depoimento

     Esse depoimento foi escrito por Bruno Gouveia, vocalista do Biquini Cavad�o, que conta como eles conheceram o Herbert e da sua import�ncia para a carreira deles.

    "Era fim de 1983. Fui fazer uma visita ao meu amigo Sheik que pensava em comprar um contrabaixo na nossa banda sem nome. Sheik j� fazia parte do grupo mas tocara um t�mido banco de pl�stico em nosso primeiro show no col�gio. Como �ramos um hepteto naquela �poca, tudo era festa e nada era compromisso. O baixo era acima de tudo, um barulho diferente para nossos ensaios. Foi em sua casa que conheci um cara magrelo e de �culos bem definidos chamado Herbert. Ele era namorado da irm� mais velha do Sheik e em poucos minutos notei que ele estava super antenado com grupos que eu tinha acabado de conhecer em minha viagem de estudos por dois meses na Inglaterra. Falamos de Madness, Echo and The Bunnymen, Eurithmics, Men At Work, com prazer e felicidade, talvez, de notar que o outro tamb�m conhecia estas bandas. Ele me disse de repente que estava fazendo uma banda de nome Paralamas do Sucesso. Acima de tudo, achei o nome esquisito e somente um m�s depois � que estaria ouvindo suas demos na casa do Sheik. Em breve, a fita n�o era privil�gio de meu amigo e a Radio Fluminense detonava Vital e Sua Moto naquele ver�o de 1984. Mas foi no fim de 83, gra�as a Herbert, que surgiu o nome para a nossa banda. Ele havia sugerido dois nomes para Sheik. O primeiro era Hipop�tamos de Kart. Cheguei a fazer uns esbo�os no papel e achava legal a disparidade do nome com o nosso 'perfil atl�tico' (�ramos palitos mag�rrimos e totalmente sem massa muscular). Ficamos 'de namoro' com o novo nome por uns 8 dias mas rapidamente nos cansamos. Definitivamente n�o era esse. Mas com certeza, era melhor do que os diversos Lamprotoxidus Flagelis; ou Fiubum e as Drosophylas Melanogaster.. O segundo nome n�o chegamos nem mesmo a ter coragem de adotar.Embora Pedro, irm�o de Sheik, vivesse insistindo no assunto, dizendo que era o m�ximo, n�o consegu�amos nos ver com o nome de Biquini Cavad�o. Tinha os mesmos elementos contrastantes de Hipop�tamos de Kart. Afinal, imagine 3 caras no palco (em 83, Birita havia sa�do da banda e s� voltaria em Janeiro de 84, para tocar bateria, ao inv�s de viol�o) vestidos com terno no melhor modelito ingl�s da �poca, com o nome de uma min�scula pe�a de vestu�rio feminino. Tal contraste me agradava, mas somente por alguns instantes. E mesmo tendo um nome para banda no banco de reservas, continu�vamos jogando desfalcados e diz�amos n�o ter escolhido ainda um oficialmente. Foi na sa�da das aulas do col�gio S�o Vicente de Paulo que tivemos a sorte de encontrar Herbert passando com seu fusquinha. Oba! nada melhor que uma carona para casa ao inv�s de uma volta infernal nos �nibus da linha 569. Entramos no carro e logo Herbert nos perguntava se a gente j� havia decidido o nome do grupo. Dissemos que n�o era f�cil, mas ele queria saber o que t�nhamos feito com as duas sugest�es que ele deu. Miguel explicou que tinha gostado de Hipop�tamos de Kart mas que em pouco tempo o nome n�o tinha mais gra�a. E Biquini Cavad�o ?, perguntou Herbert. Tentamos sair pela tangente, mas ele insistia dizendo achar o nome �timo. Eis que deu um ultimato: Ou voc�s colocam Biquini Cavad�o, ou liberam para que EU monte uma outra banda com este nome, paralelamente aos Paralamas. Foi decidido. Naquele dia, naquele fusquinha, com Herbert de testemunha, passar�amos a nos chamar Biquini Cavad�o, pelo menos at� que surgisse um nome melhor. O tempo passou e realmente n�o consigo imaginar um outro nome para n�s desde ent�o. N�o sei o porqu� do nome. Foi uma sugest�o do Herbert, era s� o que sabia. Recentemente ele gravou no nosso site um arquivo de �udio em que explica a raz�o do nome para n�s e os f�s. Entretanto, at� hoje, quando um rep�rter vem com a velha pergunta: Por que Biquini Cavad�o?, damos a nossa vers�o dos fatos, e n�o os motivos de Herbert, por termos passado mais de dez anos sem saber realmente quais eram eles. N�o que ele escondesse de n�s. Apenas esquec�amos de perguntar cada vez que nos encontr�vamos (essa