Bruna Stefenoni Queiroz

Acadêmica de Direito da CSVV/UVV

Oficial Judiciária do Tribunal de Justiça do ES


 

 

 

DEPENDENTE DE DROGAS

 

 

 

Droga: Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), droga é toda substância que, após ingerida, pode modificar uma ou mais funções do indivíduo.

 

Classificação das Drogas

As drogas podem ser classificadas de acordo com sua atuação no Sistema Nervoso Central (SNC)

01.

Perturbadoras: perturbam o funcionamento do SNC

02.

Estimulantes: aceleram o funcionamento do SNC

03.

Depressoras: deprimem o funcionamento do SNC

 

·   Drogas Pertubadoras do SNC

01.

Naturais (maconha, cogumelos, cactus, caapi, chacrona, lírio, datura (trombeteira), etc

02.

Sintéticos (LSD, Ecstasy)

03.

Anticolinérgicos

- O que são?

As drogas perturbadoras produzem alteração do nível de consciência e podem induzir a delírios e alucinações. À exceção dos anticolinérgicos, não têm utilidade médica e são chamadas de alucinógenas. Há dois mil anos já integravam cerimônias religiosas dos nativos da América.

- Reações:

Pânico com alto grau de ansiedade e medo. É a chamada "bad trip", ou viagem ruim. O usuário também vê imagens simples, linhas ou traços de objetos, como se fossem luzes ou figuras geométricas vistas nos cantos dos olhos, ou rastros de luz seguindo objetos em movimento. Experiências emocionais complexas, como tristeza, ansiedade ou idéias paranóicas podem se repetir por alguns dias ou semanas após a ingestão.

- Dependência:

As drogas perturbadoras do SNC não causam dependência física. Portanto, não provocam sintomas de abstinência. Mas causam dependência psicológica.

- Efeitos:

Causam sensações subjetivas de aumento de atividade mental e do sentido da audição

 

Alteram o nível de consciência

Diminuem a capacidade de diferenciar-se do meio ambiente

 

Levam à introspecção

Alteram as imagens corporais

 

Induzem percepções sensoriais anormais (ilusões e alucinações)

Aumentam as pupilas, a temperatura do corpo e a pressão arterial.

 

 

·   As Drogas Perturbadoras Naturais:

01. Maconha:

Trazidos ao Brasil pelos escravos africanos, os feixes da Cannabis sativa eram usados para fazer cordas. O nome maconha se origina do rearranjo das letras c-a-n-h-a-m-o.

Seu princípio ativo é o Tetrahidrocanabinol (THC), cujo uso habitual pode determinar alterações que dependem do estado emocional do usuário. Normalmente, a maconha causa:

- aumento da percepção dos sentidos, perturbação da noção de tempo, perturbação da memória de fixação e dificuldade para calcular espaço e distância.

- confusão entre fantasia e realidade, sensação de relaxamento, acessos de euforia e de riso incontrolável, aumento da libido, desconfiança e perda do senso crítico.

- tremores finos das extremidades do corpo, redução da força muscular, taquicardia, náuseas, boca e garganta secas e irritação com vermelhidão dos olhos.

Os efeitos iniciam-se alguns segundos depois de fumar, atingem seu ápice em 30 minutos e desaparecem 2 a 4 horas depois. A síndrome amotivacional - perda do interesse e desmotivação generalizada - pode estar presente nos usuários da maconha.

Fumada geralmente em grupos, com o cigarro passando de mão em mão, a fumaça extremamente aquecida da maconha provoca transformações malignas nos pulmões, mais graves do que a fumaça do tabaco. O metabolismo se dá no fígado e nos pulmões e a substância se deposita nos tecidos gordurosos do cérebro e testículos. O depósito nos testículos provoca azoospermia (redução do número de espermatozóides) ou aumento de células anormais de esperma, causando esterilidade temporária. A fertilidade se normaliza com a interrupção do uso da droga.

02. Haxixe:

É a resina que a planta Cannabis sativa secreta para proteger o broto. É aproximadamente 10 vezes mais potente do que a maconha. Apresenta-se como pasta sólida, moldada em pequenas bolotas e vendida assim para consumo. Como a maconha, o haxixe é fumado.

