LIVRO DE
ECLESIASTES
KJB.
Capítulo 1
1 Palavras do pregador,
filho de Davi, rei em Jerusalém.
2 Vanidade
de vanidades, diz o pregador, vanidade de vanidades! Tudo é vanidade.
3 Que proveito
tem o homem, de todo o seu trabalho, em que ele labora debaixo do sol?
4 Uma geração
vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece.
5 Nasce o
sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde
se ergueu.
6 O vento
vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando
o vento, e volta fazendo os seus circuitos.
7 Todos os
rios vão para o mar, e contudo o mar não está cheio;
para o lugar de
onde os rios vêm, para ali tornam eles a
ir.
8 Todas as
coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos
não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.
9 O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de
modo que nada há de novo debaixo do sol.
10 Há
alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já
foi nos séculos passados, que foram antes de nós.
11 Já
não há lembrança das coisas que precederam, e das coisas
que hão de ser também delas não haverá lembrança,
entre os que hão de vir depois.
12 Eu, o pregador,
fui rei sobre Israel em Jerusalém.
13 E apliquei
o meu coração a esquadrinhar, e a informar-me com sabedoria
de tudo quanto sucede debaixo do céu; esta enfadonha ocupação
deu Deus aos filhos dos homens, para nela os exercitar.
14 Atentei
para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vanidade
e aflição de espírito.
15 Aquilo
que é torto não se pode endireitar; aquilo que falta não
se pode enumerar.
16 Falei eu
com o meu próprio coração, dizendo: Eis que eu me
tornei grande, e sobrepujei
em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém; e o
meu coração contemplou abundantemente a sabedoria e o conhecimento.
17 E apliquei
o meu coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios
e as loucuras, e vim a saber que também isto era aflição
de espírito.
18 Porque
na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento,
aumenta em dor.
Capítulo 2
1 Disse eu no meu
coração: Ora vem, eu te provarei com alegria; portanto, goza
o prazer; mas eis que também isso era vanidade.
2 Ao riso
disse: Está doido; e da alegria: De que serve esta?
3 Busquei
no meu coração como estimular com vinho a minha carne (regendo
porém o meu coração com sabedoria), e agarrar-me à
loucura, até ver o que seria melhor que os filhos dos homens fizessem
debaixo do céu durante o número dos dias de sua vida.
4 Fiz para
mim obras magníficas; edifiquei para mim casas; plantei para mim
vinhas.
5 Fiz para
mim hortas e jardins, e plantei neles árvores de toda a espécie
de fruto.
6 Fiz para
mim tanques de águas, para regar com eles o bosque (para adoração de postes-ídolos) em que
reverdeciam
as árvores.
7 Adquiri
servos e servas, e tive servos nascidos em minha casa; também tive grandes
possessões de bois e ovelhas, mais do que todos os que houve antes
de mim em Jerusalém.
8 Amontoei
também para mim prata e ouro, e tesouros peculiares dos reis e das províncias;
provi-me de cantores e cantoras, e das delícias dos filhos dos homens,
tais como instrumentos de música de toda a espécie.
9 E fui engrandecido,
e aumentei mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém;
permaneceu também comigo a minha sabedoria.
10 E tudo
quanto desejaram os meus olhos não lhes retirei, nem privei o meu coração
de alegria alguma; mas o meu coração se alegrou por todo o
meu labor, e esta foi a minha porção de todo o meu
labor.
11 E olhei
eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também
para o labor que eu,
laborando, tinha feito, e eis que tudo era vanidade
e aflição de espírito, e que proveito nenhum havia debaixo
do sol.
12 Então passei
a contemplar a sabedoria, e a loucura e a estultícia. Pois que fará
o homem que vier depois do rei? O mesmo que outros já fizeram.
13 Então
vi eu que a sabedoria é mais excelente do que a estultícia,
quanto a luz é mais excelente do que as trevas.
14 Os olhos
do homem sábio estão na sua cabeça, mas o tolo anda
em trevas; então também entendi eu que um mesmo
evento sucede
a todos.
