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Desatino

 

 

Quero desfazer tudo em mim,
tudo o que fui ou que logrei que tive.
Quero esfacelar os versos
que arranquei do amor,
tecidos nas horas do coração em chamas,
nos momentos de errôneas percepções,
de nenhuma sensatez acometidos.
Quero a água salgada da dor
esparramada sobre as brasas
das sensações absurdas e inúteis.
Quero matar as compreensões
que abrem espaços abissais
entre o que acreditei e vi.
Quero rasgar a verdade em mil pedaços,
arrancar do corpo a alma aflita,
ceifar do peito o coração que dói.
Quero a demência dos sentidos,
fechar os olhos, tapar os ouvidos,
abandonar a lucidez, vagar no desatino.
Quero o insano abandono de mim.
Quero um silêncio possível
que acalme esse corpo ferido
que abraçou infinitos vazios
e guardou a amplitude do nada nos braços...

 

 

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Helena C. de Araujo

 

 

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