Efeitos do uso da Cannabis sativa (maconha e haxixe)

- euforia, sensação de relaxamento, aumento da libido, alteração da noção de tempo e distância, aumento do apetite, interação social diminuída, prejuízo da memória recente, prejuízo na realização de tarefas múltiplas, desconfiança, tremores finos, queda da temperatura, redução da força muscular, boca seca, olhos vermelhos, náuseas, cefaléia, queda da pressão arterial.

03. Santo Daime:

A seita Santo Daime ou Culto da União Vegetal, e outras seitas, são encontradas no Norte do país, sendo inexpressivas no Sul. O Santo Daime tornou-se famoso pela "conversão" de alguns artistas. A caapi e a chacrona (chamadas também de Ayahuasca) são usadas juntas em forma de chá durante os rituais. As alucinações produzidas pela bebida são chamada de "mirações".

04. Datura:

A planta datura, também conhecida como cerca viva ou trombeteira, é usada na forma de chá. Outras plantas alucinógenas encontradas com facilidade são a saia branca e o lírio.

05. Cactus e cogumelos:

Os cactus e os cogumelos são encontrados na América Central. Usados na forma de chá ou mastigados, produzem alucinações com temas religiosos e por isso são usados em comemorações e rituais sagrados.

·   As Drogas Perturbadoras Sintéticas:

01. LSD:

O ácido lisérgico teve sua época de abuso na década de 60, durante o movimento hippie. É vendido na forma de pó, solução, cápsula ou comprimido. Sem cor nem sabor, também é vendido em cubos de açúcar ou em pedaços de papel absorvente. Pode ser usado por via oral ou injetado na veia.

O LSD é um potente alucinógeno. O usuário acredita que pode voar ou andar sobre as águas. As alterações dos sentidos distorcem cores, formas e contornos; sons podem adquirir forma ou cor. Causa grande ansiedade. Os efeitos se iniciam 40 a 60 minutos após a ingestão, atingem o pico em 90 minutos e duram de 6 a 12 horas. Tontura, fraqueza e uma série de alterações fisiológicas são substituídas por euforia e alucinações.

02. Ecstasy:

Também conhecida como a "droga do amor", apesar de não ter efeito afrodisíaco como se apregoa. Seu outro nome é MDMA - MetilenoDioxoMeta Anfetamina, droga considerada ilícita desde 1985. Além de efeito estimulante, tem também efeito alucinógeno, o que é duplamente perigoso. Com estômago vazio, os efeitos aparecem 20 a 60 minutos depois de ingeridos os comprimidos e podem durar entre 6 e 8 horas. O usuário apresenta intensa felicidade, loquacidade, sensação de segurança e leveza, melhora da receptividade social, aumento da sensualidade, aumento da temperatura corporal (até 42 graus), intensa sede (por desregulação do sistema diurético) e sensação de eletrificação da pele. A combinação da droga com a música determina vontade de tocar as pessoas. A dança produz um estado de transe similar ao experimento em rituais tribais ou em cerimônias religiosas primitivas.

03. Anticolinérgicos:

São substâncias que bloqueiam as ações da aceticolina (um neuro-transmissor cerebral). produzem efeitos sobre o psiquismo e em diversos sistemas biológicos quando usados em doses elevadas. Desencadeiam alucinações e delírios persecutórios, que dependem da personalidade de cada usuário e de sua condição física. Induzem à sensação de bem estar, sentimento transitório de alívio, causando visão borrada e sensibilidade à luz. Os efeitos podem durar por 2 a 3 dias. Também produzem efeitos somáticos como dilatação da pupila, boca seca e palpitações. Os batimentos cardíacos podem chegar a 150 por minuto.

Os anticolinérgicos de abuso mais comuns são os medicamentos usados para tratamento da doença de Parkinson, comercialmente vendidos como Artane e Akineton.

Seus efeitos são: agitação psicomotora, ansiedade, boca seca, dificuldade para engolir, visão borrada, fotofobia, pele seca e quente, distensão abdominal, retenção urinária, ritmo cardíaco aumentado, hipertensão arterial, mania de perseguição.

