Artigo escrito pelo professor Wilson Gon�alves da Cruz - Revista Scripta - 2002
Ser� que um dia no futuro, vai ser poss�vel ao homem ser, literalmente,
imortal? Viver para sempre com sa�de perfeita e com apar�ncia jovem? H� quem
acredita que isso ser� poss�vel e, ao que parece, n�o estamos muito longe
desse dia.
Embora estas quest�es pare�am fic��o cient�fica e serem
consideradas uma utopia at� mesmo ridicularizada por muitos, cientistas
em todo mundo trabalham com a
finalidade de promover longevidade e sa�de perfeita para os seres humanos.
Este trabalho analisa as recentes descobertas da engenharia gen�tica,
amparadas pelos recursos tecnol�gicos dispon�veis atualmente, que possibilitam
d�vidas e discuss�es sobre o futuro da pr�pria evolu��o do homem.
Will it be possible for man to be literally immortal
one day in the future? Will it be possible for man to live forever in a perfect
health and a young appearance? There are people who believe that it will be
possible, and what it seems true, it is not so far from these days.
Although these questions seem scientific fiction and
they are considered an utopia and even though ridiculed by many, scientists all
over the world are working to promote longevity and perfect health for human
beings.
This
work analyzes the update discoveries in the genetic engineering, supported by
the technological resources currently available, discoveries that make possible
doubts and discussions in the future of our own evolution.
O sonho mais antigo da humanidade � a imortalidade. Um mundo onde nunca
envelhecemos. Um mundo onde a morte ser� puramente opcional. Muitos cientistas
acreditam que esse ser� realmente nosso futuro. Hoje, os bi�logos entendem
os mecanismos que nos fazem envelhecer e morrer e, alguns deles, acham
que sabem como reverter ambos, como deter o caminho da natureza e nos fazer
imortais, como os deuses
�A
velocidade em que estamos descobrindo e entendendo o pr�prio envelhecimento e
seus mecanismos, aquilo que faz com que envelhe�amos, � de tirar o f�lego e,
acredito que, com certeza, a pr�pria comunidade cient�fica ficar� chocada com
os conhecimentos que j� adquirimos em t�o pouco tempo. Eu
realmente acredito que �, teoricamente poss�vel chegar a imortalidade
absoluta bloqueando os acidentes que causam a morte. A �nica pergunta nessa
altura das descobertas, � se isso acontecer� no pr�ximo ano, na pr�xima d�cada
ou no pr�ximo s�culo, mas...vai acontecer. (Prof.
Lee Silver � geneticist � Princeton University)�.
Um grande n�mero de cientistas trabalha exatamente
nisso, isto �, com a meta de curar todas as doen�as da velhice e como
resultado, promover para o homem uma vida ilimitada.
Eles conceberam a id�ia da regenera��o corporal
total. Uma maneira de conquistar uma extens�o indefinida da vida. Parece fic��o
cient�fica, mas n�o �. Cientistas est�o
buscando meios de evitar que nossas c�lulas envelhe�am e para obrigar nossos
corpos a refazer e substituir todos os nossos �rg�os e tecidos quando eles se
desgastarem, para nos dar a juventude eterna.
Para fazer isso acontecer os cientistas ter�o que desafiar as leis da
natureza. Nossos corpos foram programados para envelhecer. Fomos projetados para morrer.
A ordem natural da vida do planeta, depende da nossa morte. A evolu��o
projetou nossos corpos para serem saud�veis apenas durante o auge dos anos
reprodutivos. Uma vez que termina a reprodu��o, completamos nossa tarefa biol�gica,
deterioramos e morremos.
"A
morte faz todo sentido em termos de evolu��o, em termos de passarmos nossos
genes para gera��o seguinte e depois faze-los passar ainda para a pr�xima
gera��o. Se n�o morr�ssemos n�s competir�amos com nossos filhos e isso n�o
seria bom para evolu��o.
