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                             Tuas águas...



Como não amei-te antes
se estiveste aqui,
o tempo todo...
Pacientemente, vieste a mim...
E em minhas paisagens,
colocaste o fascínio azul
desses teus olhos-lagos...
Agora deixa-me olhar-te mais,
então tocar-te levemente a face...
Deixa-me sentir nas mãos
as tuas águas de promessa e vida...
Deixa-me reconhecer-te
as superfícies e profundezas
e toma-me no teu desejo,
ardentemente, como tomo a ti...
Debruço-me sobre teu corpo
para mirar-me em teus espelhos-águas...
Deixa-me esquecer o tempo
e confundir-me em teus olhares mansos
de claras águas que refletem céu...
Molha-me os lábios quentes
e os recebe em paixão e febre...
Envolve-me em prazer e corpo
nessa vontade que guardaste em ti...
Deixa-me sorver-te em calma,
tocar-te a pele, sentir-te o gosto...
Toma-me num beijo doce
e em tua boca saberás o meu...
Sinta-me molhar de ti
no instante mútuo de delírio e sede...
Derrama-me das tuas águas...
Sacia a sede que puseste em mim!...
         
                                                    E como não amar-te mais,
                                                    se o tempo todo estiveste em mim?...

 

 

 

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Helena C. de Araujo

 

 

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