Apresentação realizada no I CONGRESSO ADVENTISTA
DE SAÚDE
São Paulo, 29 de janeiro à 02 de fevereiro - 1997
Alimentação Equilibrada e Alergia
a partir da Perspectiva Bíblica
Nesta apresentação estaremos abordando conceitos oriundos
de textos bíblicos que muitas vezes são lidos e não
percebemos sua importância vital.
O primeiro e mais importante conceito é sobre o equilíbrio
necessário aos alimentos, diminuindo os excessos de carboidratos
(açúcares e farinhas), gorduras, e de fibras. Este conceito
é relativo: quanto mais utilizarmos alimentos equilibrados, mais
próximo estaremos do plano inicial do Criador (Gênesis
1:29).
O segundo conceito é absoluto: não podemos nem
ao menos tocar nos produtos proibidos ou arcaremos com duras conseqüências,
especialmente no âmbito das doenças alérgicas (lembra
o fruto proibido, agora transportado para alguns
animais).
Gênesis 1.28-30
Olhem, Eu dou a vocês todas as plantas que dão
sementes e todas as árvores frutíferas para alimento.
O conceito básico é utilizarmos alimentos vivos (sementes
e frutas), com a intenção de promover a vida.
O equilíbrio intrínseco entre seus componentes (proteínas,
vitaminas, sais, gorduras, carboidratos e fibras) induzem nosso metabolismo
ao mesmo plano. Enquanto que produtos com predominância de fibras
(verduras) seriam para animais.
Levítico 3.14-17
Por isso, os israelitas, em todos os lugares onde morem, não
comerão nem a gordura nem o sangue. Essa é uma lei que deverá
ser obedecida para sempre por vocês e pelos seus descendentes.
Gordura, óleo, manteiga, maionese e produtos afins são combustíveis
não alimentos; no máximo seriam adequados para serem utilizados
sobre a pele ou cabelos.
Levítico 11.02-43
Vocês poderão comer a carne de qualquer animal
que tem o casco dividido e que rumina. Mas não poderão comer
camelos, coelhos selvagens ou lebres, pois esses animais ruminam, mas não
tem casco dividido. Para vocês esses animais são impuros.
É proibido comer carne de porco. Para vocês o porco é
impuro, pois tem o casco dividido, mas não rumina. Não comam
nenhum desses animais quando estiverem mortos. Todos eles são impuros
Lv11.09 Vocês poderão comer qualquer peixe que
tem barbatanas e escamas, mas não poderão comer os animais
que vivem na água e que não tem barbatanas nem escamas. Esses
animais são impuros para vocês; não comam nenhum deles
e mesmo quando eles estiverem mortos, não toquem neles. Qualquer
animal que vive na água e que não tem barbatanas nem escamas
é impuro.
Lv11.13 Também são impuras as seguintes aves:
águias, urubus, águias-marinhas, açores, falcões,
corvos, avestruzes, corujas, gaivotas, gaviões, mochos, corvos-marinhos,
íbis, gralhas, pelicanos, abutres, cegonhas, garças e poupas;
e também morcegos.
Lv11.20 É impuro todo inseto que anda e que voa; mas
vocês poderão comer os insetos que tem pernas e que saltam.
Poderão comer toda espécie de gafanhotos e de grilos. Mas
todos os outros insetos que andam e que voam são impuros.
Lv11.41 É proibido comer qualquer animal que se arrasta
pelo chão; esses animais são impuros. É proibido comer
qualquer um deles, tanto aqueles que se arrastam como aqueles que andam
com quatro patas ou mais.
Deixar as porcarias! ...incluindo os mais diversos subprodutos suínos;
desde os embutidos fatiados até o bacon de cada dia.
Deixar os peixes de couro como o cação e pintado .
Deixar os pobres coprófagos camarões e mariscos em geral.
Levítico 19.19
"Não cruze animais de espécies diferentes"
"Não semeie sementes de espécies diferentes nas
suas terras"
"Não use roupa feita com tecidos misturados"
Os híbridos e transgênicos produzem proteínas estranhas,
com potencial alergênico. Esta seria uma das explicações
para não plantar sementes diferentes num mesmo campo, pois a polinização
cruzada pode originar híbridos.
Após esta apresentação inicial, passaremos a analisar
alguns aspectos, na tentativa de esclarecê-los, desvencilhando-nos
de conceitos culturais arraigados entre nós.
Sementes e frutas
O principal está em Gênesis 1.29 na primeira ordenança
após a criação: comer sementes e frutas e deixar verduras
e capim para os animais.