O
envelhecimento e a morte est�o programados em nossos genes.Isso n�o significa
que sempre precisar� ser assim. Se pudermos descobrir que programa � esse
poderemos tentar reverter o programa". (Prof. Lee Silver � Geneticist - Princeton University)
Ate recentemente os cientistas acreditavam
que o programa de envelhecimento era inevit�vel e que jamais poder�amos
manipular os limites biol�gicos da vida. Mas uma serie de experimentos dram�ticos
viriam mudar esse conceito. Em um desses experimentos as leis da evolu��o
foram alteradas.
Para criar seres humanos assim, � necess�rio mexer com toda a biologia
do corpo humano.
Os seres humanos t�m uma expectativa de vida fixa. Independente do ritmo
de vida, dos nossos genes e nutri��o, nossos corpos sempre se desgastam at�
no m�ximo cento e vinte anos. Ate l� nossos �rg�os e tecidos j� pararam de
funcionar adequadamente, e isso acontece devido as nossas c�lulas.Durante a
nossa vida, elas se dividem e se multiplicam, substituindo c�lulas danificadas
por c�lulas novas, mas existe um tempo de vida pr�-programado para cada c�lula.
Depois de no m�ximo cem divis�es elas morrem, o corpo n�o consegue mais se
reparar e acontecem as doen�as da velhice: artrite, doen�as do cora��o,
derrames... as doen�as que os cientistas esperam prevenir. Para corrigir isso
� preciso entender o rel�gio biol�gico dentro das c�lulas.
Estudando uma doen�a rara denominada prog�ria, que existe apenas uns
trinta casos em todo mundo, os cientistas est�o tendo novas perspectivas do
envelhecimento Tal doen�a faz o envelhecimento precoce e todas as v�timas de
prog�ria morrem de doen�as de idosos, ainda durante a adolesc�ncia. Nascem
como beb�s normais, mas de repente come�am a envelhecer, exceto a mente que
continua como a de uma crian�a normal.
Segundo o Dr. Michael Fossel da Michigan State University, o fato de
existir crian�as com prog�ria provoca uma quest�o: Se o envelhecimento � uma
quest�o de idade, ent�o, porque essas crian�as envelhecem t�o precocemente?
Os cientistas ficaram aturdidos com essa doen�a durante muitos anos,
todavia, depois de exaustivo e detalhado trabalho, atualmente j� podem explicar
o porqu� dessas crian�as envelhecerem t�o r�pido. Ela trouxe quest�es
fundamentais sobre a nossa compreens�o de todo processo do envelhecimento.
"Ver
crian�as com prog�ria � perceber que o envelhecimento n�o � simplesmente
uma quest�o de ac�mulo de anos. Essas crian�as envelhecem repentinamente,
embora nas�am como beb�s normais e, de alguma maneira, elas come�am
envelhecer e deteriorar. Se voc� pensa que o envelhecimento � uma coisa que
nada pode ser feito e que � um processo de desgaste natural, ent�o ter� que
explicar por que essas crian�as se desgastam t�o r�pido".(Dr. Michael Fossel
� Michigan State University).
Alguns cientistas descobriram que existe uma �bomba rel�gio� dentro
das nossas c�lulas que faz com que elas parem de se reproduzir e, nas crian�as com
prog�ria a regulagem dessa bomba rel�gio est� errada. Estudando
detalhadamente casos de prog�ria, os cientistas est�o tendo pistas que
interessam a longevidade.
Dentro das nossas c�lulas, no final dos nossos cromossomos existe um
peda�o de dna chamado tel�mero que evita seu pr�prio desgaste enquanto a c�lula
se divide, mas, a cada divis�o, o tel�mero perde um peda�o e fica mais curto.
Finalmente, chega a um comprimento cr�tico de modo que, na pr�xima vez que a c�lula
se dividir ela n�o pode evitar o desgaste do dna e a c�lula morre.
� sabido agora que as crian�as com prog�ria, j� nascem com tel�meros
anormalmente curtos e isso faz o efeito de envelhecimento que demonstram.
Ao nascerem, os tel�meros dessas crian�as correspondem aos nossos com
aproximadamente 80 anos, n�o em todas as suas c�lulas necessariamente, mas em
algumas, e isso modifica todo metabolismo. Nas c�lulas da pele, por exemplo, a
fixa��o do tel�mero � muito curta e isso interfere na maneira como elas agem
na pele, alterando a maneira com
que elas produzem col�genos e mais uma s�rie de fatores que d� inicio a uma
cascata de efeitos que levam a morte.
