AKJ: Almeida-1753 compatibilizada com a KJB-1611, com
grafia e gramática inspiradas na ACF-1995
LIVRO DE
ESTER
Capítulo 1
1 E sucedeu,
nos dias de Assuero (este é aquele Assuero que reinou desde a Índia até
a Etiópia,
sobre cento e vinte e sete províncias),
2 Que,
naqueles dias,
assentando-se
o rei Assuero sobre o trono do seu reino, que estava na fortaleza de Susã,
3 No terceiro
ano do seu reinado, fez ele um banquete a todos os seus príncipes e
seus servos, estando assim perante ele o poder da Pérsia e Média
e os nobres e príncipes das províncias,
4 Para fazer mostrar
as riquezas da glória do seu reino, e o esplendor da sua excelente
grandeza, por muitos dias, a saber: cento e oitenta dias.
5 E, acabados
aqueles dias, fez o rei um banquete a todo o povo que se achava na fortaleza
de Susã, desde o maior até ao menor, por sete dias, no pátio
do jardim do palácio do rei.
6 As tapeçarias eram de pano branco, verde, e azul celeste,
pendentes, presas em
cordões (de
linho fino e púrpura), e em argolas de prata, e
em colunas de mármore;
os leitos eram de ouro e de prata, sobre um pavimento de mármore- vermelho,
e azul, e branco e preto.
7 E dava-se
de beber em vasos de ouro, e os
vasos eram diferentes uns dos outros; e
havia muito vinho real, segundo a mão- de- poder do rei.
8 E o beber
era feito conforme a lei {*}, ninguém
compelindo ninguém (porque assim tinha ordenado o rei expressamente
a todos os oficiais da sua casa: que fizessem na medida da vontade de cada
um). {* lei explicada no final do verso: podia-se beber
nada, ou pouco, ou muitíssimo, sem impedimento}
9 Também
a rainha Vasti fez um banquete às mulheres, na casa
real que pertence ao rei Assuero.
10 E ao sétimo
dia, estando já o coração do rei alegre do vinho, ele
ordenou a Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar e Carcas, os
sete camareiros que serviam na presença do rei Assuero,
11 Para que eles
trouxessem a rainha Vasti à presença do
rei, com a coroa real, para mostrar
aos povos e aos príncipes a beleza dela, porque
ela era formosa à
vista.
12 Porém
a rainha Vasti recusou vir em obediência à palavra do rei,
enviada pela mão dos camareiros;
assim o rei muito se enfureceu, e acendeu-se a sua ira
dentro dele .
13 Então
perguntou o rei aos sábios que entendiam dos tempos (porque assim
se tratavam os negócios do rei na presença de todos os que
sabiam a lei e o direito;
14 E os mais
chegados a ele eram: Carsena, Setar, Admata, Társis, Meres, Marsena,
e Memucã, os sete príncipes dos persas e dos medos, que viam
a face do rei, e se assentavam como principais no reino),
15 O que,
segundo a lei, se devia fazer à rainha Vasti, por não ter
ela cumprido o mandado do rei Assuero, enviado pela mão dos
camareiros.
16 Então
respondeu Memucã na presença do rei e dos príncipes: Não
somente contra o rei pecou a rainha Vasti, porém também contra
todos os príncipes, e contra todos os povos que há em todas
as províncias do rei Assuero.
17 Porque
a notícia desta palavra da rainha
sairá até todas as mulheres,
para fazer com que seus maridos sejam desprezados aos
olhos delas, quando
se relatar a elas: ordenou o rei Assuero que introduzissem à sua presença
a rainha Vasti, porém ela não veio.
18 E neste
mesmo dia as princesas da Pérsia e da Média,
as quais tiverem ouvido
a respeito da palavra da rainha, dirão o mesmo a todos os príncipes do rei; e
assim haverá demasiado desprezo e indignação.
19 Se bem
parecer ao rei, saia da sua parte um edito real e seja ele escrito
entre as leis
dos persas e dos medos, de modo a não poder ser
revogado {*}, a saber: que Vasti não
entre mais na presença do rei Assuero, e o rei dê a
realeza dela a outra mulher que seja melhor do que ela.
{* Dn 6:8}
20 E,
quando o decreto, que o rei
fará ,
for ouvido através de todo o seu
império (porque é grande),
então
todas as mulheres darão honra a seus maridos, desde
ao maior até
ao menor.
21 E pareceram
bem estas palavras aos olhos do rei e dos príncipes; e fez o rei
conforme a palavra de Memucã.