Sementes e frutas... os elementos da natureza destinados a promover a vida,
em todas as dimensões de seu significado.
As sementes contém em sua essência todos os elementos necessários
à formação de uma nova vida vinculados entre si deforma
perfeitamente equilibrada: as gorduras, as proteínas, os açúcares,
os sais e vitaminas (e provavelmente alguns que não conhecemos)
em suas devidas proporções. O equilíbrio é
essencial para que a semente possa vingar, se faltar alguns nanogramos
que seja de um íon a semente terá dificuldade em brotar.
Ao buscar este plano de equilíbrio na alimentação,
estaremos respeitando a orientação divina expressa na primeira
página da bíblia, e diversos aspectos de bem estar resultantes
podem ser evidenciados:
- equilíbrio físico; onde os gordos tendem a emagrecer e
os magros a engordar; os hormônios tendem ao equilíbrio em
sua dinâmica extremamente variável.
- equilíbrio emocional; o corpo tende a ser menos ácido,
deixando as pessoas menos irritadas, com maior capacidade de concentração
e percepção, mais aptos ao aprendizado (Daniel 1.17)
- equilíbrio espiritual; pois acima dos conceitos culturais e momentâneos
sobre alimentos tem-se a consciência de que a orientação
divina é superior, respeitando tanto os aspectos da graça
advinda através do sacrifício de Jesus como as orientações
eternas feitas desde o princípio.
As sementes saem de dentro de flores, perfumadas, a seu tempo, compondo
o equilíbrio ecológico em perfeita harmonia com insetos e
animais. É impossível imaginarmos algo mais sublime para
alimentar seres constituídos à imagem e semelhança
divina.
Folhas, caules, raízes ...são comidas de animais. O predomínio
de fibras fazem com que absorvam nutrientes, hormônios, enfim os
mais diversos elementos, dificultando a absorção através
da parede intestinal. Estudos recentes têm demonstrado esta perspectiva.
A celulose, elemento predominante nas verduras não pode ser digerida
pelo intestino humano, funcionando somente como uma "esponja". Folhas,
caules, raízes estão muito mais expostas aos agrotóxicos
do que as sementes e frutas que germinam do interior da planta. Gênesis
3.17 coloca as verduras como maldição.
Gorduras
Esta perspectiva de equilíbrio deve ser estendida à todos
os alimentos que utilizamos, evitando produtos processados que aumente
demasiadamente algum nutriente ou que o apresente desvinculado dos outros
elementos que o tornem equilibrados. Entre os maiores exemplos deste desequilíbrio
temos o açúcar, o sal e o óleo.
Em diversas passagens temos claro que estes produtos não podem ser
ingeridos, como em Levítico 3.17, e são citados como rehidratante
e amaciante da pele e cabelos ou símbolo de escolha divina, ou como
combustível para iluminação.
As gorduras não podem ser utilizadas de forma isolada na alimentação,
mas sim diluídas entre amidos, proteínas e ligadas à
íons, na devida proporção a fim de promover a vida,
tal qual numa semente de feijão (3% de gorduras).
Após a absorção, as gorduras, na forma de ácidos
graxos vão participar de diversos processos metabólicos,
desde o transporte da maioria dos elementos diluídos no sangue (ligadas
à proteínas levam hormônios, remédios, nutrientes,
anticorpos, etc.), até à formação de substâncias
essenciais como os hormônios sexuais e membranas celulares.
O fato de transportar os produtos químicos produz um "retardo" metabólico
quando estão em excesso. As dimensões deste transporte são
descomunais, raramente discernida até mesmo pelos profissionais
de saúde; por exemplo: A testosterona, hormônio masculino
existente em grande quantidade nos homens, determinando suas características
físicas e comportamentais e em pequena quantidade nas mulheres,
está ligada às gorduras circulantes e a quantidade livre,
"solta" no sangue é em média de 0,03 nanogramos por decilitros
de sangue, enquanto que a testosterona ligada à gorduras no homem
adulto é em média de 600,0 nanogramos por decilitros de sangue.
A proporção é de 1/20000.
Para concluir os argumentos contra o óleo não poderíamos
deixar de citar que é fartamente documentado na literatura médica
desde há décadas que - a ingestão de óleo é
diretamente proporcional ao aparecimento de câncer em todo o tubo
digestivo. Não é à toa que desde há 3.500 anos
temos sido orientados a não usar este tipo de produto como alimento
(Levítico 3.17).
