AKJ: Almeida-1753 compatibilizada com a KJB-1611, com grafia e gramática inspiradas na ACF-1995

LIVRO DE DANIEL


Capítulo 1
1 No ano terceiro do reinado de Jeoiaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei de Babilônia, a Jerusalém, e a sitiou.
2 E o Senhor entregou nas suas mãos a Jeoiaquim, rei de Judá, e uma parte dos utensílios da casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa do seu deus, e trouxe os utensílios para dentro da casa do tesouro do seu deus.
3 E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da semente do rei, e dos príncipes,
4 Jovens em quem não houvesse defeito algum, de boa aparência, e habilidosos em toda a sabedoria, e doutos em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para se postarem de pé no palácio do rei, e que lhes ensinassem o conhecimento escrito e a língua dos caldeus.
5 E o rei lhes determinou a porção diária, das iguarias do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem nutridos- criados por três anos, para que no fim destes pudessem postar-se de pé diante do rei.
6 E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias;
7 E o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel pôs o de Beltessazar, e a Hananias o de Sadraque, e a Misael o de Mesaque, e a Azarias o de Abednego.
8 E Daniel propôs no seu próprio coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar.
9 Ora, Deus concedeu a Daniel graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos.
10 E disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; pois por que veria ele os vossos rostos mais tristes do que os dos outros jovens da vossa idade? Assim porias em perigo a minha cabeça para com o rei.
11 Então disse Daniel a Melzar <o despenseiro> a quem o chefe dos eunucos havia constituído sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
12 Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias, e que se nos dêem sementes de leguminosas {*} a comer, e água a beber. {* Isto não exclui pão e derivados de cereais, nem verduras, leite, queijos e frutas: Isto só diz que, no lugar da carne sacrificada aos ídolos, impura espiritualmente e contaminada fisicamente, eles pediram para ter sementes de leguminosas - feijão, ervilhas, lentilha, etc. V. 16 diz que também se afastaram do vinho, ele devia ser contaminado pela fermentação alcoólica.}
13 Então se examine diante de ti a nossa aparência, e a aparência dos jovens que comem a porção das iguarias do rei; e, conforme vires, procederás para com os teus servos.
14 E ele atendeu a esta palavra, e os experimentou durante dez dias.
15 E, ao fim dos dez dias, apareceram os seus semblantes melhores, e eles estavam mais gordos de carne do que todos os jovens que comiam porção das iguarias do rei.
16 Assim Melzar <o despenseiro> tirou-lhes a porção das iguarias, e o vinho de que deviam beber, e lhes dava sementes de leguminosas {*}. {* Nota v. 12}
17 Quanto a estes quatro jovens, Deus lhes deu o conhecimento e a prudência em todas as letras, e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda a visão e sonhos.
18 E, ao fim dos dias em que o rei tinha falado que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe diante de Nabucodonosor.
19 E o rei conversou com eles; e entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; portanto, postaram-se de pé diante do rei.
20 E, em toda a matéria de sabedoria e de discernimento, sobre o que o rei lhes perguntou, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e astrólogos que havia em todo o seu reino.
21 E Daniel permaneceu até ao primeiro ano do rei Ciro.
 


Capítulo 2
1 E no segundo ano do reinado de Nabucodonosor, Nabucodonosor sonhou sonhos; e o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono.
2 Então o rei mandou chamar os magos, os astrólogos, os encantadores, e os caldeus, para que declarassem ao rei os seus sonhos; e eles vieram e se apresentaram diante do rei.
3 E o rei lhes disse: Sonhei um sonho; e para saber o sonho está perturbado o meu espírito.
4 E os caldeus disseram ao rei em aramaico {*}: O rei, vive eternamente! Dize o sonho a teus servos, e revelaremos a sua  interpretação. {* Deste ponto até 7:28 está em aramaico}
5 Respondeu o rei, e disse aos caldeus: O assunto me tem escapado; se não me declarardes o sonho e a sua interpretação, sereis cortados em pedaços, e as vossas casas serão feitas um monturo;
6 Mas se vós me declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis de mim dádivas, recompensas e grande honra; portanto, revelai-me o sonho e a sua interpretação.
7 Responderam segunda vez, e disseram: Diga o rei o sonho a seus servos, e revelaremos a sua interpretação.
8 Respondeu o rei, e disse: Percebo muito bem que vós quereis ganhar tempo; porque vedes que o assunto me tem escapado.
9 De modo que, se não me declarardes o sonho, uma só (e mesma) sentença será a vossa; pois vós preparastes palavras mentirosas e perversas para as proferirdes na minha presença, até que se mude o tempo; portanto, dizei-me o sonho, para que eu entenda que me podeis revelar a sua interpretação.
10 Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram: Não há nenhum homem sobre a terra que possa revelar a palavra ao rei; pois nenhum rei há, nem grande, nem dominador, que requeira coisas semelhantes de algum mago, ou astrólogo, ou caldeu.
11 Porque o assunto que o rei requer é difícil; e nenhum outro há que o possa revelar diante do rei, senão os deuses, cuja morada não é com a carne.
12 Por isso o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que matassem a todos os sábios de Babilônia.
13 E saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos.
14 Então Daniel falou avisada e prudentemente a Arioque, capitão da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios de Babilônia.
15 Respondeu, e disse a Arioque, capitão do rei: Por que se apressa tanto o decreto da parte do rei? Então Arioque declarou a palavra (do rei) a Daniel.
16 E Daniel entrou; e pediu ao rei que lhe desse tempo, para que lhe pudesse revelar a interpretação.
17 Então Daniel foi para a sua casa, e declarou o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros;
18 Para que pedissem misericórdia ao Deus do céu, sobre este segredo, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem, juntamente com o restante dos sábios de Babilônia.
19 Então foi revelado o segredo a Daniel numa visão de noite; então Daniel louvou o Deus do céu.
20 Falou Daniel, dizendo: Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dEle são a sabedoria e a força;
21 E Ele muda os tempos e as estações; Ele remove os reis e estabelece os reis; Ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos que conhecem o entendimento.
22 Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com Ele mora a luz.
23 Ó Deus de meus pais, eu Te dou graças e Te louvo, porque me deste sabedoria e força; e agora me declaraste o que Te pedimos, porque nos declaraste este assunto do rei.
24 Por isso Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei tinha constituído para matar os sábios de Babilônia; entrou, e disse-lhe assim: Não mates os sábios de Babilônia; introduze-me na presença do rei, e revelarei ao rei a interpretação.
25 Então Arioque depressa introduziu a Daniel na presença do rei, e disse-lhe assim: Achei um homem dentre os cativos de Judá, o qual declarará ao rei a interpretação.
26 Respondeu o rei, e disse a Daniel (cujo nome era Beltessazar): Podes tu declarar-me o sonho que tenho visto, e a sua interpretação?
27 Respondeu Daniel na presença do rei, dizendo: O segredo que o rei requer, nem sábios, nem astrólogos, nem magos, nem adivinhos o podem revelar ao rei;
28 Mas há um Deus no céu, o Qual revela os segredos; Ele, pois, declarou ao rei Nabucodonosor o que há de acontecer nos últimos dias; o teu sonho e as visões da tua cabeça que tiveste na tua cama são estes:
29 Estando tu, ó rei, sobre a tua cama, subiram os teus pensamentos à tua mente, acerca do que há de ser depois disto. E Aquele que revela os segredos te declarou o que há de ser.
30 E a mim me foi revelado esse segredo, não porque haja em mim mais sabedoria que em todos os viventes, mas em benefício deles, para que a interpretação se declarasse ao rei, e para que tu entendesses os pensamentos do teu coração.
31 Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta estátua, que era imensa, cujo esplendor era excelente, e estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível.
32 A cabeça daquela estátua era de ouro fino; o seu peito e os seus braços de prata; o seu ventre e as suas coxas de bronze;
33 As pernas de ferro; e os seus pés em parte de ferro e em parte de barro.
34 Estavas vendo isto, quando uma pedra {*} foi cortada- fora, sem auxílio de mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou. {* A súbita vinda do Reino Milenar de Cristo}  
35 Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como pragana {*} das eiras do estio, e o vento os levou, e não se achou lugar algum para eles; mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou um grande monte, e encheu toda a terra. {* "Pragana" = barba das espigas de cereais, particularmente quando está solta como pó, depois deles serem trilhados}
36 Este é o sonho; também a sua interpretação diremos na presença do rei.
37 Tu, ó rei, és rei de reis; a quem o Deus do céu tem dado um reino, poder, força, e glória.
38 E onde quer que habitem os filhos de homens, na tua mão entregou os animais do campo, e as aves (de rapina) do ar, e fez que reinasse sobre todos eles; tu és esta cabeça de ouro.
39 E depois de ti se levantará outro reino {*}, inferior ao teu; e um outro terceiro reino {**}, de bronze, o qual dominará sobre toda a terra. {* Império Medo-Persa} {* Império Macedônico-Grego}
40 E o quarto reino {*} será forte como ferro; pois, como o ferro, esmiúça e quebra tudo; como o ferro que quebra todas as coisas, assim ele esmiuçará e fará em pedaços. {* Império Romano, que seria dividido na perna oriental de Constantinopla, e na perna ocidental de Roma}
41 E, quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de oleiro, e em parte de ferro, isso será um reino dividido; contudo haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois viste o ferro misturado com argamassa de lama.
42 E como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em parte de barro, assim por uma parte o reino será forte, e por outra será frágil.
43 Quanto ao que viste do ferro misturado com argamassa de lama, eles misturarão a si mesmos com semente humana, mas não se achegarão- e- aderirão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro.
44 Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não será deixado para outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre,
45 Da maneira que viste que do monte foi cortada- fora uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro; o grande Deus declarou ao rei o que há de ser depois de hoje. Certo é o sonho, e segura a sua interpretação.
46 Então o rei Nabucodonosor caiu sobre a sua face, e se prostrou- em- homenagem a Daniel, e ordenou que lhe oferecessem uma oblação {*} e perfumes suaves. {* "Oblação" é oferta}
47 Respondeu o rei a Daniel, e disse: Certamente o vosso Deus é um Deus dos deuses, e um Senhor dos reis e revelador de segredos, pois tu pudeste revelar este segredo.
48 Então o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitas e grandes dádivas, e o pôs por governador de toda a província de Babilônia, como também o fez chefe dos governadores sobre todos os sábios de Babilônia.
49 E pediu Daniel ao rei, e este constituiu sobre os negócios da província de Babilônia a Sadraque, Mesaque e Abednego; mas Daniel permaneceu na porta do rei.
 


