HIST�RICO
L�szl� Mocs�ri
O mar, por sua vastid�o, abrange e recorta continentes, ocupando dois ter�os da superf�cie terrestre, com profundidades das mais variadas, chegando a atingir 11.033 m (Fossa de Mindnaus, Pac�fico), o que daria para imergir, com folga, o pico mais elevado do mundo, o monte Everest (8.845 m).  Com fauna e flora riqu�ssimas, o mar atua na vida do homem de forma importante, desde os tempos mais remotos da exist�ncia humana.
 
Descobertas arqueol�gicas demonstraram que o primeiro contato do homem com o meio aqu�tico foi realizado na Pr�-Hist�ria, provavelmente no Paleol�tico.  O homem utilizava arp�es de madeira para a obten��o de peixes que faziam parte da sua dieta, como provam inscri��es em v�rias cavernas e os ornamentos de conchas encontrados em esqueletos na caverna de Menton.

Achados em escava��es arqueol�gicas realizadas na antiga Mesopot�mia revelaram ornamentos de madrep�rola que datam de 4.500 a.C., conforme relatado no livro de William  Beebe, em 1934, entitulado Half Mile Down (Meia Milha Abaixo).

A civiliza��o cretense (3.000 - 1.400 a.C.) utilizou o mar como a principal fonte da sua economia.

Refer�ncias sobre os primeiros mergulhos datam de algumas centenas de anos antes de Cristo, e foram realizados por pescadores de esponjas e moluscos. Durante algumas guerras, nessa �poca, existiam mergulhadores com equipamentos bem rudimentares, ou mesmo desprovidos desses, que faziam sabotagens em embarca��es inimigas. 

Na Il�ada, de Homero (750 a.C.), h� men��es a mergulhadores que pescavam.

Her�doto (460 a.C.) relata a hist�ria de um mergulhador chamado Silas que foi empregado pelo rei persa Xerxes I para recuperar tesouros de naufr�gios. 

Talvez, o primeiro aparelho de respira��o subaqu�tica foi idealizado em 900 a.C. pelos ass�rios (fig. 1), consistia em uma bolsa de ar fixada por correias � frente do mergulhador, ligada � boca por um tubo. Provavelmente, era confeccionado em couro. Alguns acreditam que era utilizado como b�ia, outros, como implemento de mergulho.
Figura 1 - Uma das primeiras representa��es conhecidas de um aparelho de respira��o subaqu�tica. Proveniente da Ass�ria, datada de 900 a.C. (retirada de: CARRIER, Rick & Barbara. Dive: The Complete Book of Skin Diving. New York,  Funk & Wagnalls Inc., 1973).
Arist�teles (333 a.C.) descreveu em sua "Problemata" um dos primeiros relatos de aparelhos de respira��o subaqu�tica ou sino de mergulho. ... "eles inventam um dispositivo de respira��o para mergulhadores, por meio de um recipientes enviados at� eles; naturalmente, o recipiente n�o est� cheio com �gua, mas com ar que constantemente ajuda o homem submerso". Descreve tamb�m o mergulho do seu disc�pulo, Alexandre,  o  Grande  em  um sino  para  observar  as  defesas   submarinas  de  Tiro. Um manuscrito franc�s datado de 1250 titulado: A Verdadeira Hist�ria de Alexandre, conta que Alexandre, o Grande observou um enorme peixe que levou tr�s dias passando pelo seu sino durante o mergulho.  (fig. 2).
Fig. 2. Ilustra��o do manuscrito franc�s, mostrando Alexandre, o Grande em um sino de mergulho de vidro.
Por volta de 1511, na publica��o De Re Militaris, escrito por Flavius Vegetius, h� a descri��o de um tipo de capacete assemelhado a uma bexiga, alimentado de ar por um tubo ligado � superf�cie (fig. 3).
Figura 3 - � esquerda, escafandro idealizado por Vegetius, 1511; � direita, aparelho de circuito fechado idealizado por Giovani Borelli, 1680 (retirada de: DAVIS, Sir Robert H. Deep Diving and Submarine Operations A Manual For Deep Sea Divers and Compressed Air Workers, Londres UK: The Saint Catherine, 1951).
Leonardo da Vinci idealizou alguns tipos de aparelhos de respira��o subaqu�tica. A maioria deles tinha em comum um tubo que ligava o mergulhador � superf�cie. Projetou, tamb�m, trajes, m�scaras e capacetes de mergulho. Essas inven��es certamente n�o obtiveram sucesso � �poca, por�m, serviram de base para o advento de outros aparelhos tecnicamente vi�veis.  (fig. 4)
Figura 4 - � esquerda, snorkel idealizado por Leonardo da Vinci, 1500; � direita, escafandro idealizado por Freminet, 1772.
Provavelmente, o primeiro aparelho de circuito fechado foi idealizado pelo astr�nomo e professor de matem�tica italiano Giovanni Borelli, em 1680. Esse aparelho consistia, basicamente, em uma grande bolsa de ar, com uma janela de vidro na sua parte anterior, que abrigava a cabe�a do mergulhador. O ar da bolsa era "re-respirado", sem que, no entanto, passasse por algum tipo de filtro, o que levou ao grande inconveniente do aumento r�pido e progressivo da concentra��o de di�xido de carbono na bolsa do aparelho, tornando-o invi�vel. Al�m da bolsa de ar, o mergulhador levava um cilindro com um pist�o, a fim de ajustar o seu equil�brio na �gua.  (fig. 3)
 