·   Drogas Estimulantes do SNC:

As drogas estimulantes têm como principal efeito o aumento da atividade mental, com conseqüente estado de alerta exagerado, diminuição do apetite e insônia.

Principais drogas estimulantes: Cocaína, Nicotina, Anfetaminas e Cafeína.

Os estimulantes causam inquietação, insônia, ataque de pânico, alto nível de irritabilidade, desconfiança, paranóia, alucinações, confusão mental, depressão, letargia e anormalidades nasais.

01. Cocaína:

A cocaína é uma susbtância natural extraída das folhas de uma planta encontrada exclusivamente na América do Sul. Foi muito usada para fins médicos, principalmente como anestésico tópico em cirurgias oftalmológicas, do nariz e da garganta.

A cocaína pode chegar ao consumidor na forma de um sal, o cloridrato de cocaína (também chamado de pó, neve, branquinha e dezenas de outros nomes), ou de uma base, o crack. O pó é solúvel em água e pode ser aspirado ou dissolvido para uso endovenoso. As pedras de crack se volatizam e são fumadas numa espécie de cachimbo.

Um produto grosseiro obtido nas primeiras fases de preparação, a pasta de coca, contém muitas impurezas e é fumada em cigarros chamados bazucos.

A cocaína causa dependência psicológica. O termo "fissura" denomina o desejo de repetir a droga para sentir novamente os efeitos "agradáveis", e não para diminuir ou abolir os efeitos desagradáveis da abstinência.

A cocaína vendida nas ruas é normalmente misturada com outras substância para render mais ao traficante, o que a torna extremamente impura. As misturas mais comuns são feitas com açúcar, gesso, lidocaína, maizena e pó de mármore. Uma overdose pode provocar a morte por aumento da pressão arterial, taquicardia, fibrilação ventricular, parada cardíaca e convulsões.

Efeitos: A ação mais óbvia é a estimulação do Sistema Nervoso Central. O "baque" é uma sensação de prazer difícil de descrever, que associa intensa euforia e idéia de poder, redução da fadiga com aumento da energia, redução da necessidade de sono, aumento das sensações sexuais, menos apetite, estado de excitação e hiperatividade com aceleração do pulso, aumento do ritmo respiratório, febre, pressão arterial acentuadamente aumentada, tremor nas mãos e agitação psicomotora.

Psicose Cocaínica: caracteriza-se pelo aparecimento de idéias delirantes (de perseguição) e alucinações tácteis (sensação de bichos caminhando sob a pele). Se a droga é suspensa a sintomatologia desaparece em poucos dias. Segue-se um período de intensa sonolência e quadro depressivo que pode durar várias semanas.

02. Crack:

O crack é um sub-produto da cocaína, obtido a partir da cocaína não refinada (pasta básica), acrescida de uma substância básica, geralmente o bicarbonato de sódio.

É vendido na forma de pequenas pedras porosas, de um branco sujo, amarelado. Pouco solúvel na água, se volatiza e pode ser fumado em cachimbos de fabricação caseira. Uma pedra não rende mais do que duas horas de sensações. A ação acontece em aproximadamente 8 segundos, produzindo frenética euforia e intensa excitação. Quando a pedra se esgota, sobrevém a exaustão, o corpo amolece e o usuário entra em sono profundo.

Droga de uso simples e barata, é de fácil acesso para menores carentes.

O crack diminui o apetite, provoca agitação psicomotora, euforia, desinibição, taquicardia, dilatação da pupila, aumento da pressão arterial e transpiração. Eventualmente aparecem alucinações visuais ou tácteis. A dependência acontece em poucos dias. O usuário crônico apresenta cefaléias, tontura e desmaios e pode morrer de infarto agudo do miocárdio, numa overdose. É mais potente e prejudicial do que a cocaína inalada ou injetada.