Capítulo 3
1 O rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro, cuja altura era de sessenta côvados, e a sua largura de seis côvados; levantou-a no planície de Dura, na província de Babilônia.
2 Então o rei Nabucodonosor mandou reunir os sátrapas {*}, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juízes, os capitães, e todos os oficiais das províncias, para que viessem à consagração da estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado. {* Governadores das províncias do Império Persa}
3 Então se reuniram os sátrapas, os prefeitos e governadores, os capitães, os juízes, os tesoureiros, os conselheiros, e todos os oficiais das províncias, à consagração da estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado; e estavam em pé diante da imagem que Nabucodonosor tinha levantado.
4 E o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações e línguas:
5 Quando ouvirdes o som da buzina, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e de toda a espécie de música, prostrar-vos-eis, e adorareis a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tem levantado.
6 E qualquer que não se prostrar e não a adorar, será na mesma hora lançado para dentro da fornalha de fogo ardente.
7 Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da buzina, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério e de toda a espécie de música, prostraram-se todos os povos, nações e línguas, e adoraram a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado.
8 Por isso, no mesmo instante chegaram perto alguns caldeus, e acusaram os judeus.
9 E responderam, dizendo ao rei Nabucodonosor: O rei, vive eternamente!
10 Tu, ó rei, fizeste um decreto, pelo qual todo homem que ouvisse o som da buzina, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, e da gaita de foles, e de toda a espécie de música, se prostrasse e adorasse a estátua de ouro;
11 E, qualquer que não se prostrasse e adorasse, seria lançado para dentro da fornalha de fogo ardente.
12 Há uns homens judeus, os quais constituíste sobre os negócios da província de Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abednego; estes homens, ó rei, não fizeram caso de ti; a teus deuses não servem, nem adoram a estátua de ouro que levantaste.
13 Então Nabucodonosor, em sua ira e furor, mandou trazer a Sadraque, Mesaque e Abednego. E trouxeram a estes homens perante o rei.
14 Falou Nabucodonosor, e lhes disse: É de propósito, ó Sadraque, Mesaque e Abednego, que vós não servis a meus deuses nem adorais a estátua de ouro que levantei?
15 Agora, pois, se estais prontos, quando ouvirdes o som da buzina, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e de toda a espécie de música, para vos prostrardes e adorardes a estátua que fiz, bom é; mas, se não a adorardes, sereis lançados, na mesma hora, para dentro da fornalha de fogo ardente. E quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?
16 Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei Nabucodonosor: Não necessitamos de te responder sobre este negócio.
17 Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é Quem nos pode livrar; Ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei.
18 E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.
19 Então Nabucodonosor se encheu de furor, e mudou-se o aspecto do seu semblante contra Sadraque, Mesaque e Abednego; portanto, Nabucodonosor falou, e ordenou que a fornalha se aquecesse sete vezes mais do que ela de costume era vista ser aquecida.
20 E ordenou aos homens mais poderosos, que estavam no seu exército, que atassem a Sadraque, Mesaque e Abednego, para lançá-los na fornalha de fogo ardente.
21 Então estes homens foram atados, vestidos com as suas capas, suas túnicas, e seus chapéus, e demais roupas, e foram lançados para dentro da fornalha de fogo ardente.
22 E, porque a palavra do rei era urgente, e a fornalha estava sobremaneira quente, a chama do fogo matou aqueles homens que carregaram a Sadraque, Mesaque, e Abednego.
23 E estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abednego, caíram atados para dentro da fornalha de fogo ardente.
24 Então o rei Nabucodonosor ficou atônito, e se levantou depressa; falou, dizendo aos seus conselheiros: Não lançamos nós, dentro do fogo, três homens atados? Eles responderam e disseram ao rei: É verdade, ó rei.
25 Nabucodonosor respondeu, dizendo: Mas eis que eu vejo quatro homens soltos, que andam passeando no meio do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante aO Filho de Deus.
26 Então, aproximando-se Nabucodonosor da porta da fornalha de fogo ardente, falou, dizendo: Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde aqui! Então Sadraque, Mesaque e Abednego vieram à frente, para fora do meio do fogo.
27 E reuniram-se os sátrapas {*}, os capitães, os governadores e os conselheiros do rei e, contemplando estes homens, viram que o fogo não tinha tido poder algum sobre os seus corpos; nem um só cabelo da sua cabeça se tinha queimado, nem as suas capas se mudaram, nem cheiro de fogo tinha passado sobre eles. {* Governadores das províncias do Império Persa}
28 Falou Nabucodonosor, dizendo: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, que enviou o Seu Anjo, e livrou os Seus servos que confiaram nEle, têm alterado a palavra do rei (desafiando-a), preferindo entregar os seus corpos, para que não servissem nem adorassem algum outro deus, senão o Deus deles mesmos.
29 Por mim, pois, é feito um decreto, pelo qual todo o povo, e nação e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, seja cortado em pedaços, e as suas casas sejam feitas um monturo; porquanto não há outro Deus que possa livrar como Este.
30 Então o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abednego, na província de Babilônia.
 


