A Seleção Holandesa iniciava a concentração para décima edição
da Copa do Mundo de Futebol a 21 de maio de 1974 na cidade alemã de Hiltrup. Era
a princípio uma equipe desacreditada apesar do bom curriculum anterior e da
performance dos times bases, Ajax e Feyenoord. Era preciso tato e vasto
conhecimento em futebol para o planejamento do esquema tático e aceitação de
todos os jogadores. Para isso a Holanda contava com dois homens fundamentais: o
técnico Rinus Michels e o jogador Johan Cruyff. Este se preocupou em conversar
com cada companheiro se aceitava a tática e condições oferecidas. Feito isso,
esses dois homens conseguiram criar um bloco homogêneo e após treinos físicos e
táticos, reuniões e paciência, estava formada a seleção nacional holandesa.
A segurança era rígida, pelos problemas ocorridos nos Jogos Olímpicos de
Munique, disputados dois anos atrás, quando foram assassinados dois atletas
israelenses por terroristas. Policiais na concentração, alojados em quartos
próximos aos dos atletas holandeses, policiais na quadra de tênis, policiais
perto do lago de pesca, segurança constante nos locais de diversões encontrados
pela delegação para o relaxamento.
15 de junho de 1974 - Nierdersachstadium, Hannover
Era a estréia holandesa e um pouco de nervosismo tomou conta da
equipe laranja no início da partida. Era a pedra de toque onde seriam
verificados todos os resultados obtidos na preparação. Cruyff e seus
companheiros sabiam do histórico do Uruguai, bicampeão mundial de futebol. Mas o
Uruguai era uma equipe sem renovação. A Holanda estreou com êxito e confiança,
criaram diversas oportunidades de gol, exigindo muito do goleiro uruguaio
enquanto Jongbloed entrou em campo apenas para completar o time. Logo aos 6
minutos de jogo, Suurbier avança, centra para Cruyff, este adianta para Rep que
de cabeça abre o placar. Aos 40 minutos do segundo tempo, novamente Rep chuta
implacavelmente na corrida após receber um centro de Resenbrink e dá números
definitivos ao jogo.
No dia seguinte a imprensa uruguaia coerentemente
imprimiu em seus jornais: " Penosa derrota do Uruguai"; "O jogo de gato contra o
rato"; "O Uruguai foi superado pelo ritmo e a mecânica de um futebol quase
perfeito"; "Os holandeses alcançaram a última palavra em futebol"; "A Holanda é
o primeiro candidato ao título mundial".
HOLANDA: Jongbloed, Suurbier, Haan, Rijsbergen e Krol; Jansen, Van Hanegen
e Neeskens: Rep, Cruyff e Resenbrink.
URUGUAI: Mazurkiewicz, Forlan,
Jáuregui, Masnik e Pavoni; Montero Castillo, Espárrago e Pedro Rocha; Cubilla
(Millar), Morena e Mantegazza.
JUIZ: Palotai (Hungria)
A Suécia, forte e bem armada taticamente, conseguiu a proeza de
empatar com a Holanda, num jogo dificílimo para ambas as equipes. No início do
primeiro tempo os laranjas tiveram algumas oportunidades para marcar e não
podiam perder esse jogo que valia uma boa colocação na sua chave. Michels tentou
uma mudança tática que não surtiu o efeito desejado, mas também contribuiu para
que não saíssem derrotados. Apesar do empate sem gols, um bom futebol foi
mostrado de lado a lado. O carrossel girou, tanto que Cruyff jogou algum tempo
de lateral, Neeskens de atacante pela direita e Suurbier de centroavante. Mas a
Holanda conseguiu o que mais importava, que era continuar na Copa. Mais uma vez
a imprensa elogiava a Holanda em frases como do jornalista espanhol Carlos
Bridian "o primeiro tempo, a melhor publicidade para o futebol; os dois podiam
ter ganho, mas ganhamos nós, os espectadores, pelo espetáculo oferecido, que bem
podia ter levado o nome de Sua Majestade o Futebol".
HOLANDA: Jongbloed, Suurbier, Haan, Rijsbergen e Krol; Jansen, Van Hanegen
(De Jong) e Neeskens: Rep, Cruyff e Resenbrink.
SUÉCIA: Hellstroem,
Olsson (Grip), Nordgvist, Karlsson e Andersson; Tapper (Person), Graham e
Larsson, Edjersted, Edstroem e Sandberg.
JUIZ: Winseman (Canadá)
Este jogo foi um treino para a Holanda, que jogava tranquila e
com vantagem em saldo de gols, enquanto os búlgaros jogavam preocupados. A
Holanda foi ofensiva e cuidadosa. Logo aos 4 minutos de jogo Cruyff sofre uma
violenta entrada de Vassilev na área enquanto atacava pela esquerda. Neeskens
marca o primeiro gol, de pênalti. A Bulgária abriu sua defesa e Jansen sofre
novo pênalti aos 44 minutos do primeiro tempo, também convertido por Neeskens. O
esquema tático da Holanda funcionava perfeitamente, com as linhas búlgaras
desguarnecidas.
O ritmo laranja diminuiu no segundo tempo, garantidos pelos
2 gols, poupando as energias para os próximos confrontos, mas isso não impediu
que a Holanda marcasse o terceiro gol, numa jogada de Cruyff aos 27 minutos do
2º tempo lançando Resenbrink que de cabeça passa a Rep fuzilando as redes de
Satayanov num voleio indefensável. A Bulgária tenta aproveitar a redução de
ritmo holandês, quando Denev centra da esquerda e aos 32 minutos Krol, numa
tentativa de neutralizar o ataque adversário, marca contra. Dez minutos após
esse gol, 3 x 1 no placar para a Holanda, Cruyff lança da esquerda para de De
Jong que marca de cabeça o gol final da partida.
Como em todos os jogos, a
Holanda teve o apoio de sua torcida, emocionando seus craques cantando o hino
nacional.
HOLANDA: Jongbloed, Suurbier, Haan, Rijsbergen e Krol; Jansen, Van Hanegen
e Neeskens; Rep, Cruyff e Resenbrink.
BULGÁRIA: Sataynov, Vassilev,
Ikov, Velischov, Penev; Bonev, Stoyanov, Volnov, Panov (Borissov) e Denev (Michailov).
JUIZ: Boskovic (Austrália)