15 Assim eu
disse no meu coração: Como acontece ao tolo, assim me sucederá
a mim; por que então busquei eu mais a sabedoria? Então disse
no meu coração que também isto era vanidade.
16 Porque
tanto do sábio como do tolo
a memória não durará para sempre;
porquanto tudo que agora existe será
esquecido nos dias futuros.
E como morre o sábio, assim morre o tolo!
17 Por isso odiei
esta vida, porque a obra que se faz debaixo do sol me era penosa; sim,
tudo é vanidade e aflição de espírito.
18 Também
eu odiei todo o meu labor, que
laborei debaixo do sol, visto que eu
havia de deixá-lo ao homem que viesse depois de mim.
19 E quem
sabe se será sábio ou tolo? Todavia, terá domínio
sobre todo o meu labor que
laborei e em que me houve sabiamente debaixo
do sol; também isto é vanidade.
20 Então
eu me volvi e entreguei o meu coração ao desespero no tocante
a todo o labor que laborei debaixo do sol.
21 Porque
há homem cujo labor é feito com sabedoria, conhecimento,
e destreza; contudo deixará o seu labor como porção
a um homem que nele não
laborou; também isto é vanidade e
grande mal.
22 Porque,
que mais tem o homem de todo o seu labor, e da aflição do
seu coração, em que ele anda laborando debaixo do sol?
23 Porque
todos os seus dias são dores, e a sua ocupação é
aflição; até de noite não descansa o seu coração;
também isto é vanidade.
24 Não
há nada melhor para o homem do que comer e beber, e fazer com que
sua alma goze do bem do seu labor. Também vi que isto
vem da
mão de Deus.
25 Pois quem
pode comer, ou quem pode gozar melhor do que eu?
26 Porque
ao homem que é bom diante dEle, dá Deus sabedoria e conhecimento
e alegria; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte, e amontoe,
para dá-lo àquele que é bom perante Deus. Também isto
é vanidade e aflição de espírito.
Capítulo 3
1 Tudo tem o seu
tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo
do céu.
2 Há
tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar
o que se plantou;
3 Tempo de
matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
4 Tempo de
chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de
dar
pinotes
de alegria {*}; {* Note que " râqad" não pode ser dança sensual, pois é a mesma palavra usada para os pulos dos bodes barbudos, em Is 13:21! E os pinotes dos bodes são muito diferentes dos requebros dos John
Travolta's e Madona's que querem sutilmente se introduzir nas nossas igrejas.}
5 Tempo de
lançar fora as pedras, e tempo de ajuntar
as pedras; tempo de abraçar, e
tempo de afastar-se de abraçar;
6 Tempo de
buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
7 Tempo de
rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
8 Tempo de
amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.
9 Que proveito
tem o trabalhador naquilo em que labora?
10 Tenho visto
o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os exercitar.
11 Tudo Ele fez formoso no tempo dEle
(de Deus); também pôs o mundo
{*} no coração deles (dos homens),
embora que de um modo que nenhum
homem possa descobrir a obra que Deus fez
no princípio e
fará no fim. {*
"Mundo" é tradução preferível a "a
eternidade". Deus deu ao homem o desejo e a capacidade de investigar e entender
o mundo da natureza, que reflete Deus em sua beleza, ordem, e tempos Rm 1:19-20}
12 Já
tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se
e fazer bem na sua vida;
13 E também
que todo o homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu
labor; isto é um dom de Deus.
14 Eu sei
que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe
pode acrescentar,
e nada se lhe pode tirar; e isto faz Deus para que haja temor diante dEle.
15 O que é,
já foi; e o que há de ser, também já foi; e
Deus pede conta do que passou.
16 Vi mais debaixo
do sol que no lugar do juízo havia impiedade, e no lugar da justiça
havia iniqüidade.
17 Eu disse
no meu coração: Deus julgará o justo e o ímpio;
porque há um tempo para todo o propósito e para toda a obra.
18 Disse eu
no meu coração, quanto a condição dos filhos dos
homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são
em si mesmos como os animais.
19 Porque
o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos
animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro;
e todos têm o mesmo fôlego, e nenhuma preeminência têm
os homens sobre os animais, porque todos são vanidade.