Capítulo 4
1 Nabucodonosor rei, a todos os povos, nações e línguas, que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada.
2 Pareceu-me bem revelar os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo.
3 Quão grandes são os Seus sinais, e quão poderosas as Suas maravilhas! O Seu reino é um reino sempiterno, e o Seu domínio é de geração em geração.
4 Eu, Nabucodonosor, estava tranqüilo em minha casa, e próspero no meu palácio.
5 Vi um sonho, que me causou medo; e estando eu na minha cama, as imaginações e as visões da minha cabeça me turbaram.
6 Por isso fiz um decreto, para que fossem introduzidos à minha presença todos os sábios de Babilônia, para que me declarassem a interpretação do sonho.
7 Então entraram os magos, os astrólogos, os caldeus e os adivinhadores, e eu contei o sonho diante deles; mas não me declararam a sua interpretação.
8 Mas por fim entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e no qual o espírito dos deuses santos; e eu contei o sonho diante dele, dizendo:
9 Ó Beltessazar, mestre dos magos (pois eu sei que em ti o espírito dos deuses santos, e nenhum segredo te é difícil), dize-me as visões do meu sonho que eu vi e a sua interpretação.
10 Eis, pois, as visões da minha cabeça, estando eu na minha cama: Eu estava assim olhando, e vi uma árvore no meio da terra, cuja altura era grande;
11 Crescia esta árvore, e se fazia forte, de maneira que a sua altura chegava até ao céu; e sua visão alcançava até aos confins da terra.
12 A sua folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as aves (de rapina) do ar faziam morada nos seus ramos, e toda a carne se alimentava dela.
13 Estava vendo isso nas visões da minha cabeça, estando eu na minha cama; e eis que um vigia {*}, um santo (vigia), descia do céu, {* Um anjo}
14 Clamando fortemente, e dizendo assim: Derrubai a árvore, e cortai- fora os seus ramos, sacudi as suas folhas, espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela, e as aves (de rapina) dos seus ramos.
15 Mas deixai na terra o tronco com as suas raízes, atada com cadeias de ferro e de bronze, na tenra grama do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e seja a sua porção com os animais no capim da terra;
16 Seja mudado o seu coração, para que não seja mais coração de homem, e lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ele sete tempos.
17 Esta sentença é por decreto dos vigias, e esta ordem por mandado dos santos (vigias), a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quemquer que Ele queira, e até ao mais humilde dos homens constitui sobre isto (o reino dos homens).
18 Este sonho eu, rei Nabucodonosor vi. Tu, pois, Beltessazar, dize a interpretação dele, porque todos os sábios do meu reino não puderam declarar-me a sua interpretação, mas tu podes; pois em ti o espírito dos deuses santos.
19 Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito por uma hora, e os seus pensamentos o turbavam; falou, pois, o rei, dizendo: Beltessazar, não te alarme o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Beltessazar, dizendo: Senhor meu, (eu desejaria que) fosse o sonho contra os que te têm ódio, e fosse a sua interpretação contra os teus inimigos.
20 A árvore que viste, que cresceu, e se fez forte, cuja altura chegava até ao céu, e que sua visão alcançava a toda a terra;
21 Cujas folhas eram formosas, e o seu fruto abundante, e em que para todos havia sustento, debaixo da qual moravam os animais do campo, e em cujos ramos habitavam as aves (de rapina) do ar;
22 És tu, ó rei, que cresceste, e te fizeste forte; a tua grandeza cresceu, e chegou até ao céu, e o teu domínio até à extremidade da terra.
23 E quanto ao que viu o rei, um vigia, um santo (vigia), que descia do céu, e dizia: Cortai- abaixo a árvore, e destruí-a, mas o tronco com as suas raízes deixai na terra, e atada com cadeias de ferro e de bronze, na tenra grama do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais do campo, até que passem sobre ele sete tempos;
24 Esta é a interpretação, ó rei; e este é o decreto do Altíssimo, que virá sobre o rei, meu senhor:
25 Expulsar-te-ão de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer grama como os bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti; até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e Ele o dá a quemquer que Ele queira.
26 E quanto ao que foi falado, que deixassem o tronco com as raízes da árvore, o teu reino será assegurado a ti, depois que tiveres conhecido que oS céuS reinam.
27 Portanto, ó rei, aceita o meu conselho a ti, e rasga fora os teus pecados, por vires a praticar a justiça, e rasga fora as tuas iniqüidades, usando de misericórdia com os pobres, pois, talvez, se prolongue a tua tranqüilidade.
28 Todas estas coisas vieram sobre o rei Nabucodonosor.
29 Ao fim de doze meses, quando passeava no palácio real de Babilônia,
30 Falou o rei, dizendo: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência?
31 Ainda estava a palavra na boca do rei, quando caiu uma voz do céu, dizendo: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Passou de ti o reino.
32 Expulsar-te-ão de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; far-te-ão comer grama como os bois, e passar-se-ão sete tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo domina sobre o reino dos homens, e Ele o dá a quemquer que Ele queira.
33 Na mesma hora se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor, e foi expulso de entre os homens, e comia grama como os bois, e o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceu pelo, como as penas da águia, e as suas unhas como as das aves (de rapina).
34 Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei aO que vive para sempre, Cujo domínio é um domínio sempiterno, e Cujo reino é de geração em geração.
35 E todos os habitantes da terra são reputados em nada, e segundo a Sua vontade Ele opera no exército do céu e entre os habitantes da terra; não há quem possa estorvar a Sua mão, e Lhe diga: Que fazes?
36 No mesmo tempo tornou a mim o meu entendimento, e para a dignidade do meu reino tornou-me a vir a minha majestade e o meu resplendor; e buscaram-me os meus conselheiros e os meus senhores; e fui restabelecido no meu reino, e excelente majestade me foi adicionada.
37 Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalço e glorifico ao Rei do céu; porque todas as Suas obras são verdade, e os Seus caminhos são juízo, e Ele pode humilhar aos que andam na soberba.
 


