AKJ: Almeida-1753 compatibilizada com a KJB-1611, com grafia e gramática inspiradas na ACF-1995
Capítulo 1
1 No ano terceiro do reinado de Jeoiaquim, rei de Judá, veio
Nabucodonosor, rei de Babilônia, a Jerusalém, e a sitiou.
2 E o Senhor entregou nas suas mãos a Jeoiaquim, rei de Judá, e uma
parte dos utensílios da casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar,
para a casa do seu deus, e trouxe os
utensílios para dentro da casa do tesouro do seu
deus.
3 E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns
dos filhos de Israel, e da semente do rei, e dos
príncipes,
4 Jovens em quem não houvesse defeito algum, de boa aparência, e
habilidosos em toda a sabedoria, e doutos em
ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para
se postarem de pé no palácio do rei, e que lhes
ensinassem o conhecimento escrito e a língua dos
caldeus.
5 E o rei lhes determinou a porção diária, das iguarias do rei, e do vinho que
ele bebia, e que assim fossem nutridos- criados
por três anos, para que no fim destes pudessem postar-se
de pé diante do rei.
6 E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e
Azarias;
7 E o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel pôs
o de Beltessazar, e a Hananias o de Sadraque, e a Misael o de
Mesaque, e a Azarias o de Abednego.
8 E Daniel propôs no seu próprio coração não se
contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia;
portanto, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar.
9 Ora, Deus concedeu a Daniel graça e
misericórdia diante do chefe dos eunucos.
10 E disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que
determinou a vossa comida e a vossa bebida; pois por que veria ele os vossos
rostos mais tristes do que os dos outros jovens da vossa idade? Assim
porias em perigo a minha cabeça para com o rei.
11 Então disse Daniel a Melzar <o despenseiro>
a quem o chefe dos eunucos havia constituído sobre Daniel, Hananias, Misael e
Azarias:
12 Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias, e que se nos dêem
sementes de leguminosas {*} a comer, e água a
beber. {* Isto não exclui pão e derivados de cereais,
nem verduras, leite, queijos e frutas: Isto só diz que, no lugar da carne
sacrificada aos ídolos, impura espiritualmente e contaminada fisicamente, eles
pediram para ter sementes de leguminosas - feijão, ervilhas, lentilha, etc. V.
16 diz que também se afastaram do vinho, ele devia ser contaminado pela
fermentação alcoólica.}
13 Então se examine diante de ti a nossa aparência, e a aparência dos jovens
que comem a porção das iguarias do rei; e, conforme vires, procederás para com
os teus servos.
14 E ele atendeu a esta palavra, e os
experimentou durante dez dias.
15 E, ao fim dos dez dias, apareceram os seus semblantes melhores, e eles
estavam mais gordos de carne do que todos os jovens que comiam
porção das iguarias do rei.
16 Assim Melzar <o despenseiro> tirou-lhes
a porção das iguarias, e o vinho de que deviam beber, e lhes dava
sementes de leguminosas {*}. {* Nota v. 12}
17 Quanto a estes quatro jovens, Deus lhes deu o conhecimento e a
prudência em todas as letras, e sabedoria; mas a
Daniel deu entendimento em toda a visão e sonhos.
18 E, ao fim dos dias em que o rei tinha falado
que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe diante de Nabucodonosor.
19 E o rei conversou com eles; e entre todos eles
não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias;
portanto, postaram-se de pé diante do rei.
20 E, em toda a matéria de sabedoria e
de discernimento, sobre o que o rei lhes perguntou, os achou dez vezes
mais doutos do que todos os magos e
astrólogos que havia em todo o seu reino.
21 E Daniel permaneceu até ao primeiro ano do rei Ciro.
Capítulo 2
1 E no segundo ano do reinado de Nabucodonosor, Nabucodonosor
sonhou
sonhos; e o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono.
2 Então o rei mandou chamar os magos, os astrólogos, os encantadores, e os
caldeus, para que declarassem ao rei os seus sonhos; e eles vieram e se
apresentaram diante do rei.
3 E o rei lhes disse:
Sonhei um sonho; e para saber o sonho está
perturbado o meu espírito.
4 E os caldeus disseram ao rei em aramaico {*}: O rei, vive eternamente! Dize
o sonho a teus servos, e revelaremos a sua
interpretação. {* Deste ponto até 7:28 está em
aramaico}
5 Respondeu o rei, e disse aos caldeus: O assunto me tem escapado; se não me
declarardes o sonho e a sua interpretação, sereis
cortados em pedaços, e as vossas casas serão feitas um
monturo;
6 Mas se vós me declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis de mim
dádivas, recompensas e grande honra; portanto, revelai-me
o sonho e a sua interpretação.
7 Responderam segunda vez, e disseram: Diga o rei o sonho a seus servos, e
revelaremos a sua interpretação.
8 Respondeu o rei, e disse: Percebo muito bem que vós quereis ganhar tempo;
porque vedes que o assunto me tem escapado.
9 De modo que, se não me declarardes o sonho, uma só
(e mesma) sentença será a vossa; pois vós preparastes
palavras mentirosas e perversas para as proferirdes na minha presença, até que
se mude o tempo; portanto, dizei-me o sonho, para que eu entenda que me podeis
revelar a sua interpretação.
10 Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram: Não há
nenhum
homem
sobre a terra que possa revelar a palavra ao rei;
pois nenhum rei há, nem grande, nem dominador,
que requeira coisas semelhantes de algum mago, ou astrólogo, ou caldeu.
11 Porque o assunto que o rei requer é difícil; e
nenhum outro
há que o possa revelar diante do rei,
senão os deuses, cuja morada não é com a carne.
12 Por isso o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que matassem a todos os
sábios de Babilônia.
13 E saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a
Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos.
14 Então Daniel falou avisada e prudentemente a Arioque, capitão da guarda do
rei, que tinha saído para matar os sábios de Babilônia.
15 Respondeu, e disse a Arioque, capitão do rei: Por que se apressa tanto
o decreto da parte do rei? Então Arioque declarou a
palavra (do rei) a Daniel.
16 E Daniel entrou; e pediu ao rei que lhe desse tempo, para que lhe pudesse
revelar a interpretação.
17 Então Daniel foi para a sua casa, e declarou o caso a Hananias, Misael e
Azarias, seus companheiros;
18 Para que pedissem misericórdia ao Deus do céu, sobre este
segredo, a fim de que Daniel e seus companheiros
não perecessem, juntamente com o restante dos sábios de Babilônia.
19 Então foi revelado o segredo a Daniel numa
visão de noite; então Daniel louvou o Deus do céu.
20 Falou Daniel, dizendo: Seja bendito o nome de Deus de eternidade a
eternidade, porque dEle são a sabedoria e
a força;
21 E Ele muda os tempos e as estações;
Ele remove os reis e estabelece os reis;
Ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos
que
conhecem
o entendimento.
22 Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e
com Ele mora a luz.
23 Ó Deus de meus pais, eu Te dou graças e
Te louvo, porque me deste sabedoria e força; e
agora me declaraste o que Te pedimos, porque
nos declaraste este assunto do rei.
24 Por isso Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei tinha constituído para
matar os sábios de Babilônia; entrou, e disse-lhe assim: Não mates os
sábios de Babilônia; introduze-me na presença do rei, e
revelarei ao rei a interpretação.
25 Então Arioque depressa introduziu a Daniel na presença do rei, e disse-lhe
assim: Achei um homem dentre os cativos de Judá, o qual declarará ao rei a
interpretação.
26 Respondeu o rei, e disse a Daniel (cujo nome era Beltessazar): Podes
tu declarar-me o sonho que tenho visto, e a
sua interpretação?
