Algumas curiosidades sobre o 1º simulado da Coopen, no ano de 2004, na disciplina de Português

          Se você for aluno/a, espero que encontre no texto aqui desenvolvido algumas informações que lhe ajudem a compreender melhor os pontos positivos e negativos de um simulado. Espero também que os números lhe possibilitem visualizar a quantas anda a "memorização" de sua classe e, se tiver muita curiosidade, do Ensino Médio da Coopen. 
          Se você for pai/mãe, espero que se tranqüilize ao verificar que seu filho vem correspondendo relativamente bem às exigências de avaliações tradicionais de aprendizagem, "apesar" de receber uma educação pautada em abordagens e concepções modernas de ensino. Isso prova que o cooperativismo funciona e dá resultados. Isso prova que devemos continuar no caminho que vem sendo trilhado.
          Se a experiência comprova que o aluno formado no ensino tradicional tem certa dificuldade em fazer valer sua humanidade num mundo marcado pela concorrência e pela competição desenfreada, nossos alunos, pelo contrário, vêm demonstrando, além da capacidade de compreender a configuração de um mundo competitivo, uma sensibilidade muito aguçada no que se refere a questões como artes e meio ambiente. É com esta segurança, portanto, que elaboro essa reflexão. 
          Ainda que não seja a melhor, o simulado é, no entanto, a mais rápida e mais prática forma de avaliação coletiva. Sem os dados oferecidos por ele, o aluno acaba por não perceber exatamente em que situação se encontra em relação à coletividade. Por sua vez, o professor, ao analisar os números advindos do simulado, pode conseguir balizar e ajustar parte de suas ações com vistas a atingir aquilo que o simulado mostrou não ter sido satisfatoriamente compreendido. 
          Enfim, é com esse pensamento que desenvolvo os comentários sobre o primeiro simulado respondido pelos alunos da Coopen neste ano. Limitar-me-ei, evidentemente, a explanar algumas hipóteses no que tange à área de Português, com um brevíssimo comentário da proposta de redação.
          Afirmar que o simulado é a forma mais rápida e mais prática de uma avaliação formal não significa aceitá-lo. Sem dúvida, a avaliação diária e constante é muito mais válida e mais consistente do que o simulado. Além disso, são muitas as variáveis a serem consideradas no momento em que o aluno responde ao simulado: a pressão criada pelo tempo calculado para cada resposta, a concorrência que permeia a prova, a obrigação de corresponder a determinadas expectativas, as alterações psicológicas e, até, modificações biopsíquicas. Isso, como se sabe, pode macular os resultados da prova e, então, não revelar consistentemente se houve ou não aprendizado. Por isso mesmo, ao avaliar os dados do simulado, parto não do princípio de que houve ou não aprendizagem (sei isso diariamente na sala de aula), mas do fato de que os resultados podem ser um espelho das "personalidades" das classes. 
          Os números apresentados pelo terceiro colegial são, por exemplo, exatamente a configuração de uma classe bastante heterogênea cujas preocupações são diversas. Observemos o gráfico:

          Enquanto 29% dos alunos do "terceirão" apresentaram índices insatisfatórios, outros 29% apresentaram o conceito "bom", além do que, a classe foi a única a apresentar índice (6%) de ótimo aproveitamento (entre 9 e 10 acertos). A maioria dos alunos desse último ano do colegial (36%) obteve um nível satisfatório. Se compararmos a classe com os números do Ensino Médio como um todo, poderemos ver que mesmo os 29% que apresentaram progresso insatisfatório estão abaixo da média (33%) da escola. O que tudo isso mostra? Mostra uma classe dividida, mas em grupos que se equilibram. Há os 35% extremamente dedicados, aqueles já com pretensões universitárias; há os 36% que estão procurando apenas "fazer um bom último ano" e, por fim, há os 29% cujos projetos apontam para outras direções (viagens ao exterior, negócios da família etc). 
          As questões de gramática do simulado para o 3º colegial exigiram que o aluno tivesse feito uma recapitulação das matérias vistas desde o começo do ano (sobretudo as "funções do 'que' "). Já as de literatura foram facilmente respondidas por quem dedicou um mínimo de atenção às aulas. 
          Passemos agora aos primeiros colegiais. Eis o gráfico:

          Os números apontam para uma situação mais equilibrada. Quase metade dos alunos dos primeiros colegiais (48%) está inserida numa faixa satisfatória de aproveitamento. Destacam-se os 19% que acertaram entre 6 e 8 questões e destoam os 33% com rendimento insatisfatório. Acredito que os números espelhem alguns impactos que a disciplina de Português causou no primeiro semestre. A inclusão do estudo sistematizado dos movimentos literários, a identificação das funções da linguagem, a discussão da idéia do que seja literatura, entre outros, foram alguns deles. 
          Algumas questões gramaticais exigiram muito da memória, ao colocar em foco regras de ortografia e acentuação. No que tange às questões de literatura, parece-me que a mais exigente foi a que cobrou a identificação de cantigas do Trovadorismo. 
          Os números também mostram que a leitura ainda não é hábito para muito de nossos alunos. Nos bate-papos "pós-simulado", pude perceber, entre os alunos de um modo geral, mas principalmente entre os alunos dos primeiros colegiais, um sentimento de inconformidade por não terem "pegado" o que a pergunta pedia. Ora, esse será exatamente nosso maior desafio, em Português: instaurar o hábito de leitura. É por meio dela que se enriquece o vocabulário e que se passa a identificar as "entrelinhas" e os "pegas" das questões. 
          Nos segundos colegiais, a situação foi a seguinte:

          Apesar de ter mais da metade dos alunos com índices regulares (52%), os segundos colegiais apresentaram um dado que desassossega: foi a série que obteve o maior índice de alunos com nível insatisfatório (34%) e o menor com índice considerado "bom" (14%), ficando abaixo dos números do Ensino médio, cuja média foi de 19%. Pelas características da série, no entanto, acredito que os resultados reflitam mais o início de uma mudança frente à maneira de estudar, do que necessariamente um sinal de falta de aprendizagem. Digo isto, pois acredito que seja menos custoso conduzir uma série que se caracteriza pela homogeneidade, já que os objetivos são partilhados e aceitos por todos. 
          Por fim, pelos dados do Ensino Médio, podemos ver que a situação dos alunos da Coopen é relativamente confortável, se pensarmos que 67% obtiveram índices entre satisfatório e ótimo.

          Há, de fato, muito que se fazer. Espero que o próximo simulado espelhe exatamente os resultados das ações que serão tomadas no 2º semestre. 
          Quanto às redações, em que pesem os argumentos de muitos alunos, a escolha do tema não foi aleatória. Quando decidimos incluir como assunto de nosso simulado o tema de redação do jornal "O mundo", esperávamos justamente encontrar a maneira mais prática de elaborarmos um concurso interno por meio do qual pudéssemos selecionar as cinco redações que enviaríamos à redação do jornal. Se por um lado o fato despertou a indignação de vários alunos, por outro me fez entender como devo conduzir, da próxima vez, os debates, as discussões e as reflexões numa futura participação da escola em concursos de redação.
          Li todas as redações do simulado e fiquei muito surpreso em ver que várias das correções assinaladas pelo corretor são diariamente por mim cobradas em sala de aula. Por exemplo: quantas vezes não discuti a diferença entre "mas" e "mais"?; quantas vezes não repeti que o verbo no pretérito ou no presente não tem a desinência "RÃO"? quantas vezes não peço para se evitar o uso de jargões, gírias, palavras chulas e coloquialismos em redação?
          Esperemos o próximo simulado. Um abraço. 31.07.2004

Alexandre de Oliveira Martins

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