22 Então
ele (Assuero) enviou cartas a todas as províncias do rei, a cada província
segundo a sua escrita, e a cada povo segundo a sua língua; que cada
homem estivesse reinando sobre a sua
própria casa, e que isto
fosse apregoado conforme a língua de cada povo.
Capítulo 2
1 Depois destas coisas, e apaziguado já o furor do rei Assuero, lembrou-se
ele de Vasti, e do que ela
fizera, e do que se tinha decretado
contra ela.
2 Então
disseram os jovens- servos do rei, que lhe serviam: Busquem-se para o rei moças
virgens e formosas à vista.
3 E designe
o rei oficiais em todas as províncias do seu reino, que ajuntem
a todas as moças virgens e formosas, na fortaleza de Susã,
na casa das mulheres, debaixo da mão de Hegai, camareiro do rei, guarda das
mulheres, e dêem-se a elas as coisas
(ungüentos) para purificação delas.
4 E a donzela
que boa- parecer aos olhos do rei, reine em lugar de Vasti. E isto pareceu
bem aos olhos do rei, e ele assim fez.
5 Havia então
um homem judeu na fortaleza de Susã, cujo nome era Mardoqueu, filho
de Jair, filho de Simei, filho de Quis, homem benjamita,
6 O qual {*} fora
transportado de Jerusalém, com os cativos que foram levados com Jeconias, rei de Judá, o qual
(Jeconias) Nabucodonosor, rei de Babilônia,
levara- em- cativeiro- de- exílio.
{* Quis?}
7 Este
(Mardoqueu) criara
a Hadassa (que é Ester, filha do tio dele (de
Mardoqueu)), porque ela não tinha
pai nem mãe; e a donzela era bela de presença e formosa
à vista; e, morrendo
o pai e mãe dela, Mardoqueu a tomara por sua
própria filha.
8 Sucedeu, pois,
que, sendo ouvidos o mandado do rei e
o seu decreto, e ajuntando-se muitas
donzelas na fortaleza de Susã, debaixo da mão de Hegai, também
levaram Ester à casa do rei, debaixo da mão de Hegai, guarda
das mulheres.
9 E a donzela
pareceu formosa aos olhos dele (Hegai), e alcançou graça perante
ele; por isso ele se apressou a dar-lhe as coisas
(ungüentos) para sua purificação, e os seus quinhões,
como também em lhe dar sete donzelas
selecionadas provenientes da casa do
rei; e a fez passar com as suas moças ao melhor lugar da casa das
mulheres.
10 Ester,
porém, não declarou qual era o seu povo e a sua parentela, porque Mardoqueu
lhe tinha ordenado que não declarasse isto.
11 E caminhava Mardoqueu cada dia diante do pátio da casa das mulheres, para se
informar de como Ester passava, e do que lhe sucederia.
12 E, quando chegou a vez de cada donzela entrar ao rei Assuero, depois que fora feito
a ela segundo a lei das mulheres, durante doze meses (porque assim se cumpriam
os dias das suas purificações: seis meses com óleo de
mirra, e seis meses com matérias- primas- aromatizantes e com as outras
coisas para a purificação
das mulheres),
13 Desta maneira,
pois, vinha a donzela ao rei; dava-se-lhe tudo quanto ela desejava,
para ir consigo da casa das mulheres à casa do rei;
14 Ao anoitecer ela entrava, e ao alvorecer
ela tornava à segunda casa das mulheres,
debaixo da mão de Saasgaz, camareiro do rei, guarda das concubinas; não
entrava mais ao rei, salvo se o rei a desejasse, e fosse chamada pelo nome.
15 Chegando,
pois, a vez de Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu (que a tomara por
sua filha), para entrar ao rei, coisa nenhuma pediu ela, senão o que
disse Hegai, camareiro do rei, guarda das mulheres; e alcançava Ester
graça aos olhos de todos quantos a viam.
16 Assim foi
levada Ester ao rei Assuero, à casa real dele, no décimo mês,
que é o mês de tebete, no sétimo ano do reinado
dele.
17 E o rei
amou a Ester mais do que a todas as mulheres, e ela alcançou perante
ele graça e benevolência mais do que todas as virgens; de
modo que ele pôs
a coroa real sobre a cabeça dela, e a fez rainha em lugar de Vasti.
18 Então
o rei fez um grande banquete a todos os seus príncipes e aos seus
servos; era o banquete de Ester; e ele (Assuero) deu um
dia de repouso às províncias,
e deu presentes segundo a mão- de- poder do rei.
19 E, quando as virgens
foram reunidas uma segunda vez, Mardoqueu estava assentado à porta do rei.