27 Respondeu Daniel na presença do rei, dizendo: O segredo que o rei
requer, nem sábios, nem astrólogos, nem magos, nem
adivinhos o podem revelar ao rei;
28 Mas há um Deus no céu, o Qual revela os
segredos; Ele, pois,
declarou ao rei Nabucodonosor o que há de acontecer nos últimos dias; o teu
sonho e as visões da tua cabeça que tiveste na tua cama são estes:
29 Estando tu, ó rei, sobre a tua cama, subiram
os teus pensamentos à tua mente, acerca do
que há de ser depois disto. E Aquele que revela
os segredos te declarou o que há de ser.
30 E a mim me foi revelado esse segredo, não
porque haja em mim mais sabedoria que em todos os viventes, mas
em benefício deles,
para que a interpretação se declarasse ao rei, e para que
tu entendesses os pensamentos do teu coração.
31 Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta estátua, que
era imensa, cujo esplendor era excelente, e estava em pé
diante de ti; e a sua aparência era terrível.
32 A cabeça daquela estátua era de ouro fino; o seu peito e os seus
braços de prata; o seu ventre e as suas coxas de bronze;
33 As pernas de ferro; e os seus pés em parte de
ferro e em parte de barro.
34 Estavas vendo isto, quando uma pedra {*} foi cortada-
fora, sem auxílio de mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de
barro, e os esmiuçou. {* A súbita vinda do Reino
Milenar de Cristo}
35 Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o
ouro, os quais se fizeram como pragana {*} das eiras do estio, e o vento os
levou, e não se achou lugar algum para eles; mas a pedra, que feriu a estátua,
se tornou um grande monte, e encheu toda a terra.
{* "Pragana" = barba das espigas de cereais,
particularmente quando está solta como pó, depois deles serem trilhados}
36 Este é o sonho; também a sua interpretação diremos na presença do
rei.
37 Tu, ó rei, és rei de reis; a quem o Deus do céu tem dado
um reino, poder, força, e glória.
38 E onde quer que habitem os filhos de homens, na tua mão entregou os animais
do campo, e as aves (de rapina)
do ar, e fez que reinasse sobre todos eles; tu és
esta cabeça de ouro.
39 E depois de ti se levantará outro reino {*}, inferior ao teu; e um
outro
terceiro reino {**}, de bronze, o qual dominará sobre toda a terra.
{* Império Medo-Persa} {* Império Macedônico-Grego}
40 E o quarto reino {*} será forte como ferro; pois, como o ferro,
esmiúça e quebra tudo; como o ferro que quebra todas as coisas, assim ele
esmiuçará e fará em pedaços. {* Império Romano,
que seria dividido na perna oriental de Constantinopla, e na perna ocidental
de Roma}
41 E, quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de oleiro, e
em parte de ferro, isso será um reino dividido; contudo haverá nele
alguma coisa da firmeza do ferro, pois viste o ferro misturado com
argamassa de lama.
42 E como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em parte de barro,
assim por uma parte o reino será forte, e por outra será frágil.
43 Quanto ao que viste do ferro misturado com argamassa
de lama, eles misturarão a si mesmos com semente humana, mas não se
achegarão- e- aderirão um ao outro, assim como o
ferro não se mistura com o barro.
44 Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será
jamais destruído; e este reino não será deixado para
outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá
para sempre,
45 Da maneira que viste que do monte foi cortada- fora
uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a
prata e o ouro; o grande Deus declarou ao rei o que há de ser depois
de hoje. Certo é o sonho, e
segura a sua interpretação.
46 Então o rei Nabucodonosor caiu sobre a sua face, e
se prostrou- em- homenagem a Daniel, e
ordenou que lhe oferecessem uma oblação {*} e perfumes suaves.
{* "Oblação" é oferta}
47 Respondeu o rei a Daniel, e disse: Certamente o vosso Deus é
um Deus dos deuses, e um
Senhor dos reis e revelador de segredos, pois
tu pudeste revelar este
segredo.
48 Então o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitas e grandes
dádivas, e o pôs por governador de toda a província de Babilônia, como também
o fez chefe dos governadores sobre todos os sábios de Babilônia.
49 E pediu Daniel ao rei, e este constituiu sobre
os negócios da província de Babilônia a Sadraque, Mesaque e Abednego; mas
Daniel permaneceu na porta do rei.
Capítulo 3
1 O rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro, cuja altura era
de sessenta côvados, e a sua largura de seis côvados; levantou-a no
planície de Dura, na província de Babilônia.
2 Então o rei Nabucodonosor mandou reunir os sátrapas
{*}, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os
juízes, os capitães, e todos os oficiais das províncias, para que viessem à
consagração da estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado.
{* Governadores das províncias do Império Persa}
3 Então se reuniram os sátrapas, os prefeitos e
governadores, os capitães, os juízes, os tesoureiros, os conselheiros, e todos
os oficiais das províncias, à consagração da estátua que o rei Nabucodonosor
tinha levantado; e estavam em pé diante da imagem que Nabucodonosor tinha
levantado.
4 E o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações e
línguas:
5 Quando ouvirdes o som da buzina, da flauta, da harpa, da
cítara, do saltério, da gaita de foles, e de toda
a espécie de música, prostrar-vos-eis, e adorareis a estátua de ouro que o rei
Nabucodonosor tem levantado.
6 E qualquer que não se prostrar e não a adorar, será na mesma hora
lançado para dentro da fornalha de fogo ardente.
7 Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da buzina,
da flauta, da harpa, da cítara, do saltério e de
toda a espécie de música, prostraram-se todos os povos, nações e línguas, e
adoraram a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado.
8 Por isso, no mesmo instante chegaram perto alguns caldeus, e acusaram
os judeus.
9 E responderam, dizendo ao rei Nabucodonosor: O rei, vive eternamente!
10 Tu, ó rei, fizeste um decreto, pelo qual todo homem que ouvisse o
som da buzina, da flauta, da harpa, da cítara, do
saltério, e da gaita de foles, e de toda a espécie de música, se prostrasse e
adorasse a estátua de ouro;
11 E, qualquer que não se prostrasse e adorasse, seria lançado
para dentro da fornalha de fogo ardente.
12 Há uns homens judeus, os quais constituíste sobre os negócios da província
de Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abednego; estes homens, ó rei, não fizeram
caso de ti; a teus deuses não servem, nem adoram a estátua de ouro que
levantaste.
13 Então Nabucodonosor, em sua ira
e furor, mandou trazer a Sadraque, Mesaque e Abednego. E trouxeram a estes
homens perante o rei.
14 Falou Nabucodonosor, e lhes disse: É de propósito, ó Sadraque,
Mesaque e Abednego, que vós não servis a meus deuses nem adorais a estátua de
ouro que levantei?
15 Agora, pois, se estais prontos, quando ouvirdes o som da buzina, da
flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da
gaita de foles, e de toda a espécie de música, para vos prostrardes e
adorardes a estátua que fiz, bom é; mas, se não a adorardes, sereis
lançados, na mesma hora, para dentro da fornalha
de fogo ardente. E quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?
16 Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei Nabucodonosor:
Não necessitamos de te responder sobre este negócio.
17 Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é
Quem nos pode livrar; Ele nos
livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei.
18 E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem
adoraremos a estátua de ouro que levantaste.
19 Então Nabucodonosor se encheu de furor, e mudou-se o aspecto do seu
semblante contra Sadraque, Mesaque e Abednego;
portanto, Nabucodonosor falou, e ordenou que a fornalha se
aquecesse sete vezes mais do que ela de costume
era vista ser aquecida.
20 E ordenou aos homens mais poderosos, que estavam no seu exército,
que atassem a Sadraque, Mesaque e Abednego, para lançá-los na fornalha de fogo
ardente.
21 Então estes homens foram atados, vestidos com as suas capas, suas túnicas,
e seus chapéus, e demais roupas, e foram lançados para
dentro da fornalha de fogo ardente.
