Retirado do livro "The Encyclopedia of Biblical Errancy" - 1995, cap�tulo 23.
(http://www.positiveatheism.org/writ/dovewing.htm#CRITICS)
Qualquer filosofia, teoria ou ideologia que se baseia essencialmente na f�, irracionalidade e
obedi�ncia cega a alega��es, propostas e promessas n�o comprovadas � altamente
vulner�vel a cr�ticas e ataques. As afirma��es de gente que se baseia mais na f� que na
raz�o, mais na cren�a que em provas, mais na obedi�ncia que no livre exame e mais na
supersti��o que na ci�ncia estar�o sempre sujeitas � contesta��o e � refuta��o.
A estrat�gia b�sica do Novo Testamento em resposta a estes problemas consiste na
solifica��o e no isolamento. Os adeptos s�o levados a se tornarem t�o firmes em sua f� que
nenhuma evid�ncia em contr�rio ser� capaz de abalar sua decis�o. A atitude que o Novo
Testamento procura criar � "Eu n�o me importo com nenhuma evid�ncia que possa existir
que prove que v�rios fen�menos ou preceitos no Novo Testamento s�o fraudulentos e
que o livro � basicamente uma ferramenta de doutrina��o usada por um grupo dominante.
Se est� na B�blia, ent�o � verdade". Depois que este ponto de vista foi gravado na mente,
a porta se fecha para qualquer outro di�logo. A raz�o n�o � mais necess�ria, Jesus est�
no controle.
A solidifica��o funciona melhor atrav�s do isolamento. Os crentes s�o advertidos a n�o
discutir nem argumentar com cr�ticos e descrentes. Descrentes est�o no caminho errado
e n�o se fala mais nisto. A mensagem de Col. 02:04 � "N�o os ou�a" ("Digo isto para que
ningu�m os engane com belos discursos"); 1 Tim. 06:20-21: "Evite o palavreado irreverente
e as obje��es dessa falsa ci�ncia, pois alguns a professaram e se desviaram da f�";
2 Tim. 02:23-24: "Mas afaste-se de discuss�es tolas e ignorantes; voc� sabe que elas
acabam em brigas"; Tito 03:09-10: "Evite controv�rsias in�teis, genealogias, discuss�es
e debates sobre a Lei, porque para nada servem e s�o vazias. Depois de um primeiro e um
segundo aviso, deixe para l� os hereges".
Mesmo os debates mais racionais, l�gicos, pac�ficos e bem fundamentados devem ser
evitados porque eles, supostamente, s� v�o gerar brigas e conflitos. Este tem sido o
m�todo tradicionalmente usado por demagogos durante s�culos - doutrinar e isolar,
isolar e doutrinar. O verdadeiro motivo pelo qual debates devem ser evitados � que
os ensinamentos crist�os n�o resistem � an�lise l�gica e os crentes poderiam se
deixar influenciar por eles.
� estritamente tabu para os crentes criticar ou testar o que lhes � dito, de acordo com
Mat. 04:07 ("N�o tente o Senhor seu Deus") e Rom. 09:20 ("Mas quem � voc�, meu
amigo, para questionar Deus? Um jarro de barro n�o pergunta ao homem que o fez 'Por
que voc� me fez assim?' ").
Marcos 11:27-33 conta uma hist�ria em que perguntam a Jesus, "Que direito voc� tem
de fazer estas coisas? Quem lhe deu tal direito?". Jesus retruca que, se eles responderem
� sua pergunta, ele responder� � deles. Mas eles n�o respondem, com medo da multid�o
que o segue, portanto Jesus conclui com a frase: "Eu tamb�m n�o lhes direi com que
direito fa�o tais coisas". Ou seja, n�o questione a autoridade de Jesus. Ele n�o � obrigado
a responder. Ali�s, neste caso, era melhor para a sa�de n�o questionar...
Testes n�o s�o necess�rios j� que, por meio de algum processo misterioso, a alegada
verdade do cristianismo ser� mostrada ao crente. Lucas 07:35 diz, "A sabedoria de Deus,
entretanto, mostra-se verdadeira aos que o aceitam" e, em 1 Jo�o 02:27, "Enquanto seu
Esp�rito permanecer em voc�s, voc�s n�o precisam de que ningu�m os ensine. Pois seu
Esp�rito lhes ensina sobre todas as coisas e o que ele ensina � verdadeiro, n�o falso".
Quando se trata dos ensinamentos das Escrituras, � virtualmente imposs�vel que um
cr�tico, analista ou observador seja visto como honesto, sincero e bem-intencionado.
O Novo Testamento o apresenta como um hip�crita, um enganador cheio de truques
que, consciente ou inconscientemente, guia os crist�os desavisados para o inferno
por uma estrada florida. Tentar provar o contr�rio � proibido. Neste particular, mais
do que nos outros, o Novo Testamento oferece o m�ximo em fechamento da mente.