20 Ester,
porém, não declarava a sua parentela e o seu povo, como Mardoqueu
lhe ordenara; porque Ester cumpria o mandado de Mardoqueu, como quando
ele a criava.
21 Naqueles
dias, assentando-se Mardoqueu à porta do rei, dois camareiros do
rei, dos guardas da porta, Bigtã e Teres, grandemente se indignaram,
e procuraram lançar as suas mãos sobre o rei Assuero.
22 E veio
isto ao conhecimento de Mardoqueu, e ele o declarou à rainha Ester;
e Ester o disse ao rei, em nome de Mardoqueu.
23 E inquiriu-se
a respeito deste negócio, e
ele foi descoberto ser verdade, e ambos (camareiros) foram enforcados num
madeiro;
e isso foi escrito no
livro das crônicas, perante o rei.
Capítulo 3
1 Depois destas
coisas, o rei Assuero engrandeceu a Hamã, filho de Hamedata, agagita, e o
exaltou, e pôs o assento dele (de Hamã) acima de todos os príncipes
que estavam com ele.
2 E todos
os servos do rei, que estavam à porta do rei, se inclinavam e se
prostravam perante Hamã; porque assim tinha ordenado o rei acerca
dele; porém Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava.
3 Então
os servos do rei, que estavam à porta do rei, disseram a Mardoqueu:
Por que transgrides
tu o mandado do rei?
4 Sucedeu,
pois, que, dizendo-lhe eles isto, dia após dia, e não lhes
dando ele ouvidos, o declararam a Hamã, para verem se as palavras
de Mardoqueu se sustentariam, porque ele lhes tinha declarado que era judeu.
5 Vendo, pois,
Hamã que Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava diante dele,
Hamã se encheu de furor.
6 Porém
seus olhos estimaram como nada o pôr
ele as mãos apenas sobre Mardoqueu (porque lhe haviam declarado de que povo era Mardoqueu);
Hamã, pois, procurou destruir a todos os judeus, o povo de Mardoqueu,
que havia em todo o reino de Assuero.
7 No primeiro
mês (que é o mês de Nisã), no ano duodécimo
do rei Assuero, se lançou Pur, isto é, a sorte, perante Hamã,
de dia em dia e de mês em mês, até ao duodécimo mês,
que é o mês de Adar.
8 E Hamã
disse ao rei Assuero: Existe, espalhado e dividido entre os povos
que estão em todas
as províncias do teu reino, um certo povo, cujas leis são diferentes
das leis de todos os povos, e que não cumpre as leis do rei; por isso
não convém ao rei tolerá-los
vivos.
9 Se bem parecer
ao rei, seja escrito um decreto para que sejam
destruídos; e eu pagarei nas mãos dos
encarregados dos negócios (do rei) dez mil talentos de prata, para que entrem nos tesouros do rei.
10 Então
tirou o rei o anel da sua mão, e o deu a Hamã, filho de Hamedata,
agagita, inimigo dos judeus.
11 E disse
o rei a Hamã: Essa prata te é dada como também esse
povo, para fazeres dele o que bom- parecer aos teus olhos.
12 Então
chamaram os escrivões do rei no primeiro mês, no dia treze do
mesmo e, conforme a tudo quanto Hamã ordenou, se escreveu aos
sátrapas {*}
do rei, e aos governadores que havia sobre cada província, e aos
principais de cada povo; a cada província segundo a sua escrita,
e a cada povo segundo a sua língua; em nome do rei Assuero se escreveu,
e com o anel do rei se selou. {* Governadores das
províncias do Império Persa}
13 E enviaram-se
as cartas pela mão dos correios a todas as províncias
do rei, para que destruíssem, matassem, e fizessem perecer a todos
os judeus, desde o jovem até ao velho, crianças e mulheres,
em um mesmo dia, a treze do duodécimo mês (que é o
mês de Adar), e que saqueassem o despojo deles.
14 Uma cópia
do escrito a ser dado
como lei em cada província
foi feita pública a todos os povos, para que
estes estivessem preparados para aquele
dia.
15 Os correios, pois, impelidos pela palavra do rei, saíram, e
o decreto
foi dado
na fortaleza de Susã. E o rei e Hamã se assentaram a beber, porém
a cidade de Susã estava perplexa.
Capítulo 4
1 Quando Mardoqueu
soube tudo quanto havia sido feito,
Mardoqueu
rasgou as suas vestes, e vestiu-se
de um pano de saco com cinza, e saiu pelo meio da cidade, e clamou com grande e amargo
clamor;
2 E chegou
até diante da porta do rei, porque ninguém vestido de pano de saco
podia entrar pelas portas do rei.