22 E, porque a palavra do rei era urgente, e a fornalha estava
sobremaneira quente, a chama do fogo matou aqueles homens que carregaram a
Sadraque, Mesaque, e Abednego.
23 E estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abednego, caíram atados
para dentro da fornalha de fogo ardente.
24 Então o rei Nabucodonosor ficou atônito, e se
levantou depressa; falou, dizendo aos seus conselheiros: Não lançamos nós,
dentro do fogo, três homens atados? Eles
responderam e disseram ao rei: É verdade, ó rei.
25 Nabucodonosor respondeu, dizendo:
Mas eis que eu vejo quatro homens soltos,
que andam passeando no meio do fogo, sem sofrer
nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante
aO
Filho de Deus.
26 Então, aproximando-se Nabucodonosor
da porta da fornalha de fogo ardente, falou,
dizendo: Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde
aqui! Então Sadraque, Mesaque e Abednego
vieram à frente, para fora do meio do fogo.
27 E reuniram-se os sátrapas {*}, os capitães, os
governadores e os conselheiros do rei e, contemplando estes homens, viram que
o fogo não tinha tido poder algum sobre os seus corpos; nem um só
cabelo da sua cabeça se tinha queimado, nem as suas capas se mudaram, nem
cheiro de fogo tinha passado sobre eles. {*
Governadores das províncias do Império Persa}
28 Falou Nabucodonosor, dizendo: Bendito seja o Deus de Sadraque,
Mesaque e Abednego, que enviou o Seu
Anjo, e livrou os Seus
servos que confiaram nEle,
têm alterado a palavra do rei (desafiando-a),
preferindo entregar os seus corpos, para que não servissem nem adorassem algum
outro deus, senão o Deus deles mesmos.
29 Por mim, pois, é feito um decreto, pelo qual todo o povo, e nação e
língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego,
seja cortado em pedaços, e as suas casas sejam
feitas um monturo; porquanto não há outro Deus que possa livrar como
Este.
30 Então o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abednego, na província de
Babilônia.
Capítulo 4
1 Nabucodonosor rei, a todos os povos, nações e línguas, que moram em
toda a terra: Paz vos seja multiplicada.
2 Pareceu-me bem revelar os sinais e maravilhas
que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo.
3 Quão grandes são os Seus sinais, e quão
poderosas as Suas maravilhas! O
Seu reino é um reino sempiterno, e o
Seu domínio é de
geração em geração.
4 Eu, Nabucodonosor, estava tranqüilo em
minha casa, e próspero no meu palácio.
5 Vi um sonho, que me
causou medo; e estando
eu na minha cama, as imaginações e as visões da minha cabeça me turbaram.
6 Por isso fiz um decreto, para que fossem
introduzidos à minha presença todos os sábios de Babilônia, para que me
declarassem a interpretação do sonho.
7 Então entraram os magos, os astrólogos, os caldeus e os adivinhadores, e eu
contei o sonho diante deles; mas não me declararam a sua interpretação.
8 Mas por fim entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar,
segundo o nome do meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos;
e eu contei o sonho diante dele, dizendo:
9 Ó Beltessazar, mestre dos magos (pois eu sei
que há em ti o espírito dos deuses santos, e nenhum
segredo te é difícil), dize-me as visões
do meu sonho que eu vi e a sua interpretação.
10 Eis, pois, as visões da minha cabeça, estando eu na minha cama: Eu
estava assim olhando, e vi uma árvore no meio da terra, cuja altura era
grande;
11 Crescia esta árvore, e se fazia forte, de maneira que a sua altura chegava
até ao céu; e sua visão alcançava até aos confins
da terra.
12 A sua folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e havia
nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e
as aves (de rapina)
do ar faziam
morada nos seus ramos, e toda a carne se alimentava
dela.
13 Estava vendo isso nas visões da minha cabeça, estando eu na minha
cama; e eis que um vigia {*}, um santo (vigia),
descia do céu, {* Um anjo}
14 Clamando fortemente, e dizendo assim: Derrubai a árvore, e
cortai- fora os seus ramos, sacudi as suas
folhas, espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela, e as
aves (de rapina) dos seus ramos.
15 Mas deixai na terra o tronco com as suas raízes, atada com cadeias de ferro
e de bronze, na tenra grama do campo; e
seja molhado do orvalho do céu, e seja a sua porção com os animais no
capim da terra;
16 Seja mudado o seu coração, para que não seja mais coração de homem,
e lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ele sete tempos.
17 Esta sentença é por decreto dos vigias, e esta ordem por mandado dos
santos (vigias), a fim de que conheçam os
viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a
quemquer que Ele queira, e até ao mais
humilde dos homens constitui sobre isto (o reino
dos homens).
18 Este sonho eu, rei Nabucodonosor vi. Tu, pois, Beltessazar, dize a
interpretação dele, porque todos os sábios do meu
reino não puderam declarar-me a sua interpretação, mas tu podes; pois há
em ti o espírito dos deuses santos.
19 Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito por uma
hora, e os seus pensamentos o turbavam; falou, pois, o rei, dizendo:
Beltessazar, não te alarme o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Beltessazar, dizendo: Senhor meu, (eu desejaria que)
fosse o sonho contra os que te têm ódio, e
fosse a sua interpretação
contra os teus inimigos.
20 A árvore que viste, que cresceu, e se fez forte, cuja altura chegava até ao
céu, e que sua visão alcançava a toda a terra;
21 Cujas folhas eram formosas, e o seu fruto abundante, e em que para
todos havia sustento, debaixo da qual moravam os animais do campo, e em
cujos ramos habitavam as aves (de rapina)
do ar;
22 És tu, ó rei, que cresceste, e te fizeste forte; a tua grandeza
cresceu, e chegou até ao céu, e o teu domínio até à extremidade da terra.
23 E quanto ao que viu o rei, um vigia, um santo
(vigia), que descia do céu, e dizia:
Cortai- abaixo a árvore, e destruí-a, mas o tronco com as suas
raízes deixai na terra, e atada com cadeias de ferro e de bronze, na
tenra grama do campo; e seja molhado do
orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais do campo, até que passem
sobre ele sete tempos;
24 Esta é a interpretação, ó rei; e este é o decreto do
Altíssimo, que virá sobre o rei, meu senhor:
25 Expulsar-te-ão de entre os homens, e a tua
morada será com os animais do campo, e te farão comer
grama como os bois, e serás molhado do
orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti; até que conheças
que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e
Ele o dá a quemquer que Ele queira.
26 E quanto ao que foi falado, que deixassem o tronco com as raízes da
árvore, o teu reino será assegurado a ti, depois
que tiveres conhecido que oS céuS reinam.
27 Portanto, ó rei, aceita o meu conselho a ti, e
rasga fora os teus pecados, por
vires a praticar a justiça, e
rasga fora as tuas iniqüidades, usando de
misericórdia com os pobres, pois, talvez, se
prolongue a tua tranqüilidade.
28 Todas estas coisas vieram sobre o rei Nabucodonosor.
29 Ao fim de doze meses, quando passeava no palácio real de Babilônia,
30 Falou o rei, dizendo: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei
para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha
magnificência?
31 Ainda estava a palavra na boca do rei, quando caiu uma voz do céu,
dizendo: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor:
Passou de ti o reino.
32 Expulsar-te-ão de entre os homens, e a tua
morada será com os animais do campo; far-te-ão comer
grama como os bois, e passar-se-ão sete tempos
sobre ti, até que conheças que o Altíssimo domina sobre o reino dos homens, e
Ele o dá a quemquer que Ele queira.
33 Na mesma hora se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor, e foi
expulso de entre os homens, e comia
grama como os bois, e o seu corpo foi molhado do
orvalho do céu, até que lhe cresceu pelo, como as penas da águia, e as suas
unhas como as das aves (de rapina).
