ARTE, UM CAMINHO PARA A CRISTIANIZAÇÃO

Tão logo os jesuítas se estabeleceram na área de ocupação guarani, perceberam o interesse e a vocação do grupo para o campo das artes.

Sempre que os jesuítas entoavam seus cânticos de igreja, os índios corriam aos bandos para ouvi-los. Os padres viram aí um campo fecundo, onde poderiam alcançar este povo e trazê-lo para a fé católica, aproveitando-se desses dons naturais em favor do cristianismo e da civilização.

Segundo TREVISAN (1978, p. 38), “[...] não obstante, a generalidade dos autores atribui aos índios duas qualidades: pendor musical e talento imitativo”.

Na redução de São Miguel das Missões, no ano de 1650, foi criada a “Escola Nacional de Música, onde eram selecionados os melhores cantores de todas as Missões. Os padres jesuítas organizaram, nesta, um coral bem afinado que, em nada ficava devendo aos melhores corais europeus. (BAIOTO e QUEVEDO, 1997)

Ainda, conforme os autores supracitados, os guaranis eram também excelentes instrumentistas e aprendiam rapidamente a tocar todo o tipo de instrumento musical. Formaram, assim, diversas orquestras nas Missões e estas interpretavam com perfeição os mais difíceis compositores europeus.

Os instrumentos eram fabricados na Redução com uma perfeição tal que não se distinguiam de instrumentos vindos do exterior.

Além disso, revelaram-se exímios pintores e escultores que produziam dentro de inspirações religiosas, obras belíssimas que revelam um traço fino e sensível.

No começo da arte missioneira, quando os jesuítas começaram desenvolver a arte de esculpir, os artistas faziam cópias fiéis de imagens de santos europeus.

Conforme TREVISAN (1978, p. 39), “[...] são mui hábeis para a imitação, tão delicados, tão pontuais, olhando durante muito tempo ao modelo e tornando-o considerar com tanta paciência repetidas vezes, que chegam a imitar e copiar perfeitamente a obra.

Porém, após o aprimoramento do traço guarani, este põe sua própria impressão nas imagens esculpidas ou pintadas, é o que se nota por exemplo em uma imagem de Nossa Senhora que tem cabelos e traços fisionômicos próprios dos indígenas. Esse fator demonstra que os índios não eram apenas imitadores como muitos querem nos fazer crer, mas eram verdadeiros artistas que viam sua arte como um meio de expressar seus sentimento. Segundo PORTO, 1954 apud TREVISAN, (1978, p. 40), “[...] de uma cerâmica tosca e pobre que revela o atraso de sua cultura, passa, mais tarde, o índio das Missões, sob a inspiração artística dos Jesuítas, a lavrar essas admiráveis peças, cuja cinzeladura marca o apogeu da civilização jesuítico-colonial.

Esse fator explica a beleza dos quadros, esculturas e a perfeição da melodia dos corais e orquestras que chegam a nós através dos relatos impressionados de testemunhas da época.

Esse caráter didático da arte, que servia como elemento catequético, apareceu na Idade Média como uma forma eficiente de ensinar a religião, elevando a mente aos valores do espírito. O trabalho artístico dos índios não tinha fins lucrativos.

A finalidade primordial da arte indígena era portanto, tornar sensíveis e palpáveis as verdades da fé e os precitos da moral, para instruir a mente e formar o coração.

Em suma, as artes ensinadas aos índios pelos missionários, muito contribuíram para a conversão do gentio e sua redução à fé católica, além de formar um grande número de pedreiros, carpinteiros, ferreiros, arquitetos, escultores, entalhadores e muitos outros ofícios.

A seguir, abordaremos a arte barroca, que surgiu em meio um clima de austeridade e repressão na Europa, típica da

Contra-Reforma e tinha por objetivo a propagação da fé católica no jogo entre o bem e o mal.




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