03. Nicotina:

O cigarro é a droga lícita de maior consumo no mundo. Não por acaso é também a droga de maior expressão econômica. O Brasil é o sexto produtor mundial de fumo, produzindo cerca de 170 bilhões de cigarros por ano. Também é o maior exportador de fumo, responsável por 275 mil toneladas ao ano que movimentam cerca de R$ 7 bilhões. Mais de 70% seguem para o governo na forma de impostos. Aproximadamente 30% dos brasileiros são fumantes.

Tanto patrimônio envolvido determina uma campanha de vendas agressiva por parte das indústrias. Sistematicamente, a indústria do fumo vem manipulando quimicamente o cigarro, quer pela produção do fumo supernicotinado, quer pela adição de amônia. Usada para realçar o sabor, na realidade a amônia determina liberação de maiores quantidades de nicotina do tabaco. A nicotina é o agente responsável pela dependência física, provoca alterações importantes em diversos órgãos do corpo e induz à manutenção do hábito.

Normalmente o jovem inicia o uso por curiosidade. Mas recebe intensas pressões sociais, culturais e psicológicas que reforçam o uso e o estabelecimento da dependência.

Efeitos: A nicotina determina sensações de prazer, melhoria subjetiva da memória, aumento da vigilância e melhoria de desempenho no trabalho. Altera, contudo, a liberação de hormônios psicoativos, com aumento de lipoproteínas, substâncias responsáveis por aumento da pressão arterial, isquemia do miocárdio, aumento da freqüência cardíaca, vasoconstrição dos vasos, além da dependência física.

O monóxido de carbono é responsável pela redução da capacidade de oxigenação do cérebro e dos músculos. Outras substâncias presentes, tais como os aldeídos, o ácido cianídrico, os radicais livres (oxidantes) e os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, entre outros, são os responsáveis pelas alterações orgânicas graves que vão se desenvolvendo à medida que a dependência ao cigarro prossegue. Alterações pulmonares (enfisema, insuficiência respiratória, bronquite, maior vulnerabilidade às infecções), complicações circulatórias em geral, aumento da predisposição para diversos tipos de câncer (da boca, da laringe, da faringe, etc) fazem parte das graves repercussões do fumo para o organismo humano.

04. Anfetaminas:

São substâncias sintéticas, poderosas estimulantes do Sistema Nervoso Central, que determinam a diminuição do apetite, aumento da energia e redução do sono. São comumente usadas como boletas, que mantém o indivíduo "ligado", insone, com o apetite diminuído e a sensação de uma energia inesgotável. Provocam ainda aceleração da fala e inquietação.

As anfetaminas são muito usadas pelos motoristas de caminhão e por estudantes.

O "rebite" - seu nome popular - visa manter o usuário acordado. O principal uso médico é para o tratamento da obesidade, na forma de moderador de apetite. Porém, o peso perdido reaparece pouco depois da interrupção da droga.

Efeitos: As anfetaminas desenvolvem importante tolerância (necessidade de aumento da dose para obtenção do mesmo efeito) e dependência física discreta, o que contraria a idéia de que estas drogas não podem ter seu uso interrompido de imediato. A dependência psicológica é bastante intensa. É comprovada a existência de psicose induzida por anfetaminas. O usuário se torna extremamente desconfiado, apresenta pupilas dilatadas, taquicardia, aumento da pressão sangüínea, agressividade, irritabilidade e paranóia. Esta psicose pode se confundir com um quadro esquizofrênico agudo.

05. Cafeína:

Trata-se de uma substância química encontrada em plantas de chá e nas sementes do café. Afeta os sistemas circulatório e respiratório quando ingerida em doses elevadas. Pode ser encontrada em alguns medicamentos para enxaqueca e em refrigerantes. A dependência física pode ser discreta em usuários que abusam da substância.

·   Drogas Depressoras do SNC

As principais drogas depressoras do Sistema Nervoso Central são: álcool, barbitúricos, ansiolíticos e hipnóticos, opiáceos ou narcóticos (morfina, codeína, meperidina, propoxifeno e heroína), colas, solventes e aerossóis.

01. Álcool:

Historicamente, é a droga legal mais difundida na sociedade. Depressora do SNC, é uma substância com altíssimo potencial de abuso. Leva os indivíduos, independente do nível sócio-econômico-cultural, a comprometimentos que vão desde simples intoxicação a quadros clínicos e psiquiátricos graves, acompanhados de desagregação social.

