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                               A sós...

 

 

Silêncio e escuridão.

É tudo o que eu quero hoje.

Silêncio.

Para que ele traga a calma

que cobre em bálsamo

as palavras que se inserem,

cobram, iludem e ferem.

Para que não se propaguem em ecos

os pedidos de perdão rasgados

por gestos impensados

que machucaram tanto.

Para que eu possa

subtrair-me dos ruídos

e ouvir meu coração

que de tão cansado,

nem reclama mais.

Escuridão.

Para que eu não precise ver

atos impostos ou cenas inventadas.

Para que seu toque frio

desperte-me do sonho

e devolva-me a lembrança

do que eu era antes.

E que por nenhuma fresta

escape a luz de um sol furtado

dos meus dias felizes.

Para que, por desculpa

do medo do escuro,

eu possa abraçar meu coração

e acalentá-lo por tantas mágoas...

 

No silêncio e escuridão,

A sós... Eu, meu coração...

Ele, a consolar-me o pranto

e eu, a consertar-lhe os cacos...

A perdoar-nos mutuamente

por sermos assim, tão tristes...

E estarmos assim... tão fracos...

 

 

 

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Helena C. de Araujo

 

 

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