Alergia à animais
O conceito advindo dos textos bíblicos é o de nem ao menos
tocar nos cadáveres dos animais proibidos. Nem tocar? isto parece
muito radical ...mas se prestarmos atenção veremos que existem
produtos que não é possível tocar, pois pode aparecer
um vermelhão, com inchaço e coceira que expande-se por diversas
áreas do corpo. São os produtos que causam alergias. Temos
visto pessoas que não é preciso nem tocar em camarões
por exemplo, somente de sentir o cheiro já começam a coçarem-se
e inchar. Relatos de choques anafiláticos com camarão que
evoluem para óbito em poucos minutos tem sido freqüentes.
Então aquele "não tocar" contido em Levítico 11 ao
falar dos animais proibidos é uma orientação precisa
e necessária, não é algo simplesmente dogmático,
é imunológico também. Esta perspectiva mais ampla
é muito pouco compreendida. Os indivíduos que estavam reagindo
com anticorpos aos animais necrófagos que haviam tocado estariam
tão modificados em toda sua essência, inclusive nos aspectos
morais, que eram proibidos de participar de assembléias religiosas
ou de batalhas, senão todos seriam prejudicados.
Temos observado clinicamente a alergia aos animais proibidos, medindo os
níveis de anticorpos (ASLO, Ab-TPO, Ab-TG) e registrando os sintomas
clínicos antes e depois de excluirmos os animais proibidos em Levítico
11 (subprodutos suínos, peixes de couro e mariscos). Ficamos fascinados,
juntamente com os pacientes ao vermos desaparecerem rapidamente doenças
até então de difícil controle, e mesmo com a involução
de "probleminhas" simples como uma coceira nos olhos, ou uma rinite, mas
que perturbavam há décadas.
As reações imunológicas acontecem praticamente em
todos os tecidos do corpo, desde um folículo piloso até células
endócrinas, respeitando as predisposições individuais.
Evitar os animais proibidos é um conceito básico que a humanidade
deveria ter observado anteriormente, agora estamos numa situação
calamitosa, mesmo com relação aos animais permitidos, segundo
previsão:
Ellen G. White
Conselhos sobre Regime Alimentar parágrafo 613
"Seja progressiva a reforma alimentar. Sejam as pessoas ensinadas
a preparar o alimento sem o uso de leite ou manteiga. Diga-lhes que breve
virá o tempo em que não haverá segurança no
uso de ovos, leite, creme ou manteiga..."
O aparecimento dos "prions" (cadeia de aminoácidos com comportamento
infeccioso) em herbívoros tratados com proteína animal (ração)
é uma evidência concreta do efeito deletério desta
prática assumida pela maioria dos criadores comerciais.
A trombeta mais forte é a própria doença da "vaca
louca". Ao invés de carneiro moído, damos peixe e frango
ao gado, enquanto que ao frango damos ossos de gado e porco (lembrar que
grande parte dos ossos é composta de matriz protéica - antigênica),
e aos peixes confinados (trutas e pesqueiros) damos esterco de frango e
porco. Estes procedimentos acabam por realizar uma imunização
alimentar diuturna nos animais de corte, deixando-os com os anticorpos
circulantes também centenas de vezes acima do normal. Estes anticorpos
acabam por aumentar a deposição de imunocomplexos em nós,
aumentando todos os sintomas alérgicos e auto-imunes.
Dessa maneira o produtos animais atualmente comercializados trazem, além
das conseqüências sinistras decorrentes dos produtos químicos
amplamente utilizados (agrotóxicos nas forragens, hormônios,
antibióticos e quimioterápicos), também a indução
dos mais diversos acometimentos alérgicos e auto-imunes, onde a
alergia ao leite de vaca é a bandeira mestre.
Mistura de Espécies e Alergia
Ainda sob a perspectiva imune devemos estar atentos com as orientações
feitas em Levítico 19.19 e Deuteronômio 22.09, e com a previsão:
Ellen G. White
Temperança página 12
"Satanás reuniu os anjos caídos a fim de inventar algum
meio de fazer o máximo de mal à família humana. Foi
apresentada proposta sobre proposta, até que finalmente Satanás
mesmo imaginou um plano:
Ele tomaria o fruto da vide, também o
trigo e outras coisas dadas por Deus como alimento, e convertê-los-ia
em venenos que arruinariam as faculdades físicas, mentais e morais
do homem, dominariam de tal maneira os sentidos, que Satanás teria
sobre eles inteiro controle."
Este conceito abrange as possíveis reações às
proteínas estranhas oriundas dos híbridos e transgênicos.
