projecto museu do vidro

 

Outras Técnicas de decoração do vidro

 

São inúmeros os tipos e as técnicas de decoração a quente do vidro, em que a coloração se encontra fortemente associada. Para além das técnicas dos filamentos, consideremos ainda as seguintes decorações.

 

Vidros de várias capas

O costume de sobrepor várias capas de vidro polícromo num mesmo objecto, com fins decorativos, é muito antigo. Destacam-se, por exemplo, os famosos vidrios con fondo de oro, que começaram a produzir-se na área alexandrina cerca do século I, e que conheceram grande expansão na época paleocristã a partir do século III. Já no século XVIII, na zona alemã, voltou-se a aplicar uma variante denominada zwischengoldgläser (vidros com capa de ouro).

Esta técnica, aplicada sobretudo em taças e copos, consistia em decorar o fundo do recipiente com uma finíssima folha de ouro, sobre a qual se gravavam com grafite os motivos decorativos (perfis, figuras, etc.). Seguidamente, a frio, aplicava-se sobre a folha uma última capa de vidro, geralmente incolor. Depois de solidificada, o motivo podia ser contemplado à transparência com efeitos de brilho. Nas variantes alemã e boémia, a decoração extendeu-se também às paredes dos recipientes, chegando a aplicar-se folhas de prata.

Uma técnica idêntica no que respeita aos resultados, consistia em fazer a decoração com pintura a frio interposta entre as duas capas. Esta técnica divulgou-se em Roma, na fabricação de medalhões, por exemplo. Em tempos mais recentes, em França, usou-se a técnica do eglomisé.

Entre nós, este vidro é conhecido por doublé. O doublé foi característico do vidro clássico da Boémia, onde apareciam gravuras opacas sobre um fundo mais ou menos vermelho, azul ou amarelo. Para o obter, o operário colhia com a cana um pedaço de vidro branco, com que fazia uma bola que mergulhava num outro cadinho contendo o vidro colorido. Este último forma sobre o primeiro uma camada mais ou menos espessa. O Operário sopra e molda a peça pelos meios ordinários, obtendo então um objecto cujo interior é de vidro incolor e o exterior de vidro colorido. Pela técnica da gravação ou lapidação à roda, conseguem-se assim os motivos mais variados, que se destacam sobre o fundo colorido.

 

 

Vidro Opalino

 

Antigamente, opalino designava um vidro branco opalescente, produzido em Veneza desde os princípios do século XVI, estendendo-se nos séculos seguintes a toda a Europa. A sua aplicação à iluminação demonstrou ser um sucesso, continuando hoje a ser usado para reflectores e globos de candeeiros, havendo já no mercado lâmpadas de consumo corrente.

Há vários tipos de opalino, entre os quais se conta o pâte de riz, um cristal de um branco leitoso cujo aspecto se assemelha ao alabastro, assim como o lattesimo ou lattisuol, utilizado a partir do século XVI para imitar porcelana (por essa época ainda pouco difundida) e para fazer varetas e filamentos de vidro empregues nas redes de filigrana.

O opala é também um vidro translúcido, com aspecto de mármore, mas colorido. Antigamente designava sobretudo os vidros opacos com reflexos metálicos amarelos e vermelhos, estendendo-se o termo hoje a outras cores.

 

Vidro craquelê

 

Este efeito decorativo, usado na porcelana, dá ao objecto a aparência de estalado. Por vezes, o efeito é muito acentuado e, se as paredes do objecto são espessas, o estalado ganha a terceira dimensão, assemelhando-se a pedaços de gelo. Por isso, também é conhecido por vidro gelado.

Este efeito, conhecido desde pelo menos a época do Renascimento, é obtido através de modificações mecânicas realizadas na pasta vítrea, a qual é submetida a uma mudança brusca de temperatura: colhido o vidro, é este introduzido em água fria. O choque térmico que se verifica é suficiente para provocar uma desvitrificação imediata, ou seja, a cristalização dos componentes do vidro (que é de resto, a sua tendência natural). A massa estalada é então caldeada (reaquecimento a boca do forno) sucessivamente até se conseguir de novo harmonizar, mantendo visível o efeito: «amolecendo-a novamente ao fogo, e soprando-a depois nos competentes moldes, as fendas irregulares, que se produziram pelo esfriamento, acompanham a expansão do vidro. Também se consegue o mesmo efeito, rolando o vidro pastoso sobre a marma onde se colocaram fragmentos de vidro sólido», que se agarram à pasta. «Ao caldear, os fragmentos de vidro também se tornam pastosos e alastram irregularmente pelo resto da massa, e quando o objecto sai do molde apresenta o aspecto do gelo».

 

 

Espiral de ar: bolhas

 

Outro processo que aproveita um efeito involuntário do fabrico do vidro, neste caso, a possibilidade de permanência de bolhas de ar na massa vítrea, pela fusão incompleta. Muito aplicada em França em meados do século XVIII, este processo ficou conhecido por espiral de ar, pois consiste em decorar com pequeníssimas bolhas de ar dispostas em espiral nos pés das taças e copos. Contemporaneamente, o efeito tem sido explorado em produções e criações de pendor artístico, e em associação com outras técnicas.

 

 

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