Se puderem descobrir porque esses tel�meros s�o t�o curtos, talvez
encontrem uma maneira de estende-los e curar essa doen�a. Eles poder�o alterar
o processo de envelhecimento em todos n�s. Mas isso implicaria num modo de
reconstruir os tel�meros dentro das c�lulas.
Os bi�logos Woodring Wright e Jerry
Shay University of Texas Dallas, conhecendo o papel dos tel�meros, imaginaram
que, podendo expandir o comprimento dos tel�meros poderiam tamb�m, expandir a
expectativa de vida das c�lulas. Para essa tentativa, eles sabiam que s�
existia uma subst�ncia com o poder de reconstituir tel�meros cortados: uma
enzima chamada telomerase que, como por m�gica, quando ela est� presente numa
c�lula, realmente consegue reconstruir os tel�meros, mas infelizmente nossas c�lulas
adultas n�o produzem essa subst�ncia que s� � encontrada nos espermatoz�ide,
nos �vulos e nos fetos em desenvolvimento.
Assim, esses cientistas procuraram um meio dessas c�lulas adultas
produzirem telomerase e, num momento de inspira��o, eles resolveram tentar
algo diferente, algo que nem eles acreditavam que realmente funcionaria. Eles
produziram c�pias geneticamente projetadas do gene envolvido na produ��o da
telomerase num tubo de ensaio e inseriram esses genes
em c�lulas epiteliais tiradas de um homem idoso. Eles esperavam que
esses novos genes pudessem fazer as c�lulas velhas produzirem sua pr�pria
telomerase numa placa de Petri.
"Eu me lembro de estar muito
ansioso para fazer a experi�ncia e de estar adequada e cientificamente
cauteloso, antecipando todas as coisas que podiam dar errado, antecipando toda
biologia, que pode ser diferente do que se espera, e que, poderia haver outras
prote�nas e subst�ncias diferentes necess�rias para o funcionamento da produ��o
de telomerase". (Woodring Wright - University of Texas Dallas).
Vinte e quatro horas depois, eles
analisaram as c�lulas do idoso para comprovar se a famosa mol�cula de
telomerase estava presente. E estava.
"Posso me lembrar dos meus
colegas trazendo o gel e eu disse a eles: Lembrem-se desse momento, n�o � bem
um �eureka�, mas....� quase e, ...como a telomerase estava presente, eu
percebi que, pela primeira vez, tinha sido poss�vel controlar o envelhecimento
celular". (Jerry Shay
University of Texas Dallas)
Esses cientistas
fizeram uma c�lula humana velha se comportar como uma c�lula nova de novo.
Dois anos depois, as c�lulas dessa experi�ncia ainda est�o se
dividindo e mesmo assim, seus tel�meros nunca ficam mais curtos. Lembrando que
as c�lulas normais se dividem ainda com tel�meros entre noventa e cem vezes em
m�dia, em contraste, as c�lulas nas quais foram introduzidas a telomerase, n�o
pararam e elas tem continuado a se dividir e j� fizeram mais de quatrocentas
duplica��es. Assim, � poss�vel ver que elas t�m, quatro, cinco, seis vezes
sua expectativa de vida, e tem se comportado de modo t�o consistente que j�
est�o considerando que elas s�o imortais, e a expectativa � que elas nunca
parem de se dividir.
Nada, comparado a isso tinha sido alcan�ado
Uma pequena parte do corpo humano tinha alcan�ado a imortalidade atrav�s
da ci�ncia. E algumas pessoas j� esperam que a telomerase seja uma solu��o r�pida
para a quest�o do envelhecimento.
Mas, h� uma quest�o. A telomerase s� funcionou em c�lulas numa placa
de Petri. No corpo humano, a quest�o � muito diferente. Ningu�m sabe como
inserir telomerase em cada c�lula de uma pessoa viva. Mas, mesmo que os
cientistas conseguissem fazer as nossas c�lulas produzirem a telomerase
novamente, ter�amos um problema fundamental. Isso poderia levar a algo terr�vel:
o c�ncer. O motivo das c�lulas cancer�genas provocarem tumores �
simplesmente porque elas n�o param de se dividir. Elas s�o �imortais�.