20 Todos vão
para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao
pó.
21 Quem sabe
que o espírito de vida do homem vai para cima, e que
o espírito de vida dos animais
vai para baixo da terra?
22 Portanto,
tenho visto que não há coisa melhor do que alegrar-se o homem
nas suas próprias obras, porque essa é a sua porção; pois quem
o fará voltar para ver o que será depois dele?
Capítulo 4
1 Depois voltei-me,
e atentei para todas as opressões que se fazem debaixo do sol; e eis
que vi as lágrimas dos que foram oprimidos e dos que não têm
consolador, e a força estava do lado dos seus opressores; mas eles
não tinham consolador.
2 Por isso
eu louvei os
mortos, que já morreram, mais do que os que vivem ainda.
3 E melhor
que uns e outros é aquele que ainda não é; que não
viu as más obras que se fazem debaixo do sol.
4 Também
vi eu que todo o trabalho, e toda a destreza em obras, traz ao homem a
inveja do seu próximo. Também isto é vanidade e aflição
de espírito.
5 O tolo cruza
as suas mãos, e come a sua própria carne.
6 Melhor é uma só mão cheia,
juntamente com quietude,
do que ambas as mãos cheias, juntamente com trabalho
e aflição de espírito.
7 Outra vez me voltei,
e vi vanidade debaixo do sol.
8 Há
um que é só, e não tem segundo (depois dele), nem tampouco
filho nem irmão; e contudo não cessa do seu labor, e também
seus olhos não se satisfazem com riqueza; nem diz: Para quem
laboro
eu, privando a minha alma do bem? Também isto é vanidade e
enfadonha ocupação.
9 Melhor é
serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu labor.
10 Porque
se caírem, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do
que estiver só;
pois, caindo, não haverá outro que o ajude a levantar.
11 Também,
se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só, como
se aquentará?
12 E, se alguém
prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três
dobras não se quebra tão depressa.
13 Melhor é
a criança pobre e sábia do que o rei velho e insensato, que
não se deixa mais admoestar.
14 Porque
um sai do cárcere para reinar {*}; enquanto outro, que nasceu
em realeza, torna-se pobre {**}. {*
Exemplos: José erguido da prisão
para ser senhor sobre o Egito; Davi; etc.}. {** Exemplos: Zedequias;
Nabucodonosor; etc.}
15 Contemplei todos
os viventes que (agora) andam debaixo do sol com a criança
{*}, a (legítima) sucessora
(do rei), que se postará no lugar
dele (do rei). {*
Já andavam bajulando o futuro rei, Reoboão, e não a seu pai, Salomão, já
velho?}
16 Não
tem fim todo o povo que foi antes dele; tampouco os que lhe sucederem se
alegrarão dele. Na verdade que também isto é vanidade
e aflição de espírito.
Capítulo 5
1 Guarda o teu pé,
quando entrares na casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor
do que dar sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem
mal.
2 Não
te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse
a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos
céus, e tu estás sobre a terra; assim sejam poucas as tuas
palavras.
3 Porque,
da muita ocupação vêm os sonhos, e a voz do tolo é
conhecida pela multidão de suas
palavras.
4 Quando a Deus
votares algum voto, não tardes em
pagá-lo; porque Ele não se agrada
de tolos; o que votares, paga-o.
5 Melhor é
que não votes do que votares e não pagues.
6 Não
consintas que a tua boca faça pecar a tua carne, nem digas diante
do anjo {*} de Deus que foi erro; por que razão se iraria Deus contra a tua voz,
e destruiria a obra das tuas mãos? {* Mensageiro de
Deus? Anjo (1Tm 5:21)? Cristo? O sacerdote? (chamado de anjo ou mensageiro de
Deus em Ml 2:7; podia dispensar de votos feitos em erro, e oferecer sacrifícios
pelos pecados de ignorância Lv 5:4)}
7 Porque,
como na multidão dos sonhos há vanidades, assim também
nas muitas palavras; mas tu teme a Deus.
8 Se vires
em alguma província opressão do pobre, e violenta
perversão do
direito e da justiça, não te admires de tal caso; pois
quem está altamente colocado tem superior que o vigia; e há
mais altos do que eles.
