O escravo Ambrósio
Ambrósio foi o escravo que acompanhou o estudante Bernardo Guimarães na sua
mudança de Ouro Preto (MG) para São Paulo (SP), onde se matriculou na Faculdade
de Direito do Largo de São Francisco. Corria o ano de 1847.
Os acadêmicos agrupavam-se em
repúblicas, que não eram apenas moradias, mas também sociedades literárias
e musicais. Para os então alunos da Faculdade de Direito de São Paulo, o mundo
se dividia em duas classes: acadêmicos (eles próprios) e futricas (o
resto da humanidade). Eles levavam uma vida divertida, alegre e boêmia.
Para pagar as despesas das repúblicas,
os estudantes de famílias de pouco recurso tinham de fazer dinheiro a qualquer
custo. Uma das maneiras de conseguir dinheiro era transformar seus cativos em
"escravos de ganho". Foi o que Bernardo fez com o velho escravo da
família Guimarães, o Ambrósio, o qual, ao contrário dos cativos de outros
estudantes, não tinha forças para trabalhar em chácara ou como cortador de
lenha.
Hábil quitandeiro -- fazia biscoitos,
bolos e doces que ficam expostos em tabuleiros --, Ambrósio fez ponto no largo da
Igreja da Misericórdia e depois nas escadarias da Igreja do Carmo.
Como os biscoitos de farinha de milho
de Ambrósio fizeram sucesso, Bernardo Guimarães abriu uma vendola de guloseimas
na rua das Sete Casas. Ambos repartiam os lucros.
Bernardo Guimarães escreveu o poema À
Sepultura de um Escravo em memória a Ambrósio, que morreu em 1851. |