3 E, em todas
as províncias aonde chegava o mandamento do rei (isto
é, o seu decreto), havia
entre os judeus grande choro- lamentação- de- luto, com jejum, e choro, e lamentação;
e muitos (dos judeus) estavam deitados em pano de saco e em cinza.
4 Então
vieram as servas de Ester, e os seus camareiros, e lhe
contaram isto {*}. Então a rainha excedentemente se
angustiou; e ela enviou roupas para vestir a Mardoqueu, e
tirar-lhe o pano de saco; porém ele não as aceitou. {*
o estado de Mordecai}
5 Então
Ester chamou a Hatá (um dos camareiros do rei, que este tinha posto
diante dela (para servi-la)), e deu-lhe ordem
para ir a Mardoqueu, para saber que era
aquilo, e o porquê daquilo.
6 E, saindo
Hatá a Mardoqueu, à praça da cidade, que estava diante
da porta do rei,
7 Mardoqueu
lhe declarou tudo quanto lhe tinha sucedido; como também a soma
exata do dinheiro que Hamã dissera que pagaria para os tesouros do
rei, pelos judeus, para destruí-los.
8 Também
lhe deu a cópia do escrito do decreto, que
havia sido dado em Susã, para
os destruir, para que a mostrasse a Ester, e a declarasse; e para lhe
ordenar que entrasse até ao rei, e lhe
implorasse
misericórdia e suplicasse diante dele
pelo povo dela.
9 Veio, pois,
Hatá, e declarou a Ester as palavras de Mardoqueu.
10 Então
falou Ester a Hatá, ordenando-lhe que dissesse a Mardoqueu:
11 Todos os
servos do rei, e o povo das províncias do rei, bem sabem que todo
o homem ou mulher que chegar ao rei no pátio interior, sem ser chamado,
não há senão uma sentença, a de ser morto, salvo se
o rei estender para ele o cetro de ouro, para que viva; e eu, nestes trinta
dias, não tenho sido chamada para entrar ao rei.
12 E declararam a Mardoqueu as palavras de Ester.
13 Então
Mardoqueu ordenou que respondessem a Ester: Não imagines no teu íntimo
que, por estares na casa do rei, mais escaparás tu
do que todos
os outros judeus.
14 Porque,
se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento de outra parte
se levantará para os judeus, mas tu e a casa de teu pai
sereis destruídas; e quem
sabe se para tal tempo como este chegaste a esta realeza?
15 Então
disse Ester que retornassem a Mardoqueu
esta resposta:
16 Vai, ajunta
todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não
comais nem bebais por três dias, nem de dia nem de noite, e eu e
as minhas servas também assim jejuaremos. E assim entrarei
até ao
rei, ainda que isto não seja segundo a lei; e se perecer
eu, pereci.
17 Então
Mardoqueu se foi, e fez conforme a tudo quanto Ester lhe ordenou.
Capítulo 5
1 Sucedeu,
pois, que ao terceiro dia, Ester se vestiu com seus trajes reais, e se
postou
no pátio interior da casa do rei, defronte do aposento do rei; e
o rei estava assentado sobre o seu trono real, na casa real, defronte da
porta do aposento.
2 E sucedeu
que, vendo o rei à rainha Ester, a qual estava
postada no pátio, alcançou
ela graça aos olhos dele; e o rei estendeu para Ester o cetro de ouro,
que tinha na sua mão, e Ester se aproximou, e tocou
no topo do cetro.
3 Então
o rei lhe disse: Que é que queres, rainha Ester, ou qual é
a tua petição? Até metade do reino se te dará.
4 E respondeu
Ester: Se bom- parecer ao rei, venha
o rei hoje
(com Hamã) ao banquete que tenho preparado para ele
(o rei).
5 Então
disse o rei: Fazei apressar a Hamã, para se
fazer segundo a
palavra de
Ester. Vindo, pois, o rei e Hamã ao banquete, que Ester tinha preparado,
6 Disse o
rei a Ester, no banquete do vinho {*}: Qual é a tua petição?
E ser-te-á concedida. E qual é o teu
pedido? E
ele será realizado,
ainda que alcance até metade do reino.
{* que se seguia ao banquete de comida}
7 Então respondeu Ester, e disse: Minha petição e
pedido é:
8 Se achei
graça aos olhos do rei, e se bem parecer ao rei conceder-me a minha
petição, e realizar o meu
pedido, venha o rei com Hamã
ao banquete que lhes hei de preparar, e amanhã farei conforme a palavra
do rei.