Apesar de ser reconhecido como doença - à medida que o usuário perde a capacidade de escolher entre beber e não beber - o alcoolismo ainda não tem suas causas completamente conhecidas. Mas considera-se que o somatório de fatores biológicos, sociais e psicológicos desencadearia a patologia que, durante anos, desafiou profissionais e levou à formulação de inúmeras teorias.

02. Barbitúricos:

Derivam do ácido barbitúrico e já tiveram maior importância na medicina. São usados no tratamento da insônia e das epilepsias. Seu maior efeito é sedativo e não para alívio da dor. Provocam sonolência, diminuição da tensão, com sensação de calma e relaxamento, dificuldade de raciocínio e de concentração. São drogas perigosas porque sua dosagem terapêutica é muito próxima de sua dose letal. A associação com o álcool duplica o efeito depressor de ambos e pode matar. São exemplos famosos as mortes dos astros Janis Joplin, Marilyn Monroe e Elvis Presley.

Os barbitúricos determinam dependência física e psicológica. A síndrome de abstinência (falta da droga) é importante, marcada por insônia rebelde, ansiedade, tremores, irritação, convulsões e delirium, que podem levar à morte por parada respiratória. A gravidade da crise de abstinência requer obrigatoriamente tratamento médico e hospitalização.

Efeitos: Fala arrastada, dificuldade de concentração, descoordenação motora, marcha cambaleante, aprofundamento do sono até o coma e redução dos movimentos respiratórios até a parada respiratória.

03. Ansiolíticos:

São drogas depressoras que determinam a eliminação da ansiedade e alguns efeitos somáticos que ela pode causar. São chamadas de tranqüilizantes. Suas propriedades farmacológicas são de ação tranqüilizantes, relaxamento e anticonvulsivante.

Efeitos: Diminuição da ansiedade, indução do sono, relaxamento muscular e diminuição das convulsões. Segundo os especialistas, essas drogas perdem eficácia após 1 a 2 meses de uso diário. Sua prescrição é somente para casos graves de ansiedade e durante 2 a 3 semanas. Podem causar sedação acentuada com sonolência e vertigem, dificultam os processos de aprendizagem e memorização e prejudicam as funções motoras, comprometendo o uso de maquinários e a condução de veículos.

04. Hipnóticos:

São substâncias essencialmente usadas nas diferentes formas de insônia (dificuldade para conciliar o sono, despertar precoce, etc.). Entre as desvantagens, alteram o padrão natural do sono e perdem eficácia se utilizados todas as noites por mais de duas semanas. São drogas freqüentemente presentes nas tentativas de suicídio. Possuem alto potencial de dependência física e psicológica.

05. Opiácio ou Narcóticos:

São drogas derivadas de uma planta, a papoula. Os opióides com efeito analgésico também são conhecidos como narcóticos ou drogas hipoanalgésicas. Elas agem sobre o controle da dor, inibem o reflexo da tosse e diminuem a motilidade intestinal. Causam depressão generalizada do Sistema Nervoso Central, com sonolência, alteração da consciência, redução dos movimentos respiratórios e dos batimentos cardíacos, eriçamento dos pêlos corporais, contração das pupilas e confusão entre fantasia e realidade.

Os opiáceos provocam intensa dependência física, grande tolerância e uma dolorosa e violenta síndrome de abstinência. O abstinente fica apático, sofre náuseas, vômitos, fica hipotenso, com respiração fraca, hipotérmico, com pele fria e azulada, sente calafrios, cãimbras, corrimento nasal, lacrimejamento, inquietação, irritabilidade e insônia. Esse estado pode durar de 8 a 12 dias. A evolução da síndrome vai comprometendo os níveis de consciência até o coma.

Há vários tipos de Opiáceos, que podem ser usados de formas diferentes:

Opiáceos naturais: morfina (o mais potente analgésico conhecido) e codeína (produz acentuada depressão das funções cerebrais);

Opiáceos semi-sintéticos: heroína (obtida por acetilação da morfina) e metadona (para tratamento de dependentes de morfina e heroína);

Opiáceis sintéticos: analgésicos (meperidina, propoxifeno, buprenorfina) e antidiarréicos (difenoxilato).