34 Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu,
e tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e
glorifiquei aO que vive para sempre,
Cujo domínio é um domínio sempiterno, e
Cujo reino é de geração em geração.
35 E todos os habitantes da terra são reputados em nada, e segundo a
Sua vontade Ele
opera no exército do céu e
entre os habitantes da terra; não há quem
possa estorvar a Sua mão, e
Lhe diga: Que fazes?
36 No mesmo tempo tornou a mim o meu entendimento, e para a dignidade do meu
reino tornou-me a vir a minha majestade e o meu resplendor; e buscaram-me os
meus conselheiros e os meus senhores; e fui restabelecido no meu reino, e
excelente
majestade me foi adicionada.
37 Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalço e glorifico ao
Rei do céu; porque todas as Suas obras são
verdade, e os Seus caminhos
são juízo, e Ele
pode humilhar aos que andam na soberba.
Capítulo 5
1 O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus senhores, e
bebeu vinho na presença dos mil.
2 Havendo Belsazar provado o vinho, mandou trazer os vasos de ouro e de prata,
que Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado do templo que estava em
Jerusalém, para que bebessem neles o rei, os seus príncipes, as suas
esposas e concubinas.
3 Então trouxeram os vasos de ouro, que foram tirados do templo da casa de
Deus, que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus
príncipes, as suas esposas e concubinas.
4 Beberam o vinho, e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze,
de ferro, de madeira, e de pedra.
5 Na mesma hora saíram (como que do nada)
uns dedos de mão de homem, e escreviam, defronte do castiçal, na caiadura da
parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que estava
escrevendo.
6 Mudou-se então o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram,
tanto que as juntas dos seus lombos se relaxaram,
e os seus joelhos batiam um no outro.
7 E gritou o rei com força, que se introduzissem os astrólogos, os caldeus e
os adivinhadores; e falou o rei, dizendo aos sábios de Babilônia:
Qualquer que ler este escrito, e me revelar a sua
interpretação, será vestido de púrpura, e terá
uma cadeia de ouro ao redor do seu pescoço e, no
reino, será o terceiro governante.
8 Então entraram todos os sábios do rei; mas não puderam ler o escrito, nem
declarar ao rei a sua interpretação.
9 Então o rei Belsazar perturbou-se muito, e mudou-se-lhe o semblante; e os
seus senhores estavam sobressaltados.
10 A rainha, por causa das palavras do rei e dos seus senhores, entrou na casa
do banquete, e a rainha respondeu,
dizendo: Ó rei, vive para sempre! Não te perturbem os teus pensamentos, nem se
mude o teu semblante.
11 Há no teu reino um homem, no qual há o espírito dos deuses santos; e nos
dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência para entender, e sabedoria, como a
sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, o rei, o
constituiu mestre dos magos, dos astrólogos, dos caldeus e dos
adivinhadores;
12 Porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e conhecimento, e
entendimento, interpretando sonhos e explicando enigmas, e resolvendo
dúvidas, ao qual o rei pôs o nome de Beltessazar. Chame-se, pois, agora
Daniel, e ele revelará a interpretação.
13 Então Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou o rei, dizendo a
Daniel: És tu aquele Daniel, um dos filhos dos cativos de Judá, que o
rei, meu pai, trouxe dos Judeus?
14 Tenho ouvido dizer a teu respeito que o espírito dos deuses está
em ti, e que em ti se acham a luz, e o entendimento e a excelente sabedoria.
15 Agora mesmo foram introduzidos à minha presença os sábios e os
astrólogos, para lerem este escrito, e me declararem a sua
interpretação; mas não puderam revelar
a interpretação destas palavras.
16 Eu, porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar interpretação e resolver
dúvidas. Agora, se puderes ler este escrito, e declarar-me a sua
interpretação, serás vestido de púrpura, e terás cadeia de ouro
ao redor do teu pescoço e no reino serás o
terceiro governante.
17 Então respondeu Daniel, e disse na presença do rei: As tuas dádivas fiquem
contigo, e dá os teus prêmios a outro; contudo lerei ao rei o escrito, e
declarar-lhe-ei a interpretação.
18 Ó rei! Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu pai, o reino, e a
grandeza, e a glória, e a majestade.
19 E por causa da grandeza, que Ele lhe deu,
todos os povos, nações e línguas tremiam e temiam diante dele; a quem queria
ele matava, e a quem ele
queria conservava em vida; e a quem ele
queria engrandecia, e a quem ele queria abatia.
20 Mas quando o seu coração se exaltou, e o seu espírito se endureceu em
soberba, foi derrubado do seu trono real, e tomaram
dele a sua glória.
21 E foi expulso de entre os filhos dos homens, e
o seu coração foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi
com os jumentos monteses; fizeram-no comer grama
como os bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu
que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens, e a quem
Ele quer constitui sobre ele.
22 E tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração,
ainda que soubeste tudo isto.
23 E te levantaste contra o Senhor do céu, pois foram trazidos à tua presença
os vasos da casa dEle, e tu, os teus senhores, as
tuas esposas e as tuas concubinas, bebestes vinho
neles; além disso, deste louvores aos deuses de prata, de ouro, de
bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não vêem, não ouvem, nem sabem;
mas a Deus, em Cuja mão está a tua vida, e de Quem são todos os
teus caminhos, a Ele não glorificaste.
24 Então dEle foi enviada aquela parte da mão,
que escreveu este escrito.
25 Este, pois, é o escrito que se escreveu: MENE, MENE, TEQUEL,
UFARSIM.
26 Esta é a interpretação daquilo: MENE: Contou Deus o teu reino, e o
acabou.
27 TEQUEL: Pesado foste nas balanças, e foste
achado em falta.
28 PERES {*}: Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e aos persas.
{* "Peres" é o singular de "Pharsin" do v. 25 e
significa "partido, dividido"}
29 Então mandou Belsazar que vestissem a Daniel de púrpura, e que lhe pusessem
uma cadeia de ouro ao redor do seu
pescoço, e proclamassem a respeito dele que havia de ser o terceiro no governo
do seu reino.
30 Naquela noite foi morto Belsazar, rei dos caldeus.
31 E Dario, o medo, tomou o reino, sendo da idade de sessenta e dois
anos.
Capítulo 6
1 E pareceu bem a Dario constituir sobre o reino cento e vinte
sátrapas, que estivessem sobre todo o
reino; {* Governadores das províncias do Império
Persa}
2 E sobre eles três presidentes (dos quais Daniel era
o primeiro), aos quais estes
sátrapas dessem conta, para que o rei não
sofresse dano.
3 Então o mesmo Daniel se distinguiu- e- foi- preferido
acima destes presidentes e sátrapas;
porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava constituí-lo
sobre todo o reino.
4 Então os presidentes e os sátrapas procuravam
achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião
ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro
nem falta.
5 Então estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra este
Daniel, se não a acharmos contra ele usando a
lei do seu Deus.
6 Então estes presidentes e sátrapas foram juntos
ao rei, e disseram-lhe assim: O rei Dario, vive para sempre!
7 Todos os presidentes do reino, os capitães e sátrapas,
conselheiros e governadores, concordaram em promulgar um edito real e
confirmar o decreto- de- proibição que qualquer
que, por espaço de trinta dias, fizer uma petição a qualquer deus, ou a
qualquer homem, e não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões.
8 Agora, pois, ó rei, confirma o decreto- de-
proibição, e assina o edito, para que não seja mudado, conforme a lei
dos medos e dos persas, que não se pode revogar.
9 Por esta razão o rei Dario assinou o edito e o
decreto- de- proibição.
