ter dentro de
si, física e ou psiquicamente um pouco do tóxico. Este tóxico internalizado age
dentro do jovem minando suas forças, pois conhece os seus pontos e momentos de
vida mais vulneráveis, quando se sente mais necessitado de algo que normalmente
não consegue ou simplesmente pela rotina do hábito. Assim o tóxico não lhe
parece tão prejudicial quanto no começo, ou tão evitável quanto antes de formar
o papel imaginário, mudando portanto, o seu próprio ponto de vista e
consequentemente mudando a sua postura psicológica perante o uso de tóxicos. A
própria tolerância física e ou psíquica do jovem ao tóxico, associada ao
"tóxico Internalizado", pode torná-lo cada vez mais vulnerável aos tóxicos
em geral. Para o vício se estabelecer levo em conta também três outros fatores:
constituição pessoal; meio ambiente; poder viciante do tóxico. Existem umas
pessoas que são mais viciáveis que outras. Não é dado estatístico oficial mas
em média 14% da população é susceptível do vicio. Podem ser vícios socialmente
aceitos para os adultos como o trabalho sufocantemente exagerado, a necessidade
de poder, o fanatismo ideológico ou religioso.
Existem, tambem vícios menos aceitos
como o tabagismo e o alcoolismo, e vícios condenados como os tóxicos. A
produção que correspondeo jovem ao trabalho do adulto,é o estudo. São poucos os
jovens viciados em estudar mas já existem os fanatismos ideológicos, religiosos
e ou anti-religiosos, e em maior quantidade os tabagistas,
"cervejistas" e os usuários de tóxicos. Tal susceptibilidade ao vício
depende da constituição pessoal. Raramente alguém vicia-se no que não existe no
seu meio ambiente. Como a maconha não traz visivelmente uma dependência física,
o seu corsumo cai muito no período da entressafra, época em que a oferta da
maconha no mercado cai muito. Se al- guem sente necessidade de consumir
tóxicos, quando acaba a maconha, ele parte em busca de outros substitutivos.
Uma das grande contribuições para a propagação do uso de cocaína entre os
jovens foi o fato dos traficantes "apresentarem" cocaína na falta da
maconha.
Quem era sómente canabista, não
aceitou cocaína. Mas muitos adolescentes aceitaram e vieram a envolver-se com
cocaína. Hoje conhece-se que existem tóxicos que ativam quimicamente os centros
nervosos responsaveis pelo prazer.É um "prazer químico".
Os susceptíveis ao vício sentem. Uma
necessidade compulsiva de repetir tal "prazer quimico",
inependentemente do que isto venha a lhes custar. Este é um dos motivos pelo
qual os tóxicos tem seu poderes viciantes. Não sev trata de dado estatístico
oficial mas a maconha tem 50% de poder viciante e a cocaína 80%. Equivale a
dizer que de 10 jovens que "inocentemente" experimentam a maconha, 5
podem tornar-se canabistas habituais.
Independente de seus problemas
pessoais e socio-familiares, um jovem pode se tornar um viciado se
constitucionalmente for viciável, o meio ambiente oferecer o tóxico, e este
tóxico tiver poder viciante.
3.
Bibliografia
MELO,
Dirceu Antônio Leme de. Drogas: Vida & Morte, Vitória/ES.
MELO,
Dirceu Antônio Leme de. Diálogo x Drogas, Vitória/ES.
Consulta
Internet Home Page UCD (União Contra as Drogas). http://www.ucd.org.br
E-mail da autora: [email protected]