As c�lulas cancerosas, observadas em cultura, se multiplicam
indefinidamente mantendo o comprimento dos tel�meros intactos assim como a
atividade da telomerase. Ent�o, em vez de prometer a vida eterna, tornar as c�lulas
do nosso corpo imortais poderia levar a morte. Mesmo assim, estudos exaustivos
continuam, inclusive com perspectivas para a cura dessa doen�a t�o terr�vel.
Talvez exista um outro caminho para imortalidade.
Cientistas de um laborat�rio, trope�aram numa descoberta not�vel que
sugere que, escondido nas profundezas do nosso corpo existe um primordial e
bizarro poder de auto- regenera��o. Isso foi descoberto durante um experimento
usando camundongos criados propositalmente sem uma parte do seu sistema imunol�gico.
Como parte do procedimento normal do laborat�rio, os camundongos tinham orif�cios
feitos em suas orelhas para identifica-los, como mostra o depoimento abaixo:
"Est�vamos realizando um
experimento e meu assistente de laborat�rio subiu para fazer os orif�cios nas
orelhas dos camundongos.Tr�s semanas depois, fui l� pra ver como o experimento
ia e, para minha surpresa, notei que os camundongos estavam l�, mas os orif�cios
feitos em suas orelhas, n�o estavam". (Dra.
ELLEN HEBER � KATZ, Wistar Institute, Philadelphia)
Quando a Dr. Ellen examinou os camundongos ela
descobriu que n�o s� os orif�cios haviam se fechado mas, tamb�m, as orelhas tinham se reconstitu�do, isto �, em vez de
tecido de cicatriza��o normal, os camundongos tinham naturalmente criados
cartilagem, pele e os vasos sangu�neos, algo que nenhum mam�fero pode fazer
normalmente. Assim, esses camundongos deveriam ter um misterioso poder de
regenera��o, pois o orif�cio desapareceu completamente e n�o tinham nenhuma
cicatriza��o.
Em nosso planeta, h� criaturas com essa habilidade bizarra. Quando anf�bios
e a salamandras terrestres e aqu�ticas s�o feridos, eles podem se regenerar e
fazer crescer novamente sua cauda, bra�os ou pernas. Suas c�lulas est�o
programadas para reconstruir partes do corpo. � uma habilidade evolutiva
primitiva que os mam�feros perderam.
Surpreendentemente, esses camundongos singulares parecem
ter redescoberto esse poder de regenera��o. E eles tamb�m podiam
regenerar tecidos.
Os benef�cios m�dicos potenciais de tais poderes de regenera��o s�o
enormes. Ent�o, esse laborat�rio iniciou uma s�rie de experimentos
cuidadosamente controlados para constatar at� onde esses camundongos podiam
reconstruir seus corpos. Eles come�aram cortando parte da cauda. A cauda se
regenerou. Em seguida cortaram um nervo �ptico que tamb�m se regenerou.
Finalmente eles removeram parte da coluna vertebral.
"Ap�s um m�s, o camundongo
que teve parte da coluna vertebral desmembrada, foi capaz de mexer a cauda, os
dedos dos p�s e at� os p�s at� um certo ponto. Tamb�m sabemos que esses
camundongos possuem a capacidade de fazer crescer ossos, m�sculos, o sistema
nervoso central e parece que realmente existe a capacidade de regenera��o". (Dra.
ELLEN HEBER � KATZ, Wistar Institute, Philadelphia)
As implica��es s�o extraordin�rias. Se os mam�feros
como esses camundongos tem o poder de regenera��o oculto, ent�o, a ci�ncia
pode algum dia descobrir um meio de estimular tamb�m os humanos a se
regenerarem para curar corpos paralisados, ou at� mesmo para restaurar �rg�os
desgastados pela idade avan�ada.
O que permite que esses camundongos consigam a regenera��o? Uma chave
para o mist�rio, � que eles s� possu�am parte do sistema imunol�gico e,
normalmente, existe apenas um est�gio na vida de um mam�fero em que ele n�o
tem o sistema imunol�gico. � quando ele � criado, ainda na forma embrion�ria.
