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Grupo Facção Central foi formado em 1989, na região central de
São Paulo, Glicério, Cambucí e Ipiranga, com a formação de
Nego, Eduardo e Jurandir. Nego e Jurandir acabaram saindo fora.
Dum Dum que veio junto com o Garga juntou-se a Eduardo e
começaram a cantar. De 97 para 98 Garga saiu do grupo e o Erick
12 chegou para somar. Nascidos e criados em cortiços os
componentes do grupo Eduardo (compositor/ intérprete) e Dum Dum
(compositor/ intérprete), conviveram desde criança com a
violência social, tráfico de drogas, vicio, violência policial,
delegacias e cadeias. Um passado violento transformado em fonte de
inspiração e traduzido em composições objetivas que demonstram
atitude e ponto de vista. As ameaças de policiais por telefone,
as censuras de algumas rádios e até prisões por algumas letras
comprovam que as denúncias, a violência, a expressão de
revolta, o inconformismo que o grupo rima em seus versos está bem
distante de ser sensacionalismo, comercio ou moda, é apenas a
verdade da favela, dos cortiços, da periferia e como toda
verdade, incomoda. Todo mundo conhece a índole do grupo, todos
já foram vítimas da sociedade, já usaram drogas ou partiram
para o crime e sabem bem que o crime não leva a nada. O Eduardo
cometeu um furto, mas não chegou nem na delegacia, fez um acerto
ali mesmo. De maior, dando um rolê vindo da casa da namorada foi
enquadrado e perguntado: cadê a profissional? Ele então disse
que cantava Rap, se sustentava com aquilo. Levaram ele para
assinar o artigo 313 (vadiagem) do Código Penal. Dum Dum já
tirou uns dias no DACAR. Assinou um doze, experiência que ele
relata não ter gostado e não desejar pra ninguém. Ganhou quatro
meses de reclusão. O grupo ainda colhe o sucesso dos três
primeiros discos: “Juventude de atitude”, “Estamos de
luto” e “Versos Sangrento”. As faixas “Isso aqui é uma
guerra”, “Pavilhão dos esquecidos” e “Não quero ser o
próximo defunto”, todos do álbum “Versos sangrentos” ainda
são sucessos nos programas de rap. Em 2001 o Grupo lançou o
álbum intitulado “A marcha fúnebre prossegue”, com 16
faixas. Instrumentais sinistras e rimas nervosas. Elogiados pelos
“Ratos de Porão” e “Sepultura”, o disco segue no mesmo
estilo, com boa qualidade de produção musical e arte de encarte.
Um dos discos mais vendidos do cenário e um dos mais respeitados.
Destaque para as faixas “A marcha fúnebre prossegue”, música
que se destacou pelas rádios de São Paulo, “Apologia ao
crime”, “Sei que os porcos querem meu caixão”, e “A paz
está morta”. Em 2003, “Direto do campo de extermínio” é o
título do álbum duplo do grupo, que traz composições falando
sobre violência, drogas e o cotidiano da periferia. As faixas que
se destacam são "O menino do morro", “Vozes sem voz”, “Reflexões do corredor da
morte”, “Dias melhores não virão”, “Hoje Deus anda de
blindado” e “Observando o rio de sangue”. No mesmo ano de
lançamento, o grupo foi vencedor de três categorias do Prêmio
Hutúz: melhor álbum, melhor
música “O menino do morro” e melhor produtor Fabio Macarí. Em
2005, o grupo lançou o álbum "Ao vivo", com 17 faixas, entre elas,
"Estrada da dor 666", "A marcha fúnebre prossegue", "A minha voz
está no ar" e "Eu não pedi pra nascer". Em 2006, o grupo lança o
seu segundo álbum duplo: "O espetáculo do circo dos horrores". Com
letras que dispensam comentários, o Facção Central aborda temas
como saúde pública, política brasileira, repressão policial,
exploração capitalista, drogas, crime organizado e desorganizado,
da periferia ao planalto central. Este álbum é uma análise da
realidade brasileira. Ex-moradores de
cortiços, os integrantes do Facção Central já tiveram um de
seus clipes censurados, mas não se calaram em continuam mandando
sua mensagem neste trabalho. Como todo grupo de Rap da periferia
que tem a intenção de se manifestar a favor do povo o Grupo
Facção Central faz isso. Canta Rap falando da violência e
buscando a paz. A intenção deles é sempre tentar o lado do bem
pra quem esta no lado obscuro, para quem esta esquecido e colocar
sempre que o caminho do crime não é válido, por mais que a
sociedade só ofereça esta opção. |