Capítulo 5
1 O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus senhores, e bebeu vinho na presença dos mil.
2 Havendo Belsazar provado o vinho, mandou trazer os vasos de ouro e de prata, que Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado do templo que estava em Jerusalém, para que bebessem neles o rei, os seus príncipes, as suas esposas e concubinas.
3 Então trouxeram os vasos de ouro, que foram tirados do templo da casa de Deus, que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus príncipes, as suas esposas e concubinas.
4 Beberam o vinho, e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira, e de pedra.
5 Na mesma hora saíram (como que do nada) uns dedos de mão de homem, e escreviam, defronte do castiçal, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que estava escrevendo.
6 Mudou-se então o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram, tanto que as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam um no outro.
7 E gritou o rei com força, que se introduzissem os astrólogos, os caldeus e os adivinhadores; e falou o rei, dizendo aos sábios de Babilônia: Qualquer que ler este escrito, e me revelar a sua interpretação, será vestido de púrpura, e terá uma cadeia de ouro ao redor do seu pescoço e, no reino, será o terceiro governante.
8 Então entraram todos os sábios do rei; mas não puderam ler o escrito, nem declarar ao rei a sua interpretação.
9 Então o rei Belsazar perturbou-se muito, e mudou-se-lhe o semblante; e os seus senhores estavam sobressaltados.
10 A rainha, por causa das palavras do rei e dos seus senhores, entrou na casa do banquete, e a rainha respondeu, dizendo: Ó rei, vive para sempre! Não te perturbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante.
11 Há no teu reino um homem, no qual há o espírito dos deuses santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência para entender, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, o rei, o constituiu mestre dos magos, dos astrólogos, dos caldeus e dos adivinhadores;
12 Porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e conhecimento, e entendimento, interpretando sonhos e explicando enigmas, e resolvendo dúvidas, ao qual o rei pôs o nome de Beltessazar. Chame-se, pois, agora Daniel, e ele revelará a interpretação.
13 Então Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou o rei, dizendo a Daniel: És tu aquele Daniel, um dos filhos dos cativos de Judá, que o rei, meu pai, trouxe dos Judeus?
14 Tenho ouvido dizer a teu respeito que o espírito dos deuses está em ti, e que em ti se acham a luz, e o entendimento e a excelente sabedoria.
15 Agora mesmo foram introduzidos à minha presença os sábios e os astrólogos, para lerem este escrito, e me declararem a sua interpretação; mas não puderam revelar a interpretação destas palavras.
16 Eu, porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar interpretação e resolver dúvidas. Agora, se puderes ler este escrito, e declarar-me a sua interpretação, serás vestido de púrpura, e terás cadeia de ouro ao redor do teu pescoço e no reino serás o terceiro governante.
17 Então respondeu Daniel, e disse na presença do rei: As tuas dádivas fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outro; contudo lerei ao rei o escrito, e declarar-lhe-ei a interpretação.
18 Ó rei! Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu pai, o reino, e a grandeza, e a glória, e a majestade.
19 E por causa da grandeza, que Ele lhe deu, todos os povos, nações e línguas tremiam e temiam diante dele; a quem queria ele matava, e a quem ele queria conservava em vida; e a quem ele queria engrandecia, e a quem ele queria abatia.
20 Mas quando o seu coração se exaltou, e o seu espírito se endureceu em soberba, foi derrubado do seu trono real, e tomaram dele a sua glória.
21 E foi expulso de entre os filhos dos homens, e o seu coração foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os jumentos monteses; fizeram-no comer grama como os bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens, e a quem Ele quer constitui sobre ele.
22 E tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração, ainda que soubeste tudo isto.
23 E te levantaste contra o Senhor do céu, pois foram trazidos à tua presença os vasos da casa dEle, e tu, os teus senhores, as tuas esposas e as tuas concubinas, bebestes vinho neles; além disso, deste louvores aos deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não vêem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em Cuja mão está a tua vida, e de Quem são todos os teus caminhos, a Ele não glorificaste.
24 Então dEle foi enviada aquela parte da mão, que escreveu este escrito.
25 Este, pois, é o escrito que se escreveu: MENE, MENE, TEQUEL, UFARSIM.
26 Esta é a interpretação daquilo: MENE: Contou Deus o teu reino, e o acabou.
27 TEQUEL: Pesado foste nas balanças, e foste achado em falta.
28 PERES {*}: Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e aos persas. {* "Peres" é o singular de "Pharsin" do v. 25 e significa "partido, dividido"}
29 Então mandou Belsazar que vestissem a Daniel de púrpura, e que lhe pusessem uma cadeia de ouro ao redor do seu pescoço, e proclamassem a respeito dele que havia de ser o terceiro no governo do seu reino.
30 Naquela noite foi morto Belsazar, rei dos caldeus.
31 E Dario, o medo, tomou o reino, sendo da idade de sessenta e dois anos.
 


