Os mecanismos da Magia Negra são os mesmos
utilizados nos trabalhos sob a orientação do Espírito de Verdade.
E, não poderia ser diferente, pois no mundo invisível, tudo está
sujeito a uma só Lei. Vejamos um dos seus mecanismos, na palavra do
Codificador:
"O fluido perispiritual do encarnado é, pois,
acionado pelo Espírito. Se, por sua vontade, o Espírito, por assim
dizer, dardeja raios sobre outro indivíduo, os raios o penetram. Daí
a ação magnética mais ou menos poderosa, conforme a vontade, mais
ou menos benfazeja, conforme sejam os raios de natureza melhor ou
pior, mais ou menos vivificantes. Porque podem, por sua ação,
penetrar os órgãos e, em certos casos, restabelecer o estado normal.
Sabe-se da importância da influência das qualidades morais do
magnetizador. Aquilo que pode fazer um espírito encarnado, dardejando
seu próprio fluido sobre uma pessoa, pode, igualmente, fazê-lo um
desencarnado, desde que tenha o mesmo fluido. Deste modo pode
magnetizar e, sendo bom ou mau, sua ação será benéfica ou
malfazeja" - (Allan Kardec, na Revista Espírita, número de
1826, Estudo sobre os possessos de Morzine).
No ano de 1990 lemos a entrevista de um conhecido
orador espírita num publicado na cidade de Campinas, SP, onde ele era
questionado sobre o assunto "magia negra". Sua resposta foi
a seguinte: "Quando Kardec perguntou a respeito de feitiços, a
resposta dos Espíritos foi que eles gargalham e zombam de crendices e
superstições".
O orador não foi muito feliz na resposta. O
Codificador demonstra em seus estudos que a movimentação de fluidos
de natureza inferior e a evocação de maus Espíritos com o intuito
de prejudicar alguém é perfeitamente possível. Na verdade, os Espíritos
acharam graça daqueles que crêem em pretensos poderes mágicos,
sobrenaturais, inexplicáveis pela razão. Como veremos, entre uma e
outra coisa, existem diferenças patentes.
Pelo texto apresentado na abertura desse capítulo,
pode-se deduzir facilmente, que um Espírito encarnado pode, por sua
vontade, lançar uma carga de fluidos mórbidos sobre uma pessoa, e
que se este magnetismo inferior encontrar sintonia no destino, sua ação
poderá ser maléfica. Kardec explica que um Espírito desencarnado
também pode fazê-lo, com conseqüências iguais às do encarnado.
Ora, os trabalhos feitos ou macumbas nada mais são do que o movimento
de baixo magnetismo, realizado por homens e Espíritos maus.
Sabe-se que uma reunião prática de Espiritismo
constitui-se de elementos diversos: Espíritos encarnados, Espíritos
desencarnados e ambiente apropriado. Contamos ainda com certos valores
abstratos, tais como os sentimentos dos presentes, suas intenções,
seus conhecimentos etc. Sabe-se também, que uma reunião é governada
por leis espirituais imutáveis, que são as leis naturais. As boas
intenções dos presentes, por um espécie de sintonia, atraem Espíritos
bons.
A força psíquica dos vivos e sua capacidade mediúnica,
ficam multiplicadas pela influência espiritual. Cargas fluídicas benéficas
e ações benfazejas podem ser realizadas no local ou à distância.
Por último, sabemos que a pessoa que recebe a ação desses trabalhos
é beneficiada de acordo com a sintonia que tenha com eles, ou seja,
suas condições morais. Isto é, em resumo, a reunião prática de
Espiritismo.
Já foi dito que o Mal não existe, pois é somente
a ausência do Bem. O Mal é o estado primitivo do Bem. É a água
suja e a água limpa. Não existe, pois, uma lei que age no Bem e
outra no Mal. Só uma lei governa tudo. Façamos um pequeno exercício
de imaginação. Tomemos uma reunião espírita e a viremos pelo
avesso: teremos aí a imagem da água turva. Entrou aí alguma lei
nova? Não, tudo é regido pelas mesmas leis que atuava na reunião do
bem, a água límpida. Só foram alteradas as disposições morais e,
por conseqüência a natureza dos fluidos e entidades desencarnadas
presentes.