Os híbridos obtidos basicamente através de polinização
cruzada entre espécies diferentes. Os transgênicos, obtidos
através de engenharia genética através de "transplantes"
de segmentos de DNA, não só entre espécies diferentes
como entre gêneros, grupos... por exemplo: genes de peixe em plantas,
genes humanos em porcos... etc.
Os híbridos e transgênicos produzem proteínas estranhas
à natureza, (seqüência de aminoácidos complementares
à seqüência de nucleotídeos do DNA alterado) e
nosso sistema imunológico pode reconhecê-las como corpos estranhos
que devem ser inativados, desenvolvendo assim reações potencialmente
alérgicas. A polinização cruzada (que acontece nos
campos mistos) é a técnica mais utilizada atualmente para
o desenvolvimento dos híbridos.
Esta questão assume dimensões calamitosas quando observamos
que a maioria dos produtos agrícolas são oriundos de sementes
híbridas, tal como trigo, milho, café, laranja, abóboras,
pimentões, couve-flor, etc. Difícil é saber quais
produtos não provém de espécies misturadas. Isto ajuda
a compreender o avanço assustador que as doenças alérgicas
vem apresentando nestes últimos tempos.
Esta perspectiva poderia explicar alergia à pólen e ao glúten,
assim como diversos fenômenos imunológicos incompreensíveis
até o momento. Glúten (fração protéica
do cereal) e poluem são produtos naturais, perfeitamente harmônicos
à natureza, porque induziriam alergias?, somente se estivessem alterados.
O trigo é freqüentemente misturado com o centeio, originando
o "Triticale", amplamente utilizado como farinha na preparação
de bolachas, macarrão e produtos de panificação em
todo o mundo. E quanto ao poluem com efeito alérgico, a maior quantidade
é devida às gramíneas que seguramente sofreram processos
de polinização cruzada, devido à distribuição
das pastagens ou intencionalmente para a obtenção de espécies
com maior rendimento pecuário.
Cabe realçar os desequilíbrios ecológicos de
dimensões incomensuráveis advindos destas práticas
agrícolas, tanto nos aspectos de relacionamento com populações
de insetos e animais, como quanto ao incentivo do uso de agrotóxicos,
pois grande parte das pesquisas com híbridos e transgênicos
são orientadas ao desenvolvimento de resistência agrotóxicos.
Na literatura médica notamos referências de alergias principalmente
aos transgênicos (onde a adulteração genética
é menos sutil que nos híbridos). Entre espécimes
liberados para plantio encontramos produtos comuns como milho, feijão,
arroz, tomate, canola. Também vale a pena lembrar de produtos terapêuticos
que utilizam esta técnica de engenharia genética, como a
insulina dita humana, mas que é sintetizada por bactérias
transgênicas com genes humanos, ou como vacinas alimentares que estão
sendo testadas com bananas transgênicas. Nesta área as pesquisas
tem sido das mais mirabolantes possíveis, e seguramente poucos terão
discernimento de qualificá-las como antagônicas às
leis divinas e à natureza humana.
Dieta Bíblica
Após esta exposição é inevitável a expressão:
"então não poderemos comer mais nada?". Em resposta proponho
algumas posturas simples que seguramente evitam a maior parte das doenças
e elevam a qualidade de vida para um patamar mais próximo da "vida
em abundância" que nos foi prometida:
- 1. Privilegiar sementes e frutas na forma de cereais, castanhas e legumes
(que tenham sementes).
- 2. Diminuir progressivamente as gorduras, açúcares e verduras,
chegando ao uso esporádico somente.
- 3. Excluir absolutamente os animais proibidos (incluindo seus subprodutos)
- 4. Iniciar sem demora o cultivo de espécies selvagens, começando
pelos cereais e frutas. Mesmo que em escala domiciliar, e fornecê-los
prioritariamente aos alérgicos com risco de choque anafilático
mais premente.
- 5. Quando utilizar produtos animais, que sejam oriundos de criadores
que utilizem alimentos saudáveis, incluindo grama selvagem (não
híbrida).
Alérgicos
Gostaríamos de terminar com uma perspectiva em relação
ao papel do alérgico, pois seguramente irá contribuir para
a compreensão dos fatos e conseqüente tomada de decisões
relativas à estes.
"Os alérgicos são sensores ambientais
de alto requinte"
Além de reagirem facilmente aos antígenos grosseiros (animais
necrófagos e fungos) , são capazes de identificar as mais
sutis substâncias químicas, assim como discretas mudanças
genéticas em produtos alimentares.