Capítulo 6
1 E pareceu bem a Dario constituir sobre o reino cento e vinte sátrapas, que estivessem sobre todo o reino; {* Governadores das províncias do Império Persa}
2 E sobre eles três presidentes (dos quais Daniel era o primeiro), aos quais estes sátrapas dessem conta, para que o rei não sofresse dano.
3 Então o mesmo Daniel se distinguiu- e- foi- preferido acima destes presidentes e sátrapas; porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava constituí-lo sobre todo o reino.
4 Então os presidentes e os sátrapas procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem falta.
5 Então estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, se não a acharmos contra ele usando a lei do seu Deus.
6 Então estes presidentes e sátrapas foram juntos ao rei, e disseram-lhe assim: O rei Dario, vive para sempre!
7 Todos os presidentes do reino, os capitães e sátrapas, conselheiros e governadores, concordaram em promulgar um edito real e confirmar o decreto- de- proibição que qualquer que, por espaço de trinta dias, fizer uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, e não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões.
8 Agora, pois, ó rei, confirma o decreto- de- proibição, e assina o edito, para que não seja mudado, conforme a lei dos medos e dos persas, que não se pode revogar.
9 Por esta razão o rei Dario assinou o edito e o decreto- de- proibição.
10 Daniel, pois, quando soube que o edito estava assinado, entrou em sua casa (ora, havia no seu quarto janelas abertas para o  lado de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças diante do seu Deus, como também costumava fazer antes disso.
11 Então aqueles homens foram juntos, e acharam a Daniel orando e suplicando diante do seu Deus.
12 Então se apresentaram ao rei e, a respeito do edito real, disseram-lhe: Porventura não assinaste o edito, pelo qual todo o homem que fizesse uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, por espaço de trinta dias, e não a ti, ó rei, fosse lançado na cova dos leões? Respondeu o rei, dizendo: Esta palavra é certa, conforme a lei dos medos e dos persas, que não se pode revogar.
13 Então responderam eles, e disseram diante do rei: Daniel, que é dos filhos dos cativos de Judá, não tem feito caso de ti, ó rei, nem do edito que assinaste, antes três vezes por dia faz a sua oração.
14 Ouvindo então o rei essas palavras, ficou dolorosamente desagradado de si mesmo, e a favor de Daniel propôs dentro do seu coração livrá-lo; e até ao pôr do sol trabalhou para salvá-lo.
15 Então aqueles homens foram juntos ao rei, e disseram ao rei: Sabe, ó rei, que é lei dos medos e dos persas que nenhum edito ou decreto, que o rei estabeleça, se pode mudar.
16 Então o rei ordenou que trouxessem a Daniel, e lançaram-no na cova dos leões. E, falando o rei, disse a Daniel: O teu Deus, a Quem tu continuamente serves, Ele te livrará.
17 E foi trazida uma pedra e posta sobre a boca da cova; e o rei a selou com o seu próprio anel e com o anel dos seus senhores, para que não se mudasse o propósito- determinado acerca de Daniel.
18 Então o rei foi para o seu palácio, e passou a noite em jejum, e não deixou trazer à sua presença instrumentos de música; e fugiu dele o sono.
19 Ao alvorecer, ao romper do dia, levantou-se o rei, e foi com pressa à cova dos leões.
20 E, chegando-se à cova, chamou por Daniel com voz de lamento; e o rei falou, dizendo a Daniel: Ó Daniel, servo do Deus vivo, dar-se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?
21 Então Daniel falou ao rei: O rei, vive para sempre!
22 O meu Deus enviou o Seu Anjo, e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dEle; e também contra ti, ó rei, não tenho cometido delito algum.
23 Então o rei excedentemente se alegrou por ele (por Daniel), e mandou que subissem Daniel para fora da cova. Assim foi subido Daniel para fora da cova, e nenhum tipo de dano se achou nele, porque crera no seu Deus.
24 E ordenou o rei, e foram trazidos aqueles homens que tinham acusado a Daniel, e foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos e suas esposas; e ainda não tinham chegado ao fundo da cova quando os leões se apoderaram deles, e lhes esmigalharam todos os ossos.
25 Então o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e línguas que moram em toda a terra: A paz vos seja multiplicada.
26 Da minha parte é feito um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque Ele é o Deus vivo e que permanece para sempre, e o Seu reino não se pode destruir, e o Seu domínio durará até o fim.
27 Ele salva, resgata, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; Ele salvou Daniel do poder dos leões.
28 Este Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario, e no reinado de Ciro, o persa.
 


Capítulo 7
1 No primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia, viu Daniel um sonho e visões da sua cabeça quando estava na sua cama; escreveu logo o sonho, e relatou a suma das coisas.
2 Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu golpeavam sobre o mar grande.
3 E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar.
4 O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado para fora da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem.
5 Continuei olhando, e eis aqui um outro animal, o segundo, semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne.
6 Depois disto, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio.
7 Depois disto eu continuei olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, amedrontador e terrível, e muito forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez chifres.
8 Estando eu a considerar os chifres, eis que, entre eles subiu outro chifre pequeno {*}, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados- pelas- suas- raízes; e eis que neste chifre havia olhos, como os olhos de homem, e uma boca que falava grandes coisas. {* Anticristo, na 70a. semana de Daniel}
9 Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias se assentou; a Sua veste era branca como a neve, e o cabelo da Sua cabeça como a pura lã; e Seu trono era como de chamas de fogo, e as rodas dele (do trono) eram como de fogo ardente.
10 Um rio de fogo manava e saía de diante dEle; milhares de milhares O serviam, e miríades de miríades se postavam de pé diante dEle; assentou-se o juízo, e abriram-se os livros.
11 Então estive olhando, por causa da voz das grandes palavras que o chifre proferia; estive olhando até que o animal foi morto, e o seu corpo desfeito, e entregue para ser queimado pelo fogo;
12 E, quanto ao restante dos animais, foi-lhes tirado o domínio deles; todavia foi-lhes prolongada a vida por uma estação e um tempo.
13 Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o Filho do homem {*}; e veio até ao Ancião de Dias {**}, e eles (anjos) O fizeram chegar até diante dEle (do Ancião de Dias). {* Deus, a Palavra eterna, pré-encarnada} {** Deus, o Pai}
14 E foi-Lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas O servissem; o Seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o Seu reino tal, que não será destruído.
15 Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi abatido dentro do corpo, e as visões da minha cabeça me perturbaram.
16 Cheguei-me a um dos (anjos) que estavam postados perto, e pedi-lhe a verdade acerca de tudo isto. E ele me disse, e declarou-me a interpretação das coisas.
17 Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis, que se levantarão da terra.
18 Mas os santos do Altíssimo receberão o reino, e o possuirão para todo o sempre, e de eternidade em eternidade.
19 Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram de ferro e as suas unhas de bronze; que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobrava;
20 E também a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça, e do outro que subiu, e diante do qual caíram três, isto é, daquele chifre que tinha olhos, e uma boca que falava grandes coisas, e cujo parecer era mais robusto do que o dos seus companheiros.
21 Eu olhava, e eis que este chifre fazia guerra contra os santos, e prevaleceu contra eles.
22 Até que veio o Ancião de Dias, e foi concedido julgamento aos santos do Altíssimo; e chegou o tempo em que os santos possuíram o reino.
23 Assim ele (o anjo) disse: O quarto animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços.
24 E os dez chifres são dez reis que se levantarão para fora daquele mesmo reino; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e humilhará- subjugará a três reis.
25 E proferirá (injuriosas) palavras contra o Altíssimo, e consumirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues na sua mão, por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo.
26 Mas o julgamento será feito tomar assento, e eles tirarão o seu domínio, para o destruir e para o desfazer até ao fim.
27 E o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o Seu reino será um reino eterno, e todos os domínios O servirão, e Lhe obedecerão.
28 Aqui terminou o assunto. Quanto a mim, Daniel, os meus pensamentos muito me perturbaram, e mudou-se em mim o meu semblante; mas guardei o assunto no meu coração {*}. {* Desde 2:4 até aqui está em aramaico}
 


