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De flor e saudade

 

 

Contemplo as cores pálidas de uma flor
guardada entre as páginas de um livro.
As pétalas desbotadas
me contam que já faz tempo.
Também essas páginas são antigas.

Mas as lembranças não secam.

Estão vivas, pulsantes,

inflamadas do carmim

da flor de antes.

Detenho-me indefinidamente
nesse olhar de flor seca.

Toco-a, de leve,
como se essa vaga carícia

a pudesse despertar

e com ela, o sonho.
Mas o gesto estranha a flor,
que se desfaz, cansada.
Meus olhos me confundem,
e por um instante tenho a impressão

que é a flor que estremece e chora.

 

 

 

 

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Helena C. de Araujo

 

 

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