AS DUAS FLORES
(Castro Alves - Curralino, março de 1870)

São duas flores unidas,
São duas rosas nascidas
Talvez no mesmo arrebol,
Vivendo no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
Das duas asas pequenas
De um passarinho no céu ...
Como um casal de rolinhas
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu ...

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar ...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas ... Ai quem me pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive essa flor
Juntar as rosas da vida
Da verde rama florida
Na verde rama do amor.

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