Capítulo 8
1 No ano terceiro do reinado do rei Belsazar apareceu-me uma visão, sim, a mim, Daniel, depois daquela que me apareceu no princípio.
2 E vi na visão; e sucedeu que, quando vi, eu estava na cidadela de Susã, que está na província de Elão; vi, pois, na visão, que eu estava junto ao rio Ulai.
3 E levantei os meus olhos, e vi, e eis que um carneiro estava postado diante do rio, o qual tinha dois chifres; e os dois chifres eram altos, mas um era mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último.
4 Vi que o carneiro dava marradas na direção para o ocidente, e na direção para o norte e na direção para o sul; e nenhum dos animais podia permanecer de pé (resistindo) diante dele; nem havia quem pudesse livrar para fora da sua mão; e ele fazia conforme a sua vontade, e se engrandecia.
5 E, estando eu considerando, eis que um bode (um macho) vinha do ocidente sobre a face de toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha um chifre insigne entre os seus olhos.
6 E ele dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, ao qual eu tinha visto em pé diante do rio, e correu contra ele no fúria da sua força.
7 E vi-o chegar perto do carneiro, enfurecido contra ele, e, ferindo o carneiro, quebrou-lhe os dois chifres, pois não havia força no carneiro permanecer de pé diante dele, e ele (o bode) o lançou por terra, e o pisou aos pés; não houve quem pudesse livrar o carneiro da sua mão.
8 E o bode (o macho) se engrandeceu sobremaneira; mas, estando na sua maior força, aquele grande chifre foi quebrado; e no seu lugar subiram outros quatro também insignes, nas direções para os quatro ventos do céu.
9 E de um deles saiu um chifre muito pequeno {*}, o qual cresceu muito em direção ao sul, e em direção ao oriente, e em direção à terra formosa {**}. {* Antioco Epifânio} {** Judéia}
10 E se engrandeceu até contra o exército {*} do céu; e a alguns do exército {*}, e das estrelas {**}, lançou por terra, e os pisou. {* Os judeus fiéis soldados do SENHOR} {** As luzes para os judeus, isto é, os fiéis profetas e sacerdotes e levitas}
11 E se engrandeceu até contra o príncipe {*} do exército; e por ele foi tirado o sacrifício contínuo, e o lugar do seu santuário foi lançado por terra {**}. {* O sacerdote Onias? O líder Judas Macabeus? Deus?} {** Foi profanado}
12 E um exército foi-lhe dado contra o sacrifício contínuo, por causa da transgressão; e lançou a verdade por terra, e fez isto, e prosperou.
13 Depois ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele tal que falava: Até quando durará a visão do sacrifício contínuo, e da transgressão assoladora, para que sejam entregues o santuário e o exército, a fim de serem pisados?
14 E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; então o santuário será purificado {*}. {* Cumpriu-se sob Antioco Epifânio}
15 E aconteceu que, havendo eu, Daniel, visto a visão, procurei o significado, e eis que se postou diante de mim como que uma semelhança de homem.
16 E ouvi uma voz de homem entre as margens do Ulai, a qual gritou, e disse: Gabriel, dá a entender a este a visão.
17 Assim ele (Gabriel) veio perto de onde eu me postava; e, vindo ele, me amedrontei, e caí sobre o meu rosto; mas ele me disse: Entende, filho do homem, porque esta visão é para o tempo do fim.
18 E, estando ele falando comigo, caí em profundo sono com o rosto em terra; ele, porém, me tocou, e me fez estar em pé em meu local.
19 E disse: Eis que te declararei o que há de acontecer no último tempo da ira- da- indignação; porque o fim será ao tempo determinado.
20 Aquele carneiro que viste com dois chifres são os reis da Média e da Pérsia,
21 Mas o bode peludo é o rei da Grécia; e o grande chifre que tinha entre os seus olhos é o primeiro rei;
22 O ter sido (o grande chifre) quebrado, levantando-se quatro em lugar dele, significa que quatro reinos {*} se levantarão da mesma nação, mas não com a força dele. {* As partições da Macedônia, Síria, Egito, Ásia Menor}
23 Mas, no fim do reinado deles, quando os transgressores tiverem sido completados, se levantará um rei, feroz de semblante e entendido em sentenças enigmáticas.
24 E se fortalecerá o seu poder, mas não pela sua própria força; e destruirá maravilhosamente, e prosperará, e praticará o que lhe aprouver; e destruirá os poderosos e o povo santo.
25 E pelo seu entendimento também fará prosperar o engano na sua mão; e engrandecerá a si mesmo no seu coração, e, através da paz- e- prosperidade, destruirá a muitos; e ele se levantará contra o Príncipe dos príncipes, mas sem mão será quebrado.
26 E a visão do anoitecer e da manhã que foi falada, é verdadeira. Tu, porém, cerra a visão, porque se refere a dias muito distantes.
27 E eu, Daniel, enfraqueci, e estive enfermo alguns dias; então levantei-me e tratei do negócio do rei. E estive atônito acerca da visão, e não havia quem a entendesse.
 


Capítulo 9
1 No ano primeiro de Dario, filho de Assuero, da semente dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus,
2 No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número dos anos, que veio como palavra do SENHOR ao profeta Jeremias, em que haviam de cumprir-se as desolações de Jerusalém, era de setenta anos.
3 E eu coloquei o meu rosto na direção do Senhor Deus, para O buscar com oração e súplicas, com jejum, e pano de saco e cinza.
4 E orei ao SENHOR meu Deus, e confessei, e disse: Ah! Senhor! Deus grande e tremendo, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que Te amam e guardam os Teus mandamentos;
5 Pecamos, e cometemos iniqüidades, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos Teus mandamentos e dos Teus juízos;
6 E não demos ouvidos aos Teus servos, os profetas, que em Teu nome falaram aos nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, como também a todo o povo da terra.
7 A Ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós a confusão de rosto, como hoje se vê; aos homens de Judá, e aos habitantes de Jerusalém, e a todo o Israel, aos de perto e aos de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por causa das suas transgressões que têm transgredido contra Ti.
8 Ó Senhor, a nós pertence a confusão de rosto, aos nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, porque pecamos contra Ti.
9 Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia, e o perdão; embora tenhamos nos rebelado contra Ele,
10 E não obedecemos à voz do SENHOR, nosso Deus, para andarmos nas Suas leis, que Ele pôs diante de nós por meio da mão {*} de Seus servos, os profetas. {* o servir}
11 Sim, todo o Israel transgrediu a Tua lei, desviando-se para não obedecer à Tua voz; por isso a maldição e o juramento, que estão escritos na lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós; porque pecamos contra Ele.
12 E Ele confirmou a Sua palavra, que Ele falou contra nós, e contra os nossos juízes que nos julgavam, trazendo sobre nós um grande mal; porquanto debaixo de todo o céu nunca se fez como se tem feito sobre Jerusalém.
13 Como está escrito na lei de Moisés, assim todo este mal nos sobreveio; apesar disso, não suplicamos diante da face do SENHOR nosso Deus, para voltarmos atrás das nossas iniqüidades, e para entendermos a Tua verdade.
14 Por isso o SENHOR vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós; porque justo é o SENHOR, nosso Deus, em todas as Suas obras, que Ele fez, pois não obedecemos à Sua voz.
15 Agora, pois, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o Teu povo da terra do Egito com mão poderosa, e ganhaste para Ti renome, como hoje se vê; temos pecado, temos procedido impiamente.
16 Ó Senhor, segundo todas as Tuas justiças, rogo-Te, aparte-se a Tua ira e o Teu furor da Tua cidade de Jerusalém, do Teu santo monte; porque por causa dos nossos pecados, e por causa das iniqüidades de nossos pais, tornou-se Jerusalém e o Teu povo um opróbrio para todos os que estão em redor de nós.
17 Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do Teu servo, e as suas súplicas, e sobre o Teu santuário assolado faze resplandecer o Teu rosto, por amor do Senhor.
18 Inclina, ó Deus meu, os Teus ouvidos, e ouve; abre os Teus olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada pelo Teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a Tua face fiados em nossas justiças, mas em Tuas muitas misericórdias.
19 Ó Senhor, ouve! Ó Senhor, perdoa! Ó Senhor, atende-nos e age, não tardes! Por amor de Ti mesmo, ó Deus meu; porque a Tua cidade e o Teu povo são chamados pelo Teu nome.
20 Estando eu ainda falando e orando, e confessando o meu pecado, e o pecado do meu povo Israel, e lançando a minha súplica perante a face do SENHOR, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus,
21 Estando eu, digo, ainda falando na oração, o homem Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio, voando rapidamente, e tocou-me, à hora do sacrifício do anoitecer.
22 Ele me instruiu, e falou comigo, dizendo: Ó Daniel, agora saí para fazer-te sábio e entendido.
23 No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado; entende, pois, a palavra, e discerne a visão.
24 Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo.
25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos.
26 E depois das sessenta e duas semanas será cortado- fora o Messias, mas não para Si mesmo; e o povo {*} do príncipe {**}, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e, até ao fim da guerra, estão determinadas as assolações. {* Do Império Romano?} {** Anticristo}
27 E ele {*} firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação {**}; e, por causa do espalhamento das abominações {***}, ele {*} a {****} fará assolada,  e isso até à consumação; e (finalmente) o que está determinado será derramado sobre o assolador {*}. {* Anticristo} {** Oferta} {***  Ídolos?} {**** Judéia?}
 