10 Daniel, pois, quando soube que o edito estava assinado, entrou em
sua casa (ora, havia no seu quarto janelas abertas para
o lado de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e
orava, e dava graças diante do seu Deus, como também costumava fazer
antes disso.
11 Então aqueles homens foram juntos, e acharam a Daniel orando e suplicando
diante do seu Deus.
12 Então se apresentaram ao rei e, a respeito do edito real, disseram-lhe:
Porventura não assinaste o edito, pelo qual todo o homem que fizesse uma
petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, por espaço de trinta dias, e não
a ti, ó rei, fosse lançado na cova dos leões? Respondeu o rei, dizendo: Esta
palavra é certa, conforme a lei dos medos e dos persas, que não se pode
revogar.
13 Então responderam eles, e disseram diante do rei:
Daniel, que é dos filhos dos cativos de Judá, não tem feito caso de ti,
ó rei, nem do edito que assinaste, antes três vezes por dia faz a sua oração.
14 Ouvindo então o rei essas palavras, ficou
dolorosamente desagradado de si mesmo, e a favor de Daniel propôs
dentro do seu coração livrá-lo; e até ao pôr do sol trabalhou para
salvá-lo.
15 Então aqueles homens foram juntos ao rei, e disseram
ao rei:
Sabe, ó rei, que é lei dos medos e dos persas que nenhum edito ou
decreto, que o rei estabeleça, se pode mudar.
16 Então o rei ordenou que trouxessem a Daniel, e lançaram-no na cova
dos leões. E, falando o rei, disse a Daniel: O teu Deus, a Quem tu
continuamente serves, Ele te livrará.
17 E foi trazida uma pedra e posta sobre a boca da cova; e o rei a
selou com o seu próprio anel e com o anel dos
seus senhores, para que não se mudasse o propósito-
determinado acerca de Daniel.
18 Então o rei foi para o seu palácio, e passou a
noite em jejum, e não deixou trazer à sua presença instrumentos de
música; e fugiu dele o sono.
19 Ao alvorecer, ao romper do dia, levantou-se o rei, e foi com pressa à cova
dos leões.
20 E, chegando-se à cova, chamou por Daniel com voz de
lamento; e o rei falou, dizendo a Daniel:
Ó Daniel, servo do Deus vivo, dar-se-ia o caso
que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos
leões?
21 Então Daniel falou ao rei: O rei, vive para sempre!
22 O meu Deus enviou o Seu
Anjo, e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano, porque
foi achada em mim inocência diante dEle; e também
contra ti, ó rei, não tenho cometido delito algum.
23 Então o rei excedentemente se alegrou
por ele (por Daniel), e mandou
que subissem Daniel para
fora da cova. Assim foi subido Daniel
para fora da cova, e nenhum
tipo de dano se achou nele, porque crera no seu Deus.
24 E ordenou o rei, e foram trazidos aqueles homens que tinham acusado a
Daniel, e foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos e suas
esposas; e ainda não tinham chegado ao
fundo da cova quando os leões se apoderaram deles, e lhes esmigalharam todos
os ossos.
25 Então o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e línguas que moram em
toda a terra: A paz vos seja multiplicada.
26 Da minha parte é feito um decreto, pelo qual em todo o
domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque
Ele é o Deus vivo e que permanece para
sempre, e o Seu reino não se pode destruir, e o
Seu domínio durará até o fim.
27 Ele salva, resgata, e opera sinais e
maravilhas no céu e na terra; Ele salvou
Daniel do poder dos leões.
28 Este Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario, e no reinado de Ciro, o
persa.
Capítulo 7
1 No primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia,
viu Daniel um sonho e visões da sua cabeça quando
estava na sua cama; escreveu logo o sonho, e relatou a suma das coisas.
2 Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando na minha visão da noite, e
eis que os quatro ventos do céu golpeavam sobre o
mar grande.
3 E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar.
4 O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava,
foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado para fora
da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem.
5 Continuei olhando, e eis aqui
um outro
animal, o segundo, semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo
na boca três costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te,
devora muita carne.
6 Depois disto, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um
leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas; tinha também este animal
quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio.
7 Depois disto eu continuei olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto
animal, amedrontador e
terrível, e muito forte, o qual tinha grandes
dentes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o
que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram
antes dele, e tinha dez chifres.
8 Estando eu a considerar os chifres, eis que, entre eles subiu outro chifre
pequeno {*}, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados-
pelas- suas- raízes; e eis que neste
chifre havia olhos, como os
olhos
de homem, e uma boca que falava grandes coisas. {*
Anticristo, na 70a. semana de Daniel}
9 Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e
o Ancião de Dias se assentou; a Sua veste era
branca como a neve, e o cabelo da Sua cabeça como
a pura lã; e Seu trono era
como de chamas de fogo, e as rodas
dele (do trono) eram como de fogo ardente.
10 Um rio de fogo manava e saía de diante dEle;
milhares de milhares O serviam, e
miríades de miríades se
postavam de pé diante dEle; assentou-se o
juízo, e abriram-se os livros.
11 Então estive olhando, por causa da voz das grandes palavras que o
chifre proferia; estive olhando até que o animal foi morto, e o seu
corpo desfeito, e entregue para ser queimado pelo fogo;
12 E, quanto ao restante dos animais, foi-lhes
tirado o domínio deles; todavia foi-lhes
prolongada a vida por uma estação e um tempo.
13 Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas
nuvens do céu um como o Filho do homem
{*}; e veio até ao Ancião
de Dias {**}, e eles (anjos)
O fizeram chegar até diante
dEle (do Ancião de Dias). {* Deus, a
Palavra eterna, pré-encarnada} {** Deus, o Pai}
14 E foi-Lhe dado o domínio, e a honra, e o
reino, para que todos os povos, nações e línguas O
servissem; o Seu domínio é um domínio
eterno, que não passará, e o Seu reino tal, que
não será destruído.
15 Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi abatido dentro do corpo, e as
visões da minha cabeça me perturbaram.
16 Cheguei-me a um dos (anjos) que
estavam postados perto, e pedi-lhe a verdade
acerca de tudo isto. E ele me disse, e declarou-me a interpretação das
coisas.
17 Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis,
que se levantarão da terra.
18 Mas os santos do Altíssimo receberão o reino, e o possuirão para todo o
sempre, e de eternidade em eternidade.
19 Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que
era diferente de todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram
de ferro e as suas unhas de bronze; que devorava, fazia em pedaços e pisava
aos pés o que sobrava;
20 E também a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça, e do outro que
subiu, e diante do qual caíram três, isto é, daquele
chifre
que tinha olhos, e uma boca que falava grandes coisas, e cujo parecer era
mais robusto do que o dos seus companheiros.
21 Eu olhava, e eis que este chifre fazia guerra contra os santos, e
prevaleceu contra eles.
22 Até que veio o Ancião de Dias, e
foi concedido julgamento aos santos do Altíssimo;
e chegou o tempo em que os santos possuíram o reino.
23 Assim ele (o anjo) disse: O quarto
animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de
todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em
pedaços.
24 E os dez chifres são dez reis que se levantarão para
fora daquele mesmo reino; e depois deles se levantará outro, o qual
será diferente dos primeiros, e humilhará- subjugará
a três reis.
25 E proferirá (injuriosas) palavras
contra o Altíssimo, e consumirá os santos
do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão
entregues na sua mão, por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo.
26 Mas o julgamento será
feito tomar assento, e eles tirarão o seu domínio, para o
destruir e para o desfazer até ao fim.
27 E o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu
serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o Seu
reino será um reino eterno, e todos os domínios O
servirão, e Lhe obedecerão.