9
O proveito da terra é para todos; até o rei é
servido pelo campo.
10 Quem amar
o dinheiro jamais se fartará do dinheiro; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vanidade.
11 Onde os
bens se multiplicam, ali se multiplicam também os que deles comem;
que mais proveito, pois, têm os seus donos do que os ver com os seus
olhos?
12 Doce é
o sono do trabalhador, quer coma pouco quer muito; mas a
abundância do rico
não o deixa dormir.
13 Há
um mal que faz enfermar, o qual vi debaixo do sol: as riquezas que
os seus donos guardam para o seu próprio dano;
14 Porque
as mesmas riquezas perecem por qualquer
mau labor, e, ao filho que gerou, nada fica na sua mão.
15 Como saiu
do ventre de sua mãe, assim nu tornará, indo-se como veio;
e nada tomará do seu labor, que possa levar na sua mão.
16 Portanto,
também isto é um mal que faz enfermar, o qual,
justamente como veio, assim há de ir; e que proveito tem
aquele que laborou para o vento,
17 E comeu todos os seus dias nas trevas, e
muito padeceu aflitiva provocação,
e enfermidades, e furor?
18 Eis aqui
o que eu vi: uma boa e bela coisa é comer e beber, e cada um
gozar do bem
de todo o seu labor, em que
laborou debaixo do sol, todos os dias
de vida que Deus lhe deu, porque esta é a sua porção.
19 E a todo
o homem, a quem Deus deu riquezas e bens, e lhe deu poder para delas comer
e tomar a sua porção, e gozar do seu labor, isto é
dom de Deus.
20 Porque
não se lembrará muito dos dias da sua vida; porquanto Deus
lhe responde através da alegria o seu coração.
Capítulo 6
1 Há
um mal que tenho visto debaixo do sol, e é mui freqüente entre
os homens:
2 Um homem
a quem Deus deu riquezas, bens e honra, e nada lhe falta de tudo quanto
a sua alma deseja, e Deus não lhe dá poder para daí
comer, antes o estranho lho come; também isto é vanidade e
má enfermidade.
3 Se o homem
gerar cem filhos, e viver muitos anos, e os dias dos seus anos forem muitos,
e se a sua alma não se fartar do bem, e além disso não
tiver sepultura, digo que um aborto é melhor do que ele.
4 Porquanto
debalde veio, e em trevas se vai, e de trevas se cobre o seu nome.
5 E ainda
que nunca viu o sol, nem conheceu nada, mais descanso tem este do que aquele.
6 E, ainda
que vivesse duas vezes mil anos e não gozasse o bem, não vão
todos para um mesmo lugar?
7 Todo o labor
do homem é para a sua boca, e contudo nunca se satisfaz o seu espírito.
8 Porque,
que mais tem o sábio do que o tolo? E que mais tem o pobre que sabe
andar perante os vivos?
9 Melhor é
a vista dos olhos do que o vaguear da cobiça; também isto
é vanidade e aflição de espírito.
10 Seja qualquer
o que for, já o seu nome foi nomeado, e sabe-se que é homem,
e que não pode contender com O que é mais forte do que ele.
11 Na verdade
que há muitas coisas que multiplicam a vanidade; que mais tem o homem
de melhor?
12 Pois, quem
sabe o que é bom nesta vida para o homem, por todos os dias da sua
vida de vanidade, os quais gasta como sombra? Quem declarará ao homem
o que será depois dele debaixo do sol?
Capítulo 7
1 Melhor é o bom nome {*} do que o
mais precioso ungüento, e o dia da morte do que o dia
do nascimento de alguém. {* Não a mera fama entre os
homens, mas o status ante Deus, que vê os corações, vê a real dedicação a
obedecê-Lo}
2 Melhor é
ir à casa onde há choro- lamentação- de- luto do que ir à casa onde há
banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e
que os vivos
apliquem isto ao seu coração.
3 Melhor é
a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor
o coração.
4 O coração
dos sábios está na casa do choro- lamentação- de-
luto, mas o coração
dos tolos na casa da alegria.