Em 1715, o ingl�s Jonh Lethbridge idealizou um tipo de escafandro r�gido, que consistia em um cilindro de madeira, semelhante a um barril, totalmente vedado. O mergulhador entrava por uma escotilha localizada na parte anterior do aparelho e se alojava deitando de barriga para baixo. Havia dois orif�cios para a coloca��o dos membros superiores, que ficavam do lado de fora do escafandro, e uma vigia para permitir a visualiza��o do ambiente submarino. Era suprido de ar por um fole localizado na superf�cie. H� relatos de que seu aparelho teria atingido 20 m de profundidade e que teria realizado v�rios trabalhos com sucesso.  (fig .5)
Figura 5 - Escafandro r�gido de Lethbridge, 1715 (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Baseados no escafandro r�gido de Lethbridge, Fr�minet, 1772 (fig. 4), e Kingert, 1797 (fig. 6), desenvolveram outros tipos de escafandros r�gidos, que possibilitaram maior mobilidade ao mergulhador, pois as pernas ficavam livres, permitindo que ele andasse; mantinham as mesmas caracter�sticas do escafandro de Lethbridge, principalmente, a depend�ncia de uma fonte de ar na superf�cie. 

O alem�o Klingert, em 1797, publicou o desenho de um escafandro completo, com capacete grande met�lico e cintur�o no mesmo material, interligados por uma roupa de couro, o que permitia maior mobilidade dos membros superiores. A parte inferior do cintur�o era ligada a uma cal�a que possibilitava caminhadas com certa facilidade no solo subaqu�tico. (fig. 6)
Figura 6 - Klingert, 1797 (retirada de: DAVIS, op. cit.).
O Trit�o de Drieberg (fig. 7), desenhado por Fr�d�ric Drieberg, em 1808, n�o era um traje de mergulho, j� que o mergulhador ficava praticamente nu, por�m, possu�a um aparelho de respira��o subaqu�tica. Presa � cabe�a do mergulhador havia uma coroa, com um aspecto aparentemente decorativo. Era conectada a tr�s hastes: uma delas era presa a uma bolsa nas costas, e as duas outras eram presas aos ombros. A bolsa continha dois foles e, � medida que o mergulhador movimentava a cabe�a, continuamente, ativava os foles que proporcionavam o ar para suprir o mergulhador.
Figura 7 - "Trit�o" escafandro de Drieberg, 1808 (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Em 1819, o alem�o Augustus Siebe (fig. 8), fundador da Siebe Gorman & Co. de Londres (f�brica de implementos de mergulho), aperfei�oou o capacete aberto que j� existia, adaptando-o a um traje que ia at� a cintura, dando origem ao primeiro escafandro de traje aberto (open dress), no qual o ar entrava pelo capacete e sa�a pela parte inferior (fig. 9). O traje era inconveniente se o mergulhador abaixasse a cabe�a ou se recurvasse, pois a �gua poderia entrar no capacete. (fig.10, � esquerda)
Figura 8 - Augustus Siebe, 1788 a 1872 (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Figura 9 - Capacete Siebe & Gorman aberto, 1810 (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Figura 10 - Trajes de Siebe Gorman: � esquerda, o traje aberto, 1819; � direita, o traje fechado, 1837 (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Posteriormente, em 1837, Siebe desenvolveu o seu escafandro de traje fechado (closed dress), que consistia no mesmo capacete do traje anterior adaptado a uma roupa inteiri�a, totalmente estanque (fig.10, � direita). A vantagem do modelo era a de propiciar maior seguran�a ao mergulhador, quando ele se recurvasse ou at� mesmo virasse de cabe�a para baixo. Os escafandros de Siebe (trajes aberto e fechado) foram utilizados com �xito no resgate do navio ingl�s Royal George - afundado em 1786 por dois navios franceses, o Superbe e o Soleil Royale -, 35 anos ap�s seu naufr�gio (fig.10). Esse traje foi bastante utilizado at� a segunda metade do s�culo XX. (fig. 11)
Figura 11 - Resgate do Royal George, 1817 (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Os trajes foram aprimorados, com a utiliza��o de novas v�lvulas de admiss�o e exala��o de ar, chegando at� mesmo a utilizarem um sistema de comunica��o (fig.12). S�o utilizados nos dias atuais apenas para treinamento e entretenimento, pois seu uso nos trabalhos submersos j� ocupou um lugar no passado.  (fig.13)
Figura 12 - Capacete Siebe & Gorman, dotado de sistema de comunica��o (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Figura 13 - O traje fechado foi aperfei�oado por Sir Robert H. Davis, na primeira metade do s�culo XX e fabricado pela Siebe, Gorman & Co. (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Figura 14 - Durante a II Guerra Mundial, um escafandro aut�nomo de circuito fechado foi aperfei�oado por Fleuss e Davis e fabricado pela Siebe, Gorman & Co.; utilizava Nitrox 50/50, ou seja 50% de O2 e 50% de N2 (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Figura 15 - Mergulhadores usando ma�arico de corte, � esquerda, e martelete pneum�tico, � direita (retirada de: DAVIS, op. cit.).