28 Aqui terminou o assunto. Quanto a mim, Daniel, os meus pensamentos muito me
perturbaram, e mudou-se em mim o meu semblante; mas guardei o assunto no meu
coração {*}. {* Desde 2:4 até aqui está em aramaico}
Capítulo 8
1 No ano terceiro do reinado do rei Belsazar apareceu-me uma visão,
sim, a mim, Daniel, depois daquela que me
apareceu no princípio.
2 E vi na visão; e sucedeu que, quando vi, eu estava na cidadela de
Susã, que está na província de Elão; vi,
pois, na visão, que eu estava junto ao rio Ulai.
3 E levantei os meus olhos, e vi, e eis que um carneiro estava
postado diante do rio, o qual tinha dois
chifres; e os dois chifres eram altos, mas um era mais
alto do que o outro; e o mais alto subiu por último.
4 Vi que o carneiro dava marradas na direção para
o ocidente, e na direção para o norte e
na direção para o sul; e nenhum dos animais
podia permanecer de pé (resistindo)
diante dele;
nem havia quem pudesse livrar para fora da
sua mão; e ele fazia conforme a sua vontade, e se engrandecia.
5 E, estando eu considerando, eis que um bode
(um macho)
vinha do ocidente sobre
a face de
toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha um chifre insigne
entre os seus olhos.
6 E ele dirigiu-se ao carneiro que tinha os
dois chifres, ao qual eu tinha visto em pé diante do rio, e correu contra
ele no fúria da sua força.
7 E vi-o chegar perto do carneiro, enfurecido contra ele, e, ferindo
o carneiro, quebrou-lhe os dois chifres,
pois não havia força no carneiro permanecer de pé diante
dele,
e ele (o bode) o lançou por terra, e o
pisou aos pés; não houve quem pudesse livrar o carneiro da sua mão.
8 E o bode
(o macho)
se engrandeceu sobremaneira; mas, estando na sua maior força, aquele
grande chifre foi quebrado; e no seu lugar subiram outros quatro também
insignes, nas direções para os quatro ventos do
céu.
9 E de um deles saiu um chifre muito pequeno {*}, o qual cresceu muito
em direção ao sul, e em
direção ao oriente, e em direção à
terra formosa {**}. {* Antioco Epifânio} {**
Judéia}
10 E se engrandeceu até contra o exército {*} do céu; e a alguns
do exército {*}, e das estrelas {**}, lançou por terra, e os pisou.
{* Os judeus fiéis soldados do SENHOR} {** As luzes para
os judeus, isto é, os fiéis profetas e sacerdotes e levitas}
11 E se engrandeceu até contra o príncipe {*} do exército; e por ele
foi tirado o sacrifício contínuo, e o lugar do seu santuário foi
lançado por terra {**}. {* O sacerdote Onias? O líder
Judas Macabeus? Deus?} {** Foi profanado}
12 E um exército foi-lhe dado contra o
sacrifício contínuo, por causa da transgressão; e lançou a verdade por
terra, e fez isto, e prosperou.
13 Depois ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele
tal que falava: Até quando durará a visão do
sacrifício contínuo, e da transgressão assoladora, para que sejam
entregues o santuário e o exército, a fim de serem pisados?
14 E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs;
então o santuário será purificado {*}.
{* Cumpriu-se sob Antioco Epifânio}
15 E aconteceu que, havendo eu, Daniel, visto a
visão, procurei o significado, e eis que se postou
diante de mim como que uma semelhança de homem.
16 E ouvi uma voz de homem entre as margens do Ulai, a qual gritou,
e disse: Gabriel, dá a entender a este a visão.
17 Assim ele (Gabriel) veio perto de onde
eu me postava; e, vindo ele, me amedrontei, e caí
sobre o meu rosto; mas ele me disse: Entende, filho do homem, porque esta
visão é para o tempo do fim.
18 E, estando ele falando comigo, caí em profundo sono
com o rosto em terra; ele, porém, me tocou, e me fez estar em pé
em meu local.
19 E disse: Eis que te declararei o que há de acontecer no último tempo da
ira- da- indignação; porque
o fim será ao tempo determinado.
20 Aquele carneiro que viste com dois chifres são os reis da
Média e da Pérsia,
21 Mas o bode peludo é o rei da Grécia; e o grande chifre que tinha
entre os seus olhos é o primeiro rei;
22 O ter sido (o grande chifre) quebrado,
levantando-se quatro em lugar dele, significa que quatro reinos {*} se
levantarão da mesma nação, mas não com a força dele.
{* As partições da Macedônia, Síria, Egito, Ásia
Menor}
23 Mas, no fim do reinado deles, quando os
transgressores tiverem sido completados,
se levantará um rei, feroz de semblante e entendido em
sentenças enigmáticas.
24 E se fortalecerá o seu poder, mas não pela sua própria força; e destruirá
maravilhosamente, e prosperará, e praticará o que lhe
aprouver; e destruirá os poderosos e o povo santo.
25 E pelo seu entendimento também fará prosperar o engano na sua mão; e
engrandecerá a si mesmo no seu coração,
e, através da paz- e- prosperidade, destruirá a muitos;
e ele se levantará contra o Príncipe dos
príncipes, mas sem mão será quebrado.
26 E a visão do anoitecer e da manhã que foi falada, é verdadeira. Tu,
porém, cerra a visão, porque se refere a dias muito distantes.
27 E eu, Daniel, enfraqueci, e estive enfermo alguns dias; então
levantei-me e tratei do negócio do rei. E estive atônito
acerca da visão, e não havia quem a entendesse.
Capítulo 9
1 No ano primeiro de Dario, filho de Assuero, da
semente dos medos,
o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus,
2 No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o
número dos anos, que veio como
palavra do SENHOR ao profeta Jeremias, em que haviam de
cumprir-se as desolações de Jerusalém, era de setenta anos.
3 E eu coloquei o meu rosto
na direção do Senhor Deus, para O
buscar com oração e súplicas, com jejum, e pano de saco e cinza.
4 E orei ao SENHOR meu Deus, e confessei, e disse: Ah! Senhor! Deus grande e
tremendo, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que
Te amam e guardam os Teus
mandamentos;
5 Pecamos, e cometemos iniqüidades, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes,
apartando-nos dos Teus mandamentos e dos
Teus juízos;
6 E não demos ouvidos aos Teus servos, os
profetas, que em Teu nome falaram aos nossos
reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, como também a todo o povo da
terra.
7 A Ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós a
confusão de rosto, como hoje se vê; aos homens de Judá, e aos
habitantes de Jerusalém, e a todo o Israel, aos de perto e aos de longe, em
todas as terras por onde os tens lançado, por causa das suas
transgressões que
têm transgredido contra Ti.
8 Ó Senhor, a nós pertence a confusão de rosto, aos nossos reis, aos nossos
príncipes, e a nossos pais, porque pecamos contra Ti.
9 Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia, e o perdão;
embora tenhamos nos rebelado contra Ele,
10 E não obedecemos à voz do SENHOR, nosso Deus, para andarmos nas
Suas leis, que Ele pôs
diante de nós por meio da mão {*} de
Seus servos, os profetas.
{* o servir}
11 Sim, todo o Israel transgrediu a Tua lei,
desviando-se para não obedecer à Tua voz; por
isso a maldição e o juramento, que estão escritos na lei de Moisés,
servo de Deus, se derramaram sobre nós; porque pecamos contra
Ele.
12 E Ele confirmou a Sua
palavra, que Ele falou contra nós, e contra os
nossos juízes que nos julgavam, trazendo sobre nós um grande mal;
porquanto debaixo de todo o céu nunca se fez como se tem feito
sobre Jerusalém.
13 Como está escrito na lei de Moisés, assim
todo este mal nos sobreveio; apesar disso, não suplicamos
diante da face do
SENHOR nosso Deus, para voltarmos atrás das nossas iniqüidades, e para
entendermos a Tua verdade.