5 Melhor é
ouvir a repreensão do sábio, do que um homem ouvir canção
do tolo.
6 Porque qual
o crepitar dos espinhos debaixo de uma panela, tal é o riso do tolo;
também isto é vanidade.
7 Verdadeiramente
que a opressão faria endoidecer até ao sábio, e o suborno
corrompe o coração.
8 Melhor é
o fim das coisas do que o princípio delas; melhor é o paciente
de espírito do que o altivo de espírito.
9 Não
te apresses no teu espírito a irar-te, porque a ira repousa no
seio
dos tolos.
10 Nunca digas:
Por que foram os dias passados melhores do que estes? Porque
nunca, perguntarias com sabedoria a respeito disso.
11 A sabedoria é boa como uma herança; por
ela há proveito para aqueles que vêm o sol.
12 Porque
a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência
do conhecimento é que a sabedoria dá vida aos seus possuidores.
13 Atenta
para a obra de Deus; porque quem poderá endireitar o que Ele fez
torto?
14 No dia
da prosperidade goza do bem, mas no dia da adversidade considera; porque
também Deus fez a este em oposição àquele, para
que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.
15 Tudo isto
vi nos dias da minha vanidade: há justo que perece na sua justiça,
e há ímpio que prolonga os seus dias na sua maldade.
16 Não
sejas demasiadamente justo, nem te façais demasiadamente sábio; por que destruirias
tu a ti mesmo?
17 Não
sejas demasiadamente ímpio, nem sejas tolo; por que morrerias
antes
do teu tempo?
18 Bom é
que retenhas isto, e também daquilo não retires a tua mão;
porque quem teme a Deus escapa de tudo isso.
19 A sabedoria
fortalece ao sábio, mais do que dez poderosos que haja na cidade.
20 Na verdade
que não há homem justo sobre a terra, que faça o bem,
e nunca peque.
21 Tampouco
apliques o teu coração a todas as palavras que se disserem,
para que não venhas a ouvir o teu servo amaldiçoar-te.
22 Porque
muitas
vezes o teu próprio coração também já
reconheceu que tu mesmo já,
semelhantemente, amaldiçoaste a outros.
23 Tudo isto
provei-o pela sabedoria; eu disse: "Sabedoria adquirirei;" mas ela ainda estava longe de mim.
24 O que já
sucedeu está longe e excedentemente profundo; quem o
descobrirá?
25 Eu apliquei
o meu coração para saber, e inquirir, e buscar a sabedoria
e a razão das coisas, e para conhecer a impiedade
da insensatez, sim, a
estultícia e a loucura.
26 E eu achei
uma coisa mais amarga do que a morte, a mulher cujo coração
são redes e laços, e cujas mãos são ataduras; quem
for agradável diante de Deus escapará dela, mas o pecador virá
a ser preso por ela.
27 Vedes aqui,
isto achei, diz o pregador, ponderando as coisas
{*} uma a uma, para achar
a razão {**} delas; {* "coisas": ou
"mulheres", ver verso seguinte} {* "razão" ou "correta avaliação"}
28 A qual
ainda busca a minha alma, porém ainda não a achei; um homem
{*} entre mil achei eu, mas uma esposa {*} entre todas
esta não achei.
{* O contexto exige que seja sábio e dedicado a Deus}
29 Eis aqui,
o que tão-somente achei: que Deus fez ao homem reto, porém
eles buscaram muitas astúcias.
Capítulo 8
1 Quem é
como o sábio? E quem sabe a interpretação das coisas?
A sabedoria do homem faz brilhar o seu rosto, e a dureza do seu rosto
será mudada.
2 Eu te digo:
Observa o mandamento do rei, e isso em consideração ao juramento
que fizeste a Deus.
3 Não
te apresses a sair da presença dele, nem persistas em alguma coisa
má, porque ele faz tudo o que apraz.
4 Porque a
palavra do rei tem poder; e quem lhe dirá: Que fazes?
5 Quem guardar
o mandamento não experimentará nenhuma
coisa má; e o coração
do sábio discernirá tanto o tempo
como o juízo.