A heroína é injetada endovenosamente. O ópio é fumado e pode ser cheirado. Os medicamentos derivados podem ser injetados ou usados via oral.

Efeitos: turvação do funcionamento mental; alteração do humor; euforia; sensação de flutuação e distanciamento; confusão mental; pupilas contraídas; rubor sobre a pele; movimentos respiratórios lentos; movimentos intestinais lentos; contrações musculares.

06. Colas, solventes e aerossóis:

São substâncias inalantes com efeitos psicoativos. A inalação de substâncias com tais características remonta à antiga Grécia. Clorofórmio, éter e gás hilariante vêm sendo usados desde 1800. O abuso de solventes teve seu ápice nos anos 50; os aerossóis e a cola, na década de 60, usados no aeromodelismo. A composição dos produtos é variada, algumas vezes múltipla e, muitas vezes, desconhecida. O tolueno e o benzeno são os componentes fundamentais das colas e solventes (tiners, tintas, etc), enquanto os hidrocarbonetos halogenados (fluorcarbonos) são os propelentes habituais de sprays e aerossóis. Também os derivados de petróleo (acetona, fluidos de isqueiro, gasolina, chumbo tetraetila e benzeno), as soluções de limpeza, líquidos de refrigeração (gás freon), corretivos tipográficos, removedores de manchas, clorofórmios, éter, etc. Um produto bastante conhecido no Brasil é o "cheirinho da loló", usado por adolescentes, preparado à base de clorofórmio e éter, para fins unicamente de abuso. Como sua composição exata é desconhecida, casos de intoxicação aguda podem apresentar complicações e são de difícil atendimento médico.

A inalação objetiva produzir um estado psicológico anormal e agradável para o usuário. A via inalatória garante acesso quase instantâneo ao cérebro. Alguns autores dizem que a principal diferença entre intoxicação alcoólica aguda e por solventes está de fato de que na última podem ocorrer alucinações. O uso causa euforia e os efeitos começam em poucos segundos, com duração aproximada de 15 a 45 minutos. O usuário repete as aspirações várias vezes para manter a euforia e a hilariedade. Apresenta distúrbios de conduta, com hiperatividade motora, tonturas, tosse, muita salivação, perturbações auditivas e visuais, sensação de instabilidade, lacrimejamento, corrimento nasal e irritação das vias respiratórias. Nos usuários mais pesados, encontram-se vermelhidão e escoriações ao redor da boca (nos cheiradores de cola).

O uso contínuo causa ainda confusão e torpor mental, perda do autocontrole, visão embaraçada, visão dupla, cólicas abdominais e cefaléia, ocorre deterioração do estado de consciência, redução acentuada do estado de alerta, com marcha hesitante, fala pastosa, descoordenação motora e ocular e em casos extremos ocorre estado de coma associado a convulsões e atividade onírica marcada por sonhos bizarros.

Efeitos: euforia; tontura; vertigem; sensação de estar flutuando; desinibição do comportamento; irritação ocular; visão dupla; confusão mental; desorientação; alucinações visuais e/ou auditivas; redução do estado de alerta; marcha vacilante; inconsciência; convulsões.

 

 

Como se reconhece um dependente de drogas?

    O aumento das taxas de consumo de drogas é hoje um problema de ordem político-social que vem preocupando a todos e não se limita apenas a família e ao Estado. 
A falta de uma educação específica ao assunto e de uma legislação rigorosa anti-drogas fazem do Brasil um país convidativo aos traficantes; tanto para ser usado como rota de tráfico ou como mercado consumidor. Estes fatores favorecem ao narcotráfico que vai introduzindo drogas à pessoas cada vez mais jovens.

·  É por isso que os pais necessitam conhecer os principais sintomas de um usuário de Drogas, para que medidas de prevenção possam ser tomadas ainda no início do problema. A relação abaixo serve como referência das possíveis alterações de comportamento de um adolescente que entra em contato com as drogas.  
 

