Cai o último grande símbolo da União Soviética, MIR

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Destruição da Mir representa risco menor para as populações

O risco de a estação orbital russa Mir cair em uma zona habitada durante sua destruição hoje, em sua entrada controlada na atmosfera, é mínimo, na mesma proporção de uma pessoa ser atingida por um raio. A informação é do especialista americano Robert Culpe, professor de engenharia espacial da Universidade do Colorado e especialista mundial em dejetos espaciais.
Os controladores russos acompanharão a queda da Mir, ao contrário do que aconteceu com o Skylab, o laboratório espacial americano que regressou em 1979 de maneira totalmente imprevisível, acrescentou. Os engenheiros calcularam então que os restos do Skylab cairiam em uma zona compreendida entre a Indonésia e a América do Sul, mas, por fim, caíram em terras autralianas.
"A Mir representará uma ameaça menor para as populações. O planeta está coberto por dois terços de oceanos e a probabilidade de atingir uma zona zona habitada é uma em mil e a chance de matar um humano é uma em milhão", estimou o cientista.

Russos estão prontos para dizer adeus à Mir

A estação espacial Mir, orgulho do programa espacial russo, chega ao fim de sua viagem e será destruída nesta sexta-feira 23 de Março de 2001, quinze anos depois de ter sido lançada no espaço. A posição da Mir, complexo único de 137 toneladas, quarenta metros de largura e valor estimado de 1,5 bilhão de dólares, foi corrigida na manhã desta quinta-feira pela última vez antes de realizar a queda final.
A estação receberá nesta sexta-feira três impulsos "mortais", dados pelos motores da nave Progress que está acoplada à Mir desde janeiro. Os dois primeiros impulsos, que serão dados sobre o Ecuador, colocarão a Mir numa órbita provisória na qual receberá o terceiro e último impulso, mais potente que os outros e que lhe serão transmitidos quando se encontre sobre o Mediterrâneo. Este último impulso fará com que se precipite sobre a terra.
Os restos da Mir, cuja maior parte vai se queimar ao entrar na atmosfera, cairão no oceano, em um área de 200km de comprimento por 6.000 km de largura, entre a Nova Zelândia e o Chile. Cerca de 1.500 pedaços, de um peso total de aproximadamente 20 toneladas, cairão no Pacífico 45 minutos depois que a Mir receber o último impulso, às 06H20 GMT de sexta-feira.
Alguns destes pedaços podem chegar a pesar 700 kg, o equivalente ao peso de um pequeno automóvel, e chegarão à Terra numa velocidade que lhes permitiria atravessar um muro de dois metros de espessura. As autoridades do setor espacial russo afirmam que os riscos da operação da Mir são mínimos, ainda que o perigo não possa ser completamente descartado. Os países que podem ser afetados por um acidente não escondem sua preocupação.
O Japão, que se encontra na trajetória de descida de Mir, aconselhou a seus habitantes que permaçam em casa durante a passagem da Mir, que vai durar 40 minutos. As autoridades da ilha chilena de Pascua também manifestaram inquietação. "Uma vez que o aparato vai entrar na atmosfera praticamente desintegrado, não sabemos se vamos receber na ilha mais de um pedaço da Mir", declarou nesta quarta-feira o governo de Pascua, Alfredo Tuky Pate.
O governador afirmou que a Força Aérea do Chile (FACH) sugeriu às companhias de aviação que cobrem a área abrangida pela queda da Mir que suspendam seus vôos entre quinta e sexta-feira. Em Nova Zelândia, cinco vôos internacionais que atravessam o Pacífico serão atrasados na sexta-feira por precaução, enquanto as autoridades australianas organizaram um dispositivo de emergência, apesar de afirmarem que confiam no bom desenvolvimento das operações.
O russos, por sua vez, se preparam com pesar para dizer adeus à estação Mir, símbolo do sucesso de seu país na conquista do espaço. "Temos vontade de pedir perdão à estação Mir por não ter sabido salvá-la", declarou o ex-astronauta russo Guennadi Strekalov, que realizou cinco vôos espaciais, dois deles na Mir. "Este não é somente o fim da Mir, é também o fim de toda uma parte do programa espacial russo", lamentou Strekalov, estimando que a Estação Espacial Internacional (ISS) não oferece aos russos as mesmas possibilidades de investigação que a Mir.
A ISS, da qual a Rússia participa com os Estados Unidos e outros 16 países, é em certa medida a causa do abandono da Mir, já que os russos não têm recursos para manter dois projetos tão custosos. Vários outros pesquisadores, deputados e ex-astronautas russos expressaram nas últimas semanas sua oposição à destruição da Mir, considerando-a uma perda irreparável. "A destruição da Mir é uma perda irreparável do ponto de vista da pesquisa espacial", avaliou Alexandre Laveikin, ex-astronauta da Mir, afirmando que "na ISS, os astronautas russos têm funções secundárias".
"Com a destruição da estação espacial, nos veremos obrigados a fechar a indústria espacial e tirar do lixo os frutos de um trabalho único", afirmou em fevereiro o chefe do Partido Comunista, Guennadi Ziuganov, acusando o governo de trair os interesses nacionais da Rússia.

A Estação Espacial Mir cairá a uma distância de 2 mil quilômetros da Austrália (veja o mapa) a partir das 3 horas da madrugada desta sexta-feira. A agência espacial russa não tem como garantir que a queda da Mir não provocará estragos. "Não é possível fazer um cálculo preciso para a reentrada na atmosfera de um objeto de múltiplos módulos, com 130 toneladas", disse Anatoly Kiselyov, engenheiro do centro espacial onde a Mir foi projetada.
O chefe da agência espacial russa, Yuri Koptev, explicou que a estação deve se fragmentar em milhares de partes no reingresso a atmosfera. Os maiores, com até 700 kg - o peso de um automóvel - chegariam ao solo com força de impacto suficiente para romper uma placa de concreto de 2 metros de espessura.
A Rússia decidiu destruir a Mir em outubro de 2000 por causa da carência de meios técnicos e financeiros para mantê-la. A agência espacial do país orçou em US$ 27 milhões o custo da operação de reingresso e "sepultamento" da Mir no oceano. A estação foi lançada em 86, com uma "expectativa de vida" de três anos, durou quase cinco vezes mais, mas uma série de incidentes, nos últimos anos, expôs a riscos os tripulantes.

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Restos da MIR na reentrada a atmosfera

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Mapa de onde a MIR devera cair

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Um ônibus espacial aclopado a estação MIR

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