E agora, Gisele?

          Hoje, quando estava em uma loja de brinquedos fiquei reparando em algumas barbies que estavam em uma prateleira bem na minha frente e percebi que todas seguem o mesmo padrão: loiras de cabelos lisos, altas e magras, isso me fez pensar um pouco. 
          Por que todas as bonecas ou barbies, o que quer que seja, são sempre loiras de cabelos lisos, altas e magras? Procurei mais um pouco com a esperança de encontrar uma morena, ruiva ou mulata. Uma busca fracassada, é vai ser difícil... Pensei. 
          A sociedade na qual vivemos não valoriza nossa beleza tropical, o que vemos por aí são garotas cada vez mais tingindo seus cabelos, fazendo chapinha noite e dia e seguindo dietas do tipo: tome um copo de água pela manhã, no almoço coma uma folha de alface e uma azeitona, à noite tome outro copo de água. Meu deus, o que é isso? Cadê o arroz, feijão e o bife? Fontes essenciais de energia e proteína que nosso corpo necessita? Sei lá, cada vez fico mais indignada com essa neura de que as meninas têm que querer emagrecer, um assunto muito delicado pois pode seguir caminhos como a bulimia e anorexia. 
          O que realmente acontece é que compramos o padrão de beleza euporeu, estereotipamos toda nossa cultura, uma vez escutei uma amiga dizendo: "eu queria ser igual à Gisele Bünchen", e ela provavelmente vai passar o resto da vida se achando feia só porque tem os cabelos negros e enrolados. Mas acontece que em um país como o nosso 90% das pessoas têm os cabelos escuros e enrolados e os 10% que sobram são aqueles que a mídia e o comércio divulga. Toda essa "cópia de pessoas" me lembrou os tempos de política Big Stick, nos quais os norte americanos mandavam soldados invadirem um país subdesenvolvido e tentavam controlar a situação econômica e política deste, estereotipando-o pois desse modo o país "perde" sua nacionalidade, assim como nós quando tentamos seguir o padrão loira, alta, magra. 
          Está na hora de pormos um ponto final nessa história, de assumirmos que somos uma mistura de negros e índios, de nos orgulharmos por termos raízes que agüentaram a escravidão e sobreviveram até hoje, cada um tem que reconhecer sua beleza seja ela morena, ruiva, mulata ou até mesmo loira. Aí sim, seremos o verdadeiro Brasil miscigenado atual. 
          ­ Posso te ajudar? - uma voz me interrompeu. 
          Não obrigado, estava só dando uma olhadinha. - respondi.

Larissa Talharo

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