Paranóia vaga

Negligência à aparência pessoal.

Recusa na execusão de tarefas.

Aumento nos atritos com outras pessoas, irritabilidade, mau humor.

Atitude hipersensível no que se refere a leves críticas.

Pensamento desordenado ou fragmentado, perda da memória.

Significante enfraquecimento no desempenho escolar.

Apatia, deminuta energia, síndrome de desinteresse.

Aumento do apetite (normalmento no usuário de maconha).

Mudança de atividade, normalmente de interesse competitivos para PASSIVIDADE e RETRAIMENTO.

Mudanças brutas de humor, explosões de raiva sem motivo e uso de palavras abusivas.

Perda de peso e apetite (a cocaína provoca aumento na liberação de serotamina neurotransmissor que inibe o apetite.

Sangramento nasal - o uso de cocaína estimula a produção de substâncias com dopamina e noradrenalina no cérebro, que aumentam a pressão arterial, ocasionando o rompimento de pequenas veias e artérias.

Diminuição no relacionamento afetuoso com a família, maior indiferença quanto aos sentimentos dos outros.

Síndrome persecutória - a cocaína causa um curto-circuito no sistema límbico (que comanda as emoções) e no córtex (responsável pelas funções psíquicas), o que pode ocasionar delírios.

Insônia (dependentes de anfetaminas).

Sinais de picadas nos braços.

Tendência ao suicídio.

 

ASPECTOS MÉDICOS-LEGAIS
 
Toxicômanos
Acidentais: Chegam ao vício ocasionalmente pelas más companhias ou influências.
Contitucionais: São inseguros e fracos e encontram no tóxico as respostas às frustações e angústias.

 

 

RISCOS NA EXPERIMENTAÇÃO DE TÓXICOS

 

Por negação, ignorância, substimação ou inadvertência dos riscos, o jovem pode lançar-se à experimentação de tóxicos, principalmente quando envolve desafios ou auto-afirmações perante seus amigos e pior ainda, quando perante si mesmo.

A criança acredita nos adultos e recebe deles informações sobre tóxicos que praticamente não questiona. Tais informações vão fazer parte de seu conhecimento. Com o surgimento da puberdade, o jovem questiona e redimensiona tais conhecimentos. Agora a sua curiosidade (antes genérica) torna-se específica e ativamente busca informações para saciá-la. Neste período frequentemente minimiza informações que chegam dos adultos (pais, professores, palestristas e etc). Pelo contrário, maximizam as que chegam de amigos e companheiros, por sentirem-se genericamente mais identificados com eles.

Poucos anos antes poderia até ser ativamente contra o tabagismo dos pais, mas agora pode ser fracamente simpatizante do canabismo (fumar maconha). A curiosidade ativa associada à simpatia pode ajudar o jovem a formar o papel imaginário de experimentar maconha. É quando o jovem se imagina experimentando maconha. Surgem, então, inúmeras questões: quando, como e com quem canabisar? Como arrumar maconha? Quais serão seus efeitos? O que irá sentir? Como não ser descoberto pelos seus pais? Ficará viciado? Nesta hora nem sequer pensa nos seus próprios problemas o que a maconha lhe significa, no seu aspecto autodestrutivo. Raramente alguem se lança à experimen-
tação sem antes ter vivido o seu papel imaginário. Portanto, ninguém experimenta tóxicos de repente, sem pensar. Assim, ninguém canabisa sob pressão ou enganado pelo outro.

Alguns jovens nem chegam a formar o papel Imaginário, e nem todos que o formam, chegam ao ato de experimentar. Uma etapa é o imaginar e outra é o realizar. Outros só pelo papel imaginário não precisam nem se submeter à experimentação para chegar à conclusão de que não vale a pena experimentar. Os riscos da experimentação de tóxicos podem ser avaliados por: intoxicações agudas; alteração da postura psíquica perante o tóxico: riscos de tornar-se viciado.