W.H. James, em 1825, foi o primeiro a se utilizar dos reservat�rios de a�o para o mergulho, n�o obtendo sucesso por causa da restrita autonomia proporcionada; foram posteriormente superados pelo escafandro fechado de Siebe.  (fig.16)
Figura 16 - W. H. James (1825).
Dois franceses, Rouquayrol e Denayrouze, tamb�m adaptaram um cilindro de ar comprimido para o mergulho, que, por�m, n�o se tornaram muito populares. Nenhum exemplar foi preservado. (fig.17)
Figura 17 - Rouquayrol e Denayrouse (retirada de: DAVIS, op. cit.).
H.A. Fleuss, em 1878 (fig. 21, � direita), trabalhando na Siebe-Gorman & Co, desenvolveu um sistema de respira��o de circuito fechado, utilizando soda c�ustica e potassa (NaOH+KOH) para a absor��o do CO2. Fleuss, juntamente com R.H. Davis, adaptou a esse aparelho um cilindro de oxig�nio e uma v�lvula autom�tica, propiciando melhor rendimento.  (fig. 18) O aparelho foi utilizado como material de seguran�a para a perman�ncia em locais contendo gases t�xicos e para o escape de submarinos, durante a I Guerra Mundial. (figs. 19 e 20)
Figura 18 - Sistema aut�nomo de respira��o de circuito fechado, Fleuss (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Figura 19 - Escape de submarino, com o dispositivo de Davis (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Figura 20 - Escape de submarino, com o dispositivo de Davis. Durante a subida, o submarinista abre um dispositivo para reduzir a velocidade de ascens�o (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Contempor�neo de Fleuss, no mesmo ano de 1878, o fisiologista franc�s Paul Bert (fig. 21, � direita) publicou seu livro La Pression Barom�trique, sendo, portanto, um dos que primeiro estudou aprofundadamente as altera��es do corpo humano quando exposto ao hiperbarismo. Fez v�rios estudos sobre a doen�a descompressiva, a intoxica��o pelo oxig�nio (efeito Paul Bert) e os barotraumas.
Figura 21 - � esquerda, Paul Bert, considerado o "pai" da medicina hiperb�rica, 1833-1886; � direita, Henry A. Fleuss, 1851-1933 (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Em 1906, o eminente professor John Scott Haldane (fig. 22), um fisiologista especializado no estudo dos efeitos de gases no corpo humano, passou a estudar a doen�a descompressiva em escafandristas da marinha real inglesa. Haldane ofereceu, certamente, as maiores contribui��es no estudo da respira��o, e descobriu, acidentalmente, que o di�xido de carbono regula o ciclo respirat�rio; isso foi um marco na fisiologia respirat�ria, e p�de melhorar as condi��es de trabalho nas minas, relativas aos gases (t�xicos) e ao tratamento de emerg�ncia. Criou a hip�tese de que o corpo poderia manter uma quantidade fixa de nitrog�nio em excesso, sem que surgisse a doen�a descompressiva (DD), utilizando-se de cabras para demonstr�-lo. Ap�s obter sucesso nas pesquisas com animais, Haldane fez experimentos com mergulhadores da marinha real (fig. 23). Proporcionou melhorias no equipamento de escafandria, incluindo o uso de melhores bombas, que forneciam ar mais puro em maiores profundidades. O equipamento tornou-se padr�o da marinha real. As mudan�as no equipamento foram feitas por seu filho que, mais tarde, estudou a intoxica��o por oxig�nio com o uso de equipamento aut�nomo de circuito fechado, usado pela marinha real na II Guerra Mundial. Nesses experimentos, os mergulhadores registravam suas profundidades (pr�-estabelecidas) e voltavam � superf�cie sem apresentar DD. Ap�s a comprova��o das teorias de Haldane, volunt�rios atingiram profundidades maiores que 210 p�s (63,5 m). Em 1907, Haldane publicou a primeira tabela de descompress�o, que difere muito pouco das usadas atualmente.
Figura 22 - Professor John Scott Haldane, 1860-1936. Foto tirada durante um trabalho experimental (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Figura 23 - Primeiros estudos experimentais com animais em c�maras hiperb�ricas (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Em 1925, o oficial franc�s comandante Le Prieur desenvolveu um aparelho aut�nomo que utilizava ar , diferente do de Fleuss e Davis, que usava oxig�nio puro. A respira��o com ar permitia que os mergulhadores descessem mais fundo e permanecessem l� por mais tempo, sem os riscos da intoxica��o pelo oxig�nio, como acontecia freq�entemente com os aparelhos de circuito fechado de Fleuss e Davis. O aparelho de Le Prieur consistia em um cilindro de alta press�o, contendo ar comprimido, preso � frente do mergulhador. Possu�a uma v�lvula manual de controle do fluxo de ar, ligada a uma m�scara orofacial por uma mangueira. � medida que se descia, era necess�rio abrir mais essa v�lvula. Tal aparelho foi amplamente difundido, e utilizado at� mesmo nas piscinas dos grandes clubes de Paris, como meio de divers�o.
 