6 Porque para
todo o propósito há seu tempo e juízo; porquanto a
miséria do homem é grande sobre ele.
7 Porque não
sabe o que há de suceder, e quando há de ser, quem lho
declarará?
8 Nenhum homem
há que tenha domínio sobre o espírito de vida,
para reter
o espírito
de vida; nem tampouco tem ele poder sobre o dia da morte;
como também não há dispensa desta guerra; nem tampouco a impiedade livrará
aos seus possuidores.
9 Tudo isto
vi, e apliquei o meu coração a toda a obra que se faz debaixo
do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro homem, para sua própria desgraça.
10 Assim também vi os ímpios sepultados, os quais
tinham entrado e saído do lugar santo, e foram esquecidos na cidade
onde tinham feito suas obras; também isso é
vanidade.
11 Porquanto
não se executa logo a sentença sobre a má obra, por isso
o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto
para praticar o mal.
12 Ainda que
o pecador faça o mal cem vezes, e os dias se lhe prolonguem, contudo
eu sei com certeza, que bem sucede aos que temem a Deus, aos que temem
diante dEle.
13 Porém
o ímpio não irá bem, e ele não prolongará
os seus dias, que são como a sombra; porque ele não teme diante
de Deus.
14 Ainda há
outra vanidade que se faz sobre a terra: que há justos a quem sucede
segundo as obras dos ímpios, e há ímpios a quem sucede
segundo as obras dos justos. Digo que também isto é vanidade.
15 Então
louvei eu a alegria, porquanto para o homem nada há melhor debaixo
do sol do que comer, beber e alegrar-se; porque isso o acompanhará
no seu labor nos dias da sua vida que Deus lhe dá debaixo do
sol.
16 Aplicando
eu o meu coração a conhecer a sabedoria, e a ver o trabalho
que é feito sobre a terra (que nem de dia nem de noite vê o
homem
sono nos seus olhos);
17 Então
vi toda a obra de Deus, que o homem não pode descobrir, a obra que
se faz debaixo do sol, por mais que labore o homem para
a descobrir,
não a achará; e, ainda que diga o sábio que a conhece,
nem por isso a poderá achar.
Capítulo 9
1 Deveras todas
estas coisas considerei no meu coração, para declarar tudo
isto: que os justos, e os sábios, e as suas obras, estão nas
mãos de Deus; e, se é amor ou se é ódio que está diante
dele, não o sabe o homem, por tudo que está diante dele.
2 Tudo sucede
igualmente a todos; um só e mesmo evento sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e
ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica;
assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.
3 Este é
o mal que há entre tudo quanto se faz debaixo do sol: a todos sucede
uma só e mesmo coisa; e que também o coração dos filhos dos homens
está cheio de maldade, e que há desvarios no seu coração
enquanto vivem, e depois se vão aos mortos.
4 Ora, para
aquele que está ajuntado a todos os vivos
ainda há esperança (porque
melhor é o cão vivo do que o leão morto).
5 Porque os
vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não percebem coisa
nenhuma {*}, nem tampouco terão eles nenhuma outra recompensa-
por- labor {**}, mas a sua memória
fica entregue ao esquecimento. {* Segundo a sabedoria
que está debaixo do sol, os mortos, pelos seus sentidos CORPORAIS ausentes, não
percebem mais nada das coisas DESTE mundo, das coisas debaixo do sol; nem têm
mais aberta a porta do arrependimento e salvação} {** Ganho material pelo labor
que realizaram enquanto na terra}
6 Também
seus amor, e ódio, e inveja, já pereceram; e, para sempre, eles já
não têm parte alguma em coisa alguma do que se
faz debaixo do sol.
7 Vai tu, pois,
come com alegria o teu pão e bebe com coração contente
o teu vinho {*}, pois já Deus se agrada das tuas {**} obras.