Capítulo 10
1 No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada uma palavra a Daniel, cujo nome era chamado Beltessazar; a palavra era verdadeira, mas o tempo (por ela) indicado era longínquo; e ele entendeu esta palavra, e tinha entendimento da visão.
2 Naqueles dias eu, Daniel, estive chorando- lamentando por três semanas de dias.
3 Alimento desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem de modo nenhum me ungi com ungüento, até que se cumpriram as três semanas de dias.
4 E no dia vinte e quatro do primeiro mês eu estava à borda do grande rio Hidequel;
5 E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um certo homem vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz;
6 E o Seu corpo era como berilo, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés como da cor de bronze polido; e a voz das suas palavras era como a voz de uma multidão.
7 E só eu, Daniel, tive aquela visão. Os homens que estavam comigo não viram a visão; contudo caiu sobre eles um grande temor, e fugiram, escondendo-se.
8 Portanto, fui deixado sozinho, a contemplar esta grande visão, e não ficou força em mim; porque a minha glória foi tornada dentro de mim em corrupção, e não retive força alguma.
9 Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo o som das suas palavras, eu caí sobre o meu rosto num profundo sono, com o meu rosto em terra.
10 E eis que certa mão me tocou, e fez com que eu tremesse sobre os meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos.
11 E me disse: Daniel, um homem muito amado, entende as palavras que eu vou te dizer, e levanta-te sobre os teus pés, porque a ti sou enviado. E, falando ele comigo esta palavra, levantei-me tremendo.
12 Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras.
13 Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu demorei-me ali com os reis da Pérsia.
14 Agora vim, para fazer-te entender o que há de acontecer ao teu povo nos últimos dias {*}; porque a visão é ainda para muitos dias. {* Nota At 2:17}
15 E, falando ele comigo estas palavras, abaixei o meu rosto para a terra, e emudeci.
16 E eis que alguém, semelhante aos filhos dos homens, tocou-me os lábios; então abri a minha boca, e falei, dizendo àquele que estava em pé diante de mim: senhor meu, por causa da visão sobre-vieram-me dores, e não retive força alguma.
17 Como, pois, pode o servo do meu senhor falar com o meu senhor? Porque, quanto a mim, desde agora não resta força em mim, e nem fôlego deixado em mim.
18 E aquele, que tinha aparência de um homem, tocou-me outra vez, e fortaleceu-me.
19 E disse: Não temas, ó homem muito amado, paz seja contigo; sê corajoso, sim, sê corajoso. E, falando ele comigo, fiquei fortalecido, e disse: Fala, meu senhor, porque me fortaleceste.
20 E ele disse: Sabes por que eu vim a ti? Agora, pois, tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia.
21 Mas eu te declararei o que está registrado na escritura da verdade; e ninguém que, juntamente comigo, se faça forte nessas coisas, senão Miguel, vosso príncipe.
 