Com o advento desse aparelho, o homem deu o primeiro passo para abandonar os escafandros pesados e libertar-se do "cord�o umbilical" que o ligava � superf�cie; passou a haver maior liberdade de a��o, possibilidade de se nadar em um plano tridimensional, ao contr�rio dos escafandros em que o homem ficava restrito ao fundo, locomovendo-se apenas num plano bidimensional. Mas, o aparelho de Le Prieur possu�a um s�rio problema: a v�lvula de redu��o da press�o do ar tinha fluxo cont�nuo, ou seja, o ar sa�a continuamente, havendo, portanto, um desperd�cio consider�vel do ar contido no aparelho, proporcionando menor autonomia. (fig. 24)
Figura 24 - Aparelho de Le Prieur, 1925 (retirada de: NOAA. Diving Manual, Diving for Science and Technology Diving Manual; Diving for Science and Techinology; History of Diving.  EUA 2001).
Em 1943, o capit�o Jaques Y. Cousteau (fig. 25) e o especialista em gases comprimidos Emile Gagnan - que faziam estudos com v�lvulas de gasog�nio para ve�culos - desenvolveram e aperfei�oaram o primeiro regulador que permitia melhor rendimento aos cilindros de mergulho.  (fig. 26 e 27)
Figura 25 - J.Y. Cousteau (retirada de: COUSTEAU, Jacques-Yves. O Mundo Submarino. v. 1 Rio de Janeiro, Salvat, 1983).
Figura 26 - Regulador de Cousteau-Gagnan (retirada de: COUSTEAU, op. cit.).
Atualmente, h� v�rios tipos de aqualungs, todos com base no cilindro de Le Prieur e no regulador de Cousteau-Gagnan.
Figura 27 - Narguile foi o nome dado ao aparelho aut�nomo de mergulho Cousteau-Gagnan. Havia configura��es com um, dois ou tr�s cilindros feitos de alum�nio, com capacidade de 35 p�s c�bicos cada um. Trabalhava a press�o de 200 atmosferas e usava um regulador de dois est�gios; fabricado por La Spirotechnique.
Durante a II Guerra Mundial, houve um grande desenvolvimento do mergulho, com o aperfei�oamento de aparelhos para escape de submarinos, de equipamentos mais leves que proporcionavam maior agilidade ao mergulhador - denominado "homem-r�" (figs. 31 e 32) - e o desenvolvimento de ve�culos de propuls�o subaqu�tica para sabotagens - como os "homens- torpedo" (fig. 28 e 29) e as "canoas submers�veis" (figs. 30).
Figura 28 - "Homens-torpedo" (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Figura 29 - Equipamento criado pela Siebe, Gorman & Company, especialmente para os "homens- torpedo" (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Figura 30 - Canoa submers�vel usada na II Guerra Mundial (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Figura 31 - "Homens-r�" da marinha brit�nica (retirada de: DAVIS, op. cit.).
Figura 32 - "Homens-r�" da marinha brit�nica (retirada de: DAVIS, op. cit.).
O crescente investimento em pesquisas marinhas, na busca de novas riquezas, levou o homem a desenvolver t�cnicas e equipamentos para descer cada vez, vencendo v�rias fronteiras em busca de novos horizontes. Atualmente, � poss�vel trabalhar a 450 m de profundidade, utilizando-se misturas gasosas especiais. No campo da pesquisa, j� foram atingidos 701 m de profundidade (pela COMEX, em Marselha, na Fran�a). Tudo isso requer alt�ssima tecnologia e cobertura de custos por parte dos investidores.
 