14 Por isso o SENHOR vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós; porque
justo é o SENHOR, nosso Deus, em todas as Suas
obras, que Ele fez, pois não obedecemos à
Sua voz.
15 Agora, pois, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o Teu
povo da terra do Egito com mão poderosa, e ganhaste para
Ti renome, como hoje se vê; temos pecado, temos procedido
impiamente.
16 Ó Senhor, segundo todas as Tuas justiças,
rogo-Te, aparte-se a Tua ira e o Teu
furor da Tua cidade de Jerusalém, do
Teu santo monte; porque por causa dos nossos
pecados, e por causa das iniqüidades de nossos pais, tornou-se Jerusalém e o
Teu povo um opróbrio para todos os que estão
em redor de nós.
17 Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do Teu
servo, e as suas súplicas, e sobre o Teu
santuário assolado faze resplandecer o Teu rosto,
por amor do Senhor.
18 Inclina, ó Deus meu, os Teus ouvidos, e ouve;
abre os Teus olhos, e olha para a nossa
desolação, e para a cidade que é chamada pelo Teu
nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a Tua
face fiados em nossas justiças, mas em Tuas
muitas misericórdias.
19 Ó Senhor, ouve! Ó Senhor, perdoa!
Ó Senhor, atende-nos e age, não tardes! Por amor
de Ti mesmo, ó Deus meu; porque a
Tua cidade e o Teu
povo são chamados pelo Teu nome.
20 Estando eu ainda falando e orando, e confessando o meu pecado, e o pecado
do meu povo Israel, e lançando a minha súplica perante a face do SENHOR, meu
Deus, pelo monte santo do meu Deus,
21 Estando eu, digo, ainda falando na oração, o homem Gabriel, que eu tinha
visto na minha visão ao princípio, veio, voando rapidamente, e tocou-me, à
hora do sacrifício do anoitecer.
22 Ele me instruiu, e falou comigo, dizendo: Ó
Daniel, agora saí para
fazer-te sábio e entendido.
23 No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to
declarar, porque és mui amado; entende, pois, a palavra, e
discerne a
visão.
24 Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua
santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para
expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia,
e para ungir o Santíssimo.
25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a
Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas
semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos.
26 E depois das sessenta e duas semanas será
cortado- fora o Messias, mas não para Si
mesmo; e o povo {*} do príncipe {**}, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário,
e o seu fim será com uma inundação; e, até ao fim
da guerra,
estão determinadas as assolações. {* Do Império
Romano?} {** Anticristo}
27 E ele {*} firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da
semana fará cessar o sacrifício e a oblação {**}; e, por
causa do espalhamento das abominações {***}, ele {*} a {****} fará
assolada, e isso até à consumação; e
(finalmente) o que está
determinado será derramado sobre o assolador {*}.
{* Anticristo} {** Oferta} {*** Ídolos?} {**** Judéia?}
Capítulo 10
1 No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada uma palavra a Daniel, cujo nome era
chamado Beltessazar; a
palavra era
verdadeira, mas o tempo (por ela) indicado era
longínquo; e ele entendeu esta palavra, e tinha
entendimento da visão.
2 Naqueles dias eu, Daniel, estive chorando-
lamentando por três semanas
de dias.
3 Alimento desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem
de modo
nenhum me ungi com ungüento, até que se cumpriram as três semanas
de dias.
4 E no dia vinte e quatro do primeiro mês eu estava à borda do grande
rio Hidequel;
5 E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um certo homem vestido de linho, e os
seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz;
6 E o Seu corpo era como berilo, e o seu rosto parecia um relâmpago, e
os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés como
da cor de bronze polido; e a voz das suas palavras era como a voz de uma
multidão.
7 E só eu, Daniel, tive aquela visão. Os homens que estavam comigo não
viram
a visão; contudo caiu sobre eles um grande temor, e fugiram, escondendo-se.
8 Portanto, fui deixado sozinho, a contemplar esta grande visão, e não ficou força em
mim; porque a minha glória foi tornada dentro de mim
em corrupção, e não retive força alguma.
9 Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo o som das suas palavras,
eu caí sobre o meu rosto num profundo sono, com o meu rosto em terra.
10 E eis que certa mão me tocou, e fez com que eu
tremesse sobre os meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos.
11 E me disse: Daniel, um homem muito amado, entende as palavras que eu
vou te dizer, e levanta-te sobre os teus pés, porque a ti sou
enviado. E, falando ele comigo esta palavra, levantei-me tremendo.
12 Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que
aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus,
são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras.
13 Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que
Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu
demorei-me ali com os reis da Pérsia.
14 Agora vim, para fazer-te entender o que há de acontecer ao teu povo nos
últimos dias {*}; porque a visão é ainda para muitos dias.
{* Nota At 2:17}
15 E, falando ele comigo estas palavras, abaixei o meu rosto para a terra, e
emudeci.
16 E eis que alguém, semelhante aos filhos dos homens, tocou-me os lábios;
então abri a minha boca, e falei, dizendo àquele que estava em pé
diante de mim: senhor meu, por causa da visão sobre-vieram-me dores, e não
retive força alguma.
17 Como, pois, pode o servo do meu senhor falar com o meu senhor? Porque,
quanto a mim, desde agora não resta força em mim, e nem fôlego
deixado em mim.
18 E aquele, que tinha aparência de um homem, tocou-me outra vez, e
fortaleceu-me.
19 E disse: Não temas, ó homem muito amado, paz seja contigo;
sê corajoso, sim, sê
corajoso. E, falando ele comigo, fiquei fortalecido, e disse: Fala, meu
senhor, porque me fortaleceste.
20 E ele disse: Sabes por que eu vim a ti? Agora, pois, tornarei a pelejar
contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia.
21 Mas eu te declararei o que está registrado na escritura da verdade;
e ninguém há que, juntamente comigo,
se faça forte nessas coisas, senão Miguel, vosso príncipe.
Capítulo 11
1 Assim, eu, no primeiro ano de Dario, o medo,
sim, eu, levantei-me para
animá-lo e fortalecê-lo.
2 E agora te declararei a verdade: Eis que ainda três reis estarão de pé na
Pérsia, e o quarto acumulará grandes riquezas, mais do que todos; e,
tornando-se forte, por suas riquezas, suscitará a todos contra o reino da
Grécia.
3 Depois se porá de pé um rei valente, que reinará com grande domínio, e fará o
que lhe apraz.
4 Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado, e será
repartido na direção dos quatro {*} ventos do céu; mas não para a sua posteridade,
nem tampouco segundo o seu domínio com que reinou, porque o seu reino será
arrancado pelas raízes, e
passará para outros que não eles. {* Quatro
generais de Alexandre, o Grande}
5 E será forte o rei do sul, e um dos seus príncipes;
mas este será
mais forte do que ele, e reinará poderosamente; seu domínio será
um
grande
domínio.
6 Mas, ao fim de alguns anos, eles se aliarão; e a filha do rei do sul virá ao
rei do norte para fazer um tratado; mas ela não reterá a força do braço
dela; nem ele permanecerá
de pé, nem o braço dele, porque
ela será entregue, e os que a tiverem trazido, e
aquele que a gerou, e o que a
fortalecia naqueles tempos.
7 Mas de um renovo das raízes dela um se levantará em seu lugar, e virá
com o exército, e entrará na fortaleza do rei do norte, e operará contra eles,
e prevalecerá.
8 Também os seus deuses com as suas imagens de fundição,
com os seus
príncipes, com os seus objetos
preciosos de prata e ouro, levará cativos para o Egito; e ele
estará de pé mais anos do que o rei do norte.
9 E entrará no seu reino o rei do sul, e tornará para a terra
dele próprio.
10 Mas seus filhos se inflamarão para guerrear e reunirão uma multidão de grandes forças; e
um (deles) virá apressadamente e inundará,
e passará adiante; e voltará e se inflamará para
guerrear, sim,
até à fortaleza dele.