E, singularmente, os embri�es tamb�m possuem c�lulas extraordin�rias que
permitem sua regenera��o. As primeiras c�lulas da vida, ou seja, as c�lulas
tronco-embri�nicas. Um dia ap�s o �vulo ter sido fertilizado por um
espermatoz�ide, ele come�a a se dividir formando dentro dele uma massa de c�lulas
tronco-embri�nicas. Essas c�lulas t�m um incr�vel poder real de se
transformar em qualquer parte do corpo. Durante as primeiras semanas de vida de
um embri�o, essas c�lulas-tronco formam espontaneamente, um esqueleto, um c�rebro
ou um cora��o ativo. Quando o feto inteiro est� formado, n�o restam mais c�lulas
tronco-embri�nicas. Todas elas se tornaram as c�lulas normais e funcionais do
corpo, c�lulas sangu�neas, c�lulas epiteliais, c�lulas cerebrais, tipos
espec�ficos de c�lulas que nunca mais poder�o mudar de forma novamente. As c�lulas
embri�nicas s� se desenvolvem novamente em nosso corpo se desenvolvermos um
tipo espec�fico de c�ncer, como afirma o prof. Lee.
Um tumor chamado teratocarcinoma, � o tipo mais bizarro de c�ncer.
� um tumor que, na verdade, parece um pequeno monstro. A palavra terato
significa monstro e carcinoma significa c�ncer. Esse tipo de tumor cresce
espont�neamente dentro de um ov�rio de uma mulher a partir de seus �vulos ou
nos test�culos de um homem a partir dos seus espermatoz�ides. Inicialmente
eles parecem pequenos embri�es mas logo em seguida eles ficam completamente
desorganizados. Podem ficar muito grandes, cobertos de pelos vascularizados, com
tecidos nervosos e at� mesmo podem ter dentes dentro deles e, se forem
espetados, eles reagem com uma rea��o nervosa e assim, h� grande d�vidas
sobre essas coisas, isto �, se s�o vivas ou n�o.
(Prof. Lee Silver � Geneticist - Princeton
University)
O teratocarcinoma � um tipo de c�ncer
completamente diferente dos outros. Como nasce a partir de �vulos ou de
espermatoz�ides, ele contem c�lulas tronco-embri�nicas. Essas c�lulas tronco
podem transformar o tumor em um embri�o mutante criando dentes, pelos e m�sculos
card�acos caoticamente.
Esse
tumor � t�o bizarro e t�o assustador que, quando os m�dicos os removem, nunca mostram para seus pacientes. (Prof. Lee Silver � Geneticist - Princeton University)
Numa experi�ncia, os cientistas
tiraram c�lulas tronco-embri�nicas de um tumor teratocarcinoma e as deixaram
crescer numa placa de Petri. Quando olharam novamente, algumas das c�lulas
estavam pulsando na placa. Elas tinham se transformado em c�lulas de m�sculos
card�acos, rim, f�gado e c�lulas cerebrais. Elas t�m o poder da regenera��o.
Se os cientistas puderem descobrir uma maneira de controlar essas c�lulas ca�ticas,
eles poderiam descobrir um meio de controla-las para regenerar os �rg�os e
tecidos envelhecidos do nosso corpo.
O
potencial para tecnologia das c�lulas tronco-embri�nicas � absolutamente
enorme porque nos d� a id�ia de que, poder�amos reconstruir tecidos e �rg�os
conforme eles se desgastam no corpo humano. (Prof. Lee Silver �
Geneticist - Princeton University)
Em Pittsburgh, sob a orienta��o do
Dr. Douglas Kondziolka - University of Pittsburgh Medical Center, os m�dicos
est�o dando o primeiro passo na dire��o do futuro. Eles est�o come�ando a
explorar o potencial das c�lulas tronco-embri�nicas para regenerar nosso
corpo. Est�o usando c�lulas tronco, tiradas de um teratocarcinoma para tratar
pessoas cujo c�rebro foi danificado por um derrame. Don Fitch � uma dessas
cobaias.