Capítulo 11
1 Assim, eu, no primeiro ano de Dario, o medo, sim, eu, levantei-me para animá-lo e fortalecê-lo.
2 E agora te declararei a verdade: Eis que ainda três reis estarão de pé na Pérsia, e o quarto acumulará grandes riquezas, mais do que todos; e, tornando-se forte, por suas riquezas, suscitará a todos contra o reino da Grécia.
3 Depois se porá de pé um rei valente, que reinará com grande domínio, e fará o que lhe apraz.
4 Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado, e será repartido na direção dos quatro {*} ventos do céu; mas não para a sua posteridade, nem tampouco segundo o seu domínio com que reinou, porque o seu reino será arrancado pelas raízes, e passará para outros que não eles. {* Quatro generais de Alexandre, o Grande}
5 E será forte o rei do sul, e um dos seus príncipes; mas este será mais forte do que ele, e reinará poderosamente; seu domínio será um grande domínio.
6 Mas, ao fim de alguns anos, eles se aliarão; e a filha do rei do sul virá ao rei do norte para fazer um tratado; mas ela não reterá a força do braço dela; nem ele permanecerá de pé, nem o braço dele, porque ela será entregue, e os que a tiverem trazido, e aquele que a gerou, e o que a fortalecia naqueles tempos.
7 Mas de um renovo das raízes dela um se levantará em seu lugar, e virá com o exército, e entrará na fortaleza do rei do norte, e operará contra eles, e prevalecerá.
8 Também os seus deuses com as suas imagens de fundição, com os seus príncipes, com os seus objetos preciosos de prata e ouro, levará cativos para o Egito; e ele estará de pé mais anos do que o rei do norte.
9 E entrará no seu reino o rei do sul, e tornará para a terra dele próprio.
10 Mas seus filhos se inflamarão para guerrear e reunirão uma multidão de grandes forças; e um (deles) virá apressadamente e inundará, e passará adiante; e voltará e se inflamará para guerrear, sim, até à fortaleza dele.
11 Então o rei do sul se encolerizará, e sairá, e pelejará contra ele, contra o rei do norte; este porá em campo grande multidão, e aquela multidão será entregue na sua mão.
12 A multidão será tirada e o seu coração se elevará; mas ainda que derrubará muitas dezenas de milhares, contudo não prevalecerá.
13 Porque o rei do norte tornará, e porá em campo uma multidão maior do que a primeira, e ao fim dos tempos, isto é, de certos anos, virá à pressa com grande exército e com muitas riquezas.
14 E, naqueles tempos, muitos se levantarão contra o rei do sul; e os homens assaltantes- violentos dentre o teu povo se levantarão para cumprir a visão, mas eles cairão.
15 E o rei do norte virá, e levantará baluartes- de- cerco, e tomará as cidades mais murada- fortificada; e os braços do sul não poderão resistir, nem o seu povo escolhido, pois não haverá força para resistir.
16 O que, pois, há de vir contra ele fará segundo a sua própria vontade, e ninguém poderá ficar de pé (resistindo) diante dele; e ele se porá de pé sobre a terra gloriosa, e por sua mão haverá destruição.
17 E colocará o seu rosto em direção para vir com a potência de todo o seu reino, e com ele os retos, assim ele fará; e dará a ele uma filha das mulheres, para corrompê-la; ela, porém, não subsistirá ao lado dele, nem será para ele.
18 Depois virará o seu rosto para as ilhas, e tomará muitas; mas um príncipe fará cessar o seu opróbrio contra ele, e ainda fará recair sobre ele o seu próprio opróbrio.
19 Virará então o seu rosto para as fortalezas da sua própria terra, mas tropeçará, e cairá, e não será achado.
20 E em seu lugar se porá de pé quem fará passar um arrecadador pela glória do reino; mas em poucos dias será quebrantado, e isto sem ira e sem batalha.
21 Depois se porá de pé em seu lugar um homem vil {*}, ao qual não tinham dado a dignidade real; mas ele virá em paz e prosperidade, e tomará o reino {*} com engano. {* O reino do norte, sob Antioco Epifânio}
22 E com os braços de uma inundação serão varridos de diante dele; e serão quebrantados, como também o príncipe da aliança.
23 E, depois da aliança feita com ele, usará de engano; e subirá, e se tornará forte com pouca gente.
24 Virá também em paz- e- prosperidade aos lugares mais férteis da província, e fará o que nunca fizeram seus pais, nem os pais de seus pais; repartirá entre eles a presa e os despojos, e os bens, e formará os seus projetos contra as fortalezas, mas por certo tempo.
25 E suscitará a sua força e a sua coragem contra o rei do sul com um grande exército; e o rei do sul se envolverá na guerra com um grande e mui poderoso exército; mas não subsistirá, porque maquinarão projetos contra ele.
26 E os que comerem a porção dos seus alimentos o destruirão; e o exército dele será derramado, e muitos cairão traspassados.
27 Também estes dois reis terão seus corações fixados em fazer o mal, e a uma mesma mesa falarão a mentira; mas isso não prosperará, porque ainda verá o fim no tempo determinado.
28 Então tornará para a sua terra com muitos bens, e o seu coração será contra a santa aliança; e fará proezas, e tornará para a sua própria terra.
29 No tempo determinado tornará a vir em direção do sul; mas não será como foi na primeira vez nem como na última vez.
30 Porque virão contra ele navios de Quitim, que lhe causarão tristeza; e ele voltará, e se indignará contra a santa aliança, e agirá, e voltará, e terá entendimento com aqueles (judeus apóstatas) que tiverem abandonado a santa aliança.
31 E braços se erguerão em seu lugar, os quais profanarão o santuário e a fortaleza, e tirarão {*} o sacrifício contínuo, estabelecendo abominação desoladora. {* Sob Antioco Epifânio}
32 E aos violadores da aliança ele com lisonjas corromperá, mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e fará proezas.
33 E os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; todavia cairão pela espada, e pelo fogo, e pelo cativeiro, e pelo pilhagem, por muitos dias.
34 E, caindo eles, serão ajudados com pequeno socorro; mas muitos se achegarão- e- aderirão a eles com lisonjas.
35 E alguns dos entendidos cairão, para serem provados, serem purificados, e serem embranquecidos, até ao fim do tempo, porque será ainda para o tempo determinado.
36 E este rei fará conforme a sua vontade, e exaltar-se-á, e engrandecer-se-á sobre todo deus; e contra o Deus dos deuses falará coisas espantosas, e prosperará, até que a ira se complete; porque aquilo que está determinado será feito.
37 E não terá respeito ao Deus de seus pais, nem ao desejo de mulheres {*}, nem terá respeito a deus algum, porque sobre tudo se engrandecerá. {* Ou desejo por esposas}
38 Mas em seu lugar honrará a um deus das forças; e a um deus a quem seus pais não conheceram honrará com ouro, e com prata, e com pedras preciosas, e com coisas agradáveis.
39 Com o auxílio de um deus estranho agirá contra as poderosas fortalezas; aos que o reconhecerem multiplicará a honra, e os fará reinar sobre muitos, e repartirá a terra por preço.
40 E, no fim do tempo, o rei do sul lutará com ele, e o rei do norte virá contra ele como um redemoinho, com carros, e com cavaleiros, e com muitos navios; e entrará nas suas terras e as inundará, e passará sobre eles.
41 E entrará na terra gloriosa, e muitos países cairão, mas da sua mão escaparão estes: Edom e Moabe, e os chefes dos filhos de Amom.
42 E estenderá a sua mão contra os países, e a terra do Egito não escapará.
43 E terá o poder sobre os tesouros de ouro e de prata e de todas as coisas preciosas do Egito; e os líbios e os etíopes seguirão os seus passos.
44 Mas os rumores do oriente e do norte o perturbarão; e sairá com grande furor, para destruir e totalmente extirpar a muitos.
45 E estabelecerá as tendas do seu palácio entre o mar grande e o monte santo e glorioso; mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra.
 


Capítulo 12
1 E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo o teu povo será libertado, todo aquele que for achado escrito no livro.
2 E muitos (corpos) de entre os que dormem no pó da terra ressuscitarão, estes para vida eterna, e os outros para vergonha e desprezo eterno.
3 Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que movem muitos para serem justificados, resplandecerão como as estrelas sempre e eternamente.
4 E tu, ó Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma para outra parte, e o conhecimento será multiplicado.
5 Então eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois homens, um deste lado, à beira do rio, e o outro do outro lado, à beira do rio.
6 E um disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando será o fim destas maravilhas?
7 E ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, o qual levantou ao céu a sua mão direita e a sua mão esquerda, e jurou por Aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, tempos e metade do tempo, e quando tiverem acabado de espalhar o poder do povo santo, todas estas coisas serão cumpridas.
8 Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso eu disse: ó Senhor meu, qual será o fim destas coisas?
9 E Ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim.
10 Muitos serão purificados, e serão embranquecidos, e serão provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão.
11 E desde o tempo em que o sacrifício contínuo for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias.
12 Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias.
13 Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te postarás em pé na tua porção, no fim dos dias.
 


Hosted by www.Geocities.ws

1