Nas reuniões de Magia Negra os objetos materiais e
os rituais são utilizados para dar força à fé que, neste caso, é
usada para prejudicar. A assistência espiritual é de Espíritos
inferiores, que simpatizam com aquela assembléia má, desejosa de
prejudicar o próximo ou de conseguir atender interesses de ordem
material.
Na verdade, tudo o que ali se faz é contrário ao
ideais do Espírito Divino, mas as leis que governam os dois
trabalhos, são as mesmas. Se as criaturas visadas tiverem sintonia
com estas vibrações, não tenham dúvidas que serão atingidas por
elas.
No meio espírita existe uma idéia errada, vinda
da má interpretação do conhecimento, de que os bons Espíritos nos
protegem destes malefícios. Isto não é bem da forma como se
entende. Os Espíritos amigos nos protegem, mas temos que ter
merecimento para isso. É a sintonia. E, pelas nossas experiências
nesse campo temos aprendido que a porta de acesso às más influências
não se fecha tão facilmente.
Há dirigentes espíritas que fazem uso de um método
estranho para combater este malefício: não informam o público de
que a macumba existe. Se interrogados saem-se com explicações
superficiais. Pensam que se as pessoas não souberem não serão
atingidas. Outro engano. Se isso fosse verdade, seria até um bom
procedimento: bastaria escondermos das pessoas que existem os maus Espíritos
e, então, elas não sofreriam sua perniciosa influência.
A Umbanda é um culto mediúnico que trabalha no
combate às práticas dos trabalhos de Magia Negra. Usa de rituais e
práticas que nada tem a ver com o Espiritismo. Ao abordarmos essa
questão no Movimento Espírita, não temos a intenção de trazer as
práticas de Umbanda para o Centro Espírita. Umbanda e Espiritismo
constituem-se em coisas diferentes, dois mundos antagônicos, mas que
no fundo, são regidos pelas mesmas leis.
Convidamos os homens sérios, que lidam e dirigem
sessões práticas de Espiritismo, a estudar o assunto com amor.
Kardec nos dá a chave para tudo compreender. Precisamos saber lidar
com o problema da Magia Negra, para solucionarmos os casos que
aparecerem nas sociedades espíritas sob nossa responsabilidade. De
outro modo, não teremos como ajudar as criaturas que caem presas
dessas entidades diuturnamente.
Alguns tipos de entidades desencarnadas, envolvidas
nestas práticas, são criaturas maléficas, maliciosas e primitivas.
Estes seres nem sempre obedecem à doutrinação comum, pois não
possuem inteligência suficientemente desenvolvidas a ponto de
compreenderem os princípios evangélicos. São agressivos e
perigosos, e podem colocar em risco a segurança dos grupos.
Para se libertar alguém que está sendo vítima
deste mal, não é necessário o uso de nenhum objeto material, ou
ritual, como se faz na Umbanda. Mas, é necessário um preparo moral e
intelectual mínimo.
Primeiro, pela lógica doutrinária, é preciso
aceitar a existência desse tipo de malefício. Depois, adquirir
gradualmente o conhecimento prático para lidar com ele. Ao nos
colocarmos na intenção de servir neste setor de atendimento, Espíritos
superiores, vão se aproximar das nossas sessões com a intenção de
nos amparar no desempenho dessa tarefa.
obs.:
José Queid Tufaile é "Espírita Cardecista" e pertence ao
movimento de renovação da Doutrina Espírita.
O site Estudando a Umbanda, acredita ser do interesse de todos os
Umbandistas conhecer a visão dos demais autores espiritualistas.
Nitrix.......
13/10/2002