pergunta, de fato, n�o nos interessava, sendo n�s o Biquini Cavad�o). A assiduidade de Sheik nos shows dos Paralamas (e mais tarde, a minha e a de Miguel) nos fez ter uma �tima rela��o com toda a banda, assim como j� t�nhamos com o Kid Abelha, atrav�s de Beni. O grupo lan�ou seus primeiros compactos e logo em seguida seu primeiro disco em uma onda de shows na TV, programas de audit�rio e muitas apresenta��es nas danceterias do pa�s. Era metade de 1984 quando Beni resolveu ouvir uma fita cassete contendo um ensaio da banda sem nome da qual o n�cleo do atual Biquini fazia parte. Sheik me liga euf�rico, gargalhando como se tivesse ouvido a maior piada do s�culo. Beni ouviu a fita, ele me disse. Xii, deve ter achado uma porcaria, disse rindo, j� que achava ser este o motivo das risadas do meu amigo. N�aao ! Ele gostou! E quer fazer gravar em um est�dio ! N�o t�nhamos a inten��o de tocar para mais que alguns gatos pingados nos saraus de col�gio, e de repente algu�m falava em gravar uma fita para tocar no r�dio. Isso era fora de nossa �rbita. Demorou umas duas semanas at� que n�s decid�ssemos a favor de gravar uma fita demo com a nossa �nica can��o 'T�dio', n�o sem a insist�ncia e ajuda do Beni (financeira, inclusive, pois disp�s-se a rachar a conta do est�dio). Como n�o t�nhamos guitarrista, o convidado foi o pr�prio Herbert, que a esta altura j� n�o namorava mais a irm� do Sheik, mas sim come�ava a sair com Paula Toller. O est�dio escolhido foi o Sonoviso, onde o Kid Abelha j� havia gravado sua primeira demo. Em algumas horas, gravamos a base, entre nervosismo, discuss�es e improvisos. Beni pediu a Miguel que tocasse em um piano algumas partes da m�sica, j� que seu �nico teclado n�o tinha alguns sons imprescind�veis para a faixa. Tudo muito simples, pois s� t�nhamos oito canais e muito pouco tempo. Birita chegou a errar uma virada de bateria no fim da m�sica mas a demo acabaria saindo assim mesmo, com erro e tudo. Eu cantei tudo em apenas dois takes, mais por pressa do que por perfei��o. A voz saiu dura, mastigada, por�m afinada. Herbert chegou acompanhado de Paula, sacou sua guitarra e sua pedaleira Boss, cheia de pedais coloridos (um must para quem estava come�ando na �poca) e logo criou um riff de guitarra que preenchia a m�sica fazendo uma esp�cie de resposta aos meus versos, o que levou depois muita gente a chamar o Biquini Cavad�o de Dire Straits Brasileiro por acharem esta concep��o parecida com a can��o 'Sultans of Swing' do grupo de Mark Knopfler, e que de fato se parecia, era mais por necessidade das pessoas encontrarem um referencial musical a uma novidade, do que exatamente uma influ�ncia nossa.
    A guitarra de Herbert era simples e deliciosa. At� ent�o n�o via 'T�dio' como uma can��o, somente como uma id�ia musical sem maiores pretens�es e sem a menor condi��o de tocar em uma r�dio. Ap�s a grava��o de Herbert, passei a acreditar mais na possibilidade de um dia ouvi-la na Fluminense FM. Mais do que isso, passei a querer que outras pessoas ouvissem a m�sica. O sucesso de 'T�dio' na Fluminense foi muito grande. Era loucura! De repente, Miguel ouvia gente cantarolando a m�sica no �nibus sem saber estar sentado do lado de um dos autores. Notas surgiram nos jornais, boatos se espalharam de que era uma banda fantasma formada por Herbert Vianna, o DJ Maur�cio Valladares e o cr�tico Jamari Fran�a.
    Herbert contava para a galera de S�o Paulo sobre a nova banda carioca e n�s fic�vamos assustados com todo o au� que estava surgindo. E n�s nem hav�amos tocado ao vivo, a n�o ser em saraus de col�gio!!! Em poucos meses estar�amos gravando pela Polygram o nosso primeiro disco. Ao contr�rio de outras bandas, que disputavam a tapa um lugar ao sol participando de discos pau de sebo, (discos em que geralmente cada artista grava uma ou duas faixas e no final os melhores s�o contratados pela gravadora), o biqu�ni entrou pela porta da frente, sem disputas, gravando um compacto simples, onde novamente Herbert participou tocando guitarra. Mas isso � papo para uma outra longa hist�ria..." 

Bruno Gouveia 13/02/98

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