Retiraram c�lulas tronco de um
teratocarcinoma que tinha criado espontaneamente c�lulas celebrais, os neur�nios.
Tais neur�nios foram coletados e congelados e, numa cirurgia extraordin�ria,
eles foram colocados dentro do c�rebro de Fitch. A esperan�a era os neur�nios
enxertarem a si mesmos nas c�lulas cerebrais existentes e crescerem
reconectando os caminhos neurais que foram danificados pelo derrame.
Atualmente, ele se encontra em fase de observa��o, e os aspectos visados nessa
avalia��o s�o: isso � seguro? Quais eram as suas condi��es gerais? Alguma
coisa mudou? Seus testes mostram alguma mudan�a? Essa cirurgia parece ter feito
uma diferen�a. Os novos neur�nios do teratocarcinoma lentamente come�aram a
remendar os caminhos neurais em seu c�rebro, segundo as palavras do pr�prio
Fitch:
"Meu bra�o estava totalmente
morto. Eu tinha sensibilidade e podia senti-lo se algu�m o tocasse, mas n�o
parecia que estava l�. Eu n�o tenho muita precis�o ainda, mas...nossa, como
est� diferente. Eu posso sentir os m�sculos do meu bra�o. Tenho muito mais
movimento no ombro, posso gira-lo e fazer muito mais coisas do que fazia antes
e, na verdade, estou at� conseguindo levantar meu bra�o".(Don Fitch �
paciente)
Os cientistas est�o na fase inicial, mas se isso funcionar, como parece
estar funcionando, ser� uma inova��o essencial, n�o s� para pessoas como
Don Fitch, mas para as pessoas que buscam a imortalidade, porque significa que
essa id�ia de usar c�lulas tronco-embri�nicas para reconstruir nossos corpos
em envelhecimento, pode realmente funcionar.
A id�ia de que algum dia as c�lulas tronco-embri�nicas possam provocar
a regenera��o total do corpo tornou-se uma fantasia cada vez mais almejada.
Isso pode ser otimista demais, mas alguns cientistas acham que est�o � beira
de algo not�vel. Uma nova e controversa tecnologia pode permitir re-programar
nossas pr�prias c�lulas e transforma-las novamente em c�lulas tronco-embri�nicas
para regenerar nossos pr�prios tecidos e os �rg�os danificados atrav�s da
clonagem.
Um dia j� foi considerado imposs�vel, mas num experimento, c�lulas
retiradas de um homem com mais de 70 anos foram re-programadas e voltaram a ser
como eram, algumas horas depois que seus pais os conceberam. Elas foram
recriadas no laborat�rio com a clonagem.
"As c�lulas se re-programaram de tal modo que, apesar de j�
ter sido uma c�lula epitelial, ela � levada de volta ao inicio da vida, de
forma que pode se tornar em c�lulas de qualquer �rg�o, como f�gado, rim ou
qualquer c�lula do corpo. O poder dessas tecnologias para tratar o problema do
envelhecimento � enorme e nos deixam animados".(Dr. Michael West � Advanced
Cel Technology)
Aqui, os cientistas podem tirar o dna de quaisquer c�lulas e coloca-lo
num �vulo vazio de um animal. A adi��o de substancias qu�micas iniciam o
processo, fazendo com que o �vulo se comporte como se tivesse acabado de ser
fertilizado, e ele come�a a se dividir automaticamente criando centenas de c�lulas
tronco-embri�nicas, cada uma com uma c�pia do dna.
A clonagem e a experimenta��o em c�lulas tronco humanas �
controversa, mas aqui, eles acreditam que os futuros benef�cios dessa
tecnologia s�o excepcionais.
"Acreditamos que daqui a cinq�enta
anos ser� poss�vel, a partir de algumas c�lulas que ser�o congeladas,
re-program�-las para fazer pele ou tecidos do f�gado ou card�aco. Assim, se
por exemplo, esse paciente tiver uma queimadura grave, ser� poss�vel tirar
pele do congelador transplantar, sem risco de rejei��o. Em outros casos, como
se sabe, existem doen�as que levam anos para se desenvolver como o mal de
Parkinson ou colapso card�aco. Ent�o, teremos tempo para criar novas c�lulas
e tecidos enquanto o paciente espera, e elas, ser�o guardadas como pe�as de
reposi��o, caso um dia precisem delas". (Dr.