9 Então
saiu Hamã naquele dia regozijando e alegre no coração; porém,
quando
Hamã viu Mardoqueu à porta do rei, e que ele não se levantara
nem se movera diante dele, então Hamã se encheu de furor contra
Mardoqueu.
10 Hamã,
porém, se refreou, e foi para sua casa; e enviou
mensageiros, e fez vir os
seus amigos, e Zeres, sua esposa.
11 E contou-lhes
Hamã a glória das suas riquezas, a multidão de seus filhos,
e tudo em que o rei o tinha engrandecido, e como o tinha exaltado
acima dos príncipes e servos do rei.
12 Disse mais
Hamã: Tampouco a rainha Ester a ninguém fez vir com o rei ao
banquete que tinha preparado, senão a mim; e também para amanhã
estou convidado por ela juntamente com o rei.
13 Porém
tudo isto não me é de nenhum proveito, enquanto eu vir o judeu Mardoqueu assentado
à porta do rei.
14 Então
lhe disseram Zeres (sua esposa) e todos os seus amigos: Faça-se
um madeiramento- de- forca de cinqüenta côvados de altura, e amanhã dize
ao rei que nele seja enforcado Mardoqueu; e então
alegremente entra com
o rei ao banquete. E esta palavra pareceu boa diante de Hamã, que
fez preparar o madeiramento- da- forca.
Capítulo 6
1 Naquela
mesma noite fugiu o sono do rei; então ele ordenou
ser trazido o livro de registro
das crônicas, as quais se leram diante do rei.
2 E achou-se
escrito que Mardoqueu tinha denunciado Bigtã e Teres, dois dos camareiros
do rei, da guarda da porta, que tinham procurado lançar mão
do rei Assuero.
3 Então
disse o rei: Que honra e grandeza se deu por isso a Mardoqueu?
E os jovens- servos do rei, que ministravam junto a ele, disseram: Coisa nenhuma
se lhe fez.
4 Então
disse o rei: Quem está no pátio? E Hamã tinha entrado
no pátio exterior da casa do rei, para dizer ao rei que enforcassem
a Mardoqueu no madeiramento- da- forca que
ele lhe tinha preparado.
5 E os jovens- servos do rei lhe disseram: Eis que Hamã está
postado no pátio. E disse
o rei "Entre ele!".
6 E, entrando
Hamã, o rei lhe disse: Que se fará ao homem de cuja honra o
rei se agrada? Então Hamã disse no seu coração: De
quem se agradaria o rei mais do que a mim, para lhe fazer honra?
7 Assim disse
Hamã ao rei: Para o homem, de cuja honra o rei se agrada,
8 Tragam a
veste real que o rei costuma vestir, como também o cavalo
sobre o qual
o rei costuma andar montado, e ponha-se a coroa real
sobre a cabeça dele (do homem).
9 E entregue-se
a veste e o cavalo à mão de um dos príncipes mais nobres
do rei, para que estes vistam com ela aquele homem a quem o rei
tem deleite em honrar; e levem-no
sobre cavalo através das ruas da cidade, e apregoe-se diante dele: Assim se fará
ao homem a quem o rei tem deleite em honrar!
10 Então
disse o rei a Hamã: Apressa-te, toma a veste e o cavalo, como disseste,
e faze assim para com o judeu Mardoqueu, que está assentado à
porta do rei; e palavra nenhuma
deixes cair {*} de tudo quanto
tu disseste.
{* deixes faltar}
11 E Hamã
tomou a veste e o cavalo, e vestiu a Mardoqueu, e o levou
sobre cavalo através das
ruas da cidade, e apregoou diante dele: Assim se fará ao homem
em
quem o rei tem deleite em honrar!
12 Depois
disto Mardoqueu voltou para a porta do rei; porém Hamã
apressou-se para ir à sua casa, chorando (como em luto), e de cabeça coberta.
13 E contou
Hamã a Zeres, sua esposa, e a todos os seus amigos, tudo quanto lhe
tinha sucedido. Então os seus sábios e Zeres (sua esposa) lhe
disseram: Se Mardoqueu, diante de quem já começaste a cair,
é da semente dos judeus, não prevalecerás
contra ele, antes certamente cairás diante dele.
14 E estando
eles ainda falando com ele, chegaram os camareiros do rei, e se apressaram
a levar Hamã ao banquete que Ester preparara.