Tamb�m procura manter os crentes longe do "perigo da verdade" ao pintar como
falsos profetas e enganadores todos aqueles que lan�am d�vidas sobre a exatid�o
da B�blia. Embora n�o o diga abertamente, o NT d� aos fi�is a impress�o de que todo
e qualquer cr�tico � um charlat�o tentando enganar os ot�rios.
Podemos ver isto em Mateus 07:15 ("Cuidado com os falsos profetas. Eles se vestem
com peles de carneiro por fora mas por dentro s�o na verdade como lobos ferozes");
Mateus 24:11 ("Porque muitos vir�o em meu nome, dizendo: 'Eu sou o Messias'. E enganar�o
muita gente"); Mateus 24:24-26 ("Falsos messias e falsos profetas surgir�o, eles realizar�o
grandes milagres e prod�gios para enganar at� mesmo o povo eleito de Deus, se poss�vel");
2 Pedro 02:01 ("Falsos profetas surgiram no passado entre o povo de Israel e, do mesmo
modo, falsos mestres aparecer�o entre voc�s. Eles trar�o heresias e ser�o destru�dos"); e
Tim. 06:03-04 ("Quem quer que ensine uma doutrina diferente e discorde das palavras
verdadeiras de Nosso Senhor Jesus Cristo e dos ensinamentos de nossa religi�o, est� cheio
de orgulho e n�o sabe nada. � doente � procura de discuss�es e brigas de palavras").
Quando o ac�mulo de fatos, dados e evid�ncias que invalidam a f� crist� se tornam
incontest�veis, a t�cnica definitiva de isolamento � aplicada. Os crentes s�o convencidos
de que possuem uma verdade secreta incompreens�vel a quem est� de fora. Ainda que exista
uma montanha de evid�ncias que mostram que seguir Jesus � uma forma masoquista e
auto-enganadora de tortura, que s� beneficia quem est� no comando, os biblicistas s�o
instru�dos a ignorar a realidade e ver os cr�ticos como agentes do diabo , irrecuper�veis,
incapazes de entender a "verdade" superior. Em resumo, o que o NT diz � "Esque�am o
que diz a realidade, ou�am o que eu digo. Voc�s v�o acreditar em mim ou nas mentiras
que seus olhos lhes mostram?".
Alguns trechos relevantes: 1 Cor. 02:06-07 ("Na realidade, � aos maduros na f� que falamos
de uma sabedoria que n�o foi dada por este mundo, nem pelas autoridades passageiras deste
mundo. Ensinamos uma coisa misteriosa e escondida: a sabedoria de Deus, aquela que ele
projetou desde o princ�pio do mundo para nos levar � sua gl�ria"); 1 Cor. 02:13-14 ("Para falar
desses dons, n�o usamos a linguagem ensinada pela sabedoria humana, mas a linguagem que
o Esp�rito ensina, falando de realidades espirituais em termos espirituais. Fechado em si mesmo,
o homem n�o aceita o que vem do Esp�rito de Deus. � uma loucura para ele, e n�o pode
compreender, porque s�o coisas que devem ser avaliadas espiritualmente"); 1 Cor. 01:20-21
("Onde est� o s�bio? Onde est� o homem culto? Onde est� o argumentador deste mundo? Por
acaso, Deus n�o tornou louca a sabedoria deste mundo? De fato, quando Deus mostrou a sua
sabedoria, o mundo n�o reconheceu a Deus atrav�s da sabedoria. Por isso atrav�s da loucura
que pregamos, Deus quis salvar os que acreditam"); 1 Cor. 01:27 ( "Mas, Deus escolheu o que
� loucura no mundo, para confundir os s�bios; e Deus escolheu o que � fraqueza no mundo,
para confundir o que � forte"); 1 Cor. 03: 18-20 ("Ningu�m se iluda. Se algu�m de voc�s pensa
que � s�bio segundo os crit�rios deste mundo, torne-se louco para chegar a ser s�bio; pois a
sabedoria deste mundo � loucura diante de Deus. De fato, a Escritura diz: "Deus apanha os
s�bios na pr�pria esperteza deles"); e, em 1 Cor. 04: 10, falando dos crist�os acomodados:
"N�s somos loucos por causa de Cristo; e voc�s, como s�o prudentes em Cristo! N�s somos
fracos, voc�s s�o fortes! Voc�s s�o bem considerados, n�s somos desprezados!".
Mais uma vez, o NT consegue transformar uma derrota vergonhosa em vit�ria parcial.
Dados contradit�rios s�o apresentados como um modo de testar a f� do crente. Quanto
mais fora da realidade o cristianismo se torna, maior o teste e maior a recompensa.
Ensinar a algu�m a "tornar-se um louco de modo a se tornar um s�bio" � lavagem
cerebral. Se isto n�o � radicalismo, ent�o o que �? � espantoso a que ponto se chega
quando se trata de dominar as massas.