No Brasil, o in�cio do mergulho se deu, provavelmente, durante a constru��o do cais Pharoux (Pra�a XV, RJ), tendo continuidade com as constru��es dos cais da Gamboa e de S�o Crist�v�o, por firmas francesas; do p�er da Pra�a Mau� (1945), do Cais de Min�rio (1949) e do antigo Cais de Carv�o (1960), por firmas americanas dentre elas a Christiane Nielsen . Nelas ainda foram utilizados os "escafandros de casco" (o traje fechado de Siebe).
  
Em 1958, surgiu a primeira firma totalmente nacional voltada, exclusivamente, �s atividades subaqu�ticas: a EBOS,  Empresa  Brasileira  de  Opera��es  Subaqu�ticas, liderada por Luiz Fausto (fig. 33), que atuou de forma pioneira na derrocagem das pedras do Aracaju, no Porto Carvoeiro Henrique Laje, em Ibituba, Santa Catarina. Na d�cada de 60 ele criou a primeira revista de mergulho brasileira, denominada de Anequim, que durou pouco e com tiragem restrita, mas que marcou hist�ria como pioneirismo.
Figura 33 - Luiz Fausto, ap�s posicionar uma plataforma de petr�leo sobre um navio submers�vel. Foto tirada em 1990, na Ba�a de Todos os Santos, Bahia.
As atividades amador�sticas de mergulho no pa�s iniciaram-se na d�cada de 1940. Em 1943, Raimundo Castro Maia trouxe ao pa�s os equipamentos esportivos necess�rios para a pr�tica. Alguns pilotos da antiga PANAIR (comandantes Edu e Lefevre) tamb�m trouxeram do exterior equipamentos de mergulho, contribuindo sobretudo para o desenvolvimento da ca�a submarina. O primeiro clube brasileiro a congregar ca�adores submarinos foi o Marimb�s, no Rio de Janeiro. A ca�a submarina teve grande impulso na d�cada de 1950, com a cria��o de outros clubes, equipes e a funda��o da Associa��o Brasileira de Ca�a Submarina - ABCS, em 1952. Essa promoveu, em 1959, um campeonato internacional de ca�a submarina em Angra dos Reis, RJ. Em 1960, Bruno Hermanny conquistou o t�tulo individual m�ximo da categoria na ilha de Ustica, Sic�lia, feito que repetiu em 1963, no Rio de Janeiro, tornando-se o primeiro brasileiro a se sagrar campe�o mundial duas vezes. (fig. 34)
Figura 36 - Bruno Hermanny (retirada da homepage da CBCS, Confedera��o Brasileira de Ca�a Submarina. Dispon�vel em: <http://www.cbcs.com.br/nossos_campeoes.asp#> Acesso em: 10/10/2005.
Desde ent�o, o mergulho amador no Brasil evoluiu muito, tendo maior expans�o ap�s o lan�amento da revista Mergulhar, a Descoberta do Mar, em 1982, idealizada por S�rgio Costa (fig. 35). Na �poca, houve o aumento do n�mero de escolas e cursos de mergulho, al�m da cria��o da ABMA - Associa��o Brasileira do Mergulho Amador, seguida da CBPDS (Confedera��o Brasileira de Pesca e Desportos Subaqu�ticos), que det�m a franquia da CMAS - Confeder�cion Mundiale des Activit�s Subaquatiques, e introduziu diversas franquias atuais, como a PDIC, PADI e NAUI, entre outras. Na d�cada de 1970, com a proibi��o das importa��es imposta pelo governo militar, houve pouca evolu��o dos equipamentos de mergulho, apesar dos esfor�os das ind�strias nacionais, como Cobra Sub, Orca e Mako, para tentar seguir os padr�es internacionais. Com a libera��o das importa��es ap�s o governo militar, houve grande afluxo de equipamentos de mergulho ao pa�s, proporcionando maior competitividade e, conseq�entemente, mais qualidade, diversidade e baixa nos pre�os, fazendo com que a ind�stria nacional se retra�sse diante dessa abertura.
Figura 37 - Revista Mergulhar, a Descoberta do Mar.
No in�cio dos anos 1980, o mergulho profissional obteve grande impulso gra�as � Petrobr�s, com suas prospec��es petrol�feras na bacia de Campos e no litoral do Esp�rito Santo, quando realizou os mergulhos mais profundos j� feitos para a execu��o de trabalhos submarinos (350 metros).