Michael West � Advanced Cel Technology)
Embora esse laborat�rio possa produzir c�lulas tronco-embri�nicas, ele
n�o pode usa-las porque os cientistas ainda n�o sabem com direciona-las para
produzir os �rg�os e tecidos que s�o necess�rios em cada caso.. Eles ainda
desconhecem a f�rmula qu�mica que o corpo usa para sinalizar e ordenar que as
c�lulas produzam um certo tecido ou �rg�o desejado.
"Temos um longo caminho para
percorrer at� aprender a transformar as c�lulas-tronco em m�sculo card�aco,
tecido renal ou cerebral, pele para pacientes queimados etc, mas...estamos
animados com as possibilidades".(Dr. Michael West � Advanced Cel Technology)
Assim como muitas pessoas, laborat�rios em todo mundo est�o competindo
para desvendar os complexos sinais qu�micos que controlam as c�lulas tronco.
� o pr�ximo passo da medicina regenerativa. E essa organiza��o j� come�ou
a desvenda-los. Aqui, eles t�m uma vis�o otimista do futuro, e uma meta
ambiciosa. Eles querem desvendar todos os sinais que o corpo usa para controlar
exatamente o que acontece a cada c�lula.
Nossos corpos produzem constantemente fatores do crescimento, horm�nios
e prote�nas que sinalizam para as c�lulas crescerem enquanto somos jovens e,
para parar de crescer quando mais velhos. Cientistas agora, esperam entender
todos esses sinais qu�micos e complexos e usa-los para estimular
artificialmente o corpo para se auto-regenerar.
"Virtualmente, existe um
conjunto completo de todos os sinais que o corpo usa, desde de sua concep��o
at� a morte, para construir, manter e reparar os �rg�os e tecidos. Nesse
momento estamos empenhados nesse gigantesco quebra-cabe�a.Temos todas as pe�as
e estamos tentando desvendar como elas se encaixam uma nas outras: que sinal faz
a c�lula crescer, que sinal faz a c�lula mudar, que sinal desliga esse
processo. Acho que poderemos ter o primeiro humano imortal por volta da segunda
metade desse s�culo, talvez de 2075 a 2100".(Dr. William Haseltine - Human
Genome Sciences)
Com o conhecimento que t�m at� agora, esses cientistas j� s�o capazes
de usar alguns sinais qu�micos para reconstruir tecidos essenciais do organismo
numa placa de Petri.
"Deixe-me dar um exemplo de
algo que � feito hoje:Pode-se tirar um pequeno vaso sangu�neo do corpo, e um
vaso sangu�neo � constitu�do de tr�s partes, um revestimento, um isolamento
e tem um m�sculo do lado de externo que pode controlar as contra��es.� poss�vel
separar os tecidos, faze-los crescer numa placa de Petri com sinais espec�ficos
usados pelo corpo. Eles crescem como placas de c�lulas, todas tocando uma nas
outras. Pode-se ent�o, enrolar essas partes, primeiro a anterior, depois a
intermedi�ria e por �ltimo a externa, formando essencialmente um canudo;
faz-se passar flu�do atrav�s dele e, em uma ou duas semanas, se tem um vaso
sangu�neo funcional adequado para implante".(Dr. William Haseltine - Human
Genome Sciences)
Mas � a sua vis�o do futuro que � realmente surpreendente. Esse
laborat�rio planeja injetar fatores de crescimento em nossos m�sculos e
tecidos, sinalizando para nossas c�lulas que se reparem, enquanto est�o ainda
dentro do corpo, sem nenhuma interven��o cir�rgica.
"Pegamos esses fatores do
crescimento,os inserimos no corpo e fazemos disparar a capacidade regenerativa.
Em alguns casos � t�o simples quanto inserir uma substancia que voc� tem e
usa quando crian�a, em seu corpo de adulto". (Dr. William Haseltine - Human Genome
Sciences)
Se isso funcionar, algum dia no futuro
ser� poss�vel o corpo se regenerar de dentro para fora com a ajuda de inje��es
e combina��es precisas de fatores de crescimento. O corpo ficara num estado de
renova��o constante durante sua exist�ncia.