{* <03196 yayin> pode ser qualquer líquido direta
ou indiretamente derivado de uvas. O contexto de toda a Bíblia, e contexto
local, e a santidade do verdadeiro autor das Escrituras, o Espírito Santo de
Deus, aqui exige que o sentido seja o de suco puro recém espremido (como em Gn
40:11}, ou o de
suco não fermentado e conservado por qualquer um de vários processos conhecidos
("pasteurização", fumos de enxofre, fervura e evaporação até se tornar grosso xarope,
etc., com envasilhamento estéril e hermético), mas não o sentido de vinagre,
nem o de vinho alcoólico. De
qualquer modo, quer alcoólico ou não, o líquido proveniente da uva somente
devia ser usado misturado em 3 a 20 partes de água. Ler o livro "Bible Wines: or, The Laws of Fermentation and Wine of the Ancients" - William Patton} {**
Endereçado ao justo e sábio, do v. 1 }
8 Em todo
o tempo sejam alvas as tuas roupas, e nunca falte o óleo sobre a
tua cabeça.
9 Goza a vida
com a esposa que amas, todos os dias da
vida da tua vanidade, os quais Deus
te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vanidade; porque esta é
a tua porção nesta vida, e no teu labor, que tu
laboraste
debaixo do sol.
10 Tudo quanto
te vier à mão para fazer, faze-o com todas
as tuas forças,
porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto,
nem conhecimento, nem sabedoria alguma.
11 Voltei-me,
e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros o vencer a corrida, nem
dos fortes a batalha, nem tampouco dos sábios o pão, nem tampouco
dos prudentes as riquezas, nem tampouco dos entendidos o favor, mas que
o tempo e a oportunidade ocorrem a todos.
12 Que também
o homem não sabe o seu tempo; assim como os peixes que são
apanhados com
a rede maligna, e como os passarinhos que se prendem com o laço,
assim se enlaçam também os filhos dos homens no mau tempo,
quando cai de repente sobre eles.
13 Também
vi esta sabedoria debaixo do sol, que para mim foi grande:
14 Houve uma
pequena cidade em que havia poucos homens, e veio contra ela um grande
rei, e a cercou e levantou contra ela grandes baluartes;
15 E encontrou-se
nela um homem sábio pobre, que livrou aquela cidade pela sua sabedoria,
e ninguém se lembrava daquele pobre homem.
16 Então
disse eu: Melhor é a sabedoria do que a força, ainda que
a sabedoria do pobre foi desprezada, e as suas palavras não foram
ouvidas.
17 As palavras
dos sábios devem em silêncio ser ouvidas, mais do que o clamor
do que domina entre os tolos.
18 Melhor
é a sabedoria do que as armas de guerra, porém um só
pecador destrói muitos bens.
Capítulo 10
1 Assim como
as moscas mortas fazem o ungüento do perfumador exalar mau cheiro {*}, assim é, para o famoso em sabedoria e em honra,
um pouco
de estultícia. {* Fazendo-lhe de nenhum valor e uso}
2 O coração
do sábio está à sua mão direita {*}, mas o coração
do tolo está à sua mão esquerda.
{* Mais forte e hábil, usualmente}
3 E, até
quando o tolo vai pelo caminho, falta-lhe o seu entendimento e,
assim, diz a todos
que é tolo.
4 Levantando-se
contra ti o espírito do governador, não deixes o teu lugar,
porque a submissão aquieta grandes ofensas.
5 Ainda há um mal que vi debaixo do sol, como o erro que procede do
governador:
6 A estultícia
está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados
em lugar baixo.
7 Vi os servos
a cavalo, e os príncipes andando sobre a terra como servos.
8 Quem abrir
um fosso, nela cairá, e quem romper um muro, uma cobra o morderá.
9 Aquele que
corta fora as pedras {*}, será maltratado por elas, e o que rachar lenha
expõe-se ao perigo. {* Trabalho em pedreiras?}
10 Se estiver
embotado o ferro, e não se afiar o corte, então se deve
pôr mais força; mas a sabedoria é excelente para
dirigir- ao- sucesso.
11 Seguramente
a serpente morderá antes de estar encantada, e o falador não
lhe tem nenhuma vantagem.
12 Nas palavras
da boca do sábio há favor, porém os lábios
do tolo o devoram.
13 O princípio
das palavras da sua boca é a estultícia, e o fim do seu falar
é um maligno desvario.