Tamb�m nos anos 80, com recursos da Petrobr�s, foi criado o maior centro hiperb�rico da Am�rica Latina, na Base Naval Almirante Castro e Silva, na Ilha de Mocangu�, RJ, para pesquisas na �rea de mergulho. Por�m, em fun��o de um acidente com uma das c�maras de ensaio, o centro ainda permanece desativado, n�o cumprindo o objetivo para o qual foi proposto.

Atualmente, nos pa�ses do primeiro mundo, apesar do investimento pesado em centros de pesquisa na �rea de medicina e fisiologia do mergulho, h� uma tend�ncia de n�o expor o homem a profundidades cada vez maiores, por conta do alto risco das opera��es, al�m de problemas trabalhistas. Isso certamente explica o fato do crescente desenvolvimento de pesquisas no campo da cria��o de ROVs (remotely operated vehicle) - rob�s submers�veis, inclusive no Brasil. A pesquisa � liderada pelo professor Liu Hsu, da COPPE/UFRJ, que � engenheiro eletr�nico e pesquisador de rob�tica submarina. Em 1997, ele viabilizou o uso de ROVs em opera��es e interven��es submarinas da Petrobr�s.
REFER�NCIAS
ENGEL, L. The Sea. EUA, Time Inc, 1971. p. 25-6.
  ROSCOE, K. Introduction; Undersea Exploration. EUA, 1971. p. 14-33.
  RIBEIRO, I. J. Trabalhos sob condi��es hiperb�ricas, medicina do trabalho e doen�as profissionais. S�o Paulo, 1983. p. 319-21.
  NOAA. National Oceanic & Atmosferic Administration. Diving Manual; Diving for Science and Techinology; History of Diving. EUA  U.S. Department of Commerce and Best Publishing Company, 2001. p. 1.1- 1.6.
  VAISSIERE, R. L'Homme et Le Monde Sous-Marine. Fran�a, 1969. p. 4-20.
  ROSCOE, op. cit., p. 14-33.
  Idem.
  CARRIER, Rick & Barbara. How It All Began; Dive. New York,  Funk & Wagnalls Inc., 1973. p. 1-16.
  Idem.
  Ver: ENGEL, op. cit.; ROSCOE, op. cit.; VAISSIERE, op. cit.
  ENGEL, op. cit., p. 25-6.
  Idem.
  VAISSIERE, op. cit., p. 4-20.
  ENGEL, op. cit., p. 25-6.
  DAVIS, Sir Robert H. Deep Diving and Submarine Operations A Manual For Deep Sea Divers and Compressed Air Workers. Londres UK: The Saint Catherine, 1951; ROSCOE, op. cit., p. 14-33.
  VAISSIERE, op. cit., p. 4-20.
  DAVIS, op. cit.
  VAISSIERE, op. cit., p. 4-20.
  ENGEL, op. cit., p. 25-6.
  COUSTEAU, J.Y. Primeiros Mergulhos; A Liberdade no Mar; Os Escafandros Aut�nomos. O Mundo Submarino: Explora��o. v. 4. Rio de Janeiro, Salvat, 1980. p. 50-3.
  Dispon�vel em: <http://www.coep.ufrj.br/%7Eliu> Acesso em: 10/10/2005
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