11 Então o rei do sul se encolerizará, e sairá, e pelejará contra ele,
contra o
rei do norte; este porá em campo grande multidão, e aquela multidão será
entregue na sua mão.
12 A multidão será tirada e o seu coração se elevará; mas ainda que
derrubará muitas dezenas de milhares, contudo não
prevalecerá.
13 Porque o rei do norte tornará, e porá em campo uma multidão maior do que a
primeira, e ao fim dos tempos, isto é, de
certos anos, virá à pressa com
grande exército e com muitas riquezas.
14 E, naqueles tempos, muitos se levantarão contra o rei do sul; e os
homens
assaltantes- violentos dentre o teu povo se levantarão para cumprir a visão, mas eles
cairão.
15 E o rei do norte virá, e levantará baluartes- de-
cerco, e tomará as cidades mais
murada- fortificada; e os braços do sul não
poderão resistir, nem o seu povo escolhido, pois não haverá força para
resistir.
16 O que, pois, há de vir contra ele fará segundo a sua
própria vontade, e ninguém
poderá ficar de pé (resistindo) diante dele; e
ele se porá de pé sobre a terra gloriosa, e por sua mão
haverá destruição.
17 E colocará o seu rosto
em direção para vir com a potência de todo o seu reino, e com
ele os retos, assim ele fará; e dará a ele uma filha das mulheres, para
corrompê-la; ela, porém, não subsistirá ao lado dele, nem será para ele.
18 Depois virará o seu rosto para as ilhas, e tomará muitas; mas um príncipe
fará cessar o seu opróbrio contra ele, e ainda fará recair sobre ele o seu
próprio opróbrio.
19 Virará então o seu rosto para as fortalezas da sua própria terra, mas
tropeçará, e cairá, e não será achado.
20 E em seu lugar se porá de pé quem fará passar um arrecadador
pela glória do
reino; mas em poucos dias será quebrantado, e isto sem ira e sem
batalha.
21 Depois se porá de pé em seu lugar um homem vil {*}, ao qual não
tinham dado a dignidade real; mas ele virá em paz e
prosperidade, e tomará o reino {*}
com engano. {* O reino do norte, sob Antioco
Epifânio}
22 E com os braços de uma inundação serão varridos de diante dele; e
serão quebrantados, como também o príncipe da aliança.
23 E, depois da aliança feita com ele, usará de engano; e subirá, e se tornará
forte com pouca gente.
24 Virá também em paz- e- prosperidade aos lugares mais férteis da província, e fará o que
nunca fizeram seus pais, nem os pais de seus pais; repartirá entre eles a
presa e os despojos, e os bens, e formará os seus projetos contra as
fortalezas, mas por certo tempo.
25 E suscitará a sua força e a sua coragem contra o rei do sul com um grande
exército; e o rei do sul se envolverá na guerra com um grande e mui poderoso
exército; mas não subsistirá, porque maquinarão projetos contra ele.
26 E os que comerem a porção dos seus alimentos o
destruirão; e o exército dele será derramado,
e muitos cairão traspassados.
27 Também estes dois reis terão seus corações fixados
em fazer o mal, e a uma mesma mesa falarão a mentira; mas isso não
prosperará, porque ainda verá o fim no tempo determinado.
28 Então tornará para a sua terra com muitos bens, e o seu coração será
contra a santa aliança; e fará proezas, e tornará para a sua
própria terra.
29 No tempo determinado tornará a vir em direção do sul; mas não será
como foi na primeira vez nem como na última vez.
30 Porque virão contra ele navios de Quitim, que lhe causarão tristeza; e
ele voltará, e se indignará contra a santa aliança, e
agirá, e
voltará, e terá entendimento com aqueles (judeus
apóstatas) que tiverem abandonado a santa aliança.
31 E braços se erguerão em seu lugar, os quais profanarão o santuário e
a fortaleza, e tirarão {*} o sacrifício contínuo, estabelecendo
abominação desoladora. {* Sob Antioco Epifânio}
32 E aos violadores da aliança ele com lisonjas corromperá, mas o povo que
conhece ao seu Deus se tornará forte e fará proezas.
33 E os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; todavia cairão pela
espada, e pelo fogo, e pelo cativeiro, e pelo pilhagem, por muitos dias.
34 E, caindo eles, serão ajudados com pequeno socorro; mas muitos se
achegarão- e- aderirão a eles com lisonjas.
35 E alguns dos entendidos cairão, para serem provados,
serem purificados, e
serem embranquecidos, até ao fim do tempo, porque será ainda para o tempo
determinado.
36 E este rei fará conforme a sua vontade, e exaltar-se-á, e engrandecer-se-á
sobre todo deus; e contra o Deus dos deuses falará coisas espantosas, e
prosperará, até que a ira se complete; porque aquilo que está
determinado será feito.
37 E não terá respeito ao Deus de seus pais, nem ao
desejo de
mulheres {*}, nem terá respeito a deus algum, porque sobre tudo se engrandecerá.
{* Ou desejo por esposas}
38 Mas em seu lugar honrará a um deus das forças; e a um deus a quem
seus pais não conheceram honrará com ouro, e com prata, e com pedras
preciosas, e com coisas agradáveis.
39 Com o auxílio de um deus estranho agirá contra as poderosas fortalezas; aos
que o reconhecerem multiplicará a honra, e os fará reinar sobre muitos, e
repartirá a terra por preço.
40 E, no fim do tempo, o rei do sul lutará com ele, e o rei do norte
virá contra ele como um
redemoinho, com carros, e com cavaleiros, e com muitos navios; e
entrará nas suas terras e as inundará, e passará
sobre eles.
41 E entrará na terra gloriosa, e muitos países cairão, mas da sua mão
escaparão estes: Edom e Moabe, e os chefes dos filhos de Amom.
42 E estenderá a sua mão contra os países, e a terra do Egito não escapará.
43 E terá o poder sobre os tesouros de ouro e de prata e de todas as coisas
preciosas do Egito; e os líbios e os etíopes seguirão os
seus passos.
44 Mas os rumores do oriente e do norte o perturbarão; e sairá com grande
furor, para destruir e totalmente extirpar a muitos.
45 E estabelecerá as tendas do seu palácio entre o mar grande e o monte santo e
glorioso; mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra.
Capítulo 12
1 E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se
levanta a favor dos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual
nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo
o teu povo será libertado, todo aquele que for achado escrito no livro.
2 E muitos (corpos) de entre os que dormem no pó da terra
ressuscitarão, estes para vida eterna, e
os outros para vergonha e desprezo eterno.
3 Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os
que movem muitos para serem
justificados, resplandecerão
como as estrelas sempre e eternamente.
4 E tu, ó Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo;
muitos correrão de uma para outra parte, e o conhecimento
será multiplicado.
5 Então eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros
dois homens, um deste lado, à beira do
rio, e o outro do outro lado, à beira do rio.
6 E um disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do
rio: Quando será o fim destas maravilhas?
7 E ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, o
qual levantou ao céu a sua mão direita e a sua mão esquerda, e jurou por
Aquele que vive eternamente que isso seria
para um tempo, tempos e metade do tempo, e quando tiverem acabado de
espalhar o poder do povo santo, todas estas coisas serão cumpridas.
8 Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso eu disse: ó Senhor meu, qual será
o fim destas coisas?
9 E Ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras
estão fechadas e seladas até ao tempo do fim.
10 Muitos serão purificados, e serão embranquecidos, e
serão provados; mas os
ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios
entenderão.
11 E desde o tempo em que o sacrifício contínuo for tirado, e posta a
abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias.
12 Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco
dias.
13 Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te
postarás em pé na tua
porção, no fim dos dias.