Capítulo 7
1 Veio, pois,
o rei (com Hamã) ao banquetear
da rainha Ester,
2 Disse outra
vez o rei a Ester, no segundo dia, no banquete do vinho {*}: Qual é
a tua petição, rainha Ester? E ela te será concedida. E qual é o teu
pedido? E
ele será realizado,
ainda que alcance até metade do reino.
{* que se seguia ao banquete de comida}
3 Então
respondeu a rainha Ester, e disse: Se, ó rei, achei graça
aos teus olhos, e se bem parecer ao rei, conceda-se-me a minha vida como
minha petição, e o meu povo como meu
pedido.
4 Porque fomos
vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem, e aniquilarem
de vez; se ainda por servos e por servas nos tivessem
vendido, calar-me-ia; ainda
que o opressor não pode igualar (em compensação)
à perda do rei.
5 Então
falou o rei Assuero, e disse à rainha Ester: Quem é esse
e onde está esse, que tem enchido o seu
coração para assim fazer?
6 E disse
Ester: O homem, o opressor, e o inimigo, é este mau Hamã. Então
Hamã ficou aterrorizado perante o rei e a rainha.
7 E o rei
no seu furor se levantou do banquete do vinho e passou para o jardim do
palácio; e Hamã se pôs em pé, para rogar à
rainha Ester pela sua vida; porque viu que já o mal lhe estava determinado
pelo rei.
8 Tornando,
pois, o rei do jardim do palácio à casa do banquete do vinho,
Hamã tinha caído prostrado sobre o leito em que estava Ester.
Então disse o rei: Porventura quereria ele também forçar
a rainha perante mim nesta casa? Saindo esta palavra da boca do rei, cobriram
o rosto de Hamã {*}. {* usual sinal: (a) de condenação
à morte bem próxima, sem mais poder ver a luz? ou (b) para que quem
enfurecesse o rei não mais pudesse lhe ver o rosto?}
9 Então
disse Harbona, um dos camareiros que serviam diante do rei: Eis que também
o madeiramento- da- forca de cinqüenta côvados de altura que Hamã fizera
para Mardoqueu, aquele que falara para
bem do rei, está
de pé junto à
casa de Hamã. Então disse o rei: Enforcai-o nele.
10 Assim, enforcaram Hamã no madeiramento- da- forca que ele tinha preparado para Mardoqueu. Então
o furor do rei se aplacou.
Capítulo 8
1 Naquele
mesmo dia, deu o rei Assuero à rainha Ester a casa de Hamã,
inimigo dos judeus; e Mardoqueu veio perante o rei, porque Ester tinha
declarado quem ele era em relação a ela.
2 E tirou
o rei o seu anel {*}, que tinha feito ser tomado
(de volta) de Hamã, e o deu a Mardoqueu. E
Ester pôs Mardoqueu sobre
a casa de Hamã. {* de assinar leis, decretos, etc.
? v.8}
3 Falou mais
Ester perante o rei, e se lançou aos pés dele; e chorou,
e lhe suplicou que revogasse a maldade de Hamã, o agagita, e o intento
que tinha maquinado contra os judeus.
4 E estendeu
o rei para Ester o cetro de ouro. Então Ester se levantou, e pôs-se em pé perante o rei,
5 E disse:
Se bom- parecer ao rei, e se eu achei graça perante ele, e se este
negócio é reto diante do rei, e se eu boa-
pareço aos seus
olhos, escreva-se que se revoguem as cartas concebidas por Hamã filho
de Hamedata, o agagita, as quais ele escreveu para aniquilar os judeus,
os quais estão em todas as províncias do rei.
6 Pois como
poderei eu suportar ver o mal que sobrevirá ao meu povo? E como poderei ver
o extermínio da minha parentela?
7 Então
disse o rei Assuero à rainha Ester e ao judeu Mardoqueu: Eis que
dei a Ester a casa de Hamã, e a ele
enforcaram num
madeiramento- da- forca, porquanto
estendera as mãos contra os judeus.
8 Escrevei,
pois, aos judeus, como bom- parecer aos vossos olhos, em nome do rei, e
selai-o com o anel do rei; porque o escrito que se escreve em nome do
rei, e que se sela com o anel do rei, ninguém pode revogar
{*}. {* grande problema a ser contornado: o escrito
antigo não podia ser simplesmente REVOGADO}
9 Então
foram chamados os escrivões do rei, naquele mesmo tempo, no terceiro
mês (que é o mês de Sivã), aos vinte e três
dias do mesmo; e,
conforme a tudo quanto ordenou Mardoqueu, se escreveu aos judeus,
como também aos sátrapas {*}, e aos governadores, e aos
principais
das províncias, que se estendem desde a Índia até
a Etiópia,
cento e vinte e sete províncias, a cada província segundo
o seu modo de escrever, e a cada povo conforme a sua língua; como
também aos judeus segundo o seu modo de escrever, e conforme a sua
língua. {* Governadores das províncias do Império
Persa}
10 E escreveu-se
em nome do rei Assuero e, selando
isto com o anel do rei, enviaram as cartas
pela mão de correios a cavalo,
e cavalgadores
sobre mulas e camelos e jovens dromedários.