14 O tolo
multiplica as palavras, porém, o homem não sabe o que será;
e quem lhe declarará o que será depois dele?
15 O labor dos tolos a cada um deles fatiga, porque
nem sequer sabem como ir à
cidade.
16 Ai de ti,
ó terra, quando teu rei é
como uma criança, e cujos príncipes
comem de manhã.
17 Bem-aventurada és tu, ó terra, quando
teu rei é filho dos nobres, e
teus príncipes
comem a tempo, para se fortalecerem, e não em bebedice.
18 Por muita preguiça afunda a obra de madeiramento
do teto, e pela ociosidade das mãos
a casa goteja.
19 Para rir
se fazem banquetes, e o vinho produz alegria {*}, mas por tudo
isso o dinheiro responde.
{* Nota 9:7}
20 Nem ainda
no teu pensamento amaldiçoes ao rei, nem tampouco no mais interior
da tua recâmara amaldiçoes ao rico; porque as aves do
ar
levariam a voz, e os que têm asas dariam notícia do assunto.
Capítulo 11
1 Lança
o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás.
2 Reparte
uma porção com sete, e ainda até com oito, porque não sabes que mal haverá
sobre a terra.
3 Estando
as nuvens cheias de chuva, esvaziam
a si mesmas sobre a terra; e, caindo a árvore
para o sul, ou para o norte, no lugar em que a árvore cair, ali ficará.
4 Quem observa
o vento, nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca ceifará.
5 Assim como
tu não sabes qual o caminho do espírito, nem como se
formam os ossos
no ventre da mulher grávida, assim também não sabes
as obras de Deus, que faz todas as coisas.
6 Ao alvorecer
semeia a tua semente, e ao anoitecer não retires a tua mão,
porque tu não sabes qual prosperará, se esta, se aquela, ou
se ambas serão igualmente boas.
7 Certamente
doce é a luz, e agradável é aos olhos ver o sol.
8 Porém,
se o homem viver muitos anos, e em todos eles se alegrar, também
se deve lembrar dos dias das trevas, porque hão de ser muitos. Tudo
quanto sucede é vanidade.
9 Regozija-te, ó jovem, na tua mocidade, e
alegra o teu coração nos dias
da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela
vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te
trará Deus a juízo.
10 Afasta,
pois, a (causa de) aflição do teu coração, e remove da tua carne o mal, porque
a adolescência e a juventude são vanidade.
Capítulo 12
1 Lembra-te
também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham
os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho
neles contentamento;
2 Antes que
se escureçam o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a
vir as nuvens depois da chuva;
3 No dia em
que tremerem os guardas da casa, e se encurvarem os homens fortes, e cessarem
os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham
pelas janelas;
4 E as portas
da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura, e se levantar
à voz das aves, e todas as filhas da música se abaterem.
5 Como também
quando temerem o que é alto, e houver terrores no caminho, e florescer
a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e perecer o apetite; porque o
homem se vai à sua casa eterna, e os pranteadores andarão rodeando
pela praça;
6 Antes que
se rompa o cordão de prata, e se quebre o copo de ouro, e se despedace
o cântaro junto à fonte, e se quebre a roda junto ao poço,
7 E o pó
volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que
o deu.
8 Vanidade
de vanidades, diz o pregador, tudo é vanidade.
9 Ademais, uma vez que o Pregador era sábio, ele ainda ensinou ao povo sabedoria;
sim, ouvindo- e ponderando, e esquadrinhando,
ele pôs em ordem muitos provérbios.
10 Procurou
o Pregador achar palavras agradáveis; e escreveu-as com retidão,
palavras de verdade.
11 As palavras
dos sábios são como aguilhões, e como pregos, bem fixados
pelos mestres das assembléias, que nos foram dadas pelo único
Pastor.
12 E, demais
disto, filho meu, sê tu advertido: não há limite para fazer
multiplicar os livros,
e
multiplicar o
estudo é enfado da carne.
13 Ouçamos a conclusão de toda esta matéria
: Teme a Deus, e guarda os Seus mandamentos; porque
este é todo o dever do homem.
14 Porque
Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo
o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.