Qualquer substância química (todos os tóxicos tem "suas químicas"} pode provocar alterações biopsíquicas quando administrada ao nosso corpo, por ser alheia à quimica biológica natural. Tais alterações podem ser as mais simples até provocar a morte e de caráter transitório duradouro e até definitivo. (Álcool em pequena quantidade: alterações biopsíquicas simples e transitórias / lança perfume: pode provocar a morte por parada cardíaca/alucinógeno: pode provocar psicose exotóxica esquizomorfa que dura enquanto não for tratada psiquiatricamente/ cola de sapateiro: pode provocar destruição definitiva dos neurônios}.Quando do papel imaginário o jovem lança-se a experiência prática com o tóxico, ele perde o controle sobre a sua vida naquele momento, pois quem manda nele é o tóxico ingerido. Suas defesas contra o tóxico ficam enfraquecidas pois ele passa a ter dentro de si, física e ou psiquicamente um pouco do tóxico. Este tóxico internalizado age dentro do jovem minando suas forças, pois conhece os seus pontos e momentos de vida mais vulneráveis, quando se sente mais necessitado de algo que normalmente não consegue ou simplesmente pela rotina do hábito. Assim o tóxico não lhe parece tão prejudicial quanto no começo, ou tão evitável quanto antes de formar o papel imaginário, mudando portanto, o seu próprio ponto de vista e consequentemente mudando a sua postura psicológica perante o uso de tóxicos. A própria tolerância física e ou psíquica do jovem ao tóxico, associada ao "tóxico Internalizado", pode torná-lo cada vez mais vulnerável aos tóxicos em geral. Para o vício se estabelecer levo em conta também três outros fatores: constituição pessoal; meio ambiente; poder viciante do tóxico. Existem umas pessoas que são mais viciáveis que outras. Não é dado estatístico oficial mas em média 14% da população é susceptível do vicio. Podem ser vícios socialmente aceitos para os adultos como o trabalho sufocantemente exagerado, a necessidade de poder, o fanatismo ideológico ou religioso.

Existem, tambem vícios menos aceitos como o tabagismo e o alcoolismo, e vícios condenados como os tóxicos. A produção que correspondeo jovem ao trabalho do adulto,é o estudo. São poucos os jovens viciados em estudar mas já existem os fanatismos ideológicos, religiosos e ou anti-religiosos, e em maior quantidade os tabagistas, "cervejistas" e os usuários de tóxicos. Tal susceptibilidade ao vício depende da constituição pessoal. Raramente alguém vicia-se no que não existe no seu meio ambiente. Como a maconha não traz visivelmente uma dependência física, o seu corsumo cai muito no período da entressafra, época em que a oferta da maconha no mercado cai muito. Se al- guem sente necessidade de consumir tóxicos, quando acaba a maconha, ele parte em busca de outros substitutivos. Uma das grande contribuições para a propagação do uso de cocaína entre os jovens foi o fato dos traficantes "apresentarem" cocaína na falta da maconha.

Quem era sómente canabista, não aceitou cocaína. Mas muitos adolescentes aceitaram e vieram a envolver-se com cocaína. Hoje conhece-se que existem tóxicos que ativam quimicamente os centros nervosos responsaveis pelo prazer.É um "prazer químico".

Os susceptíveis ao vício sentem. Uma necessidade compulsiva de repetir tal "prazer quimico", inependentemente do que isto venha a lhes custar. Este é um dos motivos pelo qual os tóxicos tem seu poderes viciantes. Não sev trata de dado estatístico oficial mas a maconha tem 50% de poder viciante e a cocaína 80%. Equivale a dizer que de 10 jovens que "inocentemente" experimentam a maconha, 5 podem tornar-se canabistas habituais.

Independente de seus problemas pessoais e socio-familiares, um jovem pode se tornar um viciado se constitucionalmente for viciável, o meio ambiente oferecer o tóxico, e este tóxico tiver poder viciante.

 

 

 

3. Bibliografia

 

MELO, Dirceu Antônio Leme de. Drogas: Vida & Morte, Vitória/ES.

MELO, Dirceu Antônio Leme de. Diálogo x Drogas, Vitória/ES.

Consulta Internet Home Page UCD (União Contra as Drogas). http://www.ucd.org.br

 

 

 


E-mail da autora: [email protected]


 

 

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