"Acho que nossos netos ter�o
a oportunidade de prolongar suas vidas, duzentos, trezentos anos ou mais e acho
que talvez essa extens�o seja indefinida". (Dr. William Haseltine - Human Genome
Sciences)
Existe ainda, mais uma maneira na qual os humanos podem se tornar
imortais. Atrav�s da engenharia gen�tica.
"Uma das abordagens para
derrotar o envelhecimento � n�s manipularmos geneticamente para que o processo
de envelhecimento seja desligado. Ent�o, o que acho realmente que vai acontecer
�, uma vez que compreendamos o programa gen�tico do envelhecimento, a maneira
mais simples de corrigi-lo est� no embri�o e a pr�xima gera��o ser� capaz
de ter filhos que n�o envelhecer�o". (Prof. Lee Silver � geneticist � Princeton University)
Para manipular nossos filhos geneticamente, os cientistas precisam
descobrir todos os muitos genes que fazem disparar o processo de envelhecimento
e descobrir uma maneira de desliga-lo j� no embri�o. Nossos bebes seriam pr�-programados
para viver para sempre, mas....n�o haveria retorno e a imortalidade estaria
escrita nos genes da ra�a humana.
"Acho que a habilidade de
superar o processo de envelhecimento para alcan�ar a imortalidade � a mais
significativa evolu��o m�dica que jamais ser� alcan�ada, e ponto final.
Porque ir� mudar a nossa esp�cie. Ir� mudar a evolu��o da esp�cie humana e
permitir� vivermos para sempre e a evolu��o ir� parar".
(Prof.
Lee Silver � geneticist � Princeton University)
Isso � mexer com a natureza. Se isso
realmente acontecer, qual ser� o futuro da nossa esp�cie? Se ningu�m morrer,
como controlar�amos a popula��o crescente? E se s� os ricos puderem comprar
a imortalidade, os tiranos nunca morrer�o.
Deve a sociedade
permitir que isso aconte�a?
"Cedo ou tarde, as for�as que
resistem a isso acabar�o sendo sobrepujadas. Quer eu, ou qualquer outra pessoa
goste disso ou n�o, h� pessoas suficientes agora, e sempre haver� as que
desejar�o isso.E um dia, ser�o satisfeitas".(Prof. Michael
Rose � University of Calif�rnia, Invine)
CONSIDERA��ES
FINAIS
� natural e sempre existiu uma resist�ncia �s inova��es. Podem ser
mencionadas aqui centenas de oposi��es que as pessoas leigas e at� mesmo
intelectuais j� demonstraram frente �s novas tecnologias no decorrer da hist�ria
do desenvolvimento.
Quem pode deter a ci�ncia? Quem pode impedir um progresso alcan�ado
pelo esfor�o sistem�tico do trabalho cient�fico?...provavelmente, ningu�m.
Mas, o n�vel de desenvolvimento tecnol�gico que a humanidade disp�e hoje a
seu favor, a cada dia, permite extrapola��es dos limites do homem como ser
humano. H� muito, ele ultrapassou a fronteira que o caracteriza como um simples
mortal e, embora esse fato provoque muitas discuss�es e pol�micas �ticas,
morais e filos�ficas, ...o homem continua se tornando um Deus!?
BIBLIOGRAFIA
Chiu
CP; Harley CB Replicative senescence and cell immortality: the role of telomeres
and telomerase.Proc Soc Exp Biol Med ( UNITED STATES ) Feb 1997 214 (2) p99-106
LIFE
& DEATH in the 21st century. Production Co-ordinator Joanna Miller. Cirected
& Produced by Lara Hannay, Charlie Smith, James Younger. Series Editor,
Bettina Lerner. BBC, Londres, 2000.
PENNAFORT,
Mauro. Planta vive sem telomerase. Dispon�vel
em<. http://www.geocities com/CapeCanaveral/Hangar/6777/tel�mero.html.
Acesso em 20 out. 2001.