11 Nelas (nas cartas) o
rei concedia aos judeus, os quais havia em cada cidade, que se reunissem,
e que se erguessem de pé para
defender as suas vidas, e para
destruir,
matar e fazer perecer todas as forças do povo e da província
que viessem contra eles, até mesmo suas
crianças e mulheres, e que saqueassem
os seus despojos,
12 Num mesmo
dia, em todas as províncias do rei Assuero, no dia treze do duodécimo
mês, que é o mês de Adar;
13 E uma cópia do escrito
(a ser dado
como lei em cada província)
foi feita pública a todos os povos, para que os judeus estivessem preparados
para aquele dia, para se vingarem dos seus inimigos.
14 Os correios,
que montavam sobre mulos- velozes
e camelos, saíram,
sendo apressados e impelidos pela palavra
do rei; e este decreto foi publicado na fortaleza de Susã.
15 Então
Mardoqueu saiu da presença do rei com veste real azul-celeste e
branco, como também com uma grande coroa de ouro, e com uma capa
de linho fino e púrpura, e a cidade de Susã exultou e se alegrou.
16 E para
os judeus houve luz, e alegria, e gozo, e honra.
17 Também
em toda a província, e em toda a cidade, aonde chegava a
ordem
do rei e o seu decreto, havia entre os judeus alegria e gozo, banquete e
dia de festa; e muitos, de entre os povos da terra, se fizeram judeus, porque
o temor aos judeus tinha caído sobre eles.
Capítulo 9
1 E, no duodécimo
mês, que é o mês de Adar, no dia treze do mesmo mês
em que chegou a ordem
do rei e o seu decreto para se executar, no dia em
que os inimigos dos judeus esperavam assenhorear-se deles,
isto foi mudado para o contrário,
porque os judeus foram os que se assenhorearam dos que os odiavam.
2 Porque os
judeus nas suas cidades, em todas as províncias do rei Assuero,
se ajuntaram para pôr as mãos sobre aqueles que procuravam o mal
deles; e nenhum homem podia resistir-lhes, porque o temor a eles caíra
sobre todos aqueles povos.
3 E todos
os principais das províncias, e os sátrapas {*}, e os governadores,
e os que faziam a obra do rei, auxiliavam os judeus, porque tinha caído
sobre eles o temor a Mardoqueu. {* Governadores das
províncias do Império Persa}
4 Porque Mardoqueu
era grande na casa do rei, e a sua fama
ia através
de todas as províncias,
porque o homem Mardoqueu ia crescendo.
5 Portanto, os judeus
feriram a todos os seus inimigos, a golpes de espada, com matança
e com destruição; e fizeram o que quiseram daqueles que os
odiavam.
6 E, na fortaleza
de Susã, os judeus mataram e destruíram quinhentos homens;
7 Como também
a Parsandata, e a Dalfom e a Aspata,
8 E a Porata,
e a Adalia, e a Aridata,
9 E a Farmasta,
e a Arisai, e a Aridai, e a Vaisata
10 (Isto é, os dez
filhos de Hamã, filho de Hamedata, o inimigo dos judeus), mataram;
porém ao despojo não estenderam a mão deles.
11 No mesmo
dia foi
trazido
à presença do rei o número dos mortos na fortaleza de Susã.
12 E disse
o rei à rainha Ester: Na fortaleza de Susã os judeus mataram
e destruíram quinhentos homens, e os dez filhos de Hamã; nas mais
províncias do rei que teriam feito? Qual é, pois, a tua petição?
E te será concedida. Ou qual é ainda o teu requerimento? E
será feito.
13 Então
disse Ester: Se bem parecer ao rei, conceda-se aos judeus que se acham
em Susã que também façam amanhã conforme ao decreto
de hoje; e sejam pendurados no madeiramento- da-
forca os dez filhos de Hamã {*}. {* já tinham sido
mortos, v. 10}
14 Então
disse o rei que assim se fizesse; e publicou-se um edito em Susã,
e penduraram os dez filhos de Hamã {*}.
{* já tinham sido mortos, v. 10}
15 E reuniram-se
os judeus que se achavam em Susã também no dia catorze do mês
de Adar, e mataram em Susã trezentos homens; porém ao despojo
não estenderam a mão deles.
16 Também
os demais judeus que se achavam nas províncias do rei se reuniram
e se postaram de pé em defesa das suas vidas, e tiveram descanso dos seus inimigos;
e mataram setenta e cinco mil daqueles que os
odiavam; porém ao despojo
não estenderam a mão deles.
17 Sucedeu
isto no dia treze do mês de Adar; e descansaram no dia catorze
do mesmo, e
fizeram, daquele dia, dia de banquetes e de alegria.
18 Também
os judeus, que se achavam em Susã, se ajuntaram nos dias treze e catorze
do mesmo mês; e descansaram no dia quinze do mesmo
mês, e fizeram, daquele dia, dia de banquetes
e de alegria.
19 Portanto, os judeus das aldeias, que habitavam nas vilas
sem muro, fizeram do dia catorze
do mês de Adar dia de alegria e de banquetes, e dia de
festa,
e de enviarem porções (dos banquetes) uns aos outros.
20 E Mardoqueu
escreveu estas coisas, e enviou cartas a todos os judeus que se achavam
em todas as províncias do rei Assuero, aos de perto, e aos de longe,
21 Estabelecendo entre eles
que guardassem o dia catorze do mês de Adar, e o dia quinze do mesmo,
ano a ano,
22 Como os
dias em que os judeus tiveram repouso dos seus inimigos, e o mês
que se lhes foi mudado de tristeza
para alegria, e de choro-
lamentação- de- luto para
um dia de festa, para
que os fizessem dias de banquetes e de alegria, e de enviarem
porções (dos banquetes) uns aos outros, e dádivas aos pobres.
23 E os judeus
encarregaram-se de fazer o que já tinham começado, como também
o que Mardoqueu lhes tinha escrito.
24 Porque
Hamã, filho de Hamedata, o agagita, inimigo de todos os judeus, tinha
maquinado destruir os judeus, e tinha lançado Pur, isto é,
a sorte, para os assolar e destruir.
25 Mas, vindo
Ester perante o rei,
ordenou ele por cartas que o mau intento que
ele (Hamã) maquinara contra os judeus, se tornasse sobre a cabeça
dele mesmo; pelo que
penduraram a ele e a seus filhos no madeiramento- da-
forca.
26 Por isso, àqueles dias chamam de Purim,
por causa do nome Pur
<sorte>; assim também por causa de
todas as palavras daquela carta, e do que viram sobre isso, e do que tinha
vindo sobre eles.
27 Os judeus estabeleceram e tomaram sobre si, e sobre a sua semente,
e sobre todos os que se haviam de unir com eles, que não se deixaria de guardar
estes dois dias conforme o escrito na ordem a
eles, e segundo o seu tempo
determinado, todos os anos.
28 E que estes
dias seriam lembrados e guardados através de cada geração, família,
província e cidade, e que esses dias de Purim não fossem revogados
entre os judeus, e que a memória deles nunca teria fim entre os
de sua semente.
29 Então
a rainha Ester (filha de Abiail) e Mardoqueu, o judeu, escreveram com toda
autoridade uma segunda vez, para confirmar a carta a respeito de Purim.
30 E enviaram
cartas a todos os judeus, às cento e vinte e sete províncias
do reino de Assuero, com palavras de paz e verdade.
31 Para confirmarem
estes dias de Purim nos seus tempos determinados,
conforme Mardoqueu, o judeu,
e a rainha Ester lhes tinham estabelecido, e como eles mesmos já
o tinham estabelecido sobre si e sobre a semente deles,
as palavras acerca
do jejum e do clamor deles.
32 E o decreto
de Ester confirmou estas palavras a respeito de Purim; e
isto foi escrito no livro.
Capítulo 10
1 Depois disto, impôs o rei Assuero tributo sobre a terra, e
sobre as ilhas do mar.
2 E todos
os atos do seu poder e do seu valor, e a exata-
declaração da grandeza de Mardoqueu,
a quem o rei exaltou, porventura não estão escritos no livro
das crônicas dos reis da Média e da Pérsia?
3 Porque o
judeu Mardoqueu foi o segundo depois do rei Assuero, e grande entre os
judeus, e bem aceito pela multidão de seus irmãos, procurando
o
bem do seu povo, e proclamando a paz a toda a
